Dia 24 de Janeiro - Sexta-feira
SÃO FRANCISCO DE SALES - BISPO E DOUTOR
(Branco, Prefácio Comum ou dos Pastores – Ofício da Memória)
Antífona da entrada: Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e a minha vontade, diz o Senhor (1Sm 2,35).
Oração do dia
Ó Deus, para a salvação da humanidade, quisestes que são
Francisco de Sales se fizesse tudo para todos; concedei que, a seu
exemplo, manifestemos sempre a mansidão do vosso amor no serviço a
nossos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Leitura (1 Samuel 24,3-21)
Leitura do primeiro livro de Samuel.
24 3 Tomou então Saul três mil israelitas de escol e foi em busca de Davi com sua gente nos rochedos dos Cabritos Monteses.
4 Chegando perto dos apriscos de ovelhas que havia ao longo
do caminho, entrou Saul numa gruta para satisfazer suas necessidades.
Ora, no fundo dessa mesma gruta se encontrava Davi com seus homens,
5 os quais disseram-lhe: “Eis o dia anunciado pelo Senhor,
que te prometeu entregar o teu inimigo à tua discrição”. Davi,
arrastando-se de mansinho, cortou furtivamente a ponta do manto de Saul.
6 E logo depois o seu coração bateu-lhe, porque tinha ousado fazer aquilo.
7 E disse aos seus homens: “Deus me guarde de jamais cometer
este crime, estendendo a mão contra o ungido do Senhor, meu senhor, pois
ele é consagrado ao Senhor!”
8 Davi conteve os seus homens com estas palavras e impediu
que agredissem Saul. O rei levantou-se, deixou a gruta e prosseguiu o
seu caminho.
9 Então Davi saiu por sua vez e bradou atrás de Saul: “Ó rei,
meu senhor!” Saul voltou-se para ver, e Davi inclinou-se, prostrando-se
até a terra.
10 E disse ao rei: “Por que dás ouvidos aos que te dizem: Davi procura fazer-te mal?
11 Viste hoje com os teus olhos que o Senhor te
entregou a mim na gruta. (Meus homens) insistiam comigo para que te
matasse, mas eu te poupei, dizendo: Não levantarei a mão contra o meu
senhor, porque é o ungido do Senhor.
12 Olha, meu pai, vê a ponta de teu manto em minha
mão. Se eu cortei este pano do teu manto e não te matei, reconhece que
não há perversidade nem revolta em mim. Jamais pequei contra ti, e tu
procuras matar-me.
13 Que o Senhor julgue entre mim e ti! O Senhor me vingará de ti, mas eu não levantarei minha mão contra ti.
14 ‘O mal vem dos malvados’, como diz o provérbio; por isso não te tocará a minha mão.
15 Afinal, contra quem saiu o rei de Israel? A quem persegues? Um cão morto! Uma pulga!
16 Pois bem! O Senhor julgará e pronunciará entre mim e ti. Que ele olhe e defenda a minha causa, fazendo-me justiça contra ti!”
17 Acabando Davi de falar, Saul disse-lhe: “É esta a tua voz, ó meu filho Davi?” E pôs-se a chorar.
18 “Tu és mais justo do que eu”, replicou ele; “fizeste-me bem pelo mal que te fiz.
19 Provaste hoje a tua bondade para comigo, pois o Senhor tinha-me entregue a ti e não me mataste.
20 Qual é o homem que, encontrando o seu inimigo, o
deixa ir embora tranqüilamente? Que o Senhor te recompense o que hoje
me deste!
21 Agora eu sei que serás rei, e que nas tuas mãos será firmada a realeza”.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 56/57
Piedade, Senhor, tende piedade.
Piedade, Senhor, piedade,
pois em vós se abriga a minha alma!
De vossas asas, à sombra, me achego,
até que passe a tormenta, Senhor!
Lanço um grito ao Senhor Deus altíssimo,
a esse Deus que me dá todo o bem.
Que me envie do céu sua ajuda
e confunda os meus opressores!
Deus me envie sua graça e verdade!
Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus,
vossa glória refulja na terra!
Vosso amor é mais alto que os céus
mais que as nuvens a vossa verdade!
Evangelho (Marcos 3,13-19)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Em Cristo, Deus reconciliou consigo mesmo a humanidade; e a nós ele entregou essa reconciliação (2Cor 5,19).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
3 13 Depois, Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a ele.
14 Designou doze dentre eles para ficar em sua companhia.
15 Ele os enviaria a pregar, com o poder de expulsar os demônios.
16 Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;
17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão.
18 Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador;
19 e Judas Iscariotes, que o entregou.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
OS COMPANHEIROS DE JESUS
A escolha dos primeiros companheiros de Jesus foi feita a dedo. Foi
chamado quem ele quis. De nada adiantava se oferecer, pedir para ser
recebido como discípulo ou apresentar prerrogativas pessoais. Jesus
sabia quem deveria tomar parte naquele grupinho mais chegado a ele.
A quantidade dos escolhidos tinha um valor simbólico. O número doze
evocava as doze tribos do antigo Israel, libertado da escravidão do
Egito. O grupinho de discípulo estava, pois, destinado a ser semente de
um povo novo. E tomaria o lugar do Israel do passado, cujas funções na
história já haviam se esgotado. Seu sucessor é o grupo formado por
Jesus.
Os doze receberam como incumbência dar continuidade à dupla face da
missão de Jesus. Eles seriam enviados para ser anunciadores da boa-nova
do Reino, destinada a transformar a vida dos indivíduos. A pregação
consistiria num chamado insistente à conversão, com seu componente de
mudança de vida e de mentalidade. A pregação seria ratificada com a
realização de gestos poderosos de expulsão dos demônios. A vitória sobre
os demônios seria um sinal da eficácia do Reino no coração das pessoas.
A ação dos discípulos, desta forma, faria a ação de Jesus continuar a
dar seus frutos na história. Esta é a tarefa de todo discípulo
autêntico.
Oração
Senhor Jesus, tu me chamaste pelo nome para seguir-te. Ajuda-me
a levar adiante a missão de proclamar o Reino e fazê-lo frutificar na
vida das pessoas.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e
disponibilizado neste Portal a cada mês).
Sobre as oferendas
Ó Deus, por este sacrifício de salvação, acendei em nós o
fogo do Espírito Santo que inflamava, de modo admirável, o coração
terníssimo de são Francisco de Sales. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Eu vim para que tenham a vida e a tenham cada vez mais, diz o Senhor (Jo 10,10).
Depois da comunhão
Ó Deus todo-poderoso, concedei-nos, por esta eucaristia,
imitar a caridade e mansidão de são Francisco de Sales, para com ele
chegarmos à glória do céu.
Por Cristo, nosso Senhor.
Santo do Dia / Comemoração (SÃO FRANCISCO DE SALES)
Francisco de Sales, primogênito dos treze filhos dos Barões de
Boisy, nasceu no castelo de Sales, na Sabóia, em 21 de agosto de 1567. A
família devota de São Francisco de Assis, escolheu esse para ele, que
posteriormente o assumiu como exemplo de vida. A mãe se ocupava
pessoalmente da educação de seus filhos. Para cada um escolheu um
preceptor. O de Francisco era o padre Deage, que o acompanhou até sua
morte, inclusive em Paris, onde o jovem barão fez os estudos
universitários no Colégio dos jesuítas.
Francisco estudou retórica, filosofia e teologia que lhe permitiu
ser depois o grande teólogo, pregador, polemista e diretor espiritual
que caracterizaram seu trabalho apostólico. Por ser o herdeiro direto do
nome e da tradição de sua família, recebeu também lições de esgrima,
dança e equitação, para complementar sua já apurada formação. Mas se
sentia chamado para servir inteiramente a Deus, por isso fez voto de
castidade e se colocou sob a proteção da Virgem Maria.
Aos 24 anos, Francisco, doutor em leis, voltou para junto da
família, que já lhe havia escolhido uma jovem nobre e rica herdeira para
noiva e conseguido um cargo de membro do Senado saboiano. Ao vê-lo
recusar tudo, seu pai soube do seu desejo de ser sacerdote, através do
tio, cônego da catedral de Genebra, com quem Francisco havia conversado
antes. Nessa mesma ocasião faleceu o capelão da catedral de Chamberi, e,
o cônego seu tio, imediatamente obteve do Papa a nomeação de seu
sobrinho para esse posto.
Só então seu pai, o Barão de Boisy, consentiu que seu primogênito se
dedicasse inteiramente ao serviço de Deus. Sem poder prever que ele
estava destinado a ser elevado à honra dos altares; e, muito mais, como
Doutor da Igreja!
Durante os cinco primeiros anos de sua ordenação, o então padre
Francisco, se ocupou com a evangelização do Chablais, cidade situada às
margens do lago de Genebra, convertendo, com o risco da própria vida, os
calvinistas. Para isso, divulgava folhetos nos quais refutava suas
heresias, mediante as verdades católicas. Conseguindo reconduzir ao seio
da verdadeira Igreja milhares de almas que seguiam o herege Calvino. O
nome do padre Francisco começava a emergir como grande confessor e
diretor espiritual.
Em 1599, foi nomeado Bispo auxiliar de Genebra; e, três anos depois,
assumiu a titularidade da diocese. Seu campo de ação aumentou muito.
Assim, Dom Francisco de Sales fundou escolas, ensinou catecismo às
crianças e adultos, dirigiu e conduziu à santidade grandes almas da
nobreza, que desempenharam papel preponderante na reforma religiosa
empreendida na época com madre Joana de Chantal, depois Santa, que se
tornou sua co-fundadora da Ordem da Visitação, em 1610.
Todos queriam ouvir a palavra do Bispo, que era convidado a pregar
em toda parte. Até a família real da Sabóia não resistia ao
Bispo-Príncipe de Genebra, que era sempre convidado para pregar também
na Corte.
Publicou o livro que se tornaria imortal: "Introdução à vida
devota". Francisco de Sales também escreveu para suas filhas da
Visitação, o célebre "Tratado do Amor de Deus", onde desenvolveu o lema :
"a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida". Os contemporâneos do
Bispo-Príncipe de Genebra não tinham dúvidas a respeito de sua
santidade, dentre eles Santa Joana de Chantal e São Vicente de Paulo,
dos quais foi diretor espiritual.
Francisco de Sales faleceu no dia 28 de dezembro de 1622, em Lion,
França. O culto ao Santo começou no próprio momento de sua morte. Ele é
celebrado no dia 24 de janeiro porque neste dia, do ano de 1623, as suas
relíquias mortais foram trasladadas para a sepultura definitiva em
Anneci. Sua beatificação, em 1661, foi a primeira a ocorrer na basílica
de São Pedro em Roma. Foi canonizado quatro anos depois. Pio IX
declarou-o Doutor da Igreja e Pio XI proclamou-o o Padroeiro dos
jornalistas e dos escritores católicos. Dom Bosco admirava tanto São
Francisco de Sales que deu o nome de Congregação Salesiana à Obra que
fundou para a educação dos jovens.