terça-feira, 21 de maio de 2013

4º Seminário Social propõe discussão sobre “o Estado que temos para o Estado que queremos”



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De 20 a 22 de maio é realizado no Centro Cultural de Brasília (CCB), o 4ª Seminário de preparação para a 5ª Semana Social Brasileira que acontecerá em todo o país, no período de 2 a 5 de setembro de 2013 e, traz como tema “Estado para quê e Estado para quem?”. O seminário é uma promoção da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB e reúne representantes dos Regionais, movimentos sociais, entidades ecumênicas e grupos tradicionais como os indígenas e quilombolas.
O 4º Seminário está organizado em diferentes eixos de trabalho, além de momentos de espiritualidade, estudos e partilha. Contará com dois painéis, um tratando do “Estado Brasileiro: avanços, limites e desafios”, com a assessoria do sociólogo, Pedro Ribeiro de Oliveira e, outro sobre “A construção do Estado do bem viver”, com o teólogo, Paulo Suess. O evento conta ainda com a participação dos assessores da Comissão para o Serviço da Caridade da CNBB, Pe. Ari Antônio dos Reis e Pe. Nelito Nonato Dornelas.
Dom Guilherme Antônio Werlang, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, explica que o seminário tem sua importância por reunir a participação “de outras igrejas, dos movimentos sociais, dos sindicatos e das forças vivas da sociedade que querem de fato discutir o Estado Brasileiro”. Setores da Juventude, como PJ, JUFRA, JOC, PJE e PJMP, participam do encontro onde terão um espaço para relatar as atividades do movimento dentro do contexto social. Vale destacar que em setembro, a 5ª Semana Social Brasileira pretende reunir mais de 250 pessoas que estão engajadas neste trabalho, que virão de diferentes partes do país, como católicos, evangélicos, membros de organismos sociais não vinculados a nenhuma igreja, do sindicalismo brasileiro, entre outros interessados.
“Estado que queremos”
Sobre o tema da 5ª Semana Social que é uma iniciativa CNBB com toda a sociedade Brasileira, dom Guilherme recorda que essa é uma preocupação, bem anterior da Igreja, em fomentar a reflexão de um Estado para todos, principalmente para os menos favorecidos socialmente. “O Estado está a serviço muito de interesses particulares e ainda não é um Estado para todos os brasileiros”. De acordo com o bispo, a temática vem sendo discutida a mais de um ano e meio, tratando especificamente da realidade do Estado Brasileiro. Em 2010, a Comissão Episcopal propôs aos bispos na Assembleia Geral, o tema “Estado para quê e Estado para quem”, e houve um acolhimento.
Os grupos envolvidos pretendem lançar a discussão para a sociedade “do Estado que temos para o Estado que queremos”, a partir das construções coletivas dos movimentos sociais e outras articulações, bem como gestos concretos que poderão ser assumidos nacionalmente. “Não podemos estar presos ao dinheiro. Hoje a humanidade está sendo vitime do sistema econômico mundial e, aqui no Brasil, o Estado muito vezes serve a interesses de organismos e organizações particulares, como as multinacionais, em detrimento a atenção às necessidades do povo brasileiro”, destacou dom Guilherme.
Fonte: CNBB

Equipe executiva do Comina reflete sobre a renovação da Paróquia



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A equipe executiva do Conselho Missionário Nacional (Comina), organismo instituído pela CNBB, para articular as forças missionárias da Igreja no Brasil, se reuniu nos dias 16 e 17 de maio, em Brasília (DF), para refletir sobre temas relacionados à Missão, em especial, a renovação da Paróquia.
Na ocasião, a Equipe se debruçou sobre o tema: “Comunidade de comunidades: uma nova Paróquia”, discutido na 51ª Assembleia geral da CNBB realizada em Aparecida (SP) no mês de abril, agora documento de estudo (Edições CNBB, 104). Irmã Maria Eugenia Lloris Aguado, membro da equipe de assessores do tema central da Assembleia da CNBB, apresentou o documento debatido pelos bispos e explicou que a finalidade é “suscitar reflexões, debates e revisões da prática pastoral” no intuito de iniciar um processo de construção da nova paróquia. “Mais do que elaborar um texto é preciso fazer uma verdadeira conversão pastoral o que implica sermos discípulos missionários, não para manter estruturas, mas para viver o Evangelho”, defendeu a assessora. “Trata-se de acreditar na proposta para que ela nos convença”, reforçou.
Para a Equipe Executiva do Comina, é importante trabalhar a dimensão missionária como um elemento constitutivo da comunidade. Padre Paulo Suess, assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), defende que o texto não precisaria repetir as análises, mas mergulhar na realidade e ouvir as bases. Para o teólogo, o desafio é deixar as comunidades falarem sobre as estruturas “caducas” e sonhar com a nova paróquia. “A novidade da paróquia será a sua missionariedade como paróquia samaritana e advogada da justiça dos pobres. Essa missionariedade perpassa todos os planos pastorais, o livro caixa e a formação dos agentes”, destaca.
A formulação de um Diretório para a animação missionária da Igreja no Brasil foi outro tema discutido na reunião. O Comina decidiu elaborar um documento de trabalho a ser encaminhado aos regionais. O objetivo é reunir contribuições quanto à teologia da missão, o papel dos animadores, sua organização e articulação.
Na avaliação de dom Sergio Braschi, presidente da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB e do Comina, “as reuniões do da Equipe Executiva são instrumentos de comunhão e reflexão. Iniciamos a nossa contribuição ao tema solicitado pela CNBB e partilhamos sobre vários acontecimentos missionários e compromissos futuros. Cada reunião do Comina nos enriquece mais para crescermos na comunhão entre os organismos que trabalham com a missão no Brasil”.
Fonte: CNBB

Liturgia Diária


DIA 21 DE MAIO - TERÇA-FEIRA

VII SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).
Oração do dia
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Eclesiástico 2,1-13)
Leitura do livro do Eclesiástico.
2 1 Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação;
2 humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade,
3 sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça.
4 Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência.
5 Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação.
6 Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice.
7 Vós, que temeis o Senhor, esperai em sua misericórdia, não vos afasteis dele, para que não caiais;
8 vós, que temeis o Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa.
9 Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de alegria.
10 Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de luz.
11 Considerai, meus filhos, as gerações humanas: sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido.
12 Pois quem foi abandonado após ter perseverado em seus mandamentos? Quem é aquele cuja oração foi desprezada?
13 Pois Deus é cheio de bondade e de misericórdia, ele perdoa os pecados no dia da aflição. Ele é o protetor de todos os que verdadeiramente o procuram.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 36/37
Entrega teu caminho ao Senhor, e o mais ele fará.

Confia no Senhor e faze o bem,
e sobre a terra habitarás em segurança.
Coloca no Senhor tua alegria,
e ele dará o que pedir teu coração.

O Senhor cuida da vida dos honestos,
e sua herança permanece eternamente.
Não serão envergonhados nos maus dias,
mas, nos tempos de penúria, saciados.

Afasta-se do mal e faze o bem,
e terás tua morada para sempre.
Porque o Senhor Deus ama a justiça
e jamais ele abandona os seus amigos.
Os malfeitores hão de ser exterminados,
e a descendência dos malvados destruída.

A salvação dos piedosos vem de Deus;
ele os protege nos momentos de aflição.
O Senhor lhes dá ajuda e os liberta,
defende-os e protege-os contra os ímpios
e os guarda porque nele confiaram.
Evangelho (Marcos 9,30-37)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minha glória é a cruz do Senhor Cristo Jesus, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para este mundo (Gl 6,14).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
9 30 Tendo partido dali, Jesus e seus discípulos atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.
31 E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte.
32 Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar.
33 Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho?
34 Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior.
35 Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos.
36 E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:
37 Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
QUEM É O MAIOR?
Os discípulos de Jesus deixaram-se contaminar pela busca de grandeza. Por isso, discutiam para saber quem, dentre eles, seria o maior. Mas o ponto de partida deste debate revelava um equívoco. Pensavam na grandeza do Reino que Jesus inauguraria e na possibilidade de ocupar posições de destaque junto ao monarca. De antemão, esses discípulos faziam a partilha dos futuros cargos disponíveis. Jesus, porém, deu um basta a estas considerações indignas de quem quer ser seu um discípulo.
O ensinamento de Jesus centra-se no tema do serviço, bem característico do Reino. A grandeza do discípulo está em sua capacidade de colocar-se a serviço do próximo. Ocupa o primeiro lugar quem se predispõe a servir a todos, sem distinção, vivendo a condição de servo, de maneira plena. A quem é reticente no servir e não prima pela generosidade, estão reservados os últimos lugares no Reino. Portanto, se os discípulos quisessem realmente disputar os primeiros lugares, que o fizessem motivados por um ideal elevado e não por ambições mesquinhas, sem sentido para quem vive a dinâmica do Reino.
Os discípulos tinham em Jesus um exemplo consumado de servidor do Reino. Sua vida definia-se como serviço generoso e gratuito às multidões oprimidas e atribuladas de tantas maneiras. Bastava que se espelhassem no Mestre.

Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu me lance na busca das grandezas deste mundo. Que eu busque, antes, a grandeza do serviço generoso, e gratuito.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Sobre as oferendas
Ao celebrar com reverência vossos mistérios, nós vos suplicamos, ó Deus, que os dons oferecidos em vossa honra sejam úteis à nossa salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Senhor, de coração vos darei graças, as vossas maravilhas narrarei! Em vós exultarei de alegria, cantarei ao vosso nome, Deus altíssimo! (Sl 9,2s)
Depois da comunhão
Ó Deus todo-poderoso, concedei-nos alcançar a salvação eterna, cujo penhor recebemos neste sacramento. Por Cristo, nosso Senhor.


MEMÓRIA FACULTATIVA

SÃO CRISTOVÃO MAGALLANES
(BRANCO – OFÍCIO DA MEMÓRIA)

Oração do dia: Deus todo-poderoso, que destes aos santos Cristóvão Magallanes e companheiros a graça de sofrer por Cristo, ajudai também nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas: Possa agradar-vos, ó Deus, a oferenda que vos será consagrada em honra do martírio dos vossos santos Cristóvão e companheiros, para que nos purifique dos nossos pecados e vos torne propício às nossas preces. Por Cristo, nosso Senhor.
Depois da comunhão: Nutridos com o pão do céu, nos tornamos um só corpo em Cristo. Fazei, ó Pai, que jamais nos afastemos do seu amor e, a exemplo dos vossos mártires Cristóvão e companheiros, superemos tudo corajosamente por aquele que nos amou primeiro. Por Cristo, nosso Senhor.
Santo do Dia / Comemoração (SÃO CRISTOVÃO MAGALLANES):

Partir dos pobres: Francisco sacode movimentos laicos



Reportagem de Roberto Monteforte, publicada no jornal L'Unità, em 20 de maio.

Papa Francisco entre os fiéis: o importante é ter Cristo e a dignidade do ser humano no centro
Foram dois dias muito intensos com os movimentos e as associações laicais para o Ano da Fé, concluídos nesse domingo pelo papa Francisco em São Pedro no dia de Pentecostes. "Um Cenáculo a céu aberto", definiu a praça, a Via della Conciliazione e as ruas adjacentes lotadas com cerca de 200 mil peregrinos, expressão das tantas e diversas realidades presentes na Igreja, do Comunhão e Libertação aos Focolarinos, da Ação Católica às Associações Cristãs de Trabalhadores Italianos (ACLI), passando pela Comunidade de Santo Egídio, pelos Neocatecumenais.
"Na Igreja – explicou Francisco – a harmonia é feita pelo Espírito Santo. Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade". E, "quando somos nós que queremos fazer a diversidade e nos fechamos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós que queremos fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos trazendo a uniformidade, a homologação".

"Ao contrário, se nos deixarmos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca se tornam conflito, porque – acrescentou – Ele nos leva a viver a variedade na comunhão da Igreja".

Bergoglio pediu, portanto, que todos tenham a coragem do novo, a sair das seguranças aparentes, confiando no Espírito, evitando os "caminhos paralelos" à Igreja.

O importante – destacou – é ter Cristo e a dignidade do ser humano no centro. É o Espírito Santo que dá a coragem para alcançar as "periferias existenciais", onde é preciso testemunhar o Evangelho. É a dignidade do ser humano, é o encontro com os pobres ("carne de Cristo") que devem ser postos no centro desse testemunho. Foi um verdadeiro estímulo o seu pedido para mudar as prioridades da vida. De pôr a ética no centro de cada escolha política.
Quem destaca isso é o presidente da Ação Católica, Franco Miano. "Responder a esse seu apelo requer uma grande assunção de responsabilidade por parte de todos os fiéis leigos. Não é apenas um apelo às formas, mas também ao testemunho de uma coerência de vida. Indica alguns princípios simples e essenciais, mas absolutamente decisivos. Cabe à nossa responsabilidade de leigos localizar formas a serem identificadas". Ele as lembra: "Junto com a questão da ética pública, está a do encontro com o outro, particularmente com os pobres", que – explica – "não é simplesmente prover o seu sustento com a esmola, mas sim ´encontrá-los´".
Portanto, o presidente das ACLI sublinha o paradoxo denunciado por Francisco quando se dá mais peso ao andamento de um banco do que a milhões de pessoas que morrem de fome. "O que o papa enfatiza é profundamente certo, importante e sobretudo verdadeiro. Devemos recuperar o essencial e inverter a ordem de prioridades dada hoje pela político e pela mídia".
Por isso, ele insiste na formação das pessoas: "Certas prioridades devem ser entendidas e vividas como um valor próprio, como a contribuição à vida das cidades, o pagar os impostos, o respeitar os outros, o ocupar-se dos pobres.
São aquele patrimônio de valores a se compartilhar". Ele acrescenta a isso um segundo nível, o da "vigilância crítica" sobre políticos e administradores, "para que cada um faça a sua parte até o fim".

Mas isso não basta. Miano lembra a exigência de que, justamente estimulado pela crise, "cada um tenha um estilo de vida mais essencial, olhando para as coisas que realmente importam". É o testemunho dado desde o início pelo Papa Francisco com o seu estilo. Ele também lança novamente aquele "Não há política sem ética", reiterado por Bergoglio.
Mas não deve chamar a atenção a sensibilidade social do papa Francisco. "Ele foi arcebispo de um país, a Argentina, que viu a crise em toda a sua dramaticidade, antes que se apresentasse entre nós", observa o presidente das ACLI, Gianni Bottalico. "Ele viu as famílias empobrecidas, o seu desespero. Ele viu como a economia e os poderes fortes mortificaram os sacrifícios das famílias. Ele nos chama a uma responsabilidade. Agora, nos obriga a rever com coerência a nossa ordem de valores: o ser humano e as pessoas vêm em primeiro lugar".
Para Bottalico, são advertências tão fortes a ponto de pôr aos leigos "a exigência de se comprometer mais diretamente na política". Devem ser reconstruídas as suas regras. "Porque não é mais possível confiar às finanças e a um capitalismo feroz e canibal a vida das pessoas".
De uma coisa está certo o presidente das ACLI: o discurso do Papa Francisco é de tão grande fôlego político que cria reflexões dentro dos nossos mundos. "O agir político não poderá prescindir disso".
L'Unità

É chegada a hora e a vez da Catequese Libertadora


Artigo de Antônio Cechin, divulgado no site Instituto Humanitas Unisinos

"Ninguém podia imaginar que receberíamos um presente: o papa Francisco. Um papa dos pobres e um papa catequista autêntico"
A Comunidade Eclesial de Base descobriu o jeito de fazer sua própria Catequese Libertadora com um método particular, inteiramente seu. É fruto de muitas mãos que o construíram ao longo de todo um processo histórico de salvação. Trata-se de um trabalho catequético simples como, aliás, costumam ser simples as obras de Deus. Fruto de toda uma Caminhada. Vejamos esse jeitinho bem brasileiro dos pobres em suas catequeses libertadoras:

Como Comunidade Eclesial de Base que é, ela se reúne. Reflete sobre o seu próprio processo histórico. Perpassa o microprocesso cotidiano de cada pessoa e das famílias, passando pelo processo histórico municipal, estadual e pelos macroprocessos nacional, continental e mundial. Não raro, todos esses níveis se encadeiam com facilidade. Esta análise da realidade é o primeiro passo.

Aos poucos, na transparência dos fatos da realidade, juntos e comunitariamente, vão todos  descobrindo a presença de Jesus Ressuscitado, caminhando à frente da Comunidade, dando sentido a tudo. Não foi por meio dele que “tudo foi feito e nada do que foi feito, foi feito sem Ele” nas palavras do evangelista João, bem no início do seu Evangelho? Com esta descoberta do Vivente e do Caminhante com a Comunidade que é o Homem Jesus de Nazaré, é dado o segundo passo na Catequese. Para tanto a referência constante à Bíblia, especialmente ao Novo Testamento, garante a mais absoluta certeza de que é dele mesmo, Jesus, o rosto cujos traços vão se configurando e aparecendo. É o rosto daquele que prometeu "quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome (a Comunidade de Fé) lá estarei eu, no meio deles".

Na medida em que os traços da vida e da pessoa de Cristo vão clareando, na transparência dos fatos, cresce no coração dos participantes, a vontade de realizar encontro imediato com o Filho de Deus Vivo, aqui e agora. Vai-se então ao Encontro do Homem-Deus Jesus de Nazaré. Dialoga-se com Ele através de uma oração, de um canto, ou de uma celebração. É o terceiro momento: o da Liturgia.
Dão-se conta, em seguida, quase automaticamente, de que não são os membros da Comunidade os primeiros a fazer esta sensacional descoberta do Filho de Deus, Jesus Cristo, caminhando conosco e à nossa frente. No passado, toda uma cadeia de personagens, grupos, comunidades, etc. fizeram essa mesma descoberta que remonta ao Pai Abraão, já no Antigo Testamento. O patriarca foi a primeira pessoa que viu com olhos de Fé. Abraão descobriu o Deus conosco, isto é, a presença de Deus em seu caminhar.
É este, agora, o momento em que a Comunidade de Base realiza a descoberta da Tradição da qual, ela como Comunidade de Fé, se sente em continuidade, caminhando na construção, já aqui e agora, do Reino de Deus, rumo à pátria definitiva junto do Deus uno e trino.  É o quarto momento catequético.

O quinto momento é o dos encaminhamentos para os compromissos. À luz do primeiro passo – o da análise da realidade – descobriu-se, na transparência dos fatos que, lado a lado com o processo de transformação para melhor, da realidade do entorno da Comunidade e do mundo, aquilo que podemos chamar de processo histórico da Salvação, fazendo história com fatos e ações libertadores da humanidade, há um outro processo paralelo que é constituído de coisas negativas, de contravalores, se alinhando como uma espécie de processo contrário, de perdição.

Surge então no coração da Comunidade vontade de transformação da realidade em todas as suas instâncias, desde a individual até a social, tanto local como mundial. É o momento de amarrar compromissos, lutas, engajamentos, como Comunidade. Para além da Comunidade, também realizar trabalhos de massa, como Cristo fazia, primeiro junto à pequena comunidade dos 12 e depois junto às multidões.

No dia 19 de maio, celebramos a Festa de Pentecostes ainda sob o impacto do Pentecostes de hoje, ano 2013.

No Pentecostes fundante da Igreja, acontecido na Comunidade dos 12 apóstolos em companhia de Maria, a Mãe de Jesus, o Divino chega provocando terremoto que sacode a Igreja toda. Ele vem como fogo e como vento impetuoso. Foi uma chegança simplesmente espetacular.
Línguas de fogo sobre cada um dos participantes da Comunidade Eclesial de Base que se transformou como a base de toda a Igreja Universal, mudando o coração de pedra dos discípulos de Jesus em coração de carne, agora totalmente abrasados de Amor com o contato direto que tiveram com o Deus-Amor, o Divino Espírito Santo.
Como vento impetuoso abrindo portas e janelas que estavam todas trancadas pelo medo que tinham de que lhes acontecesse algo parecido com o que aconteceu com o Mestre, condenado à morte na cruz. Parecia que a impetuosa ventania os empurrava para fora do recinto a fim de que iniciassem a Missão que Jesus lhes confiara na despedida: "ide por todo o mundo a fim de fazer de todos os povos discípulos meus".
Pois não é que no mês de março próximo passado, o conclave dos cardeais, reunidos a fim de eleger o novo papa, foram sacudidos pela força do mesmo Espírito que deu início à evangelização em massa, na Igreja?...
Ninguém podia sequer imaginar que receberíamos um presente do céu: o papa Francisco. Um papa dos pobres e um Papa catequista autêntico. Basta compará-lo com os dois últimos: João Paulo II e Bento XVI. não só nas falas, mas nos atos e gestos, especialmente no testemunho de vida.
Francisco está dando sinais de que está ensaiando, na cidade de Roma, como deve ser, ao lado da Catequese Libertadora, tipicamente o modelo da Igreja latino-americana para Comunidades de Base. Agora, com ele  em Roma, ele ensina como deve ser uma catequese libertadora de massas, para o povão que acorre para lá, do mundo inteiro. Ele se volta mais para o coração das pessoas, a emoção, do que para a razão ou o raciocínio.
Em meu modesto entender, está chegada a hora e a vez da catequese libertadora, se espraiando da Ameríndia para o universo inteiro.
Instituto Humanitas Unisinos