sábado, 9 de janeiro de 2016

Convite

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Batizados para a missão

A partir do momento em que Jesus foi batizado, sua voz começou a ser escutada.

Por Dom Canísio Klaus*

No dia 10 de janeiro celebramos o Batismo de Jesus. Com isso também concluímos o ciclo de celebrações ligadas ao Natal e, liturgicamente, entramos no Tempo Comum.
A partir do momento em que Jesus foi batizado, sua voz começou a ser escutada, porque se entendeu que Ele era o “Filho amado de Deus Pai” (Mt 3,17). Desde então Jesus começou a formar o seu grupo de discípulos e saiu a pregar a conversão, anunciando a chegada do Reino dos Céus e, antes de ser arrebatado para o céu, enviou os apóstolos a fazerem “discípulos entre todas s nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
É assim que o batismo se tornou o rito de incorporação das pessoas na comunidade cristã, comprometendo-as a serem discípulas e missionárias de Jesus Cristo.
Entre os batizados, Deus chama algumas pessoas para permanecerem mais próximas a Ele e assim serem enviadas a anunciar a Boa Nova para além da sua comunidade de origem (Mc 3,14). São os padres e religiosos, que “abandonam pai, mãe e filhos” para melhor poderem servir ao Reino de Deus.
Foi isso que fez o Pe. Miguel Ody, de quem nos despedimos no domingo passado, em Santa Clara do Sul. Desde cedo ele abraçou a vida religiosa, tornando-se irmão lassalista. Mais tarde, em 1971, aceitou o chamado do Mestre para seguir a vocação sacerdotal e tornou-se padre da Diocese de Santa Cruz do Sul.
Pe. Miguel faleceu aos 93 anos de idade, deixando como marca a jovialidade e o seu testemunho de alegria. A ele sempre seremos gratos pelos belos trabalhos realizados como pároco, vigário paroquial, formador de seminaristas e animador vocacional. Deus o tenha junto de si.
Também é praxe que no começo de cada ano aconteçam algumas transferências de padres. Quando isso acontece, os padres são convidados a renovarem o ardor que os levou a abraçarem a vida sacerdotal, e assim assumirem suas novas funções em favor do Reino de Deus. Por isso, nas próximas semanas, estaremos dando posse aos novos párocos, vigários paroquiais e formadores dos seminários. Tudo isso para que, ao iniciar a quaresma, todos possam estar em suas funções. Pedimos às comunidades que acolham os padres que vem e os ajudem a serem fiéis mensageiros da Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo.
Faço votos de que o ano de 2016, quando celebramos o Ano Santo da Misericórdia, seja um ano de renovação da fé batismal e aprofundamento da vida cristã. Aproveito para saudar com muito carinho ao Pe. Clécio José Henckes que neste domingo celebra seus 25 anos de ordenação sacerdotal. Que Pe. Clécio e todas as pessoas batizadas se sintam, assim como Jesus Cristo, “filhos amadas de Deus Pai”.
CNBB 07-01-2016.
*Dom Canísio Klaus é bispo de Santa Cruz do Sul (RS).

Nosso Batismo e o de Jesus


Recordamos o nascimento carnal, mas desconhecemos o dia em que nascemos para Deus.
Por Cardeal Orani Tempesta*

A Festa do Batismo do Senhor, celebrada no domingo depois da Epifania, encerra o ciclo das Festas da Manifestação do Senhor, o ciclo de Natal. Comemoramos o Batismo de Jesus por São João Batista nas águas do rio Jordão. Sem ter necessidade do batismo de penitência de João em preparação à vinda do Messias, Jesus quis submeter-se a esse rito tal, como se submetera às demais observâncias legais que também não O obrigavam, mas que adquire o caráter de manifestação, pois nesse momento a Trindade se manifesta.
O Pai apresenta, manifesta a Israel o Salvador que Ele nos deu, o Menino que nasceu para nós: “Tu és o meu Filho amado; em ti ponho o meu bem-querer”, ou, segundo a versão de Mateus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”! (3,17). Estas palavras contêm um significado muito profundo: o Pai apresenta Jesus usando as palavras do profeta Isaías, que ouvimos na primeira leitura da missa. Mas, note-se: Jesus não é somente o Servo; ele é o Filho, o Filho amado! O Servo que o Antigo Testamento anunciava é também o Filho amado eternamente! No entanto, é Filho que sofrerá como Servo, que deverá exercer Sua missão de modo humilde e doloroso.
Às margens do Jordão, Jesus foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o Cristo, aquele que as Escrituras prometiam e Israel esperava. Agora, Ele pode começar publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus. Esta missão Ele começou desde que se fez homem por nós; agora, no entanto, vai manifestar-se publicamente, primeiro a Israel e, após a ressurreição, a toda a humanidade. É na força do Espírito Santo que Ele pregará, fará Seus milagres, expulsará o mal e inaugurará o Reino; é na força do Espírito que Ele viverá uma vida de total e amorosa obediência ao Pai, e doação aos irmãos até a morte, e morte de cruz.
O Senhor desejou ser batizado, diz Santo Agostinho, “para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”. Com o batismo de Jesus, ficou preparado o Batismo cristão, diretamente instituído por Jesus Cristo e imposto por Ele como lei universal no dia da sua Ascensão: Todo poder me foi dado no céu e na terra, dirá o Senhor; ide, pois, ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 18-19).
E Jesus já começa cumprindo sua missão na humildade: Ele entra na fila para ser batizado por João. Ele, que não tinha pecado, assume os nossos pecados, faz-se solidário conosco; Ele, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo! “João tentava dissuadi-lo, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?’ Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar, pois assim nos convém cumprir toda a justiça’” (Mt 3,14s). Assim convinha, no plano do Pai, que Jesus se humilhasse, se fizesse Servo e assumisse os nossos pecados! Ele veio não na glória, mas na humildade, não na força, mas na fraqueza, não para impor, mas para propor, não para ser servido, mas para servir. Eis o caminho que o Pai indica a Jesus, eis o caminho que Jesus escolhe livremente em obediência ao Pai, eis o caminho dos cristãos, e não há outro!
O Batismo de João não é o sacramento do Batismo: era somente um sinal exterior de que alguém se reconhecia pecador e queria preparar-se para receber o Messias. Ao ser batizado no Jordão, Jesus é ungido com o Espírito Santo para a missão. Esta unção será plena na ressurreição, quando o Pai derramará sobre ele o Espírito como vida da sua vida. Então – e só então – Ele, pleno do Espírito Santo que o ressuscitou, derramará este Espírito, que será também seu Espírito, sobre nós, dando-nos uma nova vida.
O Batismo de Jesus leva-nos à meditação sobre o nosso batismo. A importância do Sacramento que nos inseriu na Igreja. Quem de nós recorda a data de seu batismo? Recordamos o nascimento carnal, mas desconhecemos o dia em que nascemos para Deus e nos tornamos “Participantes da natureza divina (...) somos, realmente, filhos de Deus!”.
“Graças ao Sacramento do Batismo tu te converteste em templo do Espírito Santo: não te passe pela cabeça – exorta São Leão Magno – afugentar com as tuas más ações um hóspede tão nobre, nem voltar a submeter-te à servidão do mal, porque o teu preço é o sangue de Cristo”.
Na Igreja, ninguém é um cristão isolado. A partir do Batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo, e a Igreja apresenta-se como a verdadeira família dos filhos de Deus. O Batismo é a porta por onde se entra na Igreja. “E na Igreja, precisamente pelo Batismo, somos todos chamados à santidade” (LG 11 e 42), cada um no seu próprio estado e condição. O chamado à santidade e a consequente exigência de santificação pessoal são universais: todos, sacerdotes e leigos, estamos chamados à santidade; e todos recebemos, com o Batismo, as primícias dessa vida espiritual que, por sua própria natureza, tende à plenitude. É importante lembrar o caráter sacramental do Batismo “certo sinal espiritual e indelével” impresso na alma no momento (Dz, 852). É como um selo que exprime o domínio de Cristo sobre a alma do batizado. Cristo tomou posse da nossa vida no momento em que fomos batizados. Ele nos resgatou do pecado com a sua Paixão e Morte.
Portanto, Batismo é nascimento para uma vida nova e é compromisso de seguir Jesus Cristo como discípulo missionário. A água batismal não pode secar tão rapidamente de nossa fronte! Os cristãos primitivos eram batizados adultos e, ao pedirem o Batismo, sabiam que eram candidatos ao martírio. E mesmo assim, queriam ser batizados para se tornarem filhos de Deus! “Somos chamados filhos de Deus e o somos de fato!”
Jornal do Brasil, 08-01-2016.
*Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

Nova espiritualidade


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 3,15-16.21.22.
Por José Antonio Pagola*

"Espiritualidade" é uma palavra desafortunada. Para muitos só pode significar algo inútil, afastado da vida real. Para que pode servir? O que interessa é o concreto e prático, o material, não o espiritual.
No entanto, o "espírito" de uma pessoa é algo valorizado na sociedade moderna, pois indica o mais profundo e decisivo da sua vida: a paixão que a anima, a sua inspiração última, o que contagia os outros, o que essa pessoa vai colocando no mundo.
O espírito alenta os nossos projetos e compromissos, configura o nosso horizonte de valores e a nossa esperança. Segundo o nosso espírito, assim será a nossa espiritualidade. E assim será também nossa religião e a nossa vida inteira.
Os textos que nos deixaram os primeiros cristãos mostram-nos que vivem a sua fé em Jesus Cristo como um forte "movimento espiritual". Sentem-se habitados pelo Espírito de Jesus. Só é cristão quem foi batizado com esse Espírito. "O que não tem o Espírito de Cristo não lhe pertence". Animados por esse Espírito, vivem-No todo de forma nova.
O primeiro que muda radicalmente é a sua experiência de Deus. Não vivem já com "espírito de escravos", cansados pelo medo a Deus, mas com "espírito de filhos" que se sentem amados de forma incondicional e sem limites por um Pai. O Espírito de Jesus faz gritar-lhes do fundo do seu coração: Abbá, Pai! Esta experiência é o primeiro que todos deveriam encontrar nas comunidades de Jesus.
Muda também a sua forma de viver a religião. Já não se sentem "prisioneiros da lei", das normas e dos preceitos, mas libertos pelo amor. Agora conhecem o que é viver com "um espírito novo", escutando a chamada do amor e não com "a letra velha", ocupados em cumprir obrigações religiosas. Este é o clima que entre todos temos de cuidar e promover nas comunidades cristãs, se queremos viver como Jesus.
Descobrem também o verdadeiro conteúdo do culto a Deus. O que agrada ao Pai não são os ritos vazios de amor, mas que vivamos "no espírito e na verdade". Essa vida vivida com o espírito de Jesus e da verdade do Seu evangelho é para os cristãos o seu autêntico "culto espiritual".
Não temos de esquecer o que Paulo de Tarso dizia às suas comunidades: "Não apagueis o Espírito". Uma igreja apagada, vazia do espírito de Cristo, não pode viver nem comunicar a sua verdadeira Natividade. Não pode saborear nem contagiar a sua Boa Nova. Cuidar da espiritualidade cristã é reavivar a nossa religião.
Instituto Humanitas Unisinos, 08-01-2016.
*José Antonio Pagola, teólogo espanhol.

Evangelho do Dia

C - 09 de janeiro de 2016

João 3,22-30

Aleluia, aleluia, aleluia.
O povo, sentado nas trevas, grande luz enxergou; aos que viviam na sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz (Mt 4,16).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, 3 22 Jesus foi com os seus discípulos para os campos da Judéia, e ali se deteve com eles, e batizava.
23 Também João batizava em Enon, perto de Salim, porque havia ali muita água, e muitos vinham e eram batizados.
24 Pois João ainda não tinha sido lançado no cárcere.
25 Ora, surgiu uma discussão entre os discípulos de João e um judeu, a respeito da purificação.
26 Foram e disseram-lhe: “Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, de quem tu deste testemunho, ei-lo que está batizando e todos vão ter com ele”.
27 João replicou: “Ninguém pode atribuir-se a si mesmo senão o que lhe foi dado do céu.
28 Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: ‘Eu não sou o Cristo, mas fui enviado diante dele’.
29 Aquele que tem a esposa é o esposo. O amigo do esposo, porém, que está presente e o ouve, regozija-se sobremodo com a voz do esposo. Nisso consiste a minha alegria, que agora se completa.
30 Importa que ele cresça e que eu diminua”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A CONSCIÊNCIA DO PRECURSOR
            O Evangelho refere-se a João Batista como uma testemunha qualificada do Messias, enviada para precedê-lo. O Precursor chega a ser apresentado como a testemunha por excelência, para que, na qualidade de “testemunha da luz, todos pudessem crer por meio dele”.
            Seu comportamento modelar revelava-se na recusa de usurpar algo que não lhe pertencia. Manteve-se isento de qualquer ciúme ou inveja, quando Jesus deu inicio ao seu ministério. E a quem confundia os papéis de ambos, João declarava, sem titubear: “Eu não sou o Messias”. Sua consciência lúcida impedia-o de passar por aquilo que não era. Seu papel era comparável ao do amigo escolhido para acompanhar o noivo, por ocasião da festa de casamento. Existe alegria maior para o amigo do noivo, quando o vê chegar, entre vivas e aclamações? Seria mesquinho se pretendesse ver as atenções voltarem-se para ele, e não para o noivo!
            Sendo assim, João Batista só tinha motivos para se alegrar. Já tinha concluído a sua missão. Importava, agora, que o Messias crescesse e ele diminuísse, sem qualquer espécie de ciúme.
Enganar-se-ia quem perdesse a chance de se tornar discípulo do Messias, para apegar-se a uma luz efêmera, quando já havia despontado a verdadeira “luz do mundo”. Por conseguinte, os discípulos de João foram instados a tomar uma decisão..

 
Leitura
1 João 5,14-21
Leitura da primeira carta de são João.
14 Caríssimos, a confiança que depositamos nele é esta: em tudo quanto lhe pedirmos, se for conforme à sua vontade, ele nos atenderá.
15 E se sabemos que ele nos atende em tudo quanto lhe pedirmos, sabemos daí que já recebemos o que pedimos.
16 Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a vida; isto para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado que é para morte; não digo que se reze por este.
17 Todainiqüidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte.
18 Sabemos que aquele que nasceu de Deus não peca; mas o que é gerado de Deus se acautela, e o Maligno não o toca.
19 Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno.
20 Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro, nós que estamos em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
21 Filhinhos, guardai-vos dos ídolos!
Palavra do Senhor.
Salmo 149
O Senhor ama seu povo de verdade.

Cantai ao Senhor Deus um canto novo
e o seu louvor na assembléia dos fiéis!
Alegre-se Israel em quem o fez,
e Sião se rejubile no seu rei!

Com danças glorifiquem o seu nome,
toquem harpa e tambor em sua honra!
Porque, de fato, o Senhor ama seu povo
e coroa com vitória os seus humildes.

Exultem os fiéis por sua glória
e, cantando, se levantem de seus leitos
com louvores do Senhor em sua boca.
Eis a glória para todos os seus santos.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, pelo vosso filho nos fizestes nova criatura pra vós. Dai-nos, pela vossa graça, participar da divindade daquele que uniu a vós a nossa humanidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.