Paróquia nossa
senhora das candeias – 31 anos
“Em tuas mãos eu entrego o meu espírito.”
(Sl. 30,6)
INTRODUÇÃO
Às 15h, ou noutro horário oportuno, a Igreja realiza a Liturgia da Paixão do
Senhor. Neste dia, não se celebra missa em lugar algum, mas ocorre a celebração
onde meditamos as dores e morte de Nosso Senhor. Parece que o termo
“comemorar” se relaciona a festas alegres, mas não podemos deixar de comemorar
o resgate da aliança com Deus através do sacrifício da Cruz. Este acontecimento
nos prepara para as alegrias pascais; dessa forma, já celebramos a Páscoa do
Senhor. A Igreja prescreve dia de jejum e abstinência de carne.
1 ASPECTOS CELEBRATIVOS
Esta solene ação litúrgica consta de três partes: Liturgia da
Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística.
O altar, desnudado ao fim da liturgia do dia anterior, assim
permanece. Igualmente as cruzes (e imagens, onde for costume) também permanecem
veladas.
A cruz é apresentada à assembleia, não como sinal de luto e
tristeza, mas como instrumento pelo qual nos veio a salvação. Para tanto,
através dela, rendemos adoração ao Cristo Redentor.
1.1 O QUE PROVIDENCIAR
Para esta solene ação litúrgica, deve-se providenciar, em
lugar apropriado, uma cruz (coberta com véu, caso se adote a primeira forma de
apresentação) e dois castiçais. Para o presbitério, importante haver o missal
romano, lecionário, toalha e corporais. Quanto ao altar da Reposição, separar
véu umeral (para diácono ou presidente da celebração) e dois castiçais.
2 CELEBRAÇÃO E QUESTÕES PRÁTICAS
O presidente da celebração, ao se aproximar do altar, em
clima de absoluto silêncio, prostra-se ou ajoelha-se diante dele por alguns
instantes. A assembleia também permanece em silêncio orante, de joelhos. Em
seguida, é proferida oração, sem o “oremos”.
2.1 LITURGIA DA PALAVRA
Imediatamente após a oração, inicia-se a Liturgia da Palavra.
Na narração da Paixão de Nosso Senhor, é costume, assim como no Domingo de
Ramos, haver distribuição de funções para mais leitores, de acordo com as
personagens, havendo, para tanto, a figura do narrador. Toda a igreja se
ajoelha silenciosamente quando do anúncio da morte de Jesus. Não se beija o
livro ao final da narração.
2.1.1 Oração Universal
Após a homilia, inicia-se a oração universal, com dez preces
específicas, a saber: pela Santa Igreja, pelo Papa, por todas as ordens e
categorias de fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos
judeus, pelos que não creem no Cristo, pelos que não creem em Deus, pelos poderes
públicos e por todos os que sofrem provações. Durante essas preces é facultada
à assembleia permanecer ou não de joelhos.
2.1.2 Adoração da Cruz
Logo depois da oração universal, tem início a adoração da
Cruz, costume que se originou em Jerusalém a partir do Século IV, e que pode
ocorrer de duas formas. Na primeira forma, um diácono (ou um acólito) parte do
fundo da igreja com a cruz velada, acompanhada por duas velas acesas. A cruz é
entregue ao presidente da celebração, junto ao altar, e este vai descobrindo-a
em três partes, apresentando-a para adoração dos fiéis, entoando a cada parte
descoberta a fórmula invitatória “Eis o lenho da Cruz do qual pendeu a salvação
do mundo”. A assembleia responde: “Vinde, adoremos!”. Após, todos se ajoelham
por alguns momentos, em adoração, enquanto o presidente, em pé, sustenta a
cruz. Em seguida, inicia-se a adoração, com a cruz colocada frente ao
presbitério, ladeada pelas velas.
Na segunda forma de apresentação, o diácono ou, na sua
ausência, o próprio presidente da celebração, toma a cruz descoberta na porta
da igreja e lá mesmo, depois ao meio do templo e à frente do presbitério, eleva
a cruz e entoa a fórmula envitatória acima já descrita, havendo por parte da
assembleia a mesma resposta. A entrada da cruz é acompanhada por duas velas. Ao
final da terceira fórmula, todos se ajoelham em adoração, com exceção do
presidente da celebração.
Para a adoração, esta se inicia com o presidente da
celebração, seguido do diácono e ministros, e sequenciado pelo povo. A cruz é
saudada com uma simples genuflexão, ou outro sinal adequado, de acordo com o
costume local, como o beijo. Enquanto isso, cantam-se antífonas específicas ou
outros cantos adequados.
Não pode haver mais de uma cruz exposta para a adoração. Caso
a assembleia seja numerosa, após a adoração do presidente, membros do clero e
parte dos fiéis, o presidente toma a cruz, dirigindo-se para junto do altar e
de lá convida a assembleia a adorar a cruz. Em seguida, eleva a cruz durante
algum tempo, enquanto os fiéis adoram-na em silêncio (cf. CB 323). Após o
momento de adoração, a cruz fica exposta próximo do altar, ladeada pelas velas.
2.1.3 Sagrada Comunhão
Para a Sagrada Comunhão, dois castiçais acompanham as âmbulas
que estavam no lugar da reposição pelo caminho mais curto entre este lugar e o
altar. Enquanto isso, o altar já estará revestido da toalha; castiçais são
colocados sobre o altar ou junto dele. A assembleia acompanha o momento ficando
em pé.
Uma vez depositadas as âmbulas sobre o altar, o presidente
genuflecte diante do Santíssimo e procede ao rito de comunhão, excetuando-se a
oração pela paz e consequente saudação. Após a distribuição da Comunhão, as
âmbulas são reconduzidas para o altar da Reposição. Não se volta as âmbulas
para o sacrário, a menos que as circunstâncias assim exijam (cf. CB 328).
2.1.4 Bênção sobre o povo e final da ação litúrgica
Uma vez observado o silêncio sagrado, o presidente da
celebração recita a oração depois da comunhão. Em seguida, profere, de mãos
estendidas, a bênção sobre o povo. Em seguida, genuflecte diante da cruz e se
dirige para a sacristia. A assembleia se retira em absoluto silêncio. O altar
torna a ficar desnudado em tempo oportuno.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os mesmos cuidados devem ser levados em consideração em
relação a outras liturgias dessa semana. A questão do microfone, que deve ser
em número maior, caso haja leitores na narração da Paixão.
Neste dia, não se beija o livro ao final da narração da
Paixão, tampouco se incensa ou se ladeia com tochas.
Na oração universal, cada prece é constituída de uma fórmula
invitatória antes da oração proferida pelo presidente da celebração. Esta
fórmula pode ser proferida por um diácono, no ambão.
Mesmo no início da ação litúrgica, onde for costume,
estende-se um tecido roxo à frente do altar, onde o presidente da celebração se
prostrará com rosto por terra.
Caso a apresentação da cruz ocorra conforme a primeira forma,
seja o tecido preso por alfinetes, laços ou velcros que facilitem a descoberta
por partes. A cor do véu usado deve ser roxa e a cruz deve conter a imagem de
Cristo crucificado.
Para a adoração da cruz, é recomendado que acólitos,
ministros ou outras pessoas sejam designadas para limpar com tecido as partes
beijadas pelos fiéis, caso esse sinal seja costume da comunidade.
É preciso ter em mente que o termo "adorar"
empregado nessa ação litúrgica não nos induz à adoração de imagem. Revivendo o
drama da paixão e morte de Cristo, o adoramos enquanto Senhor crucificado que
deu-nos vida por sua morte.
Neste dia costuma ocorrer a arrecadação de donativos enviados
para as igrejas da Terra Santa. Algumas comunidades o promovem durante a
adoração da cruz, mas pode também ser realizado durante a dispersão da
assembleia, de modo sereno.
À noite, é costume haver procissões pelas ruas. Cada
comunidade paroquial tende a organizar uma e até mesmo preparar uma
dramatização da Paixão de Cristo. Embora sendo um momento de devoção popular
não obrigatório, é a oportunidade que temos de manifestar publicamente nossa fé
no Cristo morto e ressuscitado.
Pastoral litúrgica, paroquia Nossa Senhora das Candeias-
Formação ano B 2015