terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mensagem do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes para o Dia Mundial da Pesca


Cidade do Vaticano (RV) - O Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes recorda que no próximo dia 21, celebra-se o Dia Mundial da Pesca.

A iniciativa pretende lembrar a situação precária em que vivem muitas comunidades de pescadores do mundo e a importância de preservar os recursos oferecidos pelo mar.

A nota, assinada pelo Presidente desse organismo vaticano, Cardeal Antonio Maria Vegliò, e pelo Secretário, Dom Joseph Kalathiparambil, ressalta que "nos últimos anos, o sistema de pesca foi desenvolvido de acordo com a lógica do lucro: encher as redes no menor tempo possível e muitas vezes com pouca consideração aos peixes e ao tempo necessário para se regenerarem".

"O princípio do lucro que influencia o mundo da pesca industrial e artesanal, naturalmente leva os pescadores a trabalhar em condições climáticas adversas e por longas horas, com um excesso de cansaço que muitas vezes causam acidentes até mesmo mortais. Geralmente, em casos de acidentes no trabalho, a proteção social para o pescador e sua família é reduzida ao mínimo ou é inexistente", ressalta a mensagem.

O documento sublinha ainda que "na pesca industrial os contratos são irregulares, o salário é inadequado e a bordo faltam os requisitos mínimos de segurança. Na pesca artesanal a poluição das costas e a destruição do habitat ao longo dos litorais obrigam os pescadores a irem mais longe com embarcações inadequadas, colocando em risco suas vidas".

"As relações familiares dos pescadores são colocadas à prova por causa dos tempos prolongados no mar e por causa da breve presença na família. A esposa do pescador enfrenta as dificuldades causadas pela ausência do marido, assumindo o duplo papel de pai e mãe, com sérias implicações no processo evolutivo e na educação dos filhos."

"O ritmo de trabalho e de vida dura, às vezes associada com a falta de instrução, tornam os pescadores homens sem voz na sociedade, impotentes para fazer valer os seus direitos, marginalizados e isolados", ressalta ainda a nota do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.

"A globalização da pesca e a falta de trabalho criaram um fenômeno novo: a exploração dos trabalhadores migrantes que por causa da pobreza e da miséria podem ser cair nas garras de agências de recrutamento que os obrigam a formas de trabalho forçado, e eles se tornam vítimas do tráfico de pessoas a bordo das embarcações."

"O Apostolado do Mar quer mais uma vez ser voz de quem não tem voz e denunciar os problemas e situações difíceis de trabalho e da vida dos pescadores e suas famílias", sublinha o documento.

"Renovamos o nosso apelo a todos aos Governos a fim de que ratifiquem o mais rápido possível a Convenção sobre o Trabalho na Pesca de 2007 a fim de garantir aos pescadores a segurança no trabalho, assistência médica contínua, horas suficientes de descanso, proteção de um contrato de trabalho e a mesma proteção social", conclui o comunicado. (MJ)





Texto proveniente da página 
do site da Rádio Vaticano 

http://pt.radiovaticana.va/news/2013/11/18/mensagem_do_pontif%C3%ADcio_conselho_da_pastoral_para_os_migrantes_e_os/bra-747843

"Avós, tesouro para a sociedade": a homilia do Papa




Cidade do Vaticano (RV) – “Um povo que não respeita os avós é um povo sem memória e consequentemente, sem futuro”. Este foi o ensinamento proposto pelo Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de terça-feira, 19, na Casa Santa Marta.

O Papa comentou o episódio bíblico de Eleazar, o idoso que optou pelo martírio em coerência com sua fé em Deus e para dar um testemunho de retidão aos jovens. Diante da escolha entre a apostasia e a fidelidade, não teve dúvidas e pensou que seu gesto de coragem poderia ser um exemplo para os mais jovens:

Vivemos numa época em que os idosos não contam. É triste admitir, mas nós os ‘descartamos’ porque incomodam. Os idosos nos trazem a história, nos transmitem a doutrina, nos mostram a fé e a deixam como herança. Como um bom vinho envelhecido, têm uma força interior que nos propicia uma nobre herança”.

Papa Francisco contou aos presentes que quando era pequeno ouviu a história de uma família de pai, mãe, filhos e um avô, que quanto tomava sopa, se sujava. Incomodado, o pai comprou uma mesinha para que o idoso passasse a comer sozinho. Ao voltar a casa, à noite, este pai encontrou seu filho construindo uma mesinha de madeira. O menino lhe explicou que ela serviria ao pai, para quando envelhecesse como o avô.

Esta história sempre me fez tão bem, toda a vida. Os avós são um tesouro. A memória de nossos antepassados leva à imitação da fé. A velhice às vezes é feia por causa das doenças e de todo o resto, mas a sabedoria de nossos avós é a herança que recebemos. Um povo que não resguarda e não os respeita os avós não tem futuro porque perde a memória”.

Enfim, o Papa Francisco recomendou que pensemos nos idosos e idosas que moram em casas de repouso e também nos muitos anciãos que foram abandonados por suas famílias. “Eles são um tesouro para nossa sociedade”, frisou, pedindo:

Rezemos por nossos avós e avôs que muitas vezes tiveram um papel heróico na transmissão da fé em tempos de perseguição. Quando nossos pais não estavam em casa, ou tinham idéias estranhas como as que a política ensinava naquela época, foram as avós a nos transmitir a fé. O quarto mandamento, lembrou o Papa, é o único que promete algo em troca: é o mandamento da piedade. Peçamos hoje aos velhos Santos Simão, Ana, Policarpo e Eleazar a graça de proteger, escutar e venerar os nossos antepassados, nossos avós”.
(CM)



Texto proveniente da página 
do site da Rádio Vaticano

http://pt.radiovaticana.va/news/2013/11/19/av%C3%B3s,_tesouro_para_a_sociedade:_a_homilia_do_papa/bra-747927
 

Paróquia de Candeias realiza Semana Missionária até o dia 24



Inspirada pela Campanha da Fraternidade deste ano, a Paróquia de Nossa Senhora das Candeias iniciou neste domingo, 17, a Semana Missionária. Tendo como foco a evangelização da juventude, o evento que segue até o próximo dia 24, visitará além das famílias, as escolas públicas e privadas da região. A área pastoral contemplada será a de Barra da Jangada, que inclui as comunidades de Novo Horizonte e Nossa Senhora das Graças.
De acordo com o pároco, Paulo Sérgio Vieira, a programação da Semana Missionária contará com atividades variadas. Além das celebrações eucarísticas, celebração da palavra e das visitas aos enfermos, acontecerá a recitação do terço missionário e a realização do cooper missionário.
A Semana Missionária de Candeias começou com a celebração da Santa Missa,  na Capela de Santo Antônio. Depois da solenidade, padre Paulo Sérgio enviou os leigos para as visitas.
“Realizamos a Semana Missionária como forma de comemorar o dia do laicato, que a Igreja celebra no dia 24 de novembro. Na verdade, é nossa maneira de mostrar o quanto os leigos são importantes para a missão de levar o Evangelho”, afirmou o sacerdote.
Da Assessoria de Comunicação AOR

Propostas para um mundo em crise


Que respostas a Igreja oferece aos homens e às mulheres que procuram uma saída para seus desafios?


A solidariedade entre as pessoas princípio básico para a construção de um mundo melhor. (Foto: Arquivo)
Por Dom Murilo S.R. Krieger*
Há sinais de inquietação em nosso mundo. Notícias pessimistas vão e vêm, deixando o cidadão comum sem entender o que se passa. Um dia, é o dólar que sobe muito; noutro, a preocupação porque desceu mais do que se esperava; numa manhã, os economistas estão preocupados porque a Bolsa de Tóquio fechou em baixa; ao meio-dia, dão entrevistas por causa da alta taxa de desemprego nos países europeus; no noticiário noturno, é antecipada a informação do aumento de alguns impostos – e por aí vai.  Aos poucos, cresce a convicção de que há algo de errado nas estruturas sobre as quais está assentado o nosso mundo.

Como a Igreja se posiciona  diante disso? Que respostas ela oferece aos homens e às mulheres que procuram uma saída para seus desafios? O Evangelho tem alguma proposta para a superação dos problemas econômico-sociais?

Desde 1891, quando Leão XIII escreveu a encíclica "Rerum Novarum” (Das coisas novas), tem-se estruturado e desenvolvido o que se convencionou chamar de Doutrina Social da Igreja, baseada, naturalmente, no Evangelho. Não se trata de uma “doutrina econômica” e, muito menos, de uma proposta mágica para a humanidade resolver seus problemas nesse campo. Trata-se, sim, de orientações que podem e devem estar na base de todos os relacionamentos, e não só entre os países: podem ser aplicadas às famílias, às pequenas e grandes empresas, às associações de classe, às instituições governamentais e às não governamentais. Enfim, são princípios colocados à disposição das pessoas de boa vontade.

Apresento, em seis pontos, uma síntese da Doutrina Social da Igreja:

1 - A dignidade da pessoa. Essa dignidade funda-se no fato de que o homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus. Como são seres racionais, conscientes e livres, ninguém pode ser excluído ou menosprezado na sociedade, devido à   cor de sua pele,  à sua raça, ao  credo religioso que professa, ao partido político que escolheu ou à sua condição social.

2 - A primazia do bem comum. Dada a sua filiação divina, os homens e as mulheres são irmãos, chamados a viver em sociedade, na qual  devem buscar sua realização. Tudo o que o Estado fizer precisa ser feito em vista do bem comum. O bem comum significa o conjunto daquelas condições da vida social que permite aos grupos e a cada um de seus membros atingir, de maneira completa e desembaraçada, a própria perfeição.

3 - A destinação universal dos bens. Esse princípio fundamenta-se na certeza de que Deus destinou a terra, com tudo o que ela contém, para o uso de todos os seres humanos, e não apenas para uma minoria privilegiada.

4 - Primazia do trabalho sobre o capital. O trabalho é toda a atividade pela qual o homem e a mulher, no exercício de suas forças físicas e mentais, direta ou indiretamente transformam a natureza para colocá-la a seu serviço. Qualquer trabalho humano se reveste de dignidade, por se tratar de uma atividade própria de um ser que tem inteligência e é livre. O trabalho, além de fazer do ser humano um colaborador de Deus na obra da criação, realiza o próprio trabalhador.

5 - A subsidiariedade. Nenhuma instância superior deve executar uma ação que uma inferior possa desempenhar. A esfera federal não deve fazer aquilo que a estadual pode fazer, e esta não deve fazer o que a municipal tenha condições de realizar. Em nenhum caso o Estado deve executar uma ação que o setor privado possa desempenhar melhor.

6 - A solidariedade. É a capacidade que o homem e a mulher têm de fazer o bem a seu semelhante, mesmo com sacrifício pessoal, de forma fraterna e gratuita. A solidariedade entre todos os seres humanos é a única forma de se chegar à uma civilização marcada pela justiça e pelo amor.

Síntese da síntese: a economia foi feita para o homem e não o homem para a economia; a crise do nosso mundo não é econômica, mas de valores éticos. Por isso mesmo, o Evangelho continua sendo a melhor resposta para os desencontros e desafios de nosso tempo.
A12, 19-11-2013.
*Dom Murilo S.R. Krieger é arcebispo de São Salvador (BA) e arcebispo primaz do Brasil.

Ano da Fé: o esforço continua

Por Dom Aloísio Roque Oppermann* 


Embora esteja entre os vivos, mal podemos imaginar o que faria o papa Emérito Bento XVI no encerramento do Ano da Fé. Por ser um homem muito lúcido, Ratzinger percebeu, sobretudo entre os intelectuais, uma grande vacilação na fé. Já não se trata de crer na Igreja Católica ou não, ou de aceitar – com adesão profunda – a pessoa de Cristo. Trata-se de algo mais fundamental, que é o de ter fé no Ser Primordial, no Único Vivente Necessário, naquele que é capaz de dar sentido à vida.

O teólogo Bento XVI dialogou com o mundo moderno, manteve amizade com agnósticos conhecidos, sabia conviver com ateus, dos quais não temia os argumentos. Procurou esclarecer o homem moderno, e dentro de uma plena liberdade chamá-los “à obediência da fé” (Rom 15, 18) .  É evidente que confiar no Deus Criador supõe um ato livre da vontade, iluminada pela inteligência. Mas a grande pergunta hoje é se o ser humano consegue atingir a compreensão do Ser Divino, com as próprias luzes.

Ensina-nos o Apóstolo Paulo, que sim. Nós, através da observação da natureza e do universo, podemos descobrir a existência desse Ser Amoroso. Escrevendo aos Romanos, fala com toda a clareza: “Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras” (Rom 1, 20). E acrescenta, para não deixar dúvidas: “De modo que não se podem escusar”  (Rom 1, 20). Não é aqui espaço para debater o motivo, equivocado, da Filosofia, que poder ser  o causador do abandono da fé,  por parte de muitos homens modernos.
O grande cientista Francis Collins entrou no Projeto Genoma como um ateu convicto. Mas à medida que foi aprofundando seus conhecimentos, e vendo a lógica da genética,  converteu-se totalmente à fé no Deus Criador.  Deve  existir “o relojoeiro que fez essa máquina  que é  o relógio” (Rousseau). Mas estejamos atentos. Mesmo que a luz da inteligência nos possa conduzir a Deus, precisamos do auxílio da graça divina, para descobrir  o  plano que o Pai Celeste tem para conosco: a vida sem fim junto dele. “É Deus quem, segundo seu beneplácito, estimula em vós o querer e o agir” (Fil 1, 13). Sem oração humilde não chegamos lá. Vale a pena colaborar..

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Exortação 'Evangelii Gaudium' encerra o Ano da Fé

Por Luca Rolandi

A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – primeiro documento oficial do papa Francisco, depois da encíclica a quatro mãos sobre a fé – será entregue no próximo domingo por Jorge Mario Bergoglio a um bispo, a um sacerdote e a um diácono depois da missa que se celebrará na Praça São Pedro, no marco do encerramento do Ano da Fé. Sua apresentação oficial será no dia 26 de novembro.

A notícia foi dada pelo arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, confirmando os outros "sinais" escolhidos pelo Pontífice para o encerramento do Ano da Fé: a oração com as monjas camaldulenses em um mosteiro no Aventino, no dia 21 de novembro, o dia dedicado aos catecúmenos, que decidiram receber o batismo cristão, no dia 23 de novembro, e a exposição das relíquias de São Pedro, no dia 24 de novembro.

O religioso falou sobre a solene celebração do próximo domingo que começará às 10h30 na Praça São Pedro. O sinal mais importante desta iniciativa: "A exposição das relíquias de São Pedro. O Ano da Fé foi concebido como uma peregrinação ao túmulo de Pedro. Os peregrinos detiveram-se diante do túmulo e professaram a fé, sinal da unidade da Igreja e síntese do conteúdo de quanto cremos".

Após assinalar que é impossível descrever em sua plenitude o que se viveu em âmbito local, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização referiu-se a micro iniciativas que em todo o mundo evidenciaram quão viva permanece a fé dos fiéis, como testemunho da piedade e do profundo sentido religioso. O magistério do Concílio Vaticano II, catequese sobre a fé, celebrações, testemunhos de caridade, atividades culturais. Tudo fica como sinal que atesta o compromisso dos cristãos no mundo. Este Ano da Fé foi realmente uma experiência de graça e de gratidão ao Senhor, que ficará nos corações. Recebemos testemunhos comoventes de fé também nos lugares mais escondidos, de pobreza, de sofrimento, onde os cristãos são uma pequena minoria. A fé uniu e permitiu recordar a todos o fundamento do nosso crer: Jesus Ressuscitado, esperança para uma vida nova.

Um compromisso ao qual a Igreja é chamada. Crer significa comunicar a outros a alegria do encontro com Cristo. A Exortação Apostólica do Papa, pois, converte-se em uma missão que vem encomendada a todos os batizados para se converterem em evangelizadores. Simbolicamente, o Papa entregará o texto a um bispo, a um sacerdote e a um diácono; provêm, respectivamente, da Letônia, da Tanzânia e da Austrália e são dos mais jovens que foram recentemente ordenados.

Também participarão "religiosos e religiosas e seguirão representantes de cada evento deste Ano da Fé: crismados, um seminarista e uma noviça, uma família, alguns catequistas, um cego (que receberá a carta do Papa Francisco no formato de áudio), alguns jovens, fraternidades, movimentos", explicou Rino Fisichella.

Foi justamente o papa, pessoalmente, quem havia pré-anunciado sua exortação, em 04 de junho passado, quando recebeu a secretaria do Sínodo dos Bispos para enfrentar os temas da exortação pós-sinodal que o Pontífice tradicionalmente escreve ao término das reuniões sinodais extraordinárias.

A última, do ano passado, centra-se no tema da "nova evangelização" e Bento XVI não havia composto ainda a exortação quando apresentou sua renúncia. "Há um problema", explicou o papa: "agora deve sair uma encíclica, a quatro mãos, dizem... o papa Bento a começou e ma entregou. É um documento forte, eu direi ali que recebi este grande trabalho: ela foi iniciada por ele e eu a continuei". Publicar "neste momento" a “exortação pós-sinodal” poderia correr o perigo de sobrepor-se e a exortação poderia ficar de certo “oculta”.

“E depois – prosseguiu o papa –, pensei que o Ano da Fé terminará (no dia 24 de novembro de 2013) sem um belo documento que pudesse nos ajudar. Pensei em fazer uma exortação sobre a evangelização em geral e acrescentar-lhe as coisas do Sínodo”. Um texto, em síntese, que resume as ideias do Sínodo, mas que compreenda, novamente, o tema da nova evangelização.
Vatican Insider, 18-11-2-013.

A beleza da santidade


Por Dom Orlando Brandes*
No inicio do mês de novembro celebramos todos os santos. Antes de tudo, é bom lembrar que há santos entre nós, perto de nós, convivendo conosco. A santidade refulge em todos os credos e povos. Não é privilégio de uma religião.

Patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, confessores, virgens, monges, santos, santas compõem aquela multidão de homens e mulheres de Deus nos quais resplandece a multiforme graça divina. Eles cantam o poder, a riqueza a sabedoria, a força, a honra, a gloria e o louvor do cordeiro (cj. Ap.5,12). Os santos apontam para Cristo, glorificam a Deus e servem a humanidade.

Os santos acendem em nós o desejo de sermos melhores, de sermos de Deus, cheios da graça divina, enfim, o desejo de sermos parecidos com eles. Mais que pedirmos graças pela intercessão dos santos, precisamos seguir seu bom exemplo, seu testemunho, sua santidade. Desejemos ser como aqueles que nos desejam o bem e tudo façamos para participar de sua felicidade.

Os santos movem a Igreja, transformam o mundo, cuidam dos pobres, têm compaixão dos pecadores, servem a todos. Neles a graça de Cristo é vencedora, o evangelho se faz carne, o amor de Deus tem seu primado e o amor fraterno chega à perfeição. Nos santos refulge a luz do sol que é Deus. A maior aventura da vida é sermos santos, ou seja, sermos melhores do que somos.

O santo não cai do céu. Ele cresce no cotidiano. É alguém extremamente humano, frágil e simples. Por outro lado, o santo é totalmente outro, é diferente, porque se reveste de Cristo. Santidade e amor são sinônimos. Sem o amor o evangelho não é anunciado, a missão enfraquece, a Igreja decai, o mundo se desagrega. Nos santos o amor chega ao seu auge e por eles somos atraídos ao amor. Entre nós e os santos há um intercâmbio de bens. Eis o tesouro da Igreja, ou seja, os santos atraem todos ao Pai, colaboram com o bem da sociedade, incentivam a santidade da Igreja. Pela santidade de seus fieis a Igreja aumenta, cresce e se desenvolve.

O santo se dedica inteiramente à gloria de Deus e ao serviço ao próximo. Não há santidade sem cruz e sem o combate espiritual, caminho pelo qual o santo chega à mais perfeita humanização e a à mais sublime elevação. Quanto mais se diviniza, mais humano o santo se torna. Amemos, pois estes nossos amigos e benfeitores. Quantas pessoas se tornaram santas lendo a vida dos santos.

Há santos que conquistaram culturas e religiões como Tereza de Calcutá, João Paulo II, Francisco de Assis, Irmã Dulce, Gandhi e tantos outros, tendo sempre presente o primado de Deus em suas vidas. A santidade está ao nosso alcance, mas, tem um alto preço a pagar, porque os santos contradizem as certezas comuns, combatem o que é considerado normal, têm a coragem da resistência, libertam da ditadura da moda e da arbitrariedade. Os santos são homens e mulheres livres do mal e em constante libertação.

Para os santos o bem, a verdade, o amor estão acima de qualquer vantagem pessoal, sucesso, aprovação, simpatia. O santo é autêntico, transparente e radical. Num mundo que nos sufoca com bens materiais e distrações, os santos lançam o alerta do “coração ao alto” e nos convocam a agir contra tudo o que envenena nossa vida. Santo quer dizer, saudável, sadio, são. Santidade é sanidade, saúde, salvação. Eis a beleza da santidade que nos torna bons, sadios, melhores, alegres, sensíveis, portanto, verdadeiramente humanos e cristificados. A maior tristeza e frustração é a de não sermos santos.
A12, 16-11-2013.
* Dom Orlando Brandes é arcebispo de Londrina.

Ano da Fé leva mais de 8 milhões de pessoas ao Vaticano


Cidade do Vaticano  – A Santa Sé apresentou no final da manhã dessa segunda-feira (18) as celebrações conclusivas do Ano da Fé, que se encerra este domingo, e revelou que as diversas iniciativas promovidas no Vaticano mobilizaram mais de oito milhões e meio de pessoas.
"Chega ao fim um ano dedicado completamente a reavivar a fé dos crentes, mas agora continua o desejo de manter vivo o ensinamento que recebemos nestes meses, recordando os mais de oito milhões e meio de peregrinos que este ano se deslocaram ao túmulo de São Pedro", declarou o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella.
Antes do final Ano da Fé, convocado pelo papa emérito Bento XVI, vai ser assinalado o "Dia da Vida Contemplativa", na quinta-feira, e o papa Francisco vai encontrar-se com 500 catecúmenos, vindos de 47 países, este sábado.
A missa conclusiva tem início marcado para as 10h30min (menos uma em Lisboa) de domingo, na Praça de São Pedro, e vai ser marcada pela primeira exposição das relíquias de São Pedro. Nesta celebração vai ser ainda entregue a nova exortação apostólica "Evangelii Gaudium" (A alegria do Evangelho) do papa e será promovida uma recolha de fundos em favor das populações das Filipinas.
"Para o final do Ano da Fé pensamos num conjunto de vários sinais para demonstrar a continuidade da fé", explicou Dom Rino Fisichella. O responsável quis contrariar o discurso que coloca em relevo "os fatores da crise” para sublinhar “os muitos sinais positivos de esperança que estão realmente presentes na Igrejas".
"O Ano da Fé permitiu-nos experimentar isso: apoiados por um testemunho tão impressionado, entusiasta e confiante, que se manifesta sobretudo no silêncio da vida quotidiana, olhamos para o futuro com mais serenidade, graças à experiência adquirida neste ano, cujos efeitos positivos esperamos ver prolongados durante muito tempo", concluiu.
SIR

'Não se evangeliza como quem impõe uma nova obrigação', diz papa

Por Andrea Tornielli

É uma mensagem dirigida à América Latina, mas também poderia ser interpretada como uma síntese eficaz destes oito meses de Pontificado e do anúncio dos conteúdos da exortação pós-sinodal sobre a Nova Evangelização. Ao dirigir-se aos participantes da Peregrinação-Encontro no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México (convocada no contexto do Ano da Fé pela Pontifícia Comissão para a América Latina e pelos Cavaleiros de Colombo), o papa Francisco explicou o que significa anunciar o Evangelho em nossos dias.

Bergoglio recordou que a Igreja “esteve permanentemente em missão” e que “toda a atividade habitual das igrejas particulares” deve ter um caráter missionário. "A intimidade da Igreja com Jesus – explicou Bergoglio – é uma intimidade itinerante, supõe um sair de si, um caminhar e semear sempre de novo, sempre além. Vamos para o outro lado para pregar às aldeias vizinhas porque é para isso que viemos, dizia o Senhor. É vital para a Igreja não fechar-se em si mesma, não se sentir já satisfeita e segura com o que conseguiu. Caso isso acontecer, a Igreja adoece, adoece de abundância imaginária, de abundância supérflua, se empanturra e se fragiliza. Devemos sair da própria comunidade e atrever-nos a chegar nas periferias existenciais que necessitam sentir a proximidade de Deus".

Deus, explicou o papa, "não abandona ninguém e sempre mostra sua ternura e sua misericórdia inesgotáveis, pois é isto o que devemos levar a todas as pessoas". Devemos tratar de fazer chegar a todos, "sem excluir ninguém e tendo muito em conta as circunstâncias de cada um". "Devemos chegar a todos e compartilhar a alegria de ter se encontrado com Cristo. Não se trata de ir como quem impõe uma nova obrigação, como quem fica na reprovação ou na queixa diante do que se considera imperfeito ou insuficiente".

Evangelizar "supõe muita paciência, muita paciência", o evangelizador "cuida do trigo e não perde a paz pela cizânia. E também sabe apresentar a mensagem cristã de maneira serena e gradual, com cheiro a Evangelho, como o fazia o Senhor. Sabe privilegiar em primeiro lugar o mais essencial e mais necessário, isto é, a beleza do amor de Deus que nos fala em Cristo morto e ressuscitado. Por outro lado, deve esforçar-se por ser criativa em seus métodos, não podemos ficar fechados nos tópicos do "sempre se fez assim".

Francisco voltou a falar sobre os bispos, que conduzem "a pastoral na Igreja particular" e o fazem "como o pastor que conhece as suas ovelhas, guia-as com proximidade, com ternura, com paciência, manifestando efetivamente a maternidade da Igreja e a misericórdia de Deus”. O verdadeiro pastor não tem a atitude do "príncipe ou do mero funcionário atento principalmente ao disciplinar, ao regulamentar, aos mecanismos organizacionais", porque "isto sempre leva a uma pastoral distante das pessoas, incapaz de favorecer e obter o encontro com Jesus Cristo e o encontro com os irmãos".

“O povo de Deus que lhe é confiado necessita que o bispo vele por Ele cuidando, sobretudo, daquilo que o mantém unido e promove a esperança nos corações. Necessita que o Bispo saiba discernir, sem calá-lo, o sopro do Espírito Santo que vem de onde quer, para o bem da Igreja e da sua missão no mundo”.

E estas atitudes entre os bispos, explicou Francisco, "irão calar muito fundo também nos outros agentes de pastoral, de modo especial nos presbíteros. A tentação do clericalismo, que tanto mal faz à Igreja na América Latina, é um obstáculo para que se desenvolva a maturidade e a responsabilidade cristã de boa parte do laicato”.

O clericalismo “implica em postura autorreferencial, uma postura de grupo, que empobrece a projeção para o encontro com o Senhor, que nos torna discípulos, e para o encontro com os homens que esperam o anúncio”. O papa aludiu, depois, à importância da formação de sacerdotes “capazes de proximidade, de encontro, que saibam entusiasmar o coração das pessoas, caminhar com elas, entrar em diálogo com suas esperanças e seus temores”. Um trabalho que os bispos não podem delegar, mas devem assumir “como algo fundamental para a vida da Igreja sem poupar esforços, atenções e acompanhamentos”. A cultura de nossos dias “exige uma formação séria, bem organizada”, e Bergoglio perguntou-se se os seminários pequenos, que “sofrem da falta de formadores”, são capazes de enfrentar esta exigência.

O papa também falou dos religiosos e das religiosas, e pediu-lhes que “sejam fiéis ao carisma recebido, em seu serviço à Santa Mãe Igreja hierárquica”, sem deixar que se desvaneça “essa graça que o Espírito Santo deu aos seus fundadores e que devem transmitir em toda a sua integridade”.

Para concluir, o papa voltou a convidar à missão cada um dos crentes batizados. “Peço-lhes, como pai e irmão em Jesus Cristo, que assumam a fé que receberam no Batismo. E assim como o fizeram a mãe e a avó de Timóteo, transmitam a fé aos seus filhos e netos, e não apenas a eles. Este tesouro da fé não é para uso pessoal. É para dá-lo, para transmiti-lo, e assim vai crescer. Façam conhecer o nome de Jesus. E se fizerem isto, não estranhem o fato de que em pleno inverno floresçam as rosas de Castilla. Porque vocês sabem, tanto Jesus como nós, temos a mesma Mãe!”.
Vatican Insider, 16-11-2013.

Dom Odilo: 'O Ano da Fé termina, a vivência da Fé continua'


São Paulo  - Aproximamo-nos do encerramento do Ano da Fé, no dia 24 de novembro, celebração do Domingo de Cristo Rei. Diversas igrejas e comunidades promoverão a solene renovação da profissão da Fé.

Em meio às comemorações desta data significativa para a Igreja, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, em seu mais recente artigo, disse que neste ato de renovação da Fé, há uma força testemunhal muito expressiva, a qual "cremos apenas de modo individual e subjetivo, mas em comunidade, juntamente com muitos outros, que professam a mesma Fé".
"A Igreja é uma grande comunidade de Fé, formada de inúmeras comunidades menores e, finalmente, de pessoas, que creem pessoalmente e vivem a comunhão de Fé com grande comunidade eclesial", escreveu. Segundo o Cardeal, "são incalculáveis aqueles que viveram essa mesma Fé", a qual a Igreja também crê, "e já nos precederam na ‘casa do Pai´".
Para Dom Odilo, o Ano da Fé foi uma bênção, auxiliando-nos a tomar uma consciência renovada da preciosidade da Fé da Igreja e da importância de professá-la com convicção e alegria. "O Ano da Fé termina, mas a vivência da Fé continua; temos agora o nosso compromisso de testemunhar a Fé com intensidade e de traduzir a Fé em frutos de vida cristã. Não basta ter iniciado bem o caminho: é preciso perseverar nele, para alcançar a meta da nossa Fé: a vida eterna e a comunhão plena com Deus", ressaltou.

Dando ênfase sobre o significado da Fé, o arcebispo esclareceu que "a Fé é um dom precioso, recebido de Deus, e que requer a nossa resposta diária através das atitudes de Fé", pois ela nos "leva a viver em contínua sintonia e comunhão com Deus e a ter as luzes de Deus (lumen fidei), para iluminar todas as circunstâncias da vida", além de nos ajudar a fazer as escolhas certas.

"Podemos imaginar a Fé como uma planta, que precisa ser cultivada para viver, florescer e produzir frutos. A Fé precisa ser alimentada no encontro pessoal frequente com Deus na oração. Sem oração, a Fé enfraquece e morre, como a planta, que não recebe água. Alimento essencial da Fé é também a Palavra de Deus, acolhida quer na Liturgia, quer em outras ocasiões, como também na leitura pessoal e orante da Sagrada Escritura".

Ainda de acordo com Dom Odilo, para ter uma compreensão melhor sobre a Fé da nossa Igreja, "é importante ler e conhecer o Catecismo da Igreja Católica; ele é a explicação que a própria Igreja dá oficialmente sobre os motivos e as bases da nossa Fé".

Concluindo, o Cardeal afirmou que, somente "a Fé verdadeira produz frutos", que são as "obras da Fé". "Frutos da Fé são as boas obras da justiça, caridade e solidariedade, que revelam a fecundidade e autenticidade da Fé. São ainda as virtudes humanas e cristãs, que traduzem o jeito de viver de quem está em sintonia com Deus".
SIR

Papa contesta globalização do 'pensamento único'


Cidade do Vaticano  – O papa manifestou-se nessa segunda-feira no Vaticano contra o que considerou como “globalização da uniformidade hegemônica” que pretende promover um “pensamento único” e relativiza o valor das pessoas e da fé.
"Não é a linda globalização da unidade de todas as nações – cada uma com os seus próprios costumes, mas unidas -, mas é a globalização da uniformidade hegemônica, é mesmo o pensamento único. E este pensamento único é fruto da mundanidade", disse, na homilia da missa a que presidiu na capela da Casa da Santa Marta.

Francisco falou numa sociedade em que existe a pressão de “ser como todos” para se ser “normal”, numa espécie de "progressismo adolescente". O papa partiu de uma passagem do livro dos Macabeus (Antigo Testamento) para abordar a "raiz perversa" da mundanidade que levou a "sacrifícios humanos". "Vós pensais que hoje não se fazem sacrifícios humanos? Fazem-se muitos, muitos, e há leis que os protegem", disse aos presentes.

A homilia insistiu na necessidade de recursar a mundanidade que faz renunciar à “fidelidade” a Deus, que exalta “apostasia” negociando não só de alguns valores mas do “essencial do ser”. “Não negociamos os valores, mas a fidelidade. Isto é fruto do demônio, do príncipe deste mundo”, alertou.
Em conclusão, o papa rezou para que Deus livre os cristãos "deste espírito mundano que negocia tudo". "Que (Deus) nos proteja e nos faça seguir em frente, como fez avançar o seu povo no deserto, levando-o pela mão, como um pai leva o seu filho. Pela mão do Senhor caminharemos seguros", declarou. Com o papa esteve o padre Renato Chiera, fundador da ´Casa do Menor´ do Rio de Janeiro, que há 40 anos ajuda os meninos de rua no Brasil.
SIR

Evangelho do dia

Ano C - 19 de novembro de 2013

Lucas 19,1-10

Aleluia, aleluia, aleluia.
Por amor, Deus enviou-nos o seu filho como vítima por nossas transgressões (1Jo 4,10).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
19 1 Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
2 Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.
3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura.
4 Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.
5 Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa”.
6 Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.
7 Vendo isto, todos murmuravam e diziam: “Ele vai hospedar-se em casa de um pecador”.
8 Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo”.
9 Disse-lhe Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão”.
10 Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
AS ETAPAS DA SALVAÇÃO
O encontro de Zaqueu com Jesus mostra como a conversão acontece em etapas. De certo modo, esta revela como a salvação acontece na vida de quem se torna discípulo do Reino.
O primeiro passo consiste no desejo de ver Jesus. No caso de Zaqueu, o Evangelho não esclarece os motivos deste anseio. Sabemos, apenas, ter sido tão forte que nada deteve o homem até vê-lo realizado.
O segundo passo exige a superação de todos os obstáculos. Para Zaqueu, um empecilho era sua baixa estatura. O problema foi resolvido: subiu numa árvore.
O terceiro passo comporta deixar-se amar por Jesus, sem restrições nem desconfiança, abrindo-lhe as portas do coração. Zaqueu desceu depressa da árvore, para receber Jesus em sua casa, com alegria.
O quarto passo é uma mudança radical de vida. Radical significa deixar de lado os esquemas e mentalidades antigos, para adequar-se às exigências do Reino. Isto não se faz com palavras ou com boas intenções, mas com gestos concretos. Zaqueu dispôs-se a dar metade de seus bens aos pobres e a ressarcir, quatro vezes mais, aquilo que havia roubado. Desta forma, ele provou que, realmente, a salvação tinha entrado em sua casa.

OraçãoEspírito que gera conversão, toca o meu coração, abrindo-o para acolher a salvação e manifestá-la com gestos concretos de amor.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
2 Macabeus 6,18-31
Leitura do segundo livro dos Macabeus.
6 18 Havia certo homem já de idade avançada e de bela aparência, Eleazar, que se sentava no primeiro lugar entre os doutores da lei. Queriam coagi-lo a comer carne de porco, abrindo-lhe a boca à força.
19 Mas ele, cuspindo e preferindo morrer com honra a viver na infâmia,
20 caminhou voluntariamente para o instrumento de tortura, como devem caminhar os que têm a coragem de rejeitar o que não é permitido comer por amor à vida.
21 Ora, os encarregados desse ímpio banquete ritual, já desde muito tempo possuíam relações de amizade com Eleazar. Tomaram-no à parte e rogaram-lhe que fizesse trazer as carnes permitidas, que ele mesmo tivesse preparado, para comê-las como se fossem carnes do sacrifício, conforme ordenara o rei.
22 Desse modo, ele seria preservado da morte, e granjearia sua benevolência em vista da antiga amizade.
23 Mas Eleazar, tomando uma bela resolução, digna de sua idade, da autoridade que lhe conferia sua velhice, do prestígio que lhe outorgavam seus cabelos brancos, da vida íntegra conservada desde a infância, digna sobretudo das sagradas leis estabelecidas por Deus, preferiu ser conduzido à morte.
24 "Não é próprio da nossa idade", respondeu ele, "usar de tal fingimento, para não acontecer que muitos jovens suspeitem de que Eleazar, aos noventa anos, tenha passado aos costumes estrangeiros.
25 Eles mesmos, após o meu gesto hipócrita, e por um pouco de vida, se deixariam arrastar por causa de mim, e isso seria para a minha velhice a desonra e a vergonha.
26 E mesmo se eu me livrasse agora dos castigos dos homens, não poderia escapar, nem vivo nem morto, das mãos do Todo-poderoso.
27 Sendo assim, se eu morrer agora corajosamente, mostrar-me-ei digno de minha velhice, e terei deixado aos jovens um nobre exemplo de zelo generoso, segundo o qual é preciso dar a vida pelas santas e veneráveis leis".
28 Ditas estas palavras, ele dirigiu-se ao suplício.
29 Aqueles que o levavam transformaram em dureza a benevolência, que pouco antes haviam tido para com ele, julgando insensatas suas palavras.
30 E quando ele estava prestes a morrer sob os golpes, exclamou entre suspiros: "O Senhor que possui a ciência santíssima o vê: podendo eu livrar-me da morte, sofro em meu corpo os tormentos cruéis dos açoites, mas os suporto com alma alegre porque é a ele que temo".
31 Dessa maneira passou à outra vida, deixando com sua morte não somente aos jovens, mas também a toda a sua gente, um exemplo de coragem e um memorial de virtude.
Palavra do Senhor.
Salmo 3
É o Senhor quem me sustenta e me protege!

Quão numerosos, ó Senhor, os que me atacam;
quanta gente se levanta contra mim!
Muitos dizem, comentando a meu respeito:
“Ele não acha a salvação junto de Deus!”

Mas sois vós o meu escudo protetor,
a minha glória que levanta minha cabeça!
Quando eu chamei em alta voz pelo Senhor,
do monte santo ele meu ouviu e respondeu.

Eu me deito e adormeço bem tranqüilo;
acordo em paz, pois o Senhor é meu sustento.
Não terei medo de milhares que me cerquem
e, furiosos, se levantam contra mim.
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!
Oração
Senhor, que a vossa palavra cresça nas terras onde os vossos mártires a semearam e seja multiplicada em frutos de justiça e de paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.