quinta-feira, 23 de julho de 2015

Artigo: Os protagonistas da Economia


Favela no Rio de Janeiro - REUTERS
23/07/2015 13:42
Jales (RV*) - Quando a economia não vai bem, todos se preocupam. Com razão. Pois sem ela  a vida vai mal.
Nesse final de semana a tradição popular celebra duas categorias muito importantes da sociedade, os motoristas e os agricultores. Faz parte dos objetivos desta dupla celebração a auto afirmação, tanto dos motoristas, que invocam a proteção de São Cristóvão, como dos agricultores autônomos, cuja história de lutas está muito ligada  aos migrantes, sobretudo europeus, que vieram em grandes levas a partir do final do século 19, mas também ao longo do século 20.
O dia 25 de julho se reporta à chegada no Brasil dos primeiros migrantes austríacos e alemães, em 1824. Dom Pedro Segundo, que tinha laços de parentesco com a família real austríaca, incentivou a vinda desses migrantes, que trouxeram consigo a disposição inata para o trabalho, sobretudo rural.
Cinquenta anos depois, foi a vez dos camponeses italianos  iniciar sua saga migratória para “a América”.  Era assim que identificavam o novo destino de suas vidas. Naquela época, no ideário do povo, o Brasil ainda não contava. Era a “América” que esquentava as fantasias dos migrantes que se aventuravam para o Novo Mundo, na esperança de fugir da grave crise social provocada pela revolução industrial, acontecida no auge do liberalismo econômico.
Entre as muitas ponderações que a complexa realidade da “ordem econômica” levanta, emerge com evidência a interação do poder público com a iniciativa particular.
A economia tem suas leis, que demandam o seu adequado espaço de realização. Ao mesmo tempo, salta aos olhos que a economia encontra sua razão de ser no bem comum, a cujos objetivos ela precisa estar sujeita.
A economia, com sua dinâmica específica, não pode se eximir de sua inserção social. Ela precisa ser conduzida por leis que a direcionam para a sua verdadeira finalidade.
Por isto, a economia está sujeita à política. E a política precisa se guiar pela ética.
Tem sentido a “macroeconomia”, que procura definir os grandes projetos, dentro dos quais a atividade econômica pode se realizar, contribuindo assim para o bem comum da sociedade.
Mas, à semelhança dos servidores públicos, que são tão importantes para a boa administração política, hoje dá para destacar a importância dos pequenos agentes econômicos,  que exercem com dedicação e competência o seu trabalho profissional.
Neste final de semana, eles estão bem representados nos “motoristas e agricultores”.
É a  certeza de contar com a laboriosidade destes “protagonistas da economia”,  que se reacendem as esperanças de que a economia brasileira retome seu dinamismo, e possamos superar a crise em que o país vai mergulhando. O exemplo da dedicação dos motoristas, e do dinamismo dos agricultores, deve servir de estímulo para toda a sociedade. Para que não aconteça que a situação se agrave ainda mais por veleidades políticas. Neste momento é importante que cada um procure fazer o que está ao seu alcance para contribuir para o bem de todos, em especial dos socialmente mais fragilizados.
Na sua intervenção na Assembleia da CNBB, Rubens Ricupero afirmou com muita clareza que a moralidade de um país é medida pela atenção prioritária que ele consegue dar aos pobres.
*Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales

Card. Hummes: prefeitos se esforçam para entender mensagem do Papa


Cardeal Hummes junto ao Papa durante o encontro com os prefeitos - ANSA
22/07/2015 13:06
Cidade do Vaticano (RV) – “Aqui ao meu lado está o Cardeal-Arcebispo encarregado da Amazônia brasileira. Ele pode dizer o que significa uma deflorestação hoje em dia, na Amazônia, que é o pulmão do mundo”: palavras do Papa Francisco no encontro convocado no Vaticano com os prefeitos de grandes cidades.
Em entrevista ao Programa Brasileiro, o Arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da Comissão para a Amazônia da CNBB, Cardeal Cláudio Hummes, fala que não há tempo para discussões e que chegou a hora de trabalhar seriamente o problema ambiental relacionando-o à questão social dos pobres:
“Creio que ainda está muito cedo para dizer que os prefeitos do mundo leram e entenderam a mensagem da Laudato si, mas certamente os que estavam ali querem se empenhar mais profundamente nesta problemática e também nisso que o Papa colocou muito claro: a questão ambiental tem a ver com a questão da pobreza, com a questão social. E a questão social não é apenas uma questão técnica, mas ética. Creio que essas coisas vão sendo aos poucos entendidas.”
Participação
Para Dom Cláudio, há uma busca de engajamento, pois aumento a consciência de que são fenômenos urgentes. “Não há mais muito tempo para ficar discutindo, para esperar daqui cinco anos um novo encontro. Não. Isso é urgente, tem que se começar, tem que se decidir a começar a trabalhar seriamente com esta preocupação ambiental, ligada à questão social dos pobres. Nesse sentido saí muito otimista de lá. Mas é claro isso leva um certo tempo.”
Na entrevista, Dom Claudio fala ainda de que modo as mudanças climáticas afetam os pobres das grandes cidades e aqueles que moram na Amazônia, definindo os índios “os mais pobres entre os pobres”. Clique acima para ouvir a reportagem completa. (BF)

Prefeitos lançam Aliança contra pobreza, corrupção e tráfico


Durante dois dias, o Vaticano recebeu cerca de 70 prefeitos do mundo inteiro - ANSA
23/07/2015 18:09
Cidade do Vaticano (RV) - O projeto foi lançado nesta quarta-feira (23), no Vaticano, por cerca de 70 prefeitos do mundo que, junto aos representantes da ONU, aprofundaram temas como as mudanças climáticas e as formas de escravidão moderna. A Aliança pelo desenvolvimento sustentável urbano será apresentada oficialmente em Nova Iorque, no dia 24 de setembro, na vigília da visita do Papa Francisco às Nações Unidas. Entre os pontos salientados no projeto: a eliminação da corrupção, o fim da pobreza e do tráfico.
A Aliança é ‘aberta, voluntária e participativa’ para promover o desenvolvimento urbano sustentável. O projeto, que procura reunir ‘todas as partes interessadas’, tem objetivos bem definidos: em primeiro lugar o fim da pobreza extrema e da fome; a garantia das oportunidades iguais entre o homem e a mulher; a garantia do acesso universal à saúde, à educação e aos serviços de primeira necessidade.
Mudança de consciência
O empenho, registrado em documento, é de colocar um fim ao tráfico de seres humanos e a todas as formas de escravidão moderna, assim como barrar a corrupção e a impunidade que minam o desenvolvimento sustentável. Outro ponto importante é o chamamento ao uso dos sistemas energéticos diversos ao carvão, para reduzir o aquecimento global.
Na ótica do ‘plano comum’ e do ‘consenso global’ citados na Encíclica Laudato si do Pontífice, a Aliança quer ainda criar ‘novos canais’ afim de que o financiamento urbano seja sustentável e o planejamento a longo prazo. Forte também foi o apelo à criação de ‘trabalhos dignos que garantam os direitos humanos e ajudem os moradores de rua’. Ao mesmo tempo, os Estados e os governos são incitados a ‘potencializar as cidades para que possam cumprir os seus empenhos também graças a uma apropriada descentralização de poderes e de financiamentos’. Enfim, apela a ‘promover e reforçar as universidades para que se transformem em polos de inovação para o desenvolvimento sustentável’.
A Aliança terá seu lançamento oficial marcado para o dia 24 de setembro, na vigília da visita do Papa Francisco à sede da ONU, em Nova Iorque. O Pontífice exorta aos prefeitos para que acolham o apelo de praticar uma ‘ecologia humana’ e a ‘agir rapidamente’ para combater ‘as terríveis ameaças para as gerações futuras’, como as mudanças climáticas, o trabalho escravo, a prostituição, o tráfico de órgãos, o crescimento dos desequilíbrios sociais. Daqui, o empenho dos representantes do povo a ‘trabalharem juntos para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável em cada cidade’.
(AC)

Papa pede que prefeitos adotem visão da “periferia ao centro”



Papa em meio aos prefeitos na Sala do Sínodo - AP
22/07/2015 11:09

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco encerrou, no final da tarde desta terça-feira (21/7), o primeiro dia do encontro em que prefeitos do mundo inteiro debatem propostas para erradicar as formas modernas de escravidão e soluções para as mudanças climáticas.
“O trabalho mais sério e mais profundo se faz da periferia até o centro”, afirmou o Pontífice. “Se o trabalho não vem das periferias até o centro, não tem efeito”, arrebatou Francisco ao dizer que aí está a responsabilidade dos prefeitos e o motivo pelo qual eles participam dos debates promovidos pela Pontifícia Academia das Ciências.
Mudanças climáticas
Francisco pôde mais uma vez falar ao mundo sobre suas expectativas para que a Comunidade internacional chegue a um consenso e produza um documento final com propostas concretas ao final da cúpula sobre o clima, marcada para novembro, em Paris.
“Tenho muita esperança, todavia as Nações Unidas precisam se interessar mais fortemente sobre este fenômeno, sobretudo o do tráfico de seres humanos provocado por este fenômeno ambiental, a exploração das pessoas”, esclareceu o Pontífice.
Desenvolvimento integral
O Papa voltou a confirmar que a encíclica Laudato si não é apenas um documento verde, mas uma “encíclica social”, e explicou:
“Porque dentro do entorno social, da vida social dos homens, não podemos separar o cuidado com o ambiente. Mais ainda, o cuidado do ambiente é uma atitude social, que nos socializa em um sentido ou em outro – cada qual pode colocar o valor que quiser – e, por outro lado, nos faz receber. Gosto da expressão em italiano para o ambiente – creato –, daquilo que nos foi dado como um presente, ou seja, o ambiente”.
Crescimento desenfreado
Ao afirmar que o inchaço das grandes cidades é provocado pelas consequências de um modelo de desenvolvimento tecnocrático de exclusão, no qual as pessoas no campo migram aos centro urbanos por não terem mais acesso à terra, o Papa disse que o crescimento desmesurado das cidades está ligado à maneira como se cuida do ambiente.
“É um fenômeno mundial. As grandes cidades se fazem ainda maiores com também cada vez maiores bolsões de pobreza e miséria onde as pessoas sofrem as consequências das negligencias para com o meio ambiente”, conclui Francisco. (RB)

Mensagem do Papa aos bispos ingleses pelo Dia da Vida


Tema do Dia da Vida fala sobre o respeito pela morte natural - ANSA
23/07/2015 14:15
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco enviou as suas felicitações e apoio à Igreja da Inglaterra e País de Gales, por ocasião do Dia da Vida, que se celebra domingo, (26/7) dedicado este ano ao fim da vida com o título “Cultivar a vida, aceitar a morte”. O anúncio foi feito pela agência da Conferência Episcopal local.
A mensagem recebida pelo Núncio na Grã-Bretanha, Dom Antonio Mennini, foi entregue ao bispo responsável pela celebração, Dom John Sherrington. No texto, o Santo Padre concede a sua bênção apostólica “a todas as pessoas que participam neste significativo evento e que trabalham de várias maneiras para a promoção da dignidade de cada pessoa humana desde a concepção até à morte natural”.
Suicídio assistido
O tema escolhido para este ano se insere na vasta Campanha de conscientização promovida pelos bispos ingleses e galeses em vista do debate e da votação na Câmara dos Comuns sobre o projeto de lei relativo ao suicídio assistido, previstos para 11 de setembro. Apresentada por Rob Marris, a proposta visa tornar possível, para os doentes terminais adultos, a escolha de pôr fim à própria vida com uma específica assistência médica. Se aprovada pelo Parlamento, os médicos podem, portanto, injetar fármacos letais aos pacientes terminais para ajudá-los a morrer.
Não acelerar a morte 
Na mensagem para o Dia da Vida divulgada em junho passado, os bispos ingleses procuraram enfatizar dois pontos-chave para a Igreja sobre o fim da vida: de um lado, que é errado “acelerar ou provocar a morte”, porque “Deus vai nos chamar no tempo certo”; do outro o não à terapia obstinada “quando os tratamentos não têm nenhum efeito, ou até mesmo prejudicam os pacientes”. (SP)

Roma prepara-se para o Jubileu da Misericórdia


Mlhões de peregrinos virão a Roma para o Ano Santo da Misericórdia - ANSA
23/07/2015 13:33
Cidade do Vaticano (RV) – Roma prepara-se para o Ano Santo da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco de 8 de dezembro de 2015 a 26 de novembro de 2016. “Não conhecemos o número de peregrinos que virão a Roma. Para agosto não estão previstas reuniões com autoridades italianas, mas as prioridades já foram indicadas”, revela o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella.
Cooperação entre Santa Sé e Governo italiano
Em entrevista ao Vatican Insider, o Arcebispo afirmou que a cooperação entre a Santa Sé, o governo italiano e as administrações estaduais e municipais “é constante” e o clima “é muito positivo”. Não obstante as atuais dificuldades na Prefeitura de Roma, “não existe, até o momento, nenhum vazio ou atraso nos contatos com a Prefeitura de Roma”, observou.
Mesmo avaliando que a organização avança a bom termo, Dom Fisichella admite os problemas existente em uma metrópole como Roma, que serão amplificados com o aumento do fluxo de peregrinos. Entre estes, cita “as dificuldades cotidianas ligadas à mobilidade, à saúde que é de competência estadual, à segurança que diz respeito sobretudo ao Governo”. O Vaticano, de fato, chama a atenção dos referentes italianos não somente para os principais eventos jubilares aos quais tomarão parte grandes multidões, mas também para a “gestão cotidiana de uma peregrinação difusa e contínua ao longo de toda a abertura da Porta Santa”.
Vaticano e episcopados nacionais
A respeito da interação entre o Vaticano e os episcopados nacionais, Dom Fisichella explica que foi enviado a todos os bispos do mundo uma carta com um manual de informações sobre todas as questões relativas ao Jubileu, como vivê-lo na própria diocese, “que é a coisa mais importante”, e como “viver e organizar as peregrinações a Roma”.
Peregrinos devem ser protegidos
Para impedir a especulação econômica do evento, “as várias categorias que supervisionam os diferentes operadores devem ser capazes de um controle efetivo sobre os preços e taxas”. Dos hoteleiros aos comerciantes. Os peregrinos, na verdade, são "uma categoria especial de pessoas que precisam de proteção", frisou o Arcebispo.
Mobilidade
Existem alguns nós na logística que os organizadores ainda devem resolver, como a ligação entre os estacionamentos na periferia para os ônibus turísticos e a Praça São Pedro e as áreas que acolherão eventos jubilares. “Estas questões ainda não foram tratadas – precisa Dom Fisichella. O ponto fundamental é que qualquer pessoa que chegue a Roma esteja em condições de chegar à Porta Santa após uma breve peregrinação à pé”. Por isto, “procuramos favorecer as condições para que os peregrinos possam ser dignos deste nome”, por meio de pontos de acolhida e estruturas que estão sendo organizadas.
A cada mês, Papa inaugura nova obra caritativa
Durante o Jubileu, o Papa Francisco vai inaugurar em Roma uma obra caritativa por mês: doze atividades que permanecerão a serviço dos setores mais necessitados da população. A eles corresponderão os grandes eventos jubilares por temas e categorias: doentes e deficientes, jovens, sacerdotes, voluntários da Misericórdia, grupos marianos, Cúria Romana, devotos do Padre Pio (cujo corpo será exposto em São Pedro na Quarta-feira de Cinzas. A área do antigo Hospital psiquiátrico Santa Maria da Piedade será transformada em albergue para hospedar os peregrinos. (JE/Vatican Insider) 

Sentir pesar ou amar o sofredor?


A experiência bíblica de compaixão é mais que uma elevada afeição humana.
Por Dom José Antônio Peruzzo*
A temática da dor e do sofrimento é uma das mais recorrentes na história do pensamento, da arte e dos questionamentos humanos. Assim como o amor, também a dor encontra profundas e criativas expressões no frasário sapiencial popular, nos provérbios, nas canções, nos romances, nas páginas de filosofia... A causa, a fonte, o sentido, até o poder libertador do sofrimento apresentam-se vigorosos nos parágrafos escritos com sabedoria e profundidade. Mas, por outro lado, não passam desapercebidas as revoltas, as angústias e inquietações, os cansaços. Até chegamos a reconhecer que a dor é um dos mistérios da vida. Porém, os interrogativos permanecem.
O sofrimento nos coloca ante a crueza da finitude. Mas também nos recorda a infinitude, quase como uma saudade do que nunca tivemos. É assim que se pode entender o evangelista Marcos no Evangelho deste domingo (Mc 6, 30-34). Jesus se retirara com os discípulos para um lugar deserto. Buscavam descanso. Precisavam disso. Foram de barco. Mas, ao desembarcar, “Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas”.
O que significa sentir compaixão? Havia sofrimento, desorientação, indiferença (sem pastor). Não parece que se limitou a sentimentos pesarosos, como se apenas tivesse pena daquela gente muito carente e sem rumo. O mero sentimento, ainda que nobre, é sempre fugaz. Parece-se com algo que passa sem nada inspirar. Não move e nem comove. Seria uma comiseração refinada, mas sem efeitos, sem aproximação, sem solidariedade, sem vigor interpelativo.
A experiência bíblica de compaixão é mais que uma elevada afeição humana. No Antigo Testamento, era uma das mais pronunciadas características de Deus. Suas compaixões desdobravam-se em respostas de aproximação reconciliadora ou libertadora. No caso de Jesus, suas atitudes compadecidas davam a conhecer as inclinações de Deus em favor daquela gente. Se as multidões eram como “ovelhas sem pastor”, a imagem está a referir indiferença e frieza ante sua situação. Os gestos do Senhor compassivo recordavam-lhes que, embora em quadros difíceis, ainda assim eram preciosos aos olhos do Pai.
Até vale um olhar para a origem etimológica. E aqui é muito pouco o apelo ao vocábulo latinocom/passio (“padecer com”). É preciso um novo passo. Para “compaixão” é preciso ir até o grego antigo. Lá a compaixão está ligada às disposições maternas de conservar a vida. Naquela língua os termos “compaixão” e “útero” são equivalentes. Assim como o ventre materno acolhe a vida, envolve-a, protege-a e a faz nascer, algo semelhante fez o Senhor ao aproximar-se daquelas “ovelhas sem pastor”: suscitou-lhes a esperança com expressões de amor fraterno. Foi uma aproximação generativa, isto é, gerou algo.
Quem olha para as manchetes, as escolhas e comportamentos atuais talvez se deixe convencer de que a compaixão está a perder credenciais no elenco das qualidades humanas. Afinal, produtividade, eficiência, competitividade afiguram-se “pobres” de atitudes compassivas. Entretanto, tendo chegado a Curitiba há poucos meses, sem negar as durezas da grande metrópole, devo dizer, gratificado, que encontro muitos testemunhos de compaixão solidária. E percebi que a graça faz um bem imenso não apenas aos beneficiários. Parece que faz um bem maior aos compassivos.
CNBB 22-07-2015
*Dom José Antônio Peruzzo é arcebispo de Curitiba (PR).