terça-feira, 5 de novembro de 2013

É NESTA QUARTA-FEIRA, MANHÃ DE INTERCESSÃO E ACONSELHAMENTO. COMUNIDADE CHAMA, A FAMILIA EM PRIMEIRO LUGAR! INICIO COM SANTA MISSA AS 08H, PRESIDIDA PELO MONS. PAULO SERGIO. VENHA PARTICIPAR DESTE MOMENTO ESPECIAL.


MINISTÉRIO DO ACONSELHAMENTO FAMILIAR

"Veja a glória de Deus brilhar na sua família!"

Quartas - feiras de 9h às 11hs, na Matriz de N. S. das Candeias, INTERCESSÃO E ACONSELHAMENTO!

Todos convidados para a festa da alegria da redenção, principalmente os marginalizados – o Papa na missa desta terça-feira




 











Na missa desta terça-feira na Casa de Santa Marta o Papa Francisco afirmou que ser cristão é sermos convidados a uma festa. A festa da alegria da redenção. A Igreja não é só para as pessoas boas mas, sobretudo, para os marginalizados. Todos somos convidados a participar na festa.
As leituras do dia de hoje mostram-nos – disse o Santo Padre – a carta de identidade do cristão que antes de mais é um convidado. Um convidado para uma festa. Uma festa de alegria, de salvação, de redenção.

Um cristão é um que foi convidado. Convidado para quê? Para um negócio? Convidado para fazer um passeio? O Senhor quer dizer-nos qualquer coisa mais: Tu foste convidado para a festa! O cristão é aquele que é convidado para uma festa, para a alegria, a alegria de ser salvo, a alegria de ser redimido, a alegria de participar a vida com Jesus. Isto é uma alegria! Tu és convidado para a festa! Percebe-se, uma festa é uma concentração de pessoas que falam, riem, festejam, são felizes. Mas é uma concentração de pessoas. Eu entre as pessoas normais, mentalmente normais, nunca vi uma que fizesse festa sozinha, não é? Seria um pouco aborrecido! Faz-se festa com os outros, faz-se festa em família, faz-se festa com as pessoas que foram convidadas, como eu fui convidado. Para ser cristão é preciso uma pertença e pertence-se a este Corpo, a esta gente que foi convidada para a festa: esta é a pertença cristã.”


Fazer comunidade, fazer Igreja! E não basta estar na lista dos convidados – disse o Papa Francisco – é preciso entrar na festa, para participar em tudo e cuidando uns dos outros. Uma festa em que Deus é o protagonista.
Recordando a Carta aos Romanos, o Papa afirmou que esta festa é uma festa da unidade. A unidade de todos, dos bons e dos maus. Uma Igreja que é de todos. E os primeiros são os marginalizados:
A Igreja não é uma Igreja só para as pessoas boas. Queremos dizer quem pertence à Igreja, e a esta festa? Os pecadores, todos nós pecadores fomos convidados. E aqui o que é que se faz? Faz-se uma comunidade que tem dons diferentes. Um tem o dom da profecia, o outro do ministério, ali é um professor... Mas a festa faz-se levando isto que eu tenho em comum com todos... Na festa participa-se, participa-se totalmente. Não se pode perceber a existência cristã sem esta participação. É uma participação de todos nós. Eu vou à festa, mas fico aqui na salinha porque quero estar apenas com três ou quatro que eu conheço... Isto não se pode fazer na Igreja! Ou tu entras com todos ou ficas de fora! Tu não podes fazer uma seleção: a Igreja é de todos, a começar por estes que eu disse, os marginalizados. É a Igreja de todos!

“O Senhor é muito generoso. O Senhor abre todas as portas. E o Senhor compreende mesmo aquele que diz: Não Senhor não quero ir contigo! Compreende e espera, porque é misericordioso.” (RS)

Sínodo extraordinário sobre a família: apresentado em conferência de imprensa o Documento de preparação



Teve lugar nesta terça-feira, no Vaticano, uma conferência de imprensa sobre a preparação da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos que se vai realizar em outubro do próximo ano tendo como tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Intervieram: o Relator Geral desta assembleia sinodal - cardeal Peter Erdo, arcebispo de Budapeste; - D. Lorenzo Baldisseri, Secretário do Sínodo dos Bispos; e - D. Bruno Forte, arcebispo de Chieti, Secretário Especial para este Sínodo.
Foi divulgado entretanto o Documento de Preparação, que inclui um questionário com 38 quesitos que se deseja possam favorecer uma ampla consultação das bases, a começar pelos casais e famílias e pelas paróquias em geral. O texto integral, em português, deste Documento pode ser consultado no nosso site, na secção “Mensagens e Documentos”.
Sobre o conteúdo deste Documento e as novidades que de certo modo ele representa, vejamos a leitura que dele deu, na conferência de imprensa de hoje, D. Bruno Forte.
O tema escolhido pelo Santo Padre para a próxima Assembleia Geral Extraordinária é: Os desafios pastorais para a família no contexto da evangelização. Gostaria de sublinhar dois aspectos.
O primeiro diz respeito à atenção prioritária à evangelização, à qual tudo se deve orientar no ser e no agir do povo de Deus. A Igreja não existe para si mesma, mas para a glória de Deus e a salvação dos homens, e é chamada para levar a alegria do Evangelho. Esta alegria deve ser proclamada a todos, começando pela família, célula decisiva da sociedade e da própria Igreja.
O segundo aspecto que gostaria de destacar é a dimensão "pastoral" , acentuado na formulação do tema, a perspectiva com a qual o Santo Padre nos convida a olhar o valor e os desafios da vida familiar hoje. Se poderia definir esta dimensão com as palavras que o Beato João XXIII, anotava no seu diário no dia 19 de Janeiro de 1962, no clima de preparação próxima do Concílio: "Olhar tudo à luz do ministério pastoral , ou seja, almas para salvar e edificar”.
Não se trata, enfim, de debater questões doutrinais, aliás já tornadas explícitas pelo
Magistério também recente (do Concílio Vaticano II na Constituição Pastoral Gaudium et spes 47-52, à Exortação Apostólica Familiaris Consortio, de João Paulo II, em 1981), mas sim de compreender como anunciar eficazmente o Evangelho da família no momento em que estamos a viver, marcado por uma evidente crise social e espiritual.

O convite que daí resulta para toda a Igreja é de nos colocarmos em escuta dos problemas e das expectativas que tantas famílias vivem hoje, mostrando proximidade para com elas e propondo-lhes de forma credível a misericórdia de Deus e a beleza de responder à sua chamada. Em particular, num contexto como o da chamada "modernidade líquida" (Zygmunt Bauman), em que já nenhum valor parece definido e a instituição da família é muitas vezes contestada, se não completamente rejeitada, torna-se particularmente significativo mostrar os caracteres profundamente humanizantes da proposta cristã sobre a família, que nunca é contra ninguém, mas sempre e exclusivamente a favor da dignidade e da beleza da vida de todo o homem, em cada homem, para o bem toda a sociedade .

Como tinham afirmado os Padres do Vaticano II, a família é uma "escola de humanidade mais rica", no qual " , na qual “as várias gerações se encontram e se ajudam mutuamente a alcançar uma sabedoria humana mais completa e a compor convenientemente os direitos da pessoa
com as outras exigências da vida social "(Gaudium et Spes 52). Nesta linha, o
Documento preparatório da próxima Assembleia Sinodal afirma: " A doutrina da fé
sobre o matrimónio deve ser apresentada de modo comunicativo e eficaz, para que ela seja capaz de atingir os corações e transformá-los segundo a vontade de Deus manifestada em Cristo Jesus" (DP II).

Atenção, acolhimento e misericórdia constituem o estilo de que o Papa Francisco dá testemunho e que pede que se tenha para com todos, incluindo as famílias dilaceradas e quem vive situações irregulares do ponto de vista moral e canónico. Insiste sobre “a misericórdia divina e a ternura em relação às pessoas feridas, nas periferias geográficas e existenciais”.
Sem dúvida que não é fácil viver em plenitude o Evangelho da família, muitas vezes em condições de existência que tendem a minar até mesmo os melhores esforços: pense-se - na fragilidade psicológica e afectiva nas relações familiares; - no empobrecimento da qualidade das relações, convivendo com casais aparentemente estáveis e normais; - no stresse originado pelos ritmos hoje em dia impostos pela organização social, pelos tempos de trabalho, pelas exigências de mobilidade. Torna-se mais vital do que nunca conjugar o empenho quotidiano na família com condições que a apoiem tanto na sociedade civil como na comunidade eclesial, motivando a beleza e a fecundidade da fé na sacramentalidade do matrimónio e no poder terapêutico da penitência sacramental.
Muitos são os desafios específicos e contextuais. Perfilam-se no horizonte problemáticas inéditas até há poucos anos atrás, desde a difusão dos “casais de facto”, que não acedem ao matrimónio e o não tomam em consideração, até às uniões entre pessoas do mesmo sexo, às quais muitas vezes é permitida a adopção de filhos.
Numerosas são também as situações contextuais novas, que exigem especial atenção da parte da Igreja: - cultura do não-empenho; - pressupor a instabilidade do vínculo; - reformulação da própria ideia de família; - um difuso pluralismo relativista na concepção do matrimónio; e ainda - propostas legislativas que desvalorizam a permanência e a fidelidade do pacto matrimonial.
Estes desafios comportam sérias consequências pastorais. Basta pensar nos muitos jovens, nascidos de matrimónios irregulares, que nunca poderão ver os pais receber os Sacramentos. Compreende-se a urgência dos desafios que se põem à evangelização, na situação actual, difundida por toda a parte da “aldeia global”.
Tudo isto faz advertir como um dever urgente da caridade dos Pastores em relação aos que lhe são confiados e a toda a família humana enfrentar estas questões prementes. A vastidão deste empenho, a urgência dos temas e a intensidade das expectativas levam a pedir a oração de todos para o percurso empreendido, juntamente com a humildade, o empenho generoso e a confiança em Deus de quem contribuirá para o Sínodo, para que o Espírito ilumine o trabalho colegial e o discernimento final e decisivo do Sucessor de Pedro.

Sacramento do matrimônio: aliança de vida


Por Polyana Gonzaga
A vocação para o matrimônio está escrita na própria natureza do homem e da mulher, conforme saíram da mão do Criador. O casamento não é uma instituição simplesmente humana, apesar das inúmeras variações que sofreu ao longo dos séculos. Deus, que criou o homem por amor, também o chamou por amor, vocação fundamental e inata de todo ser humano.

Tendo-os Deus criado homem e mulher, seu amor mútuo e uma imagem do amor absoluto e indefectível de Deus pelo homem. E esse amor abençoado por Deus é destinado a ser fecundo e realizar-se na obra comum de preservação da criação: “Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a’” (Gn 1,28).

Que o homem e a mulher tenham sido criados um para o outro, a Sagrada Escritura o afirma: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). A mulher, “carne de sua carne”, isto é, igual a ele, bem próxima dele, lhe foi dada por Deus como um “auxilio”, representando assim “Deus, em que está o nosso socorro”. “Por isso um homem deixa seu Pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne” (Gn 2,24).

A Igreja Doméstica

Cristo quis nascer e crescer no seio da Sagrada Família de José e Maria. A Igreja não é outra coisa senão a Família de Deus. Desde suas origens, o núcleo da Igreja era, em geral, constituído por aqueles que, ‘com toda a sua casa’, se tornavam cristãos. Quando eles se convertiam, desejavam também que toda sua casa fosse salva.

Em nossos dias, no mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante.
A12, 29-08-2013.

Evangelho do dia

Ano C - 05 de novembro de 2013

Lucas 14,15-24

Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o senhor (Mt 11,28)


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 14 15 um dos convidados disse a Jesus: "Feliz daquele que se sentar à mesa no Reino de Deus!"
16 Respondeu-lhe Jesus: "Um homem deu uma grande ceia e convidou muitas pessoas.
17 E à hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: ‘Vinde, tudo já está preparado’.
18 Mas todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: ‘Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo; rogo-te me dês por escusado’.
19 Disse outro: ‘Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te me dês por escusado’.
20 Disse também um outro: ‘Casei-me e por isso não posso ir’.
21 Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Então, irado, o pai de família disse a seu servo: ‘Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’.
22 Disse o servo: ‘Senhor, está feito como ordenaste e ainda há lugar’.
23 O senhor ordenou: ‘Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa.
24 Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia’".
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
ESTÁ TUDO PRONTO!
A participação na salvação oferecida à humanidade é iniciativa de Deus, que convida e motiva cada ser humano. Entretanto, nada se resolve sem a livre decisão de quem é convidado e se empenha em dizer "sim".
Na parábola, muitos convidados recusam-se a acolher o convite do Pai. Apesar da deferência: o banquete é para eles; da gentileza: o senhor manda convidá-los pessoalmente; e da expectativa de que venham, eles se recusam a comparecer. Eram todos ricos: proprietários de terras, pecuaristas, gente de condição social. Cada qual apresentou sua justificativa. Não estavam interessados em participar do banquete. Por isso, se auto-excluíram.
Diante da recusa dos ricos, as atenções voltaram-se para os pobres, aleijados, cegos e coxos. A sala do banquete ficou repleta deles. Foi uma reviravolta formidável!
Quem está demasiadamente preocupado com seus afazeres e propriedades, falta-lhe tempo para as exigências do Reino, mas também pode ver-se definitivamente excluído dele. É impossível salvá-lo contra sua própria vontade. Só quem se torna pobre, tendo o coração desapegado dos bens materiais e sempre disponível para Deus, terá a alegria da salvação. A riqueza polariza de tal modo o coração humano, a ponto de torná-lo surdo aos apelos divinos. Já a pobreza predispõe-no a estar sempre atento, e assim poder atender, sem demora, o convite do Senhor.

Oração

Espírito de liberdade diante dos bens, predispõe-me para atender prontamente o convite do Senhor, com um coração de pobre.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Romanos 12,5-16
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
Irmãos, 12 5 assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro.
6 Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé.
7 Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine;
8 o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade.
9 Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem.
10 Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros.
11 Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor.
12 Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração.
13 Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade.
14 Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os, e não os praguejeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram.
16 Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisa modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos.
Palavra do Senhor.
Salmo 130/131
Guardai-me, em paz, junto a vós, ó Senhor!

Senhor, meu coração não orgulhoso,
nem se eleva arrogante o meu olhar;
não ando à procura de grandezas
nem tenho pretensões ambiciosas!

Fiz calar e sossegar a minha alma;
ela está em grade paz dentro de mim,
como a criança bem tranqüila, amamentada
no regaço acolhedor de sua mãe.

Confia no Senhor, ó Israel,
desde agora e por toda a eternidade!
Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Cultura do egoísmo


A solidariedade é uma tendência inata no ser humano. Porém, se não for cultivada pelo exemplo familiar, pela educação, não se desenvolve
É bem conhecida a Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 25-37), provavelmente baseada em um fato real. Um homem descia de Jerusalém a Jericó. No caminho, foi assaltado, espoliado, surrado, e deixado à beira da estrada. Um sacerdote por ali passou e não o socorreu. A mesma atitude de indiferença teve o levita, um religioso. Porém, um samaritano – os habitantes da Samaria eram execrados pelos da Judeia –, ao avistar a vítima do assalto, interrompeu sua viagem e cobriu o homem de cuidados.

Jesus narrou a parábola a um doutor da lei, um teólogo judeu que sequer pronunciava o vocábulo samaritano para não contrair o pecado da língua... E levou o teólogo a admitir que, apesar da condição religiosa do sacerdote e do levita, foi o samaritano quem mais agiu com amor, conforme a vontade de Deus.
Na Itália, jovens universitários expuseram à beira da estrada cartaz advertindo que, próximo dali, um homem necessitava ser urgentemente transportado a um hospital. Todos os motoristas eram parados adiante pela Polícia Rodoviária para responderem por que passaram indiferentes. Os motivos, os de sempre: pressa, nada tenho a ver com desconhecidos, medo de doença contagiosa ou de sujar o carro.

Quem parou para acudir foi um verdureiro que, numa velha camionete, transportava seus produtos à feira. Comprovou-se que os pobres, assim como as mulheres, são mais solidários que os homens burgueses.

Em uma escola teológica dos EUA, seminaristas foram incumbidos de fazer uma apresentação da Parábola do Bom Samaritano. No caminho do auditório ficou estendido um homem, como se ali tivesse caído. Apenas 40% dos seminaristas pararam para socorrê-lo. Os que mais se mostraram indiferentes foram os estudantes advertidos de que não poderiam se atrasar para a apresentação.  No entanto, se dirigiam a um palco no qual representariam a parábola considerada emblemática quando se trata de solidariedade.

A solidariedade é uma tendência inata no ser humano. Porém, se não for cultivada pelo exemplo familiar, pela educação, não se desenvolve. A psicóloga estadunidense Carolyn Zahn-Waxler verificou que crianças começam a consolar familiares aflitos desde a idade de um ano, muito antes de alcançarem o recurso da linguagem.

A forma mais comum de demonstrar afeto entre humanos é o abraço – dado em aniversários, velórios, situações de alegria, aflição ou carinho. Existe até a terapia do abraço.
Segundo notícia da Associated Press (18/06/2007), uma escola de ensino médio da Virginia, EUA, incluiu no regulamento a proibição de qualquer contato físico entre alunos e entre alunos e professores.

Hoje em dia, em creches e escolas dos EUA educadores devem manter distância física das crianças, sob pena de serem acusadas de pedofilia...
As crianças e os grandes primatas – nossos avós na escala evolutiva – são capazes de solidariedade a pessoas necessitadas. É o que comprovou a equipe do cientista Felix Warneken, do Instituto Max

Planck, de Leipzig, Alemanha (2007). Chimpanzés de Uganda, que viviam soltos na selva, eram trazidos à noite ao interior de um edifício. Um animal por vez. Ele observava um homem tentando alcançar, sem sucesso, uma varinha de plástico através de uma grade. Apesar de seus esforços, o homem não conseguia pôr as mãos na varinha. Já o chimpanzé ficava em um local de fácil acesso à varinha. Espontaneamente o animal, solidário ao homem, apanhava a varinha e entregava a ele.

É bom lembrar que os chimpanzés não foram treinados a isso nem recompensados por assim procederem. Teste semelhante com crianças deu o mesmo resultado. Mesmo quando a prova foi dificultada, obrigando crianças e chimpanzés a escalar uma plataforma para alcançar a varinha, o resultado foi igualmente positivo.

A 16 de agosto de 1996, Binti Jua, gorila de oito anos de idade, salvou um menino de três anos que caíra na jaula dos primatas no zoológico de Chicago. O gorila sentou em um tronco com o menino no colo e o afagou com as costas da mão até que viessem buscar a criança.

A revista Time elegeu Binti uma das “melhores pessoas” de 1996... Frente a tais exemplos, é de se perguntar o que a nossa cultura, baseada na competitividade, e não na solidariedade, faz com as nossas crianças e que tipo de adultos engendra. Os pobres, os doentes, os idosos e os necessitados que o digam.

Frei Betto é escritor e religioso dominicano. Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Foi assessor especial da Presidência da República entre 2003 e 2004. É autor de "Batismo de Sangue", e "A Mosca Azul", entre outros.