sexta-feira, 10 de maio de 2013

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 47º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


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«Redes sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização»
[12 de Maio de 2013]

Amados irmãos e irmãs,
Encontrando-se próximo o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2013, desejo oferecer-vos algumas reflexões sobre uma realidade cada vez mais importante que diz respeito à maneira como as pessoas comunicam actualmente entre si; concretamente quero deter-me a considerar o desenvolvimento das redes sociais digitais que estão a contribuir para a aparição duma nova ágora, duma praça pública e aberta onde as pessoas partilham ideias, informações, opiniões e podem ainda ganhar vida novas relações e formas de comunidade.

Estes espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e debate que, se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana. A troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação, os contactos podem amadurecer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão. Se as redes sociais são chamadas a concretizar este grande potencial, as pessoas que nelas participam devem esforçar-se por serem autênticas, porque nestes espaços não se partilham apenas ideias e informações, mas em última instância a pessoa comunica-se a si mesma.
O desenvolvimento das redes sociais requer dedicação: as pessoas envolvem-se nelas para construir relações e encontrar amizade, buscar respostas para as suas questões, divertir-se, mas também para ser estimuladas intelectualmente e partilhar competências e conhecimentos. Assim as redes sociais tornam-se cada vez mais parte do próprio tecido da sociedade enquanto unem as pessoas na base destas necessidades fundamentais. Por isso, as redes sociais são alimentadas por aspirações radicadas no coração do homem.
A cultura das redes sociais e as mudanças nas formas e estilos da comunicação colocam sérios desafios àqueles que querem falar de verdades e valores. Muitas vezes, como acontece também com outros meios de comunicação social, o significado e a eficácia das diferentes formas de expressão parecem determinados mais pela sua popularidade do que pela sua importância intrínseca e validade. E frequentemente a popularidade está mais ligada com a celebridade ou com estratégias de persuasão do que com a lógica da argumentação. Às vezes, a voz discreta da razão pode ser abafada pelo rumor de excessivas informações, e não consegue atrair a atenção que, ao contrário, é dada a quantos se expressam de forma mais persuasiva. Por conseguinte os meios de comunicação social precisam do compromisso de todos aqueles que estão cientes do valor do diálogo, do debate fundamentado, da argumentação lógica; precisam de pessoas que procurem cultivar formas de discurso e expressão que façam apelo às aspirações mais nobres de quem está envolvido no processo de comunicação. Tal diálogo e debate podem florescer e crescer mesmo quando se conversa e toma a sério aqueles que têm ideias diferentes das nossas. «Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, de verdade e de beleza» (Discurso no Encontro com o mundo da cultura, Belém, Lisboa, 12 de Maio de 2010).
O desafio, que as redes sociais têm de enfrentar, é o de serem verdadeiramente abrangentes: então beneficiarão da plena participação dos fiéis que desejam partilhar a Mensagem de Jesus e os valores da dignidade humana que a sua doutrina promove. Na realidade, os fiéis dão-se conta cada vez mais de que, se a Boa Nova não for dada a conhecer também no ambiente digital, poderá ficar fora do alcance da experiência de muitos que consideram importante este espaço existencial. O ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade quotidiana de muitas pessoas, especialmente dos mais jovens. As redes sociais são o fruto da interacção humana, mas, por sua vez, dão formas novas às dinâmicas da comunicação que cria relações: por isso uma solícita compreensão por este ambiente é o pré-requisito para uma presença significativa dentro do mesmo.
A capacidade de utilizar as novas linguagens requer-se não tanto para estar em sintonia com os tempos, como sobretudo para permitir que a riqueza infinita do Evangelho encontre formas de expressão que sejam capazes de alcançar a mente e o coração de todos. No ambiente digital, a palavra escrita aparece muitas vezes acompanhada por imagens e sons. Uma comunicação eficaz, como as parábolas de Jesus, necessita do envolvimento da imaginação e da sensibilidade afectiva daqueles que queremos convidar para um encontro com o mistério do amor de Deus. Aliás sabemos que a tradição cristã sempre foi rica de sinais e símbolos: penso, por exemplo, na cruz, nos ícones, nas imagens da Virgem Maria, no presépio, nos vitrais e nos quadros das igrejas. Uma parte consistente do património artístico da humanidade foi realizado por artistas e músicos que procuraram exprimir as verdades da fé.
A autenticidade dos fiéis, nas redes sociais, é posta em evidência pela partilha da fonte profunda da sua esperança e da sua alegria: a fé em Deus, rico de misericórdia e amor, revelado em Jesus Cristo. Tal partilha consiste não apenas na expressão de fé explícita, mas também no testemunho, isto é, no modo como se comunicam «escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele» (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011). Um modo particularmente significativo de dar testemunho é a vontade de se doar a si mesmo aos outros através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana. A aparição nas redes sociais do diálogo acerca da fé e do acreditar confirma a importância e a relevância da religião no debate público e social.
Para aqueles que acolheram de coração aberto o dom da fé, a resposta mais radical às questões do homem sobre o amor, a verdade e o sentido da vida – questões estas que não estão de modo algum ausentes das redes sociais – encontra-se na pessoa de Jesus Cristo. É natural que a pessoa que possui a fé deseje, com respeito e tacto, partilhá-la com aqueles que encontra no ambiente digital. Entretanto, se a nossa partilha do Evangelho é capaz de dar bons frutos, fá-lo em última análise pela força que a própria Palavra de Deus tem de tocar os corações, e não tanto por qualquer esforço nosso. A confiança no poder da acção de Deus deve ser sempre superior a toda e qualquer segurança que possamos colocar na utilização dos recursos humanos. Mesmo no ambiente digital, onde é fácil que se ergam vozes de tons demasiado acesos e conflituosos e onde, por vezes, há o risco de que o sensacionalismo prevaleça, somos chamados a um cuidadoso discernimento. A propósito, recordemo-nos de que Elias reconheceu a voz de Deus não no vento impetuoso e forte, nem no tremor de terra ou no fogo, mas no «murmúrio de uma brisa suave» (1 Rs 19, 11-12). Devemos confiar no facto de que os anseios fundamentais que a pessoa humana tem de amar e ser amada, de encontrar um significado e verdade que o próprio Deus colocou no coração do ser humano, permanecem também nos homens e mulheres do nosso tempo abertos, sempre e em todo o caso, para aquilo que o Beato Cardeal Newman chamava a «luz gentil» da fé.
As redes sociais, para além de instrumento de evangelização, podem ser um factor de desenvolvimento humano. Por exemplo, em alguns contextos geográficos e culturais onde os cristãos se sentem isolados, as redes sociais podem reforçar o sentido da sua unidade efectiva com a comunidade universal dos fiéis. As redes facilitam a partilha dos recursos espirituais e litúrgicos, tornando as pessoas capazes de rezar com um revigorado sentido de proximidade àqueles que professam a sua fé. O envolvimento autêntico e interactivo com as questões e as dúvidas daqueles que estão longe da fé, deve-nos fazer sentir a necessidade de alimentar, através da oração e da reflexão, a nossa fé na presença de Deus e também a nossa caridade operante: «Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine» (1 Cor 13, 1).
No ambiente digital, existem redes sociais que oferecem ao homem actual oportunidades de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Mas estas redes podem também abrir as portas a outras dimensões da fé. Na realidade, muitas pessoas estão a descobrir – graças precisamente a um contacto inicial feito on line – a importância do encontro directo, de experiências de comunidade ou mesmo de peregrinação, que são elementos sempre importantes no caminho da fé. Procurando tornar o Evangelho presente no ambiente digital, podemos convidar as pessoas a viverem encontros de oração ou celebrações litúrgicas em lugares concretos como igrejas ou capelas. Não deveria haver falta de coerência ou unidade entre a expressão da nossa fé e o nosso testemunho do Evangelho na realidade onde somos chamados a viver, seja ela física ou digital. Sempre e de qualquer modo que nos encontremos com os outros, somos chamados a dar a conhecer o amor de Deus até aos confins da terra.
Enquanto de coração vos abençoo a todos, peço ao Espírito de Deus que sempre vos acompanhe e ilumine para poderdes ser verdadeiramente arautos e testemunhas do Evangelho. «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 15).
Vaticano, 24 de Janeiro – Festa de São Francisco de Sales – do ano 2013.

BENEDICTUS PP. XVI

Arquidiocese realiza Encontro Vocacional do mês de maio

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A Pastoral Vocacional da Arquidiocese de Olinda e Recife tem a alegria de convidar jovens que se sentem chamados por Deus para a vocação em especial para participar do Encontro Vocacional neste mês, que acontecerá no sábado, 18 de maio (3º sábado do mês), das 8h30 às 12h, no Seminário Nossa Senhora da Graça, em Olinda.

Encontro Vocacional Arquidiocese de Olinda e Recife
Local: Seminário Nossa Senhora da Graça
Rua Bispo Coutinho, s/n – Alto da Sé – Olinda
Dia: 20 de abril de 2013
Horário: 8h30
Informações: (81) 8692-9742/9853-8618


Da Assessoria de Comunicação AOR

Dom Fernando reúne jornalistas para celebrar o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais

SDC16825No próximo domingo, 12, a Igreja Católica celebra o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais (DMCS). Todos os anos o papa divulga uma mensagem especial para a data. O texto é lançado no dia 24 de janeiro quando é lembrada a vida e a obra de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Para marcar o evento, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, reúne profissionais da imprensa e agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom) para um café da manhã e conversa sobre o tema do DMCS “Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização”.
O encontro será realizado na sede da Cúria Metropolitana, bairro das Graças, Zona Norte do Recife, a partir das 8h. “A Igreja sempre esteve atenta aos assuntos relacionados à evolução da tecnologia e o encontro com profissionais desta área é uma oportunidade rica para discutir os desafios que a contemporaneidade nos apresenta”, ressaltou o arcebispo.
A mensagem deste ano foi escrita pelo então papa Bento XVI e mais uma vez o ciberespaço foi o mote. Para 2013, o pontífice escolheu o tratar das Redes Sociais como novos espaços para a evangelização. Dada a importância desse tipo de ferramenta, o papa emérito inaugurou oficialmente, em dezembro do ano passado, a sua conta no Twitter (@pontifex).
Clique aqui e acesse a mensagem do papa emérito Bento XVI sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais
O papa emérito Bento XVI considera que “o desenvolvimento das redes sociais estão contribuindo para a aparição de uma nova ágora, de uma praça pública e aberta onde as pessoas partilham ideias, informações, opiniões, e podem ainda ganhar vida novas relações e formas de comunidade”. E continua: “esses espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e de debate que, se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana”.
Da mesma maneira, Dom Saburido tem experimentado e estimulado à arquidiocese a ocupar este “novo espaço” com caridade, esperança e fé. O arcebispo, inclusive, tem um perfil no Facebook onde ele interage com os fiéis.
Celebração - O Dia Mundial das Comunicações Sociais é comemorado no Domingo da Ascensão do Senhor. Os vicariatos e paróquias que formam a arquidiocese, através dos agentes da Pastoral da Comunicação, também realizarão eventos e celebrações para lembrar a data. O subsídio para o DMCS pode ser acessado na íntegra através do site Portal Católico.
Serviço:
Celebração do 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais
Local: Sede da Cúria Metropolitana
Avenida Rui Barbosa, 409, Graças – Recife
Dia: 10 de maio de 2013
Horário: 8h
Da Assessoria de Comunicação AOR

Comissão para a Vida e Família disponibiliza Guia de Oração para o 3º Simpósio e 5ª Peregrinação Nacional da Família



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O Setor Família da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB elaborou um Guia de oração para o 3º Simpósio e 5ª Peregrinação Nacional da Família. Os eventos serão realizados respectivamente nos dias 25 e 26 de maio, na Canção Nova e no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Veja o material.

A benção de Jesus: festa da Ascenção

Texto de José Antonio Pagola, teólogo, publicado no site Instituto Humanitas Unisinos

"Temos de nos sentir testemunhas e profetas desse Jesus que passou a sua vida semeando gestos e palavras de bondade".
São os últimos momentos de Jesus com os seus. Em seguida, deixará-os para entrar definitivamente no mistério do Pai. Já não os poderá acompanhar pelos caminhos do mundo, como o fez na Galileia. A sua presença não poderá ser substituída por ninguém.
Jesus só pensa em chegar a todos os povos o anúncio do perdão e da misericórdia de Deus. Que todos escutem a Sua chamada a conversarem. Ninguém tem de se sentir perdido. Ninguém há de viver sem esperança. Todos hão de saber que Deus compreende e ama os seus filhos e filhas, sem fim. Quem poderá anunciar esta Boa Nova?

Segundo o relato de Lucas, Jesus não pensa em sacerdotes nem bispos. Tampouco em doutores ou teólogos. Quer deixar na terra “testemunhas”. Isto é o primeiro: “vós sois testemunhas destas coisas”. Serão testemunhas de Jesus os que comunicarem a sua experiência de um Deus bom e contagiarem com o seu estilo de vida trabalhando por um mundo mais humano.

Mas Jesus conhece bem os seus discípulos. São débeis e covardes. Onde encontrarão a audácia para ser testemunhas de alguém que foi crucificado pelo representante do Império e os dirigentes do Templo? Jesus tranquiliza-os: “Eu vos enviarei o que o meu Pai prometeu”. Não lhes vai a faltar a “força do alto”. O Espírito de Deus os defenderá.
Para expressar graficamente o desejo de Jesus, o evangelista Lucas descreve a sua partida deste mundo de forma surpreendente: Jesus volta ao Pai levantando as suas mãos e abençoando os seus discípulos. É o seu último gesto. Jesus entra no mistério insondável de Deus e sobre o mundo faz descer a sua bênção.
Aos cristãos, esquece-nos que somos portadores da bênção de Jesus. A nossa primeira tarefa é ser testemunha da Bondade de Deus. Manter viva a esperança. Não nos rendermos ante o mal. Este mundo que parece um “inferno maldito” não está perdido. Deus olha com ternura e compaixão.
Também hoje é possível procurar o bem, fazer o bem, difundir o bem. É possível trabalhar por um mundo mais humano e um estilo de vida mais são. Podemos ser mais solidários e menos egoístas. Mais austeros e menos escravos do dinheiro. A mesma crise econômica pode-nos empurrar para procurar uma sociedade menos corrupta.
Na Igreja de Jesus, temos esquecido que a primeira coisa a se fazer é promover uma “pastoral da bondade”. Temos de nos sentir testemunhas e profetas desse Jesus que passou a sua vida semeando gestos e palavras de bondade. Assim despertou nas pessoas da Galileia a esperança num Deus Salvador. Jesus é uma bênção e as pessoas têm que conhecê-lo.
Instituto Humanitas Unisinos

O Espírito do Senhor Jesus e nossa missão

Roteiro Homilético
A proposta de reflexão para a liturgia do domingo, 12 de maio, é de autoria do Pe. Johan Konings SJ, sob a responsabilidade do Pe. Jaldemir Vitório SJ, Reitor da FAJE.


A 1ª leitura e o evangelho nos contam como os apóstolos viveram as últimas aparições de Jesus ressuscitado: como despedida provisória e como promessa. Jesus não voltaria até a consumação do mundo, mas deixou nas mãos deles a missão de levar a salvação e o perdão dos pecados a todos que quisessem converter-se, no mundo inteiro.
E prometeu-lhes o Espírito Santo, a força de Deus, que os ajudaria a cumprir sua missão.
A vitalidade e juventude da Igreja, até hoje, tem sua raiz nesta herança que Deus lhe deixou. “É bom para vocês que eu me vá – diz Jesus no evangelho de João – porque, senão, não recebereis o Paráclito, o Espírito da Verdade” (Jo 16,7). Jesus salvou o mundo movido pelo Espírito e dando a sua vida pelos homens. Agora, nós devemos dar continuidade a esta obra, geração após geração.
O Espírito de Jesus e do Pai deve animar em nós, e através de nós, um testemunho igual ao de Jesus: deve fazer reviver Jesus em nós. O que salva o mundo não é a presença física de Jesus para todas as gerações, mas sim o Espírito que ele gerou em nós pela morte por amor – o Espírito do Pai e dele mesmo.
A Igreja não caiu no vazio depois da Ascensão de Jesus. Antes, entrou com ele na plenitude do tempo da salvação e da reconciliação, embora não de vez e por completo. Tem que lutar para realizar o que Jesus já vive em plenitude. Ainda não está na mesma glória, na mesma união definitiva com Deus em que está o seu fundador, mas vive movida pelo mesmo Espírito, e este nunca lhe faltará até a hora do reencontro completo.
A Igreja terá que expor às claras as contradições, as injustiças, as opressões que impedem a reconciliação e o perdão. Terá que urgir opção e posicionamento, e também transformação dos corações e das estruturas do mundo, para que um dia o Cristo glorioso seja a realidade de todos nós.

Vida religiosa feminina: o rosto materno de Deus na Igreja


Cidade do Vaticano - Se não houvesse vida religiosa feminina, faltaria o rosto materno de Deus na Igreja: esta foi a mensagem que a Presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Irmão Márian Ambrósio, destacou do discurso que o papa Francisco dirigiu na manhã de ontem às superioras-gerais. Recebidas na Sala Paulo VI, estavam presentes na audiência mais de 800 religiosas.

O Irmão Márian visitou a Rádio Vaticano e comentou o discurso do Pontífice:

"Quando o Santo Padre chegou, veio acompanhado do Cardeal João Braz de Aviz, que saúda sempre as brasileiras de modo particular, e o Secretário da Congregação, Fr. Carballo. O Papa foi muito aplaudido. Acho que esta experiência de ser acolhida por ele talvez tenha sido a coisa mais forte. Ele nos disse várias vezes que se nós faltássemos na Igreja, faltaria o rosto materno de Deus. Então para nós mulheres que nem sempre ouvimos da Igreja uma palavra assim encorajadora, valeria a pena ter ido lá só para isso.
O discurso do Santo Padre foi curto e isso nos agradou também porque quando a gente fala pouco, centra, não dispersa muito. Ele tocou três pontos: no primeiro deles abordou a identidade específica da vida religiosa, nos chamou de novo para a centralidade do nosso ser e discorreu minutos sobre cada um dos votos. A obediência como paixão, a castidade como amor-serviço e pobreza como cuidado extremo a quem está excluído do direito à vida. Depois ele falou sobre o nosso lugar na Igreja.
Para nós, para a vida religiosa do Brasil, isso é muito significativo, pois temos fortes compromissos sociais, apostólicos, então lembrar que nosso lugar é na Igreja, em comunhão, foi um momento muito bonito. Ele se retirou e nós continuamos, parecia que ele tinha ficado entre nós".
SIR

A Ascensão e a Sexta Feira Santa: a vitória da cruz

Artigo de Marcel Domergue, sacerdote jesuíta francês, publicada no site Croire

Chegamos hoje ao fim dos 40 dias misteriosos nos quais Jesus, a uma só vez presente e inaccessível, preparou os discípulos para o tempo em que vai ser necessário crer sem ver. A Ressurreição foi, de fato, um salto na vida de Deus e a Ascensão só fez revelar uma realidade que estava já aí.
Quando os discípulos puderam ter como evidente que Jesus havia atravessado a morte, não necessariamente podiam compreender que esta vida nova que O animava já não era mais a mesma de antes da Paixão. Vão ter agora que aceitar esperar a volta do Cristo. Quantas parábolas nos falam do mestre que se ausenta, confiando a casa aos seus empregados! Mas, mesmo se para os nossos sentidos corporais Jesus não esteja mais aqui, não é por isso que estamos sós. Fomos habitados por seu Espírito e assumidos na unidade de um só corpo com múltiplos membros: “É bom para vós que eu parta” dizia Jesus, em João 16,7. E em 17,11: “Já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, enquanto eu vou para ti. Pai santo (...) para que sejam Um assim como nós somos Um.” Por isso Lucas termina o seu relato dizendo que os discípulos “voltaram para Jerusalém com grande alegria”. Esta é a nossa situação atual. Não temos contato com Jesus, nem visual nem auditivo, exceto através das Escrituras, e, no entanto, Ele está aqui, mais perto e mais íntimo a nós do que no tempo de sua vida “terrestre”.

O nome acima de todo nome

Uma vez que o Cristo soube amar a ponto de se submeter à nossa morte, “Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre de quantos há no céu, na terra e debaixo da terra. E que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor...” (Filipenses 2,9-11). A Ascensão não é somente um desaparecimento combinado com um novo modo de presença; é também uma elevação. Até mesmo na linguagem corrente, a altitude geográfica é um símbolo de excelência.
A imagem de Jesus que sobe aos céus e desaparece na nuvem é para ser tomada neste sentido. Tem um Nome que está acima de todo nome e que, portanto, não é mais um nome: é o Nome impronunciável, o Nome divino a que se refere o relato da sarça que arde sem se consumir, em Êxodo 3,14. Daqui por diante, conforme segue o texto de Paulo, o nome divino, outrora impronunciável, torna-se Jesus. Jesus foi elevado acima do quê? Na segunda leitura, Paulo diz que Deus “o fez sentar-se (...) bem acima de toda autoridade” e de todos os seres que nos dominam. Colocou-O mais alto que tudo, segue dizendo, e “pôs tudo sob os seus pés”, submetendo tudo a Ele. Todos nós temos parte neste poder, porque o Cristo tornou-se “a cabeça da Igreja, que é o seu corpo”, a plenitude total do Cristo, “a plenitude daquele que possui a plenitude universal.” No fundo, os céus para onde o Cristo foi subindo somos nós, a Igreja.

A Ascensão e a vitória da cruz

As palavras usadas por Paulo para falar de tudo o que foi superado pelo Cristo, tudo aquilo que é contra nós, permanecem para nós um pouco abstratas. Vamos tentar precisar mais. Quando Jesus aceitou ir para a morte de cruz, superou o medo e a dúvida, confiando nas Escrituras. A cruz é já uma vitória da fé: vitória bem trabalhosa, para quem acredita no relato do Getsêmani. É uma vitória também sobre tudo o que faz nascer a violência dentro de nós: o desejo de retribuir o mal com o mal, o desejo de opor a força contra a força: as legiões de anjos que não serão convocadas (Mateus 26,53); a necessidade de defender sua honra, sua dignidade.
João tem razão ao dizer que, pela cruz, Jesus foi elevado da terra: ele se elevou acima de todas as tentações de poder que nos dominam e nos levantam uns contra os outros. Pois é neste consentimento à fraqueza que se afirma o poder de Deus. Este poder não é um poder “contra”, mas um poder “a favor de”, como no primeiro dia da criação. A cruz é uma vitória da vida sobre as forças da morte, e a Ressurreição só fará explicitar este triunfo de Jesus sobre tudo o que pretendia persuadi-lo a recusar o dom de sua vida, a recusar o amor, portanto. Jesus ressuscitou porque o amor é que O faz viver. Ao extravasar a plenitude do amor, Jesus havia entrado já na vida de Deus, de que a Ascensão será para nós o sinal e a revelação. Logo se vê que o mistério do Cristo se compõe de um conjunto perfeitamente inseparável.
Croire

Nobres sentimentos



Mãe é sempre a pessoa que se torna uma ciência de vida, emoldurada por seus gestos de nobreza (Foto: Divulgação)
O Dia das Mães, celebração do segundo domingo de maio, mais do que tradicional comemoração, é oportunidade para resgatar nobres sentimentos. Há um magistério do coração materno com propriedades únicas e sustentadoras da vida, com autenticidade, singeleza e beleza. Mãe é sempre a pessoa que se torna uma ciência de vida, emoldurada por seus gestos de nobreza. Uma altivez que se projeta no âmbito dos balizamentos divinos. Compreende-se porque a mãe é expressão mais completa do amor misericordioso do Pai.

Deus quis uma Mãe para o seu filho: Maria, a Mãe de Jesus, que ao participar da vida e missão de seu filho, com admirável simplicidade, delicadeza completa e artística discrição, alcança a estatura da mais cativante nobreza. Atenta, escuta e obedece a escolha de Deus dizendo seu sim. Alcança uma compreensão com medidas humanamente perfeitas para acolher o querer divino. Nela, Maria, realiza-se a mais completa expressão da obra da criação, quando coberta pela invisível presença amorosa do Espírito Santo se torna a Mãe do Salvador do mundo. Caminha com Ele, acompanhando-o no seu crescimento, de modo exemplar no desempenho pedagógico de quem foi escolhida para ser a Mãe do Mestre e Senhor.

Nas circunstâncias de sua missão, mostra-se atenta às necessidades dos outros, expressão nobre dos mais importantes sentimentos. Vive angústias e obediência amorosa que geram alegrias e guarda tudo no coração, tornando-o um sacrário de sabedorias não encontrados nos livros, não ensinados nas academias e não alcançados pelas estratégias . O exemplo de Maria mostra que cada mãe é merecedora de toda reverência. Nossa Senhora alcança o mais relevante patamar da condição de filha de Deus quando enxerga, pela fé, a certeza da vitória diante dos sofrimentos, como a crucifixão e morte de um filho. Não por acaso, o artista Aleijadinho, na imagem veneranda da Senhora da Piedade, aquela da Ermida da Padroeira de Minas, destaca o olhar que revela a dor e, ao mesmo tempo, a luminosidade que só a fé pode dar à razão humana e ao coração da criatura.

Dessa Mãe, a Mãe de Deus, cada mãe, na singularidade de sua história de vida cultural e familiar, e nas particularidades dos dons e de sua própria missão, tem o necessário para ser especial e no seu dia ser reverenciada Toda mãe é mestra, sem ser professora. É sábia, sem ser intelectual ou estudada. Tem realeza, sem pertencer a dinastias monárquicas. Dona do que for, muito ou pouco, revela a capacidade inimitável de doação e de partilha. Assim, alivia os pesos da miséria, dos sofrimentos, consola nas tristezas e inspira, mesmo depois de ter partido deste mundo, audácias, coragem, sentimentos de gratidão. Alimenta por seus gestos jamais esquecidos o tesouro dos nobres sentimentos.

Faço votos que este segundo domingo de maio, congregando famílias, reunindo filhos ao redor de suas mães, também pela lembrança das que já partiram desta vida, emolduradas por uma saudade que não passa, seja uma oportunidade de festa. Além disso, que seja um momento singular para reavivar os nobres sentimentos, segundo medidas do amor de mãe, para que se concretize, com mais rapidez e perfeição, o que só o amor aprendido e vivido pode alcançar: um tempo novo para este novo tempo do terceiro milênio.

Você, como filho ou filha, resgate no seu coração e na sua vida o que pode fazer dela o verdadeiro dom que é: as lições que as mães ensinam pelos nobres sentimentos. Parabéns, mães, com apreço, benção e a proteção da Nossa Senhora da Piedade, Mãe Padroeira de Minas Gerais.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante os exercícios de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB - Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas.