quinta-feira, 30 de maio de 2013

A Igreja divina e humana


 

A Igreja “não é uma organização nascida de um acordo de algumas pessoas”, mas “é obra de Deus”, porque nasce precisamente do seu desígnio de amor “que se realiza progressivamente na história”. Esta manhã, quarta-feira 29 de maio, o Papa Francisco citou Bento XVI para reafirmar a identidade própria da Igreja “família de Deus”. E dando início a uma série de catequeses sobre o mistério da Igreja – como ele mesmo explica aos fiéis presentes na audiência geral – estigmatizou o comportamento de quantos ainda hoje dizem “Cristo sim, Igreja não” ou “eu creio em Deus, mas não nos padres”.

É precisamente a Igreja, recordou o Papa, que “nos leva a Cristo e a Deus”. Trata-se de uma grande família que naturalmente “apresenta também aspectos humanos” e por conseguinte nos seus membros, quer sejam pastores quer fiéis, há defeitos, imperfeições, pecados”. Ninguém está livre deles “até o Papa os tem” não hesitou em reconhecer o Pontífice.  Mas é positivo que no momento em que “nos apercebemos de ser pecadores, encontramos a misericórdia de Deus, o qual perdoa sempre”.

E se, como “dizem alguns”, o pecado “é uma ofensa a Deus”, é verdade também que ele constitui “uma oportunidade de humilhação – esclareceu o Papa – para se aperceber de que há algo mais belo: a misericórdia de Deus”. É antes necessário, acrescentou, que cada um hoje se questione: “Quanto amo a Igreja? Rezo por ela? Sinto-me parte da família da Igreja? O que faço para que seja uma comunidade na qual cada um se sente acolhido e compreendido, sente a misericórdia  e o amor de Deus que renova a vida?”. A fé “é um dom e um ato que nos diz pessoalmente respeito, mas Deus chama-nos a viver juntos a nossa fé, como família, como Igreja”, respondeu o Pontífice.

E também saudando os peregrinos provenientes de diversos países recomendou que amem a Igreja. Sobretudo aos grupos franceses pediu explicitamente que a defendam e se comprometam por ela. Saudando depois os italianos o Pontífice marcou encontro com os fiéis romanos para celebrar o Corpus Christi, na quinta-feira 30 de Maio..
L’Osservatore Romano, 30-05-2013.

Papa Francisco pede aos católicos que defendam e obedeçam a Igreja

 

Papa Francisco acena para a multidão que lota a Praça de São Pedro, no Vaticano
O Papa Francisco pediu aos católicos nessa quarta-feira (29) que defendam e obedeçam a Igreja, por considerar que não podemos dizer "sim a Jesus e não à Igreja". O pontífice falou para 100 mil pessoas reunidas, apesar da chuva, na praça de São Pedro, depois de saudar e abraçar muitos peregrinos a bordo do papamóvel.
"Amamos a Igreja como amamos nossas famílias? Alguns dizem sim a Jesus, mas não à Igreja. É certo, (a Igreja) tem alguns aspectos humanos. Seus pastores têm defeitos, imperfeições, pecados. Eu também tenho muitos! Mas quando percebemos que somos pecadores, encontramos a misericórdia de Deus", disse.
Alguns teólogos destacam que a "humilhação" do pecado "permite ver algo mais belo", disse. "A Igreja não é uma organização que nasce do acordo de algumas pessoas, mas é a obra de Deus, como destacou muitas vezes Bento XVI", disse o Papa Francisco.
O pontífice demonstrou assim o extremo apego à Igreja, "que ela apenas nos conduz a Jesus", uma linha de pensamento de acordo com o Papa emérito alemão, um conservador e muito ligado à obediência.
AFP

O papa que não tem medo de se molhar

 

Papa Francisco, com os fieis: "Toda a história da Salvação é a história de Deus que busca o homem"
Às 8h, a Praça de São Pedro já está lotada, apesar da forte chuva, e as filas para passar pelos controles de entrada são enormes. Graças ao bom trabalho de Luis Lucio, secretário da Prefeitura de Assuntos Econômicos da Santa Sé, entramos na área de acesso à sala Paulo VI. Os guardas suíços se postam no seu caminho. E nos colocamos no “sagrado” da esquerda, cerca de 6 metros de distância de Francisco.
O grupo Mensageiros da Paz, ao redor do padre Ángel (García Rodríguez), e agasalhando Amalia, uma idosa que vive numa residência que os Mensageiros têm em Buenos Aires e que, ao final da audiência, será recebida pelo papa.
Amalia está nervosa, mas muito feliz... “Quero dizer-lhe que o amo e que é um presente da Argentina para a Igreja e para o mundo. Isso é o que mais ou menos tenho pensado, mas garanto que quando vê-lo vou chorar de emoção e alegria”.

Ao seu lado, outra argentina dos Mensageiros, Silvia Caparelli, secretária do juiz Daniel Alberto Leppen, entrega para Ángel Lucio uma carta do magistrado argentino ao Papa, com quem conviveu no Colégio Dom Bosco de Ramos Mejía. Na carta, entre outras coisas, diz-lhe que se enche de orgulho pelo papel que está ocupando.

Há nuvens e claridades no céu. Na Praça, umas 100.000 pessoas de diversas paróquias e de múltiplas associações de todo o mundo, que o speaker vai apontando, durante mais de meia hora.

Entre vivas das paróquias e algumas gotas que caem, as pessoas falam do divino e do humano. Os jovens comentam: “este Papa é legal”. Os mais velhos são mais clássicos em seus comentários sobre Francisco: “este Papa é um presente do Senhor”.

Francisco aponta no papamóvel e um clamor é liberado na praça. Entre aplausos, vivas e gritos, caminha pela praça, com os louvores das multidões, enquanto o speaker permanece destacando o nome de paróquias e associações.

O tradutor de língua espanhola nomeia os peregrinos de Solsona e os Mensageiros da Paz, entre as lógicas ovações dos que acompanham o padre Ángel.

Cai uma pancada de chuva, enquanto o Papa, que se nega a se cobrir com um guarda-chuva, continua saudando as pessoas. Uma grande nuvem é descarregada sobre a praça. O Papa, assim que inicia a celebração da palavra, agradece as pessoas: “Vocês são corajosos por estarem aqui, hoje, obrigado”. Entre a chuva, Bergoglio começou “molhado” a catequese sobre “A Igreja como Família de Deus”. E ele próprio, renunciando-se a trocar a casula, porque quer se molhar como os fiéis, inicia um belo discurso, proclamando que a Igreja não é uma organização criada por um grupo de pessoas, mas é obra de Deus e que é composta por pastores e fiéis com seus defeitos e pecados e que “até o Papa tem pecados... e muitos”, mas Deus sempre perdoa.

O pontífice enfatizou que muitas pessoas ainda dizem “Cristo sim, Igreja não”, “creio em Deus, mas não nos sacerdotes”, entretanto, afirmou que é a Igreja quem leva os homens a Cristo, a Deus.

“É claro que naqueles que a compõe – pastores e fiéis – há defeitos, imperfeições e pecados. O Papa também tem muitos pecados, mas quando nos damos conta desse pecado, encontramos a misericórdia de Deus. Deus sempre perdoa. Não esqueçamos isto”, manifestou.

Nessa linha, o papa disse que Deus criou o homem para que viva em profunda relação com Ele e que, inclusive, “quando o pecado rompe essa relação, Deus não nos abandona”.

"Toda a história da Salvação é a história de Deus que busca o homem, oferece-lhe seu amor e o acolhe”, esclareceu o Papa, que ressaltou que a Igreja nasce do “gesto supremo de amor da Cruz, do lado aberto de Jesus, do qual jorrou sangue e água, símbolos dos sacramentos da Eucaristia e do Batismo”.

Destacou, também, que a Igreja se manifestou quando o Espírito Santo “encheu o coração dos apóstolos e impulsionou-lhes para anunciarem o Evangelho, difundindo o amor” (Pentecostes).
Religión Digital, 29-05-2013.