sábado, 4 de janeiro de 2014

Papa: "Como São Fabro, jesuítas devem despojar-se e preencher-se de Deus"


Roma (RV) – O Evangelho deve ser anunciado com doçura e não à força”. Foi o que recordou Francisco nesta sexta-feira, 03, a seus irmãos jesuítas, na homilia da missa celebrada na Igreja de Jesus, no centro de Roma. Da cerimônia participaram 350 membros da Ordem, a quem o Papa convidou a seguir o exemplo de São Pedro Fabro, um dos primeiros companheiros de Santo Inácio e fundador da Companhia de Jesus.

Uma multidão recebeu Francisco em sua chegada à igreja. Descendo do carro, o Pontífice cumprimentou os fiéis retidos atrás de barreiras e entrou no templo. No dia em que a Igreja recorda o Santíssimo nome de Jesus, a celebração teve caráter de ação de graças pela inscrição no catálogo dos Santos, no dia 17 de dezembro passado, de Pedro Fabro, primeiro sacerdote jesuíta.

Pedro Fabro era completamente centrado em Deus e por isso, podia ir, em espírito de obediência e muitas vezes a pé, a qualquer lugar da Europa e dialogar com todos com doçura, anunciando o Evangelho”.

“Um dos maiores desejos de Fabro era ser ‘dilatado’ em Deus, ele tinha queria dedicar o centro de seu coração a Jesus, era devorado pelo anseio de comunicar o Senhor”. “E nós também – acrescentou Francisco – devemos deixar agir em nós o fascínio de Jesus”.

Ainda na homilia, o Pontífice lembrou os dizeres de São Paulo: “Tenham os mesmos sentimentos de Jesus Cristo, que mesmo estando na mesma situação de Deus, não viu isto como um privilégio, mas despojou-se de tudo e assumiu a condição de servo”.

Nós jesuítas – frisou forte o Papa – queremos atuar sob a sua insígnia, e isto significa ter os mesmos sentimentos de Cristo. Significa pensar como Ele, querer bem como Ele, ver como Ele, caminhar como Ele. Significar fazer tudo o que Ele fez, com os sentimentos de seu coração”.

Continuando, o Papa disse que “se o Deus das surpresas não estiver no centro, a Companhia se desorienta”:

Por isso, ser jesuíta significa ser uma pessoa de pensamento incompleto, aberto, porque pensa sempre mirando no horizonte que é a glória de Deus, que nos surpreende sempre. É esta a inquietude de nossa profunda voragem. A santa e bela inquietude”, completou.

Francisco observou que é necessário “procurar Deus para encontrá-lo, e encontrá-lo para procurá-lo e achá-lo ainda e sempre”:

É esta inquietude que dá paz ao coração de um jesuíta, uma inquietude apostólica, que não nos deixa jamais cansar de anunciar o querigma, de evangelizar com coragem. Sem inquietude, somos estéreis”, concluiu.
(CM)



Texto proveniente da página do site da Rádio Vaticano 

Jornal do Vaticano terá página dedicada à teologia da mulher


Cidade do Vaticano (RV) – “Mulheres, Igreja, Mundo”, suplemento mensal do L’Osservatore Romano, terá a partir de janeiro uma página a mais, dedicada à teologia da mulher. Um editorial explica que a iniciativa “responde aos repetidos pedidos do Papa Francisco para aprofundar a teologia da mulher, a fim de definir melhor seu lugar na vida da Igreja.

Assim, “a cada mês, um teólogo ou teóloga vai desenvolver considerações sobre esta questão, aberta e central na Igreja de hoje, enriquecendo com novos argumentos o debate em curso”.

Segundo o editorial publicado sexta-feira, 03, informa ainda que “o ano novo se abre com um número monotemático dedicado à família, que será tema de reflexões e análise do mundo católico em preparação ao Sínodo convocado para outubro de 2014”.

“De fato, as mulheres – centrais nas relações que unem e animam as famílias, além de diretamente envolvidas nos aspectos concretos e afetivos – são também centrais ao fazer da família o lugar de transmissão da experiência de fé”, explica o jornal.
(CM)



Texto proveniente da página do site da Rádio Vaticano 

Evangelho do dia

Ano C - 04 de janeiro de 2014

João 1,35-42

Aleluia, aleluia, aleluia.
Depois de ter falado, no passado, aos nossos pais, pelos profetas, muitas vezes, em nossos dias Deus falou-nos por seu Filho (Hb 1,1s).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
1 35 No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois dos seus discípulos.
36 E, avistando Jesus que ia passando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus”.
37 Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus.
38 Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?” Disseram-lhe: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?”
39 “Vinde e vede”, respondeu-lhes ele. Foram aonde ele morava e ficaram com ele aquele dia. Era cerca da hora décima.
40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido.
41 Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: “Achamos o Messias” (que quer dizer o Cristo).
42 Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: “Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas” (que quer dizer pedra).
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
CONVIVENDO COM JESUS
João Batista deu-se conta da responsabilidade de levar também os seus discípulos a reconhecerem o Messias. Ao apontar para Jesus, declarando-o Cordeiro de Deus, sugeriu-lhes que seguissem o verdadeiro Mestre. Sua missão tinha sido cumprida. Então, os discípulos de João puseram-se a seguir Jesus.
João havia descrito o Messias vindouro com tons solenes. Sua descrição não correspondia bem à pessoa que os discípulos tinham diante de si. Por isso, manifestaram o desejo de saber onde Jesus habitava.
O núcleo da questão não consistia em conhecer a casa onde o Mestre morava. Isso era secundário! Importava mesmo saber quem era Jesus. E o conhecimento resultou da convivência. O contato, ao longo daquele dia, foi suficiente para que os discípulos de João descobrissem a identidade de Jesus e reconhecessem nele o Messias esperado.
O encontro com Jesus foi tão profundo que suas circunstâncias ficaram impressas na memória dos discípulos. Estes, então, apressaram-se a comunicar aos demais a experiência feita. A aceitação do convite vinde e vede e a fascinação, que daí resultou, provocaram uma reviravolta na vida dos discípulos. Doravante, não seriam mais os mesmos.

Oração Senhor Jesus, que a convivência contigo possa ajudar-me a conhecer-te mais e a compreender melhor a missão que reservaste para mim.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Leitura
1 João 3,7-10
Leitura da primeira carta de João.
3 7 Filhinhos, ninguém vos seduza: aquele que pratica a justiça é justo, como também (Jesus) é justo.
8 Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio.
9 Todo o que é nascido de Deus não peca, porque o germe divino reside nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus.
10 É nisto que se conhece quais são os filhos de Deus e quais os do demônio: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, como também aquele que não ama o seu irmão.
Palavra do Senhor.
Salmo 97/98
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.


Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.

Aplauda o mar com todo ser que nele vive,
o mundo inteiro e toda gente!
As montanhas e os rios batam palmas
e exultem de alegria.

Na presença do Senhor, pois ele vem,
vem julgar a terra inteira.
Julgará o universo com justiça
e as nações com equidade.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, pela vinda do vosso Filho, vos manifestastes em nova luz. Assim como ele quis participar da nossa humanidade, nascendo da Virgem, dai-nos participar de sua vida no reino. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Papa pede maior cuidado na formação de novos religiosos


Cidade do Vaticano, 04 jan (SIR) – O Papa Francisco insistiu num maior cuidado na formação de novos religiosos e elogiou o esforço de Bento XVI no combate aos casos de abusos sexuais, revela a revista jesuíta ‘La CiviltàCattolica’, publicada na Itália em seu último número.
“Se um jovem foi convidado a sair de um instituto religioso por causa de problemas de formação e motivos sérios, mas depois é aceito num seminário, isso é um grande problema”, alertou, citado na edição especial que recorda o encontro entre o Papa e a União dos Superiores Gerais dos institutos religiosos da Igreja Católica.
A audiência a cerca de 120 responsáveis deu-se a 29 de novembro, no final da 82ª assembleia geral da União dos Superiores Gerais (USG), no Vaticano. Francisco considera que o caminho seguido por Bento XVI para combater os casos de abusos deve “servir de exemplo para ter a coragem de assumir a formação pessoal como um desafio sério, tendo sempre em mente o Povo de Deus”.
“Não devemos formar administradores, gestores, mas pais, irmãos, companheiros de caminho”, observou. O Papa pediu que os religiosos formem “o coração” e estejam atentos à linguagem dos jovens de hoje, “numa mudança de época”. “Caso contrário, formamos pequenos monstros e depois esses monstrinhos formam o Povo de Deus. Isso deixa-me a pele arrepiada”, disse.
O artigo de 15 páginas é assinado e comentado pelo padre AntonioSpadaro, jesuíta que em agosto de 2013 fez uma entrevista a Francisco, publicada pelas várias revistas da Companhia de Jesus, e que acompanhou a audiência concedida pelo Papa à USG.
Francisco passa em revista os desafios que se colocam hoje à Vida Consagrada e à Igreja Católica, no seu todo. O encontro durou três horas, com perguntas e respostas, e o Papa anunciou então que vai dedicar o ano de 2015 à Vida Consagrada. “A Igreja deve ser atraente. Acordai o mundo! Sejam testemunhas de um diferente de fazer, de agir, de viver”, disse o Papa.
Francisco pediu que a vida religiosa não seja vista como um “refúgio e consolação perante um mundo exterior difícil e complexo”.O Papa falou da hipocrisia como um dos “males mais terríveis” na Igreja e defende que os problemas se resolvem com “diálogo” e não “proibindo isto ou aquilo”.

Francisco elogia luta de Bento XVI contra abusos
O papa Francisco elogiou, nesse dia 3, seu antecessor, o papa emérito Bento XVI, por sua "grande decisão de afrontar casos de abuso" na Igreja Católica.Ele ainda citou o compromisso de Joseph Ratzinger na prevenção de abusos e a séria formação dos futuros sacerdotes. "Ele deve ser um exemplo por ter tido coragem de assumir a formação pessoal como sério desafio tendo em mente sempre o povo de Deus", disse.
SIR
Revista jesuíta publica artigo especial após encontro privado entre Francisco e 120 superiores gerais.

Perspectivas para o ano de 2014


Papa Francisco: caminhos para a Igreja nos próximos anos.
Por Dom Canísio Klaus*
Iniciamos o ano 2014 da era cristã. É a oportunidade de deixarmos para trás tudo aquilo que nos fez sofrer nos anos passados e iniciarmos um novo período. É também a oportunidade de reassumirmos com novo ânimo aquilo que está sendo importante para a nossa edificação e tocarmos a vida em frente.

Na passagem de ano, muitas vezes ouvimos as palavras “paz, saúde e alegria”. Pessoalmente, espero que este seja um ano de paz no mundo, harmonia nas famílias, prosperidade para o povo brasileiro, alegria nos corações, revitalização da vivência de fé nas comunidades, crescimento do espírito de solidariedade entre os povos, incremento de políticas públicas que beneficiem os pobres, conversão das pessoas para a proteção do meio ambiente, solidificação da dimensão missionária da Igreja, maior abertura ecumênica e diminuição das injustiças.

Para a Igreja Católica, abrem-se boas perspectivas a partir do Sínodo Extraordinário sobre a família, que, espero eu, irá ajudar a Igreja a discernir as posições a serem adotadas frente às novas famílias que estão se constituindo no mundo. As milhares de pessoas e grupos que estão respondendo ao questionário da Santa Sé certamente vão indicar, para os bispos sinodais, a direção para onde aponta o Espírito Santo no atual momento da história. Também são boas as perspectivas que se abrem para a Igreja no Brasil a partir do tema do documento de estudo da CNBB sobre a revitalização das comunidades, que será tema da próxima assembléia geral da CNBB. Ainda, em nível de Brasil, vai merecer destaque em 2014 a Campanha da Fraternidade com o tema “Fraternidade e tráfico humano”, chamando a atenção da sociedade para as várias formas de tráfico humano, denunciando-o “como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus” (Texto Bse da CF n. 5).

O papa Francisco, em sua primeira Exortação Apostólica que tem o título de Evangelii Gaudium – “A alegria do Evangelho”, dirige-se aos fiéis cristãos e os convida “para uma nova etapa evangelizadora marcada pela alegria”, indicando, assim, “caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos”. O acento é a alegria, uma vez que “o grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é a tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, não se ouve a voz de Deus, não se goza da doce alegria do amor nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem”.

Diante do novo ano que estamos iniciando, considero-me uma pessoa otimista. Tenho muitas razões para acreditar que este ano será muito bom para todos nós e, particularmente, para a Igreja. É por isso que convido os irmãos e as irmãs a que nos unamos para fazer de 2014 um ano de muitas alegrias e grandes realizações. Que Deus nos abençoe!
CNBB, 02-01-2014.
*Dom Canísio Klaus é bispo de Santa Cruz do Sul (RS).

Para 2014 ...Decido e espero


Queima de fogos na praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Nos primeiros dias do ano, recuso-me a fazer a sempiterna lista de decisões e resoluções. Primeiro, porque são quase sempre as mesmas. E as que se repetem, em geral, é porque não as cumpri, ou não completamente, tal como havia resolvido. Segundo, porque fazê-las no Ano-Novo tem talvez o valor simbólico de começar algo novo no ano que vai iniciar-se. Mas certamente não por isso tem mais força de persuasão e de motivação do que se as fizesse em algum outro momento do ano.
Penso, além disso, que há coisas que muito desejo para 2014, mas não posso decidir que aconteçam ou resolver, sem mais, fazer. E estas são, talvez...talvez não, certamente as mais importantes. E por que não posso fazer ou resolver? Porque não dependem de mim. Não tenho poder nem força para que aconteçam, tal qual as fadas nos contos da minha infância, levantando a varinha e fazendo o condão acontecer na realidade: a menina esfarrapada virava princesa, a abóbora, carruagem, os ratos, palafreneiros e assim por diante.
Não sou fada, não faço mágicas nem tenho varinha de condão. Mas Deus, Senhor da História, tornou-me, sim, poderosa de outra maneira. Sou um ser de desejos e a quem é possível a esperança. E, se neste final de ano, vou rememorar as decisões que sempre tomo e cumpro parcialmente ou não cumpro – fazer dieta, exercícios físicos, levantar mais cedo, dormir idem, terminar um livro que está parado há muito tempo – em 2014 decido dedicar-me mais às coisas que não estão ao meu alcance fazer, mas apenas desejar e esperar. Até porque, tal como a condessa do memorável livro de Bernanos confessa ao pároco de aldeia: “Pequei contra a esperança todos os dias da minha vida.” Isso é verdade de mim nos últimos tempos e humildemente o confesso ao leitor.
Por exemplo, não esperava que Deus desse tamanho chefe a sua Igreja. E quando anunciaram o nome do cardeal Bergoglio, fiquei perplexa. Já ia ensaiando uma crítica daquelas que aprendi nos bancos acadêmicos, quando o mundo inteiro ouviu ressoar o singelo “Buona Sera” do Pontífice recém-eleito. E a partir daí tudo foi diferente. Cada dia é um despertar com renovada alegria e esperança, indo correndo aos jornais para ler as notícias de mais alguma bela atitude, gesto ou declaração desse que se tornou a personalidade do ano e mudou a imagem da Igreja Católica em dias. Meu amor por minha Igreja, que nunca esmoreceu nem desfaleceu, agora vai atravessado de sadio orgulho. Não é obra minha, nem tive participação nisso, a não ser com oração. Mas desejei, esperei, assim como tantos outros. E aí está. Habemus Papam...para corrigir minha falta de fé.
Não esperava que os jovens se mobilizassem e fossem às ruas. Não via isso desde o famigerado governo Collor. E, no entanto, aconteceu. Após décadas em que acusamos a juventude de ser alienada, de só olhar para seu umbigo e seu iphone, de só se interessar por seu celular, a pororoca das manifestações aconteceu. Apesar de toda a sua ambiguidade, de todos os seus desvios. Apesar dos blackblocks ou whiteblocks, ou seja de que cor forem os infiltrados. Mas viu-se e constatou-se que algo para além do Iphone, do Ipad, do II (aiai) de Steve Jobs consegue mobilizar as novas gerações, indigná-las e fazer com que vão às ruas, protestar, reivindicar, arriscar segurança e bem-estar pelo bem comum. Como tantos, acompanhei esta voz rouca das ruas que, se não alcançou tudo o que desejava, certamente desestabilizou bastante aquilo que alguns achavam que era intocável patrimônio de omissão e irresponsabilidade. Haverá que pensar um pouco mais ao desrespeitar tanto o povo brasileiro. É um processo longo, mas não se pode ignorar que ele já começou.
Por essas e outras, para 2014 desejo e espero. Que as eleições constituam um momento de verdadeira consciência pública e cívica, com honestos e abertos debates acontecendo no país e nós, eleitores, votando não segundo pequenos e comezinhos interesses pessoais, mas segundo os interesses da maioria mais pobre e necessitada. Que a Copa do Mundo não enlouqueça os brasileiros, mas sim seja apenas um belo momento onde o esporte nacional, paixão nossa de cada dia, aconteça pacificamente, sem agressões físicas de torcedor a torcedor. E sem obnubilar as outras questões sérias do dia a dia – trabalho, esforço, criatividade – transformando-nos em 200 milhões de pessoas que não fazem nada mais a não ser olhar para uma telinha ou telona ou acotovelar-se brutalmente em estádios.
Desejo e espero que a liberdade de pensamento seja uma realidade e não tenhamos mais que viver a vergonha de ver jovens estudantes ou trabalhadores vaiando alto a blogueira cubana Yohanni Sánchez, impedindo-a de falar. E que a poesia volte a ocupar seu lugar central na alma do povo brasileiro. Desejo e espero que, por favor, não haja mais pessoas jovens e válidas física e mentalmente que se dediquem a pichar a estátua do poeta maior Carlos Drummond de Andrade. De que adianta ser potência mundial se não respeitamos os poetas, cantores nossos, responsáveis pela lírica que expressa o melhor de nós?
Desejo e espero muitas outras coisas. Espero que o leitor faça crescer minha lista de desejos e esperanças. Que venha 2014! E nele não nos cansemos de desejar e esperar tudo aquilo que nos faz mais humanos e mais dignos de ser chamados filhos de Deus! Feliz Ano Novo!

Maria Clara Bingemer é teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio. É autora de diversos livros, entre eles, ¿Un rostro para Dios?, de 2008, e A globalização e os jesuítas, de 2007. Escreveu também vários artigos no campo da Teologia. 

Papa doa R$ 11,7 milhões para ajudar no pagamento de dívida da JMJ


Papa Franscisco comandou a JMJ e emocionou os participantes
Por Douglas Corrêa

Rio de Janeiro - O papa Francisco contribuiu com R$ 11,7 milhões para ajudar a saldar parte dos investimentos feitos para viabilizar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A informação é do Comitê Organizador Local da JMJ Rio2013.

O papa Francisco reconheceu o grande trabalho do Comitê Organizador Local na organização da jornada, na capital fluminense, em julho passado. Desde que assumiu o pontificado, a participação na JMJ representou a primeira viagem internacional e primeiro retorno à América Latina. Sensibilizado, ele mostrou-se disposto a contribuir com ajuda financeira para saldar parte dos gastos na organização da JMJ, fato que foi concretizado hoje.

A jornada passou por auditoria independente da Ernst&Young que confirmou o déficit de R$ 91,3 milhões, registrado em 31 de agosto último. Após o evento, com a negociação com fornecedores, doações, campanhas e a venda de um imóvel, o saldo da dívida com credores diminuiu para R$ 43,2 milhões, dos quais R$ 20,28 milhões devidos a fornecedores e R$ 22,92 milhões decorrentes de despesas de alimentação. Com o valor doado pelo Vaticano, a dívida da JMJ com os fornecedores ficou em R$ 31,5 milhões.

"Não houve qualquer aporte de dinheiro público, sendo inverídica a informação de que a Jornada teria recebido R$ 118 milhões dos governos federal, estadual e municipal. A participação da administração pública se deu para assegurar o funcionamento dos serviços públicos durante o evento" destacou, em nota, a assessoria da JMJ. Em outubro foi lançada a campanha de doações, que recebeu cerca de R$ 800 mil. Os recursos foram aplicados na JMJ Rio2013.
Agência Brasil