quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Evangelho do dia

Ano C - 26 de dezembro de 2013

Mateus 10,17-22

Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendito o que vem em nome do Senhor. Nosso Deus é o Senhor, ele é a nossa luz (Sl 117,26s).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 10 17 Disse Jesus: “Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas.
18 Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos.
19 Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer.
20 Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós.
21 O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão.
22 Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
SEREIS ODIADOS POR TODOS
A encarnação de Jesus não baniu o pecado da história humana. Embora ela se tenha constituído na possibilidade concreta de superação do pecado, muitos ainda haveriam de resistir, preferindo um projeto de vida cujo desfecho é a condenação.
Por outro lado, a quem optasse por ele, o Messias não apresentava uma vida de segurança e de comodidade. A resistência que Jesus experimentou por parte de seus contemporâneos teve prosseguimento na experiência dos discípulos. A opção pelo caminho de Jesus exigia força e coragem diante das perseguições, dos flagelos, dos processos nos tribunais que os inimigos de Deus haveriam de impingir aos seguidores de seu Filho. Como Jesus, o discípulo seria também a presença questionadora da salvação na história humana, embora muitos iriam persistir no caminho do pecado.
A história da fé cristã, por isso, estava fadada a ser uma história de martírio e de testemunho da fé, pela entrega corajosa da própria vida. Por conseguinte, o discípulo deve considerar estas circunstâncias como possibilidade de comprovar a profundidade de sua opção pelo Reino anunciado por Jesus.

Oração
Senhor Jesus, apesar das dificuldades que encontro para te seguir, faze-me caminhar, com fidelidade, nas estradas da salvação, que abriste para a humanidade.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Leitura
Atos 6,8-10;7,54-59
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 6 8 Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo.
9 Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se para disputar com ele.
10 Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito que o inspirava.
54 Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele.
55 Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus:
56 “Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”.
57 Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele.
58 Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo.
59 E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”.
Palavra do Senhor.
Salmo 30/31
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

Sede uma rocha protetora para mim,
um abrigo bem seguro que me salve!
Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza;
por vossa honra, orientai-me e conduzi-me!

Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
Vosso amor me faz saltar de alegria,
pois olhastes para as minhas aflições.

Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!
Mostrai serena a vossa face ao vosso servo
e salvai-me pela vossa compaixão!
Oração
Ensinai-nos, ó Deus, a imitar o que celebramos, amando os nossos próprios inimigos, pois festejamos santo Estêvão, vosso primeiro mártir, que soube rezar por seus perseguidores. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Dom Cláudio Hummes: "Francisco e o Natal: os pobres, a paz e a Criação"





Cidade do Vaticano/São Paulo (RV) – “Francisco e o Natal”: este é o tema inspirador da reflexão feita em exclusiva ao Programa Brasileiro pelo Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero.

Sabemos que São Francisco de Assis fez o primeiro presépio. Há três pontos que o Papa sempre cita e que têm tudo a ver com o Natal: o primeiro são os pobres. Nós devemos ir até os pobres, sermos os irmãos dos pobres, sermos capazes de abraçar os pobres, de consolá-los, de encorajá-los e de com eles lutar contra a pobreza, a carência e a exclusão, sobretudo. Jesus Cristo veio para isto e o Papa nos lembra muito fortemente. Este é um aspecto de São Francisco de Assis: estar ao lado dos pobres, ser uma Igreja pobre. Jesus nasceu pobre e em meio aos pobres, e os primeiros a visitá-los foram os pobres pastores”.

“O segundo ponto que podemos acentuar é a paz, que vem da fraternidade, como diz o Papa na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2014. Jesus Cristo é o Príncipe da paz, veio reconciliar os homens entre si e com Deus. A paz deve estar baseada na fraternidade, no acolhimento, na compreensão, no diálogo, no perdão. Jesus Cristo nos faz lembrar isso tudo com o seu nascimento. Ele veio para restabelecer a paz e São Francisco é o homem da Paz, como nos diz a oração que lhe é atribuída, “Senhor, fazei de mim instrumento de sua paz”.

“O terceiro ponto é a natureza, a Criação. São Francisco chama todas as criaturas de seus irmãos: o sol, a lua, as estrelas, as matas, a água, o fogo e o vento; mas, sobretudo, os seres humanos. Ele chama até mesmo a morte de ‘irmã-morte’. Isto tudo tem a ver com a fé no Deus-Pai, que é o criador e que ama sua Criação. Deus não rejeita sua Criação, Ele a ama. Ele nos entregou a Criação para que cuidássemos dela: para que vivêssemos, sim, dos produtos da natureza, os cultivássemos, e não os destruíssemos. Tudo isto se relaciona com a vinda de Jesus Cristo, que veio nos ajudar a colocar de novo tudo na luz de Deus: tudo aquilo que nos é dado na natureza é um dom, um presente de Deus. Deus Quando Jesus se faz homem, ele é uma espécie de microcosmo, nele está tudo resumido. Deus, Jesus, se fazendo homem, também envolve toda a natureza, o respeito e o amor que devemos ter por ela. Devemos louvar a Deus em nome da natureza”.

“Que este Natal seja para nós um momento feliz em que Jesus Cristo assume toda a sua Criação na sua humanidade, e nos dá, de novo, uma esperança para que tudo seja como o sonho inicial de Deus. Nós devemos viver o Natal este ano neste espírito, de São Francisco e do Papa Francisco, tendo como temas a fraternidade, os pobres, a paz e a conservação, o cuidado da natureza”.

Ouça a reportagem completa com Dom Cláudio Hummes, Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, clicando acima.
(CM)



Texto proveniente da página do site da Rádio Vaticano

Deus está conosco!


"Seja este tempo um renovar de esperanças e de concretizar ideais em sua vida!"
Por Dom Orani João Tempesta*

O centro da vida e da liturgia cristã é a Páscoa! E é justamente nessa luz da ressurreição que entendemos a celebração do Natal! Aquele que veio para nos dar a vida para nos salvar é o Deus conosco, que nasceu de Maria Virgem, em Belém.

Portanto, o berço, a "manjedoura" está na sombra da cruz e do sacrifício, mas também à luz da Ressurreição. O mistério da Encarnação do Filho de Deus está escondido no mistério da Páscoa. Os sinais da luz que brilha no meio das trevas estão presentes nessas celebrações.

Cada festa tem suas repercussões populares e culturais diferentes. Em muitas culturas, a Véspera de Natal é um ambiente familiar único: presépio, músicas natalinas, comida tradicional, Missa do Galo à meia-noite e um céu estrelado. Natal sempre será tempo para a família e os amigos – a presença física com as pessoas que mais amamos. Mesmo os que não creem em Cristo, de uma forma ou outra, são contagiados pelo clima natalino que chama à gratuidade, generosidade, fraternidade. Porém, para os cristãos o sentido último do Natal iremos encontrar no ápice do ano litúrgico, que é o Tríduo Pascal, a festa das festas.
E foi a luz do mistério pascal celebrado pelos primeiros cristãos que deu origem a outras festas, incluindo a Natividade de Jesus. Pode-se dizer que o mistério da Encarnação de Jesus em Belém estava escondido desde o começo do mistério da Páscoa. Assim foi também a redação dos evangelhos.

Celebramos o Natal, uma grande festa para todos os cristãos! Mas o Natal não tem um significado religioso somente para os cristãos. A imagem de Maria, José e o Menino, que envolve o imaginário de cada homem, faz surgir muitos pensamentos sobre as questões fundamentais da vida e do destino da pessoa, ou seja, o significado de sua vida. O que impressiona, além do sentido religioso do Natal, é o sentimento associado a ele: a santidade da família e a felicidade que ela deve trazer. Cristo, que no Natal se faz pequeno para viver entre os homens e as mulheres, nos ensina cada vez mais a pobreza e o despojamento de um Deus que assume a nossa natureza humana. Que seus braços abertos nos inspirem o acolhimento mútuo para vivermos em unidade com o Redentor, e sermos, assim, a imagem viva e a presença marcante do Menino Jesus entre os nossos irmãos.

No Natal contemplamos o grande mistério de Deus que se faz homem no seio da Virgem Maria. Ele nasce em Belém para partilhar a nossa frágil condição humana. Vem entre nós e traz a salvação ao mundo inteiro. A sua missão será reunir os homens e os povos na única família dos filhos de Deus. É a proximidade de Deus que somos convidados a anunciar com alegria aos povos. Ao homem, que com o pecado tinha se afastado do Criador, é agora oferecido em Cristo o dom de uma nova e mais plena comunhão com Ele. O Natal reacende no coração dos homens e mulheres a esperança, enquanto se voltam a abrir para a humanidade as portas do paraíso.

É Natal! Fazemos memória do nascimento de Jesus Cristo! Já brilha para nós o Sol nascente que ilumina os que jazem nas trevas e na sombra da morte e guia nossos passos no caminho da paz (cf. Lc 1,78-79).

Que a luz do Cristo presente entre nós, descortinando os desígnios divinos para a humanidade, resplandeça em nossos corações para que sejamos anunciadores de um mundo novo onde a justiça, a paz, a fraternidade e a caridade superem as trevas da violência, do egoísmo e da indiferença.

Seja este tempo um renovar de esperanças e de concretizar ideais em sua vida e no âmbito de seus relacionamentos e atuação, para que a luz do Sol nascente perdure ao longo do novo ano que se aproxima.

Feliz e abençoado Natal a todos! O Redentor veio habitar entre nós!
CNBB, 25-12-2013.
*Dom Orani João Tempesta é arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ).

Natal: intercâmbio de dons entre o céu e a terra


Natal: Para a humanidade que parece ter perdido o sentido da vida, eis uma ocasião indispensável para uma revisão de vida.
Por Padre Geovane Saraiva*

Natal é um convite feito às pessoas de boa vontade de “participar da divindade daquele que uniu a Deus nossa humanidade”, manifestando-se como luz, a iluminar todos os povos no caminho da salvação. No Natal experimentamos misteriosamente “a troca de dons entre o céu e a terra”, na ternura e esperança, sem jamais ter medo da ternura, disse o papa Francisco.

O Menino Jesus, tão pequeno na gruta de Belém, entrou no mundo como uma criança frágil, vivendo na sociedade de seu tempo, filho de Maria de Nazaré e do carpinteiro José, querendo, evidentemente, desmanchar a montanha do orgulho e do egoísmo, amparado pela simbologia do manto da paz, da justiça, da ternura e da solidariedade. Mas ele, sem que as pessoas conseguissem perceber, carregava consigo uma profunda marca, a natureza divina – É o Verbo de Deus que se encarnou e veio se estabelecer entre nós (Jo 1, 14).

De nós católicos cabe exultar e, ao mesmo tempo, contemplar associados aos anjos, que povoaram os céus naquela noite feliz e memorável, no insondável e misterioso coro: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”, para que sua chegada encontre morada no interior das pessoas, além de causar-nos uma alegria transbordante, naquele que de modo inexprimível, no dizer Santo Afonso Maria de Ligório, “desce das estrelas, vindo morar numa gruta, ao frio, ao gelo”.

Que este Natal de 2013, a partir dos gestos, atitudes e palavras do nosso querido papa Francisco, seja de verdade: festa de paz, amor, justiça e fraternidade. Não terá nenhum sentido celebrar o Natal do Senhor, sem que aconteça no nosso interior, profundas mudanças de conversão, aceitando na vida e no dia a dia a atitude pobre, mansa e humilde de Jesus da Nazaré.

Para a humanidade que parece ter perdido o sentido da vida, eis uma ocasião indispensável para uma profunda revisão de vida, no menino que o vemos na manjedoura, pobre e frágil, simples e humilde, mas que recorda um número infinito de meninos empobrecidos, cansados de ilusórios presentes. Eles não querem esses ilusórios presentes, porque estão ávidos é de um futuro, marcado de pequenos gestos, gestos concretos traduzidos em despojamento, amor de verdade!

Saibamos, pois, aproveitar do Natal, festa tão simpática, a qual enche nossos corações de enorme alegria!  Alegria mesmo por toda parte! Vamos ficar bem atentos diante do Evangelho, como palavra de ordem: “Eis que eu anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo” (Lc, 2, 10). Mas qual é mesmo a verdadeira alegria? “Nasceu-vos hoje na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2, 11).

Um feliz Natal! Eu sonho com aquela esperança indissolúvel, da terra transformar-se céu e o céu transformar-se terra, “Porque um menino nasceu para nós, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: conselheiro admirável, Deus forte, pai dos tempos futuros, príncipe da paz” (Is 9,5). Amém!
* Geovane Saraiva é Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”

Melhor Natal da vida



(Foto: Reprodução)
Que Natal nos fez mais felizes? Pergunta difícil de ser respondida. A memória engana-nos facilmente. Colore o passado remoto de cores que o tempo deveria ter apagado. E escurece o presente cujo colorido ainda está novo. Curioso paradoxo! Quando as saudades batem, o Natal da infância aflora com Papai Noel, pinheirinhos, presentes, velas e cantos. Mas para quantos a infância foi sofrida, sem essas belezas imaginadas

No correr da nossa vida terá havido algum Natal todo especial que realmente nos marcou? A pergunta remete-nos para a profundidade do coração. Lá se encontra a sede das jubilosas alegrias e das penosas dores. Lá se processa o triturar das experiências, fazendo correr o suco do gozo ou do sofrimento.

A festa do Natal conjuga a natureza e a cultura. O hemisfério Norte conhece-o coberto de neve, com frio e aconchego doméstico. As Igrejas aquecidas por dentro e atapetadas de ornamentos contrastam com o frio cortante do exterior. As celebrações litúrgicas vestem-se de esplendor original. As músicas, as luzes rompem a sombra do cedo e frio escurecer. Nesses mesmos Natais, abate sobre tantos e tantos a angústia até as raias do desespero. Outro paradoxo. Natal de felicidade e de dolorosa noite.

No lado Sul, tudo são calor, dia longo e noite curta. A natureza ressuda vida, claridade e exuberância. O Natal volta-se para fora. As crianças acordam cedo e saem às ruas mostrando os presentes ganhos. Esquece-se a injustiça do ano e uma onda de generosidade cai sobre tantos e tantos que acorrem às creches, a rincões pobres levando uma gota de felicidade a crianças que nunca veem um presente.

A Festa de Natal se dilacera entre duas culturas. Aquela que vem de longe, pontilhada de sinais religiosos. Já rolaram séculos desde que a Igreja de Roma celebra a partir do IV século o Natal de Jesus, Verdadeiro Sol da Justiça, no dia em que os pagãos comemoravam a festa mitríaca do Renascimento do Sol. A liturgia embelezou-a de ofícios, cantos e celebrações a tal ponto que muitos cristãos a julgam a festa litúrgica, se não a mais importante, ao menos a mais comovente. Depois do Concílio Vaticano II, com a valorização crescente da leitura bíblica, cada ano se prepara uma novena diferente, recheada de textos da Escritura. E muitos fiéis preparam-se durante nove dias para celebrar o Natal.

Infelizmente cresce outra tradição cultural, mais recente, nascida nas ondas consumistas do capitalismo avançado. A tradição das festanças e presentes de Natal remonta a longa  data, mas guardava-se, com raras exceções, forma externa moderada que as condições econômicas naturalmente configuravam. Nas últimas décadas, com o reinado exuberante e vistoso dos shoppings, o consumismo tomou proporções desvairadas. O Brasil ainda não tem a abundância esbanjadora dos países ricos europeus e da América do Norte, mas caminha a passos largos para o mesmo tipo de celebração.

Só quem mede a felicidade pela quantidade de bens materiais considerará o melhor Natal aquele que somar maior consumo em bebidas e comidas, cercado de montanhas de presentes. Quando, porém, se evaporarem os últimos eflúvios etílicos, se gastarem as papilas com tantos sabores e se cansarem os braços de tanto carregar embrulhos, ficará o silêncio vazio de prazeres passados, sem a felicidade sonhada. O melhor Natal certamente deixará após si a memória feliz da acolhida do grande Presente divino em sintonia com o dom de si.

João Batista Libânio é teólogo jesuíta. Licenciado em Teologia em Frankfurt (Alemanha) e doutorado pela Universidade Gregoriana (Roma). É professor da FAJE (Faculdades Jesuítas), em Belo Horizonte. Publicou mais de noventa livros entre os de autoria própria (36) e em colaboração (56), e centenas de artigos em revistas nacionais e estrangeiras. Internacionalmente reconhecido como um dos teólogos da Libertação.