quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vou ao cemitério no Dia de Finados

Dom Pedro Brito Guimarães,
Arcebispo de Palmas (TO)
“Esta é a morada de Deus-com-os-homens. Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram” (Ap 21,3-4).
Aproxima-se um dos dias mais emblemático de todo calendário civil e religioso: o dia de finados - dia de sentimento de perda e de saudade, dia de recolhimento, de silêncio e de oração, dia de esperança e de fé na ressurreição dos mortos.
Com espírito pastoral, gostaria de condividir com vocês os sentimentos mais profundos, as emoções mais verdadeiras e a fé mais autêntica e sincera que invadem o meu coração de irmão, de amigo e de pastor: Um autor desconhecido escreveu recentemente o seguinte: “tudo no mundo morre. O tempo todo. A cada segundo, folhas caem, flores murcham, você pisa numa formiga, a leoa acerta um pulo letal no cervo, 20 pessoas morrem em uma enchente, criança leva bala perdida em tiroteio, motorista dorme ao volante e caminhão choca-se com carro, matando toda uma família. É cientificamente comprovado. Tudo que está vivo pode morrer. Mas quando alguém que você ama morre, não há ciência, razão. O coração desliga-se do cérebro e grita sua dor na única linguagem que conhece: a cada batida...”
A morte é a nossa companheira de viagem. Ela está presente em toda a fase da nossa existência. A morte é certa; mas não há somente morte; a morte é vida no além. Santa Teresinha já dizia: “não morro, entro na vida”. Jesus Cristo é nossa páscoa, vida e ressurreição. Nossas vidas estão nas mãos de Deus. No céu o veremos face a face e saberemos como Ele é.
No dia de finados é comum irmos ao cemitério para rezar pelos defuntos. A oração por eles é tradição da Igreja católica. Outro dia, numa visita pastoral, no cemitério, encontrei a seguinte frase, meio empoeirada, amarelada pelo tempo, pouco observada, mas que continha uma grande verdade: “homenagem dos que vão morrer aos que já morreram”. Somente os que ainda não morreram podem homenagear os que já morreram. Visitar o cemitério, mesmo sendo um costume antigo, é ainda hoje uma atitude cristã louvável, quando nasce da fé e se alimenta da ressurreição. Não podemos deixar que se percam nem o seu valor e nem a sua beleza. Mas como visitar um cemitério? Como se comportar numa vista como esta? O que fazer? Como rezar? O que levar e o que deixar?
A Igreja quando reza pelos defuntos tem em mente três motivos: - primeiro, a comunhão existente entre todos os membros de Cristo, vivos e mortos: na morte, como na vida, somos todos irmãos; - segundo, consolar, confortar e prestar ajuda espiritual a quem está triste e enlutado pela morte de um ente querido; - terceiro, ajudar espiritualmente a quem morreu, de modo que, se for da vontade de Deus a oração ajude a se purificar e chegar a Deus.
Portanto, diante do desespero e do relativismo, que fazem ver a morte como o final da existência, Jesus oferece a esperança da ressurreição e da vida eterna, a fim de Deus seja tudo em todos (1Cor 15,28). É Ele quem nos faz passar da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o sentido da vida, das trevas para a luz, da descrença para a fé, do desalento para a esperança que não engana.
Permitam-me, por gentileza, sugerir-lhes algumas atitudes para acompanhá-los ao cemitério: - momento de oração: reservem um tempo para a oração pessoal; - acendam velas para que seus entes queridos fiquem iluminados pela luz de Cristo; - cubram suas sepulturas com os mantos das flores para a beleza dos olhos e o encanto da alma; - ajudem nas limpezas do ambiente e dos túmulos dos seus entes queridos; - participem das celebrações, eucarística ou da palavra, escutem a Palavra de Deus e comunguem, se puderem; - e creiam na ressurreição da carne e na vida eterna. Cristo ressuscitado, vida e esperança, estará lá e se colocará no nosso meio para enxugar nossas lágrimas, fortalecer nossa fé e aumentar a nossa esperança.
Neste Ano da Fé, eu, pessoalmente, “creio na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna; e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”.
Por todos os defuntos, rezemos juntos: “Descanso eterno, dai-lhes, Senhor. E a luz perpétua os iluminem. Descansem em paz. Amém!

Falecidos, não mortos

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
No próximo dia 2 celebraremos a memória dos fieis defuntos, dos nossos falecidos, daqueles que estiveram conosco e hoje estão na eternidade, os “finados”, aqueles que chegaram ao fim da vida terrena e já começaram a vida eterna. Portanto, não estão mortos, estão vivos, mais até do que nós, na vida que não tem fim, “vitam venturi saeculi”. Sua vida não foi tirada, mas transformada. Por isso, o povo costuma dizer dos falecidos: “passou desta para a melhor!” Olhemos, portanto, a morte com os olhos da fé e da esperança cristã, não com desespero pensando que tudo acabou. Uma nova vida começou eternamente.
Os pagãos chamavam o local onde colocavam os seus defuntos de necrópole, cidade dos mortos. Os cristãos inventaram outro nome, mais cheio de esperança, “cemitério”, lugar dos que dormem. É assim que rezamos por eles na liturgia: “Rezemos por aqueles que nos precederam com o sinal da fé e dormem no sono da paz”.
Os santos encaravam a morte com esse espírito de fé e esperança. Assim São Francisco de Assis, no cântico do Sol: “Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum homem pode fugir. Ai daqueles que morrem em pecado mortal. Felizes dos que a morte encontra conformes à vossa santíssima vontade. A estes não fará mal a segunda morte”. “É morrendo que se vive para a vida eterna!”. S. Agostinho nos advertia, perguntando: “Fazes o impossível para morrer um pouco mais tarde, e nada fazes para não morrer para sempre?”
Quantas boas lições nos dá a morte. Assim nos aconselha o Apóstolo São Paulo: “Enquanto temos tempo, façamos o bem a todos” (Gl 6, 10). “Para mim o viver é Cristo e o morrer é um lucro... Tenho o desejo de ser desatado e estar com Cristo” (Fl 1, 21.23). “Eis, pois, o que vos digo, irmãos: o tempo é breve; resta que os que têm mulheres, sejam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; os que usam deste mundo, como se dele não usassem, porque a figura deste mundo passa” (1 Cor 7, 29-31).
Diz o célebre livro A Imitação de Cristo que bem depressa se esquecem dos falecidos: “Que prudente e ditoso é aquele que se esforça por ser tal na vida qual deseja que a morte o encontre!... Não confies em amigos e parentes, nem deixes para mais tarde o negócio de tua salvação; porque, mais depressa do que pensas se esquecerão de ti os homens. Melhor é fazeres oportunamente provisão de boas obras e enviá-las adiante de ti, do que esperar pelo socorro dos outros” (Imit. I, XXIII). O dia de Finados foi estabelecido pela Igreja para não deixarmos nossos falecidos no esquecimento.
Três coisas pedimos com a Igreja para os nossos falecidos: o descanso, a luz e a paz. Descanso é o prêmio para quem trabalhou. O reino da luz é o Céu, oposto ao reino das trevas que é o inferno. E a paz é a recompensa para quem lutou. Que todos os que nos precederam descansem em paz e a luz perpétua brilhe para eles. Amém

O que aconteceu com o Sínodo?

 

Das 13 assembleias sinodais, essa é a quinta que se realizou no pontificado de Bento XVI, a partir do seu início em 1967. O Papa Ratzinger intensificou os encontros sinodais, um sinal de que ele vai rumo a uma ampliação da colegialidade. A análise é do cientista político e leigo católico italiano Christian Albini, em nota publicada no blog Sperare per Tutti,.



Sessão Plenária do Sínodo/2012(Foto: )
Encerrou-se no dia 28 o XIII Sínodo dos Bispos sobre "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã", que durou três semanas. Mas o que aconteceu nesse encontro que reuniu 262 bispos de todo o mundo, juntamente com 45 especialistas e 50 auditores e auditoras? Foi uma representação significativa do catolicismo, que não deve ser subestimado.
Das 13 assembleias sinodais, essa é a quinta que se realizou no pontificado de Bento XVI, a partir do seu início em 1967. O Papa Ratzinger intensificou os encontros sinodais, um sinal de que ele vai rumo a uma ampliação da colegialidade. Embora, como destacou um artigo de Alberto Melloni, a livre discussão em sala foi muito restrita, e o encontro teve somente um valor consultivo. É um pouco um emblema de algumas contradições da Igreja de hoje. Em todo caso, o fato de que esses encontros já ocorram regularmente é, contudo, uma riqueza que favorece o intercâmbio e o encontro dentro do vasto corpo da Igreja Católica.
Os padres sinodais redigiram uma Mensagem ao Povo de Deus, da qual eu lembro alguns aspectos fundamentais (o texto completo pode ser lido aqui, em italiano).
A mensagem usa como imagem da experiência de fé o encontro de Jesus com a samaritana no poço (João 4, 5-42). A evangelização não é propaganda ideológica, mas sim uma experiência de relação que vai tocar os desejos mais profundos e autênticos do ser humano. Nova evangelização não é recomeçar tudo do início, mas sim um empenho, que recorre em todos os tempos, para que os fiéis evangelizem acima de tudo a si mesmos e façam dos espaços eclesiais poços nos quais todos possam se saciar livremente.
É indispensável aproximarmo-nos, a seguir, do alimento que vem da Palavra de Deus e ficar no nosso tempo e n nossa cultura sem contraposições e sem pessimismo. Isso significa que a Igreja "cultiva com particular cuidado o diálogo com as culturas, na confiança de poder encontrar em cada uma delas as ´sementes do Verbo´, das quais já falavam os antigos Padres".
São fundamentais o estilo, a atitude dos cristãos, como evidencia esta importante passagem:
"Alguém perguntará como fazer tudo isso. Não se trata de inventar sabe-se lá quais novas estratégias, quase como se o Evangelho fosse um produto a ser colocado no mercado das religiões, mas sim de redescobrir os modos pelos quais, na história de Jesus, as pessoas se aproximaram dele e por ele foram chamadas , para introduzir essas mesmas modalidades nas condições do nosso tempo.
"Recordemos, por exemplo, como Pedro, André, Tiago e João foram interpelados por Jesus no contexto do seu trabalho, como Zaqueu pôde passar de simples curiosidade ao calor da partilha da mesa com o Mestre, como o centurião romano pediu a sua intervenção por ocasião da doença de um ente querido, como o cego de nascença o invocou como libertador da sua marginalização, como Marta e Maria viram premiada pela sua presença a hospitalidade da casa e do coração. Poderíamos continuar ainda, traçando as páginas dos Evangelhos e encontrando sabe-se lá quantos modos com os quais a vida das pessoas se abriu nas mais diversas condições à presença de Cristo".
Nessa perspectiva, capta-se o eco do que propõe Enzo Bianchi, que, de fato, estava presente no Sínodo como especialista no seu Nuovi stili di evangelizzazione. Assim o prior de Bose sintetizou o andamento dos trabalhos:
"A Igreja realmente mudou nesses últimos 50 anos: não mais hostilidade contra os ´infiéis´, mas sim diálogo, responsabilidade comum pelo bem da sociedade, busca da paz entre as religiões, liberdade de consciência, afirmação da necessária ´razão humana´ em toda doutrina religiosa.
"A Igreja não quer promover um proselitismo que imponha o evangelho ou seduza os homens, mas quer que a boa notícia possa ser ouvida por todos, porque todo o ser humano tem direito a isso. Por isso, ela se empenha a evangelizar acima de tudo a si mesma e, portanto, a oferecer uma vida que tenha sentido, uma mensagem que afirme que o amor vivido pode vencer a morte. Mas a Igreja na sua obra evangelizadora está ciente de que o mundo não é um deserto, um vazio sem bem e sem valores, mas sim um mundo à espera de respostas adequadas, um mundo habitado e moldado a cada dia pelo ser humano que é sempre um filho de Deus, uma criatura feita à imagem e semelhança de Deus, capaz, portanto, do bem, mesmo se às vezes o mal a fira e a torne desumana. Para anunciar o Evangelho, os cristãos devem então ouvir o mundo, conhecê-lo, ler as suas alegrias e os sofrimentos e, acima de tudo, discernir nele os ´pobres´, os últimos, as vítimas do poder e daqueles que dispõem da riqueza e não se importam com os outros. Se Jesus declarou que veio para trazer a boa notícia do Evangelho aos pobres, a Igreja não pode fazer o contrário, porque, no seguimento do seu Senhor, é chamada a ser, principalmente, Igreja pobre e de pobres.
"Se alguém esperava do Sínodo palavras de esperança e de bondade para as histórias cotidianas de amor que hoje parecem cansativas, contraditas e nem sempre adequadas ao ideal de fidelidade e de união proposto pelo Evangelho, essas palavras foram ditas e ouvidas: reiterou-se diversas vezes que o amor do Senhor permanece fiel, mesmo quando há situações de infidelidade, porque a Igreja é a casa de todos os batizados, também daqueles que vivem situações de contradição com o Evangelho". (Leia aqui o texto na íntegra do artigo de Enzo Bianchi sobre o Sínodo.)
Os padres sinodais sintetizaram os trabalhos em 58 propostas enviadas ao papa, cujo texto está disponível de forma oficiosa somente em inglês (de fato, o "novo latim" da Igreja Católica).
As propostas atribuem uma importância fundamental à inculturação do Evangelho, que deve se encarnar na cultura de todo povo (n. 5). No anúncio do Evangelho, deve ser sublinhada a necessidade de escuta constante da Palavra de Deus através da lectio divina (n. 11) e a vitalidade dos ensinamentos do Vaticano II (n. 12). A missão cristã é indissociável da promoção dos direitos humanos (n. 15), da liberdade religiosa (n. 16), do desenvolvimento (n. 19), da acolhida dos migrantes (n. 21).
São só alguns elementos. Na base, há o fato de que a fé pode ser transmitida não como uma ideia a ser difundida, mas só modelando a própria vida sobre o Evangelho que deve ser "lido" nas pessoas e nas suas relações (n. 57). Isso significa, como disse Bento XVI no Angelus do dia 28, a necessidade de um "compromisso com a renovação espiritual da própria Igreja".
 
Christian Albini, em nota publicada no blog Sperare per Tutti, 29-10-2012 e reproduzido pelo IHU-Unisinos.

A religião que se constitui na internet

Publicamos aqui um trecho da apresentação de Antonio Fausto Neto, pós-doutor em comunicação e professor titular do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), ao livro E o Verbo se fez bit: A comunicação e a experiência religiosas na internet (Ed. Santuário, 2012), de Moisés Sbardelotto.

As novas tecnologias, transformadas em meios de comunicação, não ficam restritas à ambiência da midiatização, seguindo apenas os postulados das lógicas dos seus “inventores”. São apropriadas pelas estratégias dos diferentes campos sociais, lhes impondo destinos que obedecem outras racionalidades, permeadas pelas singularidades de suas práticas (políticas, culturais, científicas, associativas, religiosas etc.). Este dado empírico que cresce celeremente, no âmbito da organização social, está atravessado por muitas questões, revelando surpresas e pondo em questão paradigmas e discursos determinísticos, através dos quais fenômenos emergentes, como a internet, estão sendo analisados. (...)
É neste contexto de “contatos” e de formulações de novas hipóteses, para além do postulado determinístico que aparece – numa primeira versão como pesquisa para a produção de uma dissertação de mestrado – o livro aqui apresentado. Esta pesquisa realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – PPGCom – da Unisinos (Rio Grande do Sul), estuda as relações do campo religioso com a internet. O autor se interessa pelo ambiente católico brasileiro online, no qual se promove e se incentiva a relação e o vinculo do fiel com seu Deus.
Mostra-se, aqui, a relação dos fieis com uma oferta de práticas de religiosidades, que extrapola os templos e que escapa das mãos dos atores religiosos, se manifestando na ambiência da internet, segundo o trabalho dos próprios fiéis.
Sua proposta não visa a analisar o que há de teológico no tecnológico, nem analisar as bases teológicas ou filosóficas do tecnológico. Nem examinar uma prática pastoral por parte de agentes religiosos, mas sim uma realidade nova para a Igreja Católica e que se manifesta através de um complexo processo de midiatização. Para tanto, descreve processos através dos quais emerge um novo fiel, o “fiel-internauta” que, por força dos protocolos ensejados por novas tecnologias convertidas em meios, fiel desponta como um “coconsagrador”, ao assumir um novo trabalho simbólico, numa ambiência até então reservada e regulada por protocolos da Igreja .
Trata-se de uma publicação que se insere na nova onda de estudos sobre os processos de midiatização das práticas religiosas no Brasil, chamando atenção para as possibilidades de apropriação da internet no âmbito das práticas religiosas de inspiração católica, particularmente na configuração de um novo “Verbo”, de um novo tipo de “interação comunicacional fiel-igreja”.
Ao se definir por este caminho investigativo, a pesquisa transformada em livro, aponta para questões contemporaneamente importantes. Reconhece a internet como dispositivo dinamizador de novas possibilidades de organização de práticas religiosas, esquivando-se de um discurso abstrato e/ou generalizador. Contrariamente a esta perspectiva, prioriza as relações das tecnologias com seus modos de existências, que são atribuídos por lógicas e postulados advindos das práticas sociais e do seus respectivos funcionamentos. A internet é, neste caso, um objeto referido pelas motivações e demandas de prática de um determinado campo social (o religioso), e suas operações dependem de injunções de várias lógicas: as do sistema tecnológico, as do campo religioso (em termos institucionais) e, também, as dos atores-fiéis.
Para estudar esta modalidade de interação entre os fiéis e o sagrado, pelo agenciamento da internet convertida em meio, o autor faz um percurso amplo e cuidadoso, que se materializa nas diversas fases de sua pesquisa. Discute o fenômeno da midiatização digital da religião, construindo quatro cenários: religião ou internet; religião e internet; religião na internet; religião pós-internet. Faz uma densa reflexão sobre a especificidade de cada um destes ângulos, estabelecendo, porém, um ponto de inflexão: o eixo da técnica convertida em meio e, especificamente, o complexo trabalho técnico-discursivo que é feito pelo fiel para construir vínculos entre o sagrado e o profano.
Descreve, a partir de sites católicos brasileiros, marcas e passos através dos quais se constitui um novo caminho, cada vez mais midiatizado, pelo qual se realizam novos contatos entre o fiel e Deus. Dos processos e de suas manifestações, resultam as “novas materialidades do sagrado”, uma vez que a construção desta modalidade de experiência de religiosidade se faz em torno de complexas operações tecnocomunicacionais, envolvendo, como por exemplo, dimensões digitais e hiperdiscursivas.
O livro é um registro de uma problemática duplamente contemporânea: a intensa transformação de tecnologias emergentes em meios de comunicação, fenômeno que desafia os instrumentos de pesquisa disponíveis para observá-lo na sua mutação e dinâmica; e um outro fenômeno que é esta “Igreja do Futuro” que se tece nas plataformas digitais online. (...)
Este livro, além do rigor da pesquisa acadêmica – especialmente a riqueza observacional e do dialogo do seu autor com outras fontes – estipula uma instigante proposta aos estudiosos sobre a temática da midiatização das práticas sociais, especialmente para as investigações que envolvem a internet e suas novas formas de funcionamento. Independentemente do caráter das instituições, a internet faz um “desembarque” no âmbito de diferentes práticas. Mas trata-se de uma “chegada” submetida a múltiplas injunções de operações de sentidos, como aquelas que os fiéis realizam nos sites aos quais têm acesso, segundo suas estratégias de apropriação. Como diz muito bem o autor, a técnica não se impõe, mas se interpõe na experiência multissensorial do sagrado. Gera-se uma complexa atividade técnico-simbólica na qual os “bits” são afetados pelos imaginários diversos, mas, também, pela complexidade do mistério.
Um livro não apenas voltado para o leitor universitário, mas que se destina a todos os leitores enquanto atores desta nova ordem complexa que envolve os mundos comunicacional e religioso. Pesquisa na forma de livro que abre horizontes para a compreensão sobre a religião (do fiel) que se constitui na internet.

O heroísmo de uma Igreja ao lado dos pobres


Belém, PA, 31 out (RV/SIR) - O Presidente da Comissão Episcopal para Amazônia, Cardeal Cláudio Hummes, realizou nestes últimos meses uma série de visitas a dioceses e prelazias nos municípios de Castanhal, Abaetetuba e a região marajoara, no Pará.
Em seu itinerário amazônico, Dom Cláudio revela ter constatado o ‘heroísmo da Igreja’, daqueles homens e mulheres que trabalham junto aos brasileiros mais esquecidos. Nesta entrevista, ele também traz o testemunho comovente do seu encontro com um sacerdote local.

“É um momento sempre muito bom, muito importante encontrar o bispo isolado, lá no meio da floresta... estes dias estive em Tabatinga, na fronteira com a Colômbia, em Tefé, em Benjamin Constant, Atalaia do Norte, em toda aquela região, visitando os bispos, as comunidades, e ouvindo, sobretudo. E aí, a gente acaba descobrindo como na verdade ali, em primeiro lugar, há um grande heroísmo da Igreja: a Igreja ali é heróica, é pobre, é apaixonada, como todos devemos ser; levar Jesus Cristo aos mais pobres. Há muita pobreza, muita desassistência do poder público. É realmente triste como estes brasileiros, e os indígenas, estão tão desassistidos nas questões de saúde, de educação... enfim, falta assistência, falta presença do poder público, falta tudo. Dinheiro existe, só que é desviado, não chega... estas coisas todas. Então realmente a gente precisa ir lá, tentar animar, estimular e mostrar todo o apreço que a CNBB tem por esta Igrejas, por estes bispos, por estes missionários e missionárias”.

“Eu encontrei, por exemplo, missionários padres que estão ali anos e anos, envelhecidos e doentes. Um deles veio conversar comigo, um homem idoso, doente, e me disse, chorando.. “Dom Claudio, eu preciso de um substituto, eu não aguento mais, não consigo mais levar em frente a paróquia”.
A gente fica impactado ao ver um homem chorando de verdade... Estas situações são muito fortes. Nós as levamos à CNBB em relatórios, assembleias, e está havendo uma grande e boa resposta da CNBB quanto a isso”.

Quem se salvará? Evangelho do Dia


"Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos."

Lucas 13,22-30
As exigências do Reino apresentadas por Jesus levou os discípulos a se perguntarem pelo número dos que seriam salvos. Imaginavam serem poucas as pessoas predispostas e fiéis ao projeto apregoado pelo Mestre. A dinâmica do Reino, como Jesus a entendia, rompia com os esquemas mundanos e só podia ser vivida por quem, de fato, se predispunha a enfrentar a cruz, como caminho necessário para a glória.

A questão levantada pelos discípulos pareceu ser irrelevante para Jesus. Era inútil saber se os salvos seriam poucos ou muitos. Importava, sim, empenhar-se continuamente para, com a graça de Deus, entrar no Reino, através da porta estreita. Portanto, era tempo de refletir e tomar uma decisão sábia, para evitar o risco de ser deixado do lado de fora.

A exclusão do Reino poderá ser uma experiência trágica. O choro e ranger de dentes expressam o desespero de quem desperdiçou a chance que lhe fora oferecida. A segurança fundada em elementos inconsistentes frustrar-se-á quando o cristão comparecer diante do Senhor. Ter comido e bebido na presença de Jesus e tê-lo visto ensinar nas praças não será suficiente para garantir a salvação. Jesus só reconhecerá como discípulo e salvará quem, como ele, tiver sido capaz de colocar-se a serviço do próximo, sem medo de perder tudo por causa do Reino.

 Oração
Senhor Jesus, que eu me esforce sempre para entrar no Reino pela porta estreita do serviço ao próximo e da disposição de perder tudo por causa de ti.

Evangelho do dia

Ano B - Dia: 31/10/2012



Porta estreita, o que é?
Leitura Orante


Lc 13,22-30

Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém. Alguém perguntou:
- Senhor, são poucos os que vão ser salvos?
Jesus respondeu:
- Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão.
- O dono da casa vai se levantar e fechar a porta. Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: "Senhor, nos deixe entrar!" E ele responderá: "Não sei de onde são vocês." Aí vocês dirão: "Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade." Mas ele responderá: "Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal." Quando vocês virem Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus e vocês estiverem do lado de fora, então haverá choro e ranger de dentes de desespero. Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.


Leitura Orante


Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os que se encontram neste espaço de oração:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto na Bíblia: Lc 13,22-30 - A porta estreita

A vida cristã não é possível para pessoas acomodadas e medíocres. É exigente. Jesus diz isto quando nos fala da porta estreita como caminho para a vida. Porta estreita é renunciar a algo que me parece prazeroso, mas de consequências negativas que podem prejudicar a mim ou a outras pessoas. Porta estreita pode ser fechar-me a propostas fascinantes mas que não são transparentes, ocultando corrupção, desvios, más intenções. Porta estreita pode ser renunciar a querer apenas me beneficiar, excluindo outras pessoas de participar de bens que Deus concedeu a todos. Porta estreita é manter-me em silêncio para não criticar nem julgar as pessoas com quem convivo. Jesus não fala de uma grande avenida. Ele próprio é o Caminho. Olhemos para sua prática e aprenderemos por onde devemos passar. Não mudemos de Caminho para não corrermos o risco de perder o endereço e assim, também nós nos perdermos. Nem nos deixemos fascinar pelas portas amplas e escancaradas. Elas podem ser atraentes, mas nos conduzir ao engano e não, a Deus.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Fala-me Jesus de atitudes cristãs que deve assumir qualquer pessoa que é batizada, entre elas, eu. Nada de mediocridade.Seguir Jesus Cristo implica também a cruz. Os bispos, na V Conferência disseram: "Hoje se considera escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzem à morte (cf. Dt 30.15). Caminhos de morte são os que levam a dilapidar os bens que recebemos de Deus através daqueles que nos precederam na fé. São caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem seus mandamentos ou inclusive contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero, a qual termina sendo uma cultura contra o ser humano e contra o bem dos povos latino-americanos. Os caminhos de vida verdadeira e plena para todos, caminhos de vida eterna, são aqueles abertos pela fé que conduzem à "plenitude de vida que Cristo nos trouxe: com esta vida divina, também se desenvolve em plenitude a existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural". Essa é a vida que Deus nos participa por seu amor gratuito, porque "é o amor que dá a vida". Estes caminhos frutificam nos dons de verdade e de amor que nos foram dados em Cristo, na comunhão dos discípulos e missionários do Senhor" (DAp 13).

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, e, se for pela manhã, faço a:

Oração da manhã
Senhor, nós te agradecemos por este dia.
Abrimos nossas portas e janelas para que tu possas
Entrar com tua luz.
Queremos que tu Senhor, definas os contornos de
Nossos caminhos,
As cores de nossas palavras e gestos,
A dimensão de nossos projetos,
O calor de nossos relacionamentos e o
Rumo de nossa vida.
Podes entrar, Senhor em nossas famílias.
Precisamos do ar puro de tua verdade.
Precisamos de tua mão libertadora para abrir
Compartimentos fechados.
Precisamos de tua beleza para amenizar
Nossa dureza.
Precisamos de tua paz para nossos conflitos.
Precisamos de teu contato para curar feridas.
Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença
Para aprendermos a partilhar e abençoar!

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é atento aos ensinamentos de Jesus, à discernir no meu dia para escolher entre as portas que se abrirem, a porta estreita.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Santo do dia

31 de outubro

Santo Afonso Rodrigues
A Companhia de Jesus gerou padres e missionários santos que deixaram a assinatura dos jesuítas na história da evangelização e na história da humanidade. Figuras ilustres que se destacaram pela relevância de suas obras sociais cristãs em favor das minorias pobres e marginalizadas, cujas contribuições ainda florescem no mundo todo.

Entretanto de suas fileiras saíram também santos humildes e simples, que pela vida entregue a Deus e servindo exclusivamente ao próximo, mostraram o caminho de felicidade espiritual aos devotos e discípulos. Valorosos personagens quase ocultos, que formam gerações e gerações de cristãos e, assim, sedimentam a sua obra no seio das famílias leigas e religiosas.

Um dos mais significativos desses exemplos é o irmão leigo Afonso Rodrigues, natural de Segóvia, Espanha. Nascido em 25 de julho de 1532, pertencia a uma família pobre e profundamente cristã. Após viver uma sucessão de fatalidades pessoais, Afonso encontrou seu caminho na fé.

Tudo começou quando Afonso tinha dezesseis anos. Seu pai, um simples comerciante de tecidos, morreu de repente. Vendo a difícil situação de sua mãe, sozinha para sustentar os onze filhos, parou de estudar. Para manter a casa, passou a vender tecidos, aproveitando a clientela que seu pai deixara.

Em 1555, aconselhado por sua mãe, casou e teve dois filhos. Mas novamente a fatalidade fez-se presente no seu lar. Primeiro, foi a jovem esposa que adoeceu e logo morreu; em seguida, faleceram os dois filhos, um após o outro. Abatido pelas perdas, descuidou dos negócios, perdeu o pouco que tinha e, para piorar, ficou sem crédito.

Sem rumo, tentou voltar aos estudos, mas não se saiu bem nas provas e não pôde cursar a Faculdade de Valência.

Afonso entrou, então, numa profunda crise espiritual. Retirado na própria casa, rezou, meditou muito e resolveu dedicar sua vida completamente a serviço de Deus, servindo aos semelhantes. Ingressou como irmão leigo na Companhia de Jesus em 1571. E foi um noviciado de sucesso, pois foi enviado para trabalhar no colégio de formação de padres jesuítas em Palma, na ilha de Maiorca, onde encontrou a plena realização da vida e terminou seus dias.

No colégio, exerceu somente a simples e humilde função de porteiro, por quarenta e seis anos. Se materialmente não ocupava posição de destaque, espiritualmente era dos mais engrandecidos entre os irmãos. Recebera dons especiais e muitas manifestações místicas o cercavam, como visões, previsões, prodígios e cura.

E assim, apesar de porteiro, foi orientador espiritual de muitos religiosos e leigos, que buscavam sua sabedoria e conselho. Mas um se destacava. Era Pedro Claver, um dos maiores missionários da Ordem, que jamais abandonou os seus ensinamentos e também ganhou a santidade. Outro foi o missionário Jerônimo Moranto, martirizado no México, que seguiu, sempre, sua orientação.

Afonso sofreu de fortes dores físicas durante dois anos, antes de morrer em 31 de outubro de 1617, lá mesmo no colégio. Foi canonizado em 1888, pelo papa Leão XIII, junto com são Pedro Claver, seu discípulo, conhecido como o Apostolo dos Escravos. Santo Afonso Rodrigues deixou uma obra escrita resumida em três volumes, mas de grande valor teológico, onde relatou com detalhes a riqueza de sua espiritualidade mística. A sua festa litúrgica é comemorada no dia de sua morte.

Mensagens

Espiritualidade reconciliadora
Pe. Zezinho, scj


Apaziguar é um dom que vem do céu. Do Concílio Ecumênico Vaticano II a maioria já ouviu falar. Nem todos, porém, entendem que se trata do ato de pessoas sentarem juntas para decidirem juntas. Isto quer dizer conciliar. Há, pois, uma atitude e até mesmo uma espiritualidade conciliar que vive as propostas de algum concílio. E há também a espiritualidade conciliadora que é virtude dos que, ou se aproximam dos outros, ou vivem de aproximar as pessoas, para que resolvam seus problemas e façam as pazes.

Os pacificadores, os que vivem a serviço do diálogo, os que fazem de tudo para achar valores nos outros e descobrir as razões de cada pessoa, os que tentam relevar, perdoar, usar de misericórdia e, no ato de aplicar a justiça esmeram-se na moderação, todos eles vivem uma espiritualidade conciliadora. São mediadores, aproximadores, suavizadores, apaziguadores. Nem por isso deixam de tomar suas posições firmes, se o caso exigir tal atitude.

Uma senhora serena e forte, mãe de seis filhos fez exatamente isso. Tentadas todas as outras possibilidades para levar um filho rebelde e cruel que se alegrava em ferir os irmãos, recorreu ao silêncio. Calou-se diante dele. Não tinha mais palavras. Quando ele chegava, limitava-se a olhá-lo, tocar-lhe no rosto e depois ia cuidar de seus afazeres. Era diferente o tom com que falava a este filho. Tinha deixado claro que um dia tomaria aquela atitude, caso ele prosseguisse na sua brutalidade diante dos irmãos. Foram meses até que ele, um dia, veio sozinho até ela e pediu uma chance. Ele tinha melhorado. Ela o fez prometer que nunca mais feriria os seus irmãos com aquelas palavras e atitudes cruéis. Assim aconteceu.

Às vezes a espiritualidade conciliadora propõe atitudes de justiça e de severidade, sem ódio e sem crueldade. Mas a pessoa que abusa do espírito conciliador acaba sabendo por que a outra silenciou. Não é permissividade, nem fraqueza, nem um "tudo bem, tudo legal". É um aproximar-se de quem educa. Trato bem, mas não cedo. Nisso, não! Daqui você não passa!

Que os pais a busquem. Façam como os semáforos que permitem, alertam e proíbem! Agora, passa este, agora o outro e agora você! Administrar conflitos é dom de Deus. Caso não consiga, corra para um mosteiro, um santuário, um lugar de preces e ore ou peça orações e entregue a Deus a pessoa ou as pessoas em conflito. Há casos que só Deus consegue suavizar.

Dicas Bíblica

"Mulheres interpelam Jesus"
outubro 2012


No Evangelho de Marcos encontramos muitas narrativas onde aparecem as mulheres, seja como agentes da ação de Jesus, seja como seguidoras e colaboradoras na sua missão. Neste mês vamos lançar um olhar mais atento sobre três narrativas, nas quais aparecem por sua vez: três mulheres e duas meninas. As três mulheres são a Hemorroissa (Mc 5,21-43), a Cananéia (Mc 7,24-30) e a viúva do óbulo (Mc 12,41-44). Uma das meninas é filha de Jairo, um dos chefes da sinagoga e a outra é a filha da Cananéia.
Marcos descreve com detalhes, a situação da mulher: sofre de um fluxo de sangue há 12 anos, já sofreu muito nas mãos dos médicos, gastou tudo o que tinha e nada havia resolvido, antes piorava cada vez mais. A mulher tinha ouvido falar de Jesus e apesar de sua timidez, colocou-se atrás de Jesus, em meio à multidão, tocou a orla do manto de Jesus e dizia consigo mesma: “se ao menos eu tocar, o seu manto serei salva.” E de fato, imediatamente ela sentiu que o sangue se estancou, sentiu-se curada da enfermidade, mas ela não podia imaginar que Jesus se dera conta dela, nem reconhecer que dele saíra uma força, perguntando alto e olhando ao seu redor: “Que me tocou?” Imaginem vocês como esta mulher terá se sentido! Pois, como os discípulos ela deverá ter pensado: quem vai saber, se há uma multidão ao seu redor? Ela jamais poderia pensar em ser descoberta, tanto é que o texto fala que ela estava amedrontada e trêmula, caiu aos pés de Jesus e contou-lhe toda a verdade. Jesus a acolheu, a escutou tudo e lhe disse: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fique curada desse teu mal.” Imaginem qual não foi a alegria e a gratidão que reinou no coração dessa mulher. Havia valido a pena ter interceptado o caminho de Jesus, que estava seguindo com os seus discípulos e o próprio Jairo, para a casa dele.
Marcos retoma a narrativa com os mensageiros que anunciam a Jairo uma triste notícia: “Tua filha morreu, por que ainda perturbas o mestre?” Jesus acalmou o coração de Jairo, dizendo-lhe: “Não temas; crê somente!” E chegando perto da casa, Jesus escutou muita choradeira, e novamente tenta acalmar os ânimos dizendo que a menina, apenas dormia, o que foi motivo de chacota. Jesus permitiu que somente algumas pessoas, entrassem com ele no quarto. Tomou a mão da menina e lhe disse: “Talita Kum”, ou seja, menina levanta-te. Ela se levantou e começou a caminhar pela casa. Jesus pediu que lhe dessem de comer. Todos ficaram espantados pelo que haviam visto. Leia a narrativa no Evangelho de Marcos 5,21-43.
A segunda mulher que impactou Jesus foi a Cananéia, cuja narrativa se encontra em Marcos 7,24-30. Jesus estava fora da terra de Israel, na região de Tiro e não queria que ninguém o soubesse. Mas, uma mulher ficou sabendo e foi encontrá-lo e jogou-se aos seus pés suplicando em favor da filha. Num primeiro momento, Jesus se recusa a atendê-la ao afirmar que “não é bom tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos.” A mulher logo entendeu que era uma estrangeira e que Jesus teria vindo para o seu povo, mas ela contra argumentou: “os cachorrinhos, também, comem das migalhas que caem da mesa de seus donos”, ou seja, ela também tinha o direito de ser beneficiada pela ação de Jesus. A resposta da mulher convenceu a Jesus e ele mudou de postura: “Pelo que disseste, vai: o demônio saiu de sua filha.” Ao chegar em casa a mulher encontrou a sua filha curada. A fé da mulher foi premiada.
A terceira mulher, a viúva do óbulo, provavelmente, não ficou sabendo que estava sendo observada por Jesus, diante do Tesouro do Templo, e muito menos que fora proposta como exemplo de desapego e confiança em Deus: “Em verdade eu vos digo que esta viúva que é pobre, lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao tesouro. Pois, todos os outros deram do que lhes sobrava. Ela, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver.” Nas três narrativas, a atitude de fé, de confiança e determinação, tocou o coração de Jesus e ele se sentiu interpelado a realizar os anseios que cada uma carregava, até mesmo da mulher viúva, que não pronunciou uma palavra sequer. Mas o seu gesto, falou mais alto do que muitos discursos. Jairo e a mulher Cananéia experimentaram a alegria do reencontro com a vida, restabelecida em suas filhas.

Algumas perguntas que podem ajudar na reflexão:
Na leitura dessas três perícopes, o que chama mais a sua atenção?
Em que momento concreto a postura das mulheres influenciou no redirecionamento da ação de Jesus?
Concretamente, em que se apoiou a fé dessas mulheres? E a minha fé em Jesus em que se fundamenta?

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O grão de mostarda. Evangelho do Dia

 

"O reino de Deus é semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta, e que cresceu até se fazer uma grande planta e as aves do céu vieram fazer ninhos nos seus ramos”.


Lucas 13,18-21
A caminho de Jerusalém, Jesus alertou os discípulos a respeito do que estavam para enfrentar, servindo-se de duas pequenas parábolas. Assim, oferecia a seus seguidores elementos para interpretarem a paixão e a morte de cruz, e, também, os convidava a não nutrir falsas expectativas a respeito do Mestre.

O grão de mostarda que, de insignificante, se torna uma árvore frondosa serve como símbolo das dimensões iniciais modestas do Reino anunciado e vivido por Jesus e o destino glorioso que lhe está reservado. Não é possível, portanto, atingir a glória, sem experimentar a derrota, a cruz e a morte. Seria ilusório esperar que Jesus implantasse o Reino de Deus, fazendo-o entrar na história humana de maneira esplendorosa, sem passar pelo crivo do sofrimento. Mas, também, a cruz não deveria levar os discípulos a perder suas esperanças. Ela era uma etapa necessária de um processo muito maior.

A pitada de fermento usada por uma mulher para fermentar uma grande quantidade de farinha apontava para o modo como o Reino atuava na História. Sua dimensão pequenina e seu escondimento seriam compensados pela intensidade de seu efeito. O pré-requisito para atuar consistia em perder-se. Aí o Reino revelaria sua verdadeira grandeza. Não a que vem da imposição de si mesmo sobre as pessoas, mas a que as transforma por dentro.

Oração
Senhor Jesus, faze-me crescer na compreensão da dinâmica do Reino, cuja grandeza consiste em transformar a história humana, a partir de seu interior.

Comunicado


Conforme solicitação do Monsenhor Paulo Sergio, comunicamos que a reunião com o clero do Vicariato Recife Sul 2 será no dia 08/11/2012 (Quinta-feira) ás 08:45h na Igrejinha de Boa Viagem.

Evangelho do dia

Ano B - Dia: 30/10/2012



Tempo para crescer
Leitura Orante


Lc 13,18-21

Jesus disse:
- Com o que o Reino de Deus é parecido? Que comparação posso usar? Ele é como uma semente de mostarda que um homem pega e planta na sua horta. A planta cresce e fica uma árvore, e os passarinhos fazem ninhos nos seus ramos.
Jesus continuou:
- Que comparação poderei usar para o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura em três medidas de farinha, até que ele se espalhe por toda a massa.


Leitura Orante


- A nós todos, reunidos pela comunicação digital,
A paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!

Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes:
"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles",
ficai conosco, aqui reunidos (pela web),
para melhor meditar e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade: iluminai-nos,
para que melhor compreendamos as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho: fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida: transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia? Leio atentamente o texto, na minha Bíblia: Lc 13,18-21, e observo as comparações que Jesus faz para fazer compreender o Reino.

Pensar no Reino de Deus como a semente e o fermento é pensar em algo muito dinâmico. Na primeira parábola vemos o Reino como uma grande árvore que nasce de uma minúscula semente plantada por um homem. Na segunda, vemos o Reino como a massa que uma mulher faz e que cresce sob a força do fermento. O crescimento não é mágico, nem repentino. É preciso esperar. É preciso dar tempo para a semente germinar e a massa crescer. É preciso ter paciência. A semente some na terra. O fermento é misturado na farinha e desaparece para poder fazer crescer. A semente morre, explode para poder germinar e brotar. Há um mistério de morte e vida nos dois casos. Há um aspecto de "perda". Perda de aparência, de imagem, de importância. Compreende-se através destas parábolas o que Jesus dizia: "Quem perder a própria vida vai ganhá-la" (Lc 17,33) ou, a Nicodemos: "Se alguém não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus" (Jo 3,3).

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para nós, hoje? Faço parte deste Reino e vivo a alegria de sermos discípulos de Jesus Cristo. Os bispos, em Aparecida disseram: "A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria." (DAp 29).

3. Oração (Vida)
Rezo com todos os cristãos, pedindo a graça de fazer parte do Reino de Deus, mesmo se encontrar dificuldades.
Rezo com o Padre Zezinho.
Cidadão do Infinito
Por escutar uma voz que disse
Que faltava gente pra semear
Deixei meu lar e saí sorrindo,
E assobiando pra não chorar.
Fui me alistar entre os operários
Que deixam tudo pra te levar
E fui lutar por um mundo novo,
Não tenho lar mais ganhei um povo.
Sou cidadão do infinito,
Do infinito, do infinito,
E levo a paz no meu caminho,
No meu caminho, no meu caminho.
Eu procurei semear a paz
E onde fui andando falei de Deus,
Abençoei quem fez pouco caso
E espalhou cizânia onde eu semeei.
Não aceitei condecoração
Por haver buscado um país irmão,
Vou semeando por entre o povo
E vou sonhando este mundo novo.
CD Coletânea, Pe. Zezinho, scj

4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra meditada e rezada?
Vou contemplar o mundo com os olhos da fé e descobrir bem próximo de mim o Reino que se faz presente. Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém

Santo do dia

30 de outubro

Retistuta Kafka
No dia primeiro de maio de 1894, nasceu Helene, filha de Anton e Maria Kafka, na cidade de Brno, atual República Checa. Naquele tempo, a região chamava-se Moravia, e estava sob o governo do imperador austríaco Francisco José. Em 1896, a família Kafka transferiu-se para Viena, capital do Império Austro-Húngaro.

Helene concluiu os estudos e formou-se enfermeira, com o desejo de tornar-se religiosa. No início, conformou-se com a negativa dos pais, mas, ao completar vinte anos, ingressou na Congregação das Franciscanas da Caridade Cristã, agora com a bênção da família.

Como religiosa, adotou o nome de irmã Maria Retistuta, o primeiro em homenagem a sua mãe e o segundo a uma mártir do século I.

Mas logo recebeu o apelido carinhoso de "irmã Resoluta", pelo seu modo cordial e decidido e por sua segurança e competência como enfermeira de sala cirúrgica e anestesista. No hospital de Modling, em Viena, a religiosa tornou-se uma referência para os médicos, enfermeiras e, especialmente, para os doentes, aos quais soube comunicar com lucidez o amor pela vida, na alegria e na dor.

Foram muitos anos que serviu a Deus nos doentes, para os quais estava sempre disponível. Em março de 1938, Hitler mandou o exército ocupar a Áustria. Viena tornou-se uma das bases centrais do comando nazista alemão. Irmã Restituta colocou-se logo contrária a toda aquela loucura desumana. Não teve receio de mostrar que, sendo favorável à vida, não apoiaria, jamais, o nazismo de Hitler, fosse qual fosse o preço.

Por isso, quando os nazistas retiravam o crucifixo também das salas de cirurgia, ela, serenamente, o recolocava no lugar, de cabeça erguida, desafiando os nazistas. Como não se submetia e muito menos se "dobrava", os nazistas a eliminaram. Foi presa em 1942. E ela fez da prisão uma espécie de lugar de graça, para honrar o nome de sua consagração, ou seja, Restituta, aquela que foi restituída para Deus.

Irmã Resoluta esperou cinco meses na prisão para morrer. Em 30 de março de 1943, foi decapitada. Para as franciscanas, mandou uma mensagem: "Por Cristo eu vivi, por Cristo desejo morrer". E na frente dos assassinos nazistas, antes que o carrasco levantasse a mão que a mataria, irmã Restituta disse ao capelão: "Padre, faça-me na testa o sinal da cruz".

O papa João Paulo II, em 1998, elevou irmã Maria Restituta Kafka aos altares para ser reverenciada pela Igreja como bem-aventurada. A sua festa litúrgica foi marcada para o dia 30 de outubro, data em que foi decretada a sua sentença de morte.

Mensagens

O púpito envolvente
Pe. Zezinho, scj


Olho as igrejas, o púlpito de ontem e o de hoje e me vem à mente a palavra "xaris", do grego. Pode ser traduzida como graça, charme, algo mais. O púlpito de hoje tem um algo mais e um charme que o de ontem não tinha, embora, em muitos casos, tenha conteúdo bem menos profundo, menos sociológico, antropológico ou teológico. Mas são mais envolventes e encantadores.

A canção, de longa data tem ajudado a pregação, mas os novos recursos da mídia, que é hoje o mais novo púlpito das mais diversas igrejas, com pregadores de forte apelo e imensa simpatia, tem trazido, em todas as igrejas, um afluxo, quase caudal, de novos adeptos. Se um dia se tornarão crentes é outro assunto.

Milagres, exorcismos, curas, muletas ao chão, óculos na grama, cadeiras de roda abandonadas impressionam, mas isso porque o pregador ganhou credibilidade pelo seu charme, pelo entusiasmo, pela maneira de pregar. Há quem goste daquele jeito e daquela forma de anunciar Jesus. Há quem não goste. Quem não gosta terá outros templos e outros pregadores com quem sintonizar. Novas igrejas, novos templos e novos pregadores é o que não tem faltado nesses tempos de mídia farta e ao alcance de todos.

Gravei, recentemente, a prece de um deles, de formação pentecostal que pedia a Deus para cura de 49 doenças. Ou ele as conhecia por ter estudado medicina, ou lera alguma lista na Internet. Queria atingir o máximo de fiéis e aquela parecia uma boa proposta. Chamava-as de demônios. Assim, em dez minutos de oração afirmava que Deus estava curando as vítimas de irritabilidade, motilidade, obstrução pilórica, agranulocitose, miastenia, enfarto do miocárdio, e, assim por diante. Citou 49 doenças. Gravei o programa. Em algum lugar alguém teria aquela doença. Se a pessoa não se converteu, ao menos foi tocada e ficou o convite.

Qualquer fiel menos instruído que ouve um pregador entusiasmado a pedir a cura da enfermidade que o aflige, sentir-se-á incluído. Entre milhares, talvez milhões de ouvintes e telespectadores é impossível que não haja pelo menos uns dois mil com algumas daquelas enfermidades.

É pregador confundindo graça alcançada com graça pedida e simpatia e charme com eficácia. Embora garantisse que, naquele momento, fiéis estavam sendo curados, tática muito comum entre alguns grupos pentecostais, não havia como verificar sua garantia. De fato, milhares desses novos pregadores na Igreja Católica e nas evangélicas ou pentecostais garantem que durante sua prece "demônios estão caindo por terra". Se conseguem tais curas naquela hora, ninguém verifica. Mas as palavras produzem o seu efeito em alguns irmãos mais carentes de atenção. Alguém se lembrou da sua perplexidade e da sua dor.

***

É o novo charme do novo púlpito. Tem luzes, cores, closes, flashes, detalhes que, ontem, o fiel não via. Tem testemunho do fiel curado para milhões de espectadores. Jesus, segundo alguns evangelistas, às vezes levava para um canto ou para fora da vista do povo (Mc 8,23) e propunha depois da cura que não dessem testemunho (Mt 8,4; 9,30; 16,20;17,9). Hoje a proposta é bem mais proselitista e segue o caminho inverso.

Uma câmera e um microfone estão a postos para mais um testemunho de que Jesus foi outra vez eficaz, e, é claro, naquele grupo de cristãos! Apóiam-se mais em Mateus 10,27 que sugere que se proclame a boa nova de cima dos telhados. Por que silenciar se o milagre aconteceu? Mc 8,30 e Lc 9,21 sugerem que Jesus proibia severamente que dessem testemunho. Nem sempre obedeciam.

O púlpito envolvente tem feito muitos novos adeptos. E em geral, o pregador incentiva o fiel a testemunhar a favor de Jesus naquela igreja, vale dizer, a seu favor! Seria mais digno de crédito o pregador que chamasse os que foram curados em outros templos e outras igrejas para testemunhar o que Jesus fez a um católico ou a um evangélico de outra igreja ou de outro movimento. Não tem sido esta a práxis. A "aqui" tem tido uma força avassaladora. O Jesus que cura ali, aparentemente não cura "lá"... Não há ecumenismo que viceje num ambiente assim parcial...

Dicas Bíblicas

"Mulheres interpelam Jesus"
outubro 2012
No Evangelho de Marcos encontramos muitas narrativas onde aparecem as mulheres, seja como agentes da ação de Jesus, seja como seguidoras e colaboradoras na sua missão. Neste mês vamos lançar um olhar mais atento sobre três narrativas, nas quais aparecem por sua vez: três mulheres e duas meninas. As três mulheres são a Hemorroissa (Mc 5,21-43), a Cananéia (Mc 7,24-30) e a viúva do óbulo (Mc 12,41-44). Uma das meninas é filha de Jairo, um dos chefes da sinagoga e a outra é a filha da Cananéia.
Marcos descreve com detalhes, a situação da mulher: sofre de um fluxo de sangue há 12 anos, já sofreu muito nas mãos dos médicos, gastou tudo o que tinha e nada havia resolvido, antes piorava cada vez mais. A mulher tinha ouvido falar de Jesus e apesar de sua timidez, colocou-se atrás de Jesus, em meio à multidão, tocou a orla do manto de Jesus e dizia consigo mesma: “se ao menos eu tocar, o seu manto serei salva.” E de fato, imediatamente ela sentiu que o sangue se estancou, sentiu-se curada da enfermidade, mas ela não podia imaginar que Jesus se dera conta dela, nem reconhecer que dele saíra uma força, perguntando alto e olhando ao seu redor: “Que me tocou?” Imaginem vocês como esta mulher terá se sentido! Pois, como os discípulos ela deverá ter pensado: quem vai saber, se há uma multidão ao seu redor? Ela jamais poderia pensar em ser descoberta, tanto é que o texto fala que ela estava amedrontada e trêmula, caiu aos pés de Jesus e contou-lhe toda a verdade. Jesus a acolheu, a escutou tudo e lhe disse: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fique curada desse teu mal.” Imaginem qual não foi a alegria e a gratidão que reinou no coração dessa mulher. Havia valido a pena ter interceptado o caminho de Jesus, que estava seguindo com os seus discípulos e o próprio Jairo, para a casa dele.
Marcos retoma a narrativa com os mensageiros que anunciam a Jairo uma triste notícia: “Tua filha morreu, por que ainda perturbas o mestre?” Jesus acalmou o coração de Jairo, dizendo-lhe: “Não temas; crê somente!” E chegando perto da casa, Jesus escutou muita choradeira, e novamente tenta acalmar os ânimos dizendo que a menina, apenas dormia, o que foi motivo de chacota. Jesus permitiu que somente algumas pessoas, entrassem com ele no quarto. Tomou a mão da menina e lhe disse: “Talita Kum”, ou seja, menina levanta-te. Ela se levantou e começou a caminhar pela casa. Jesus pediu que lhe dessem de comer. Todos ficaram espantados pelo que haviam visto. Leia a narrativa no Evangelho de Marcos 5,21-43.
A segunda mulher que impactou Jesus foi a Cananéia, cuja narrativa se encontra em Marcos 7,24-30. Jesus estava fora da terra de Israel, na região de Tiro e não queria que ninguém o soubesse. Mas, uma mulher ficou sabendo e foi encontrá-lo e jogou-se aos seus pés suplicando em favor da filha. Num primeiro momento, Jesus se recusa a atendê-la ao afirmar que “não é bom tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos.” A mulher logo entendeu que era uma estrangeira e que Jesus teria vindo para o seu povo, mas ela contra argumentou: “os cachorrinhos, também, comem das migalhas que caem da mesa de seus donos”, ou seja, ela também tinha o direito de ser beneficiada pela ação de Jesus. A resposta da mulher convenceu a Jesus e ele mudou de postura: “Pelo que disseste, vai: o demônio saiu de sua filha.” Ao chegar em casa a mulher encontrou a sua filha curada. A fé da mulher foi premiada.
A terceira mulher, a viúva do óbulo, provavelmente, não ficou sabendo que estava sendo observada por Jesus, diante do Tesouro do Templo, e muito menos que fora proposta como exemplo de desapego e confiança em Deus: “Em verdade eu vos digo que esta viúva que é pobre, lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao tesouro. Pois, todos os outros deram do que lhes sobrava. Ela, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver.” Nas três narrativas, a atitude de fé, de confiança e determinação, tocou o coração de Jesus e ele se sentiu interpelado a realizar os anseios que cada uma carregava, até mesmo da mulher viúva, que não pronunciou uma palavra sequer. Mas o seu gesto, falou mais alto do que muitos discursos. Jairo e a mulher Cananéia experimentaram a alegria do reencontro com a vida, restabelecida em suas filhas.

Algumas perguntas que podem ajudar na reflexão:
Na leitura dessas três perícopes, o que chama mais a sua atenção?
Em que momento concreto a postura das mulheres influenciou no redirecionamento da ação de Jesus?
Concretamente, em que se apoiou a fé dessas mulheres? E a minha fé em Jesus em que se fundamenta?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CNBB: fruto de um grande amor de Dom Luciano

                       

Brasília, 29 out (CNBB/SIR) - É impossível pensar na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sem recordar a figura do Arcebispo de Mariana (MG), dom Luciano Mendes de Almeida. Na entidade, ele foi Secretário Geral por dois mandatos (1979-1986) e Presidente, também por dois mandatos (1987-1995).

Em outro momento, foi membro da Comissão Pontifícia Justiça e Paz (1996-2000) e da Comissão do Secretariado para o Sínodo (1994-1999). Foi também vice-presidente do CELAM (1995-1999). Eleito pela CNBB, foi delegado à Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América, em 1997. Faleceu aos 27 de agosto de 2006. Apresentamos uma parte do depoimento de dom Luciano no seminário sobre a presença pública da Igreja no Brasil, por ocasião dos 50 anos da CNBB, e publicado posteriormente pelo Instituto Nacional de Pastoral e por Edições Paulinas.
“Vejam, é interessante como certas vezes não é fácil falar. Isso vale inclusive sobre o que ouvi nesses dias. A minha abordagem sobre a CNBB é diferente. Ouvi, nesses dias, uma série de avaliações. Para mim, a CNBB é fruto de um grande amor. Eu dou e darei a minha vida pela CNBB. Como a mãe, é preciso ver menos os defeitos e mais as qualidades. Guardo da CNBB uma experiência luminosa, de amizade, de contatos, de lutas, às vezes, de provas muito grandes, mas tudo isso envolvido em muito amor. E essa nota do amor, essa unção, acho que não apareceu tanto nesses dias. É claro, cada um tem o seu jeito de abordar a questão.
Considero o tempo na CNBB, um tempo de enormes graças espirituais - as pessoas que conheci, a abertura de coração, as experiências sofridas de prisão, de perseguição, contatos com o governo. Lembro-me de dom Oscar Romero ... É muito difícil para mim, no contexto das colocações desses dias, de repente, acrescentar alguma coisa que vem de uma perspectiva que é muito do coração, o que não tira, creio, a vontade de ser objetivo.  Até hoje, entretanto, conservo da CNBB uma intensidade de afeto que volta muitas vezes a mim, quando faço oração sobre a vida, sobre as pessoas que conheci, os contatos que tive. Vocês ouviram dom Ivo! Minhas palavras inserem-se entre dom Ivo e dom Celso; vivi todo o tempo, secretário de um, e ao lado do outro quando ele era secretário. Vocês podem imaginar o que significam dezesseis anos de convivência fraterna! É muita coisa. É muita lembrança. São muitos fatos!
Então, é possível até escolher alguma coisa. Mas, para que não volte o aspecto muito pessoal, gostaria que a gente falasse da CNBB, não só com respeito, mas com “paixão”, porque é uma realização que vem de Deus. A união que houve, embora seja uma união sofrida e, às vezes, com aspectos dolorosos, é uma união milagrosa em momentos-chave: união com os bispos, união com a Santa Sé, união com os padres; experiências de união com os 55.000 religiosos do Brasil, e com os leigos!  Hoje, vamos descobrindo certos aspectos mais fortes da presença e atuação do laicato, mas a CNBB sempre, pelo menos nesses anos em que servi em Brasília, teve as portas completamente abertas para todo mundo que entra e sai. Não havia distâncias, devido à amizade entre as pessoas.  A CNBB é a casa de todo mundo, a qualquer hora do dia ou da noite. Havia até um problema para a cozinha. Nunca foi uma casa fechada. Nunca ninguém apresentou documento para entrar na CNBB.
Vocês sabem que é assim; uma casa que é de todo mundo, uma casa que é a casa da Igreja no Brasil. Então, como vejo esses aspectos? Vejo assim com muita gratidão. É claro que quando se trata de dizer que um bispo foi renovador ou restaurador, respeito isso com carinho, mas não me sinto à vontade, porque é como a mãe dizer que tem um filho um pouco deficiente. Ela não fala isso, ela nunca fala, ela dá um beijo, e não se envolve com essas situações. Não queria que se fizesse uma análise fria da CNBB. Acho que a CNBB foi um lugar de muita amizade, de muito amor, de muito perdão que vivi nesses anos. Afinal, são dezesseis anos! Em primeiro lugar, acho que, quando a gente publicar as atas desse encontro, tem de haver um certo tom na publicação e alguma apresentação da CNBB como corpo “vivo”, quer dizer, como realmente uma comunhão e transparência, que nem sempre podem acontecer, mas que, de fato, muitas vezes aconteceram. Esta era a primeira coisa que eu gostaria de colocar em evidência. A segunda é o fato de que a CNBB nunca foi gloriosa.
Nunca foi, digamos, elogiada, nem pela Santa Sé, nem pelo CELAM. Ela foi e é uma Igreja sofrida, de modo que quem quiser servir na CNBB para ter um aplauso, uma profissão, não é assim! Quem serve na CNBB - acredito que hoje seja parecido - tem de ter colete a prova de balas e tem de ter um coração forte. Você recebe não só criticas, mas, às vezes, confidências e manifestações profundas que você tem que guardar dentro de si e administrar isso com fé e oração. De modo que acredito que essa marca de uma "igreja sofrida" é uma glória para o Brasil, mas não a glória no sentido de todo mundo achar bonito. Não é assim. Quem conhece as cartas que a gente recebe, quem sabe o que vem dentro dessas cartas, quem ouve às vezes as recriminações. Lembro-me de que ao passar por Roma, em algum Dicastério, falando com alguns bispos, tinha que abaixar a cabeça, para ouvir repreensões, e fazia isso com muita humildade. Creio que, se por um lado tenho pela CNBB, digamos assim, um amor “apaixonado”, por outro lado, é um amor sofrido! Não pensem que quem ocupa algum cargo, seja ele qual for, vai receber por causa disso uma espécie de medalha, como a do Sarney. Não vai. Quero dizer a dom Ivo que, naquele dia em que o Presidente concedia medalhas, eu fui por causa de dom Helder.
Dom Helder aceitou a medalha e foi, e pediu que eu fosse com ele, e eu fui. Fiquei muito insatisfeito porque o senhor, dom lvo, não foi e ele foi. O quê que eu ia fazer? Deixar dom Helder ir sozinho, também não dava. Mas então, é só para lhes dizer que a relação com o Governo, da minha parte, sempre foi, não digo dura, mas foi sofrida. Esperava três horas ou mais para falar com o Ministro da Justiça. Foi no tempo da prisão dos padres franceses, que saí daqui para ir a Belém e não pude nem visitá-los. Tive que voltar para Brasília. Às vezes, tinha que sofrer uma fiscalização e ficar ali dando razões. Vivi esse tempo duro. Então, quero lhes dizer que considero a CNBB realmente com grande amor. Não falo com linguagem poética. É um amor sofrido quando você ama uma pessoa que passa por uma prova. É essa a lembrança que eu tenho da CNBB. Tive uma vantagem na minha vida.
Em 1981, por causa do CELAM, quando era secretário, fiz parte da comissão que visitou os bispos da América Central. Foi uma missão que me deram. Vocês imaginem a situação da Guatemala, de El Salvador, Costa Rica, tudo, tudo, e falando horas com eles e compreendendo o sofrimento de dom Oscar Romero, por exemplo. Oh, meu Deus! Quanto padeceu dom Romero, com aquelas tensões que havia. Tudo isso eu vivi, e vivi, às vezes, numa situação muito difícil, de não poder nem falar com os outros. Então nós éramos quatro bispos fazendo essa visita a toda América Latina. Guardo uma imagem, uma lembrança e um afeto sofrido, e acho que essa é a marca do Cristo. Não queiramos uma CNBB gloriosa, reconhecida, vanguardeira, realizando esquemas. Vejam, toda a parte de planejamento é útil, tudo o que sofremos para elaborar diretrizes, custou muito trabalho, mas nada disso chega perto da dedicação, por exemplo, dos assessores! Quanta gente sofreu quando não falaram bem dos assessores! Quem de nós não sabe que são pessoas que dedicaram a vida inteira, horas a fio, de madrugada, trabalhando, dando a vida pela Igreja no Brasil, correndo de lá para cá. Vocês sabem, isso custou muito mais a nós que estávamos na presidência, do que se tivessem falado de nós. Primeiro, porque eram grandes amigos. Sempre foram.
Mereciam confiança. Agíamos com a maior transparência. Eles não podiam, muitas vezes, se defender. Então foi, e ainda é, um momento difícil, que teve reflexos na nova legislação da CNBB. Tudo isso não quer dizer que guardo uma lembrança triste daqueles anos. Não é triste, é sofrida, o que diferente. Você, muitas vezes, enfrenta o sofrimento com garra, e isso causa alegria. Nosso grupo sempre enfrentou dificuldades. Vocês podem estar certos de que a gente nunca procurou uma compensação. Vocês sabem disso, e o maior exemplo para mim é dom Ivo, que podia ter tido o reconhecimento oficial da Igreja, muito maior do que ele teve, todos os merecimentos que ele tem, mas ele e a CNBB viveram uma época difícil. Agora eu queria acrescentar duas grandes realidades que vejo. A CNBB entra na história como um grande exemplo da presença de Deus. Porque nós, os bispos, somos tão diferentes uns dos outros. Vocês sabem disso. Mas houve uma convivência. Há uma convivência, que pode sofrer desgastes, mas nas horas mais duras estivemos juntos. Posso dizer a vocês que visitei uma grande parte dos bispos do Brasil naqueles anos, desde os bispos das áreas indígenas, mais sofridas, até aqueles que estavam passando por doenças.
Estive com dom Avelar no dia em que recebeu a notícia do câncer. Depois, ia visitá-lo sempre que estava em São Paulo. Essas visitas fizeram a gente se conhecer melhor do que numa assembleia. Na assembleia, a pessoa pega o microfone e diz o que acha naquela hora, mas as conversas em clima de amizade são diferentes. Uma vez eu cheguei a Pelotas para visitar dom Jayme. Edifiquei-me porque ele tinha para me dar apenas um pedaço de pão, e um gole de café, a tal ponto era a sua vida de pobreza. Nunca me esqueci disso. E assim também eu estive no Nordeste. Hoje nós estamos comemorando aqui a data de Cajazeiras. O bispo de Cajazeiras, dom Zacarias, era um pobre total. Não tinha nada. Usava batina porque não tinha roupa em baixo. Assim, há realmente um nível de relacionamentos entre pessoas que a história não conta, e que é mais importante, e é isso que faz a CNBB.
É a ligação existencial, é o perdão quando a gente diz uma coisa errada, quando a gente, às vezes - eu me lembro - saía de uma assembleia, procurava o bispo e dizia: "O senhor me desculpe pelo que falei". Às vezes a gente ia se confessar com ele naqueles dias de confissão comum: "O senhor me desculpe". Isso é uma coisa muita bonita e que talvez não exista em outros lugares. Pelo que eu conheço dos bispos dos Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Itália, convidado que fui naquelas épocas, como outros também, não era tão forte o tipo de relacionamento das pessoas. (...)

Livre da opressão. Evangelho do Dia

 

"Todo o povo, à vista de todos os milagres que ele realizava, se entusiasmava."



Lucas 13,10-17
A mulher doente, que Jesus encontrou numa sinagoga, em dia de sábado, era a imagem viva do ser humano oprimido. Ela vivia encurvada, sem poder erguer-se.

Toda doença, na mentalidade da época, era entendida como resultado da ação do Demônio sobre o ser humano. Portanto, a doença crônica desta mulher era interpretada como um enorme fardo imposto sobre ela por forças demoníacas.

A dupla opressão dessa criatura - mulher e doente - tocou a sensibilidade de Jesus, que tomou a iniciativa de curá-la, ou seja, libertá-la do poder do Demônio. Sem precisar ser  solicitado, Jesus a resgatou das garras de Satanás, assumiu suas dores e se pôs a seu lado, na luta contra o inimigo da natureza humana.

A reação espontânea da mulher mostrou como tinha entendido perfeitamente o que lhe acontecera. Dando glória a Deus pelo benefício recebido, ela reconheceu que o próprio Deus havia agido nela, por meio de Jesus. Por conseguinte, este era o Messias esperado, portador da salvação prometida. Finalmente, o ser humano via-se livre do poder do Mal.

A cura realizada por Jesus irritou o chefe da sinagoga. Esse valorizava tanto o repouso sabático a ponto de imaginar que, quem já sofria, há dezoito anos, de uma doença, podia esperar um pouco mais para ser curada. Bem outro foi o pensamento de Jesus!

Oração
Senhor Jesus, liberta-me do jugo que o pecado me impôs. Desta forma, me verei livre do peso que me mantém encurvado, impedindo-me de caminhar ereto para junto de ti.

Uma safra mundial de cardeais

 

Pode-se argumentar que, no seu forte foco no secularismo ocidental, o papado de Bento XVI tem sido um tanto eurocêntrico. Quando se afirma isso, no entanto, o consistório do dia 24 de novembro deverá ficar marcado como um contraexemplo.


Essa será a quinta safra de novos cardeais de Bento XVI, e, pela primeira vez, não há um único europeu no grupo. Sim, há apenas seis no total, mas a maioria dos observadores ainda esperavam alguns membros do velho continente – por exemplo, o arcebispo alemão Gerhard Müller, o novo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ou Rino Fisichella, um italiano e presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.
Ao invés disso, Bento XVI anunciou que realizaria um consistório em um mês, portanto, que incluirá apenas um ocidental: o arcebispo James Harvey, natural de Milwaukee, EUA, depois de 14 anos como prefeito da Casa Pontifícia. O papa disse que pretende nomear Harvey como arcipreste da Basílica de São Paulo Fora dos Muros.
Os outros cinco vêm do mundo em desenvolvimento: um do Oriente Médio, outro da América Latina e outro África, e dois da Ásia. Nesse sentido, o consistório de novembro reflete o surgimento de uma "Igreja mundial", na qual a liderança cada vez mais vêm do hemisfério Sul.
Imediatamente, o consistório parece elevar duas figuras às fileiras do papáveis, ou seja, candidatos a papa:

•Luis Antonio Tagle, 55 anos, de Manila, nas Filipinas; e
•John Olorunfemi Onaiyekan, 68 anos, de Abuja, na Nigéria.

 Tagle é amplamente considerado um dos bispos mais impressionantes da Ásia, muito popular entre os jovens e a mídia, dois eleitorados que a Igreja está tentando alcançar desesperadamente. Onaiyekan é uma figura animada e franca que encarna o dinamismo da Igreja africana. Ele não se vê como um parceiro júnior em uma empresa multinacional, mas sim como um líder da enérgica comunidade católica que cresce mais rapidamente em todo o planeta.
Tanto Tagle quanto Onaiyekan impressionaram as pessoas no Sínodo dos Bispos atual. Tagle pediu uma Igreja mais humilde e mais simples, com uma maior capacidade de silêncio, enquanto Onaiyekan restaurou algum equilíbrio sobre o Islã. Ele insistiu que, apesar do aumento do Boko Haram, "os cristãos na Nigéria não se veem sob qualquer tipo de perseguição massiva pelos muçulmanos".
(Eu confesso que Onaiyekan é um antigo amigo meu e a minha referência sobre as questões da Igreja africana. Ele acolheu Shannon e eu em Abuja, quando eu estava trabalhando no livro The Future Church, tornando-se o prelado africano favorito da minha esposa judia.)
Quanto a Harvey, muitos observadores italianos acreditam que ele está sendo afastado da Casa Pontifícia como parte das consequências do caso Vatileaks. Isso pode ser verdade, embora seja necessário um pouco de cautela: o Vatileaks é uma obsessão nacional na Itália, por isso tudo o que acontece no Vaticano nestes dias é visto através dessas lentes, quer tenha relação ou não.

A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no jornal National Catholic Reporter, 26-10-2012.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

149 instituições se inscreveram para a Feira Vocacional da JMJ2013



Rio de Janeiro, 26 out (SIR) - Encerradas no dia 15 de outubro, as inscrições para a Feira Vocacional da JMJ Rio 2013, reuniram mais de 149 inscrições que demonstraram interesse em apresentar seus trabalhos para os jovens que virão ao Brasil no ano que vem, durante a Jornada Mundial da Juventude.
A feira vocacional da JMJ Rio 2013 será na Praça General Tibúrcio, ao lado do Pão de Açúcar, no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. As congregações, seminários e demais movimentos serão distribuídas em pontos onde os milhares de jovens participantes da JMJ poderão conhecer um pouco mais sobre cada missão e, quem sabe, identificar-se com elas. “Agora começamos os trabalhos de comunicação com as instituições que se inscreveram.
Vamos tentar aumentar o número de vagas que até então é de 80. A feira tem o objetivo de provocar o questionamento vocacional dos jovens. Será oportunidade dos jovens pensarem se podem ser um padre, um irmão, um irmão e abraçar a vocação de uma vida religiosa”, afirmou o diretor executivo do Setor de Preparação Vocacional da JMJ Rio 2013, Padre Arnaldo Rodrigues. Durante a feira também acontecerão missas e confissões.
Movimentos menores também terão seu espaço para falar com os jovens. De acordo com Padre Arnaldo Rodrigues, diretor executivo do Setor de Preparação Vocacional da JMJ, estão sendo estudadas maneiras de aumentar o número de vagas para que mais movimentos possam participar da Feira Vocacional. Para mais informações sobre a Feira Vocacional da JMJ Rio 2013, entre em contato pelo email feiravocacional@rio2013.com 

Bento XVI: “Valorizar mais o caminho da beleza”



Cidade do Vaticano, 26 out (SIR) – “Arte e fé: um binômio que acompanha a Igreja e a Santa Sé há dois mil anos, um binômio que ainda hoje devemos valorizar mais ainda na tarefa de levar aos homens e às mulheres do nosso tempo o anúncio do Evangelho, do Deus que é Beleza e Amor infinito”.
Quem destacou a relação entre arte e nova evangelização foi na noite de ontem o Papa, no final da apresentação do filme –documentário “Arte e Fé”, na Sala Paulo VI. “A linguagem da arte é uma linguagem parabólica, dotada de uma especial abertura universal”, afirmou Bento XVI, para quem a “‘via Pulchritudinis’ (caminho da beleza) é um caminho capaz de guiar a mente o coração rumo ao Eterno, de elevá-los até às alturas de Deus”.
Definindo o filme “uma contribuição específica e qualificada dos Museus Vaticanos ao Ano da Fé”, o Papa afirmou que o patrimônio artístico da Cidade do Vaticano “constitui uma espécie de grande parábola através da qual o Papa fala aos homens e mulheres de todas as partes do mundo, e, portanto, de múltiplas pertenças culturais e religiosas, pessoas que talvez jamais lerão um seu discurso ou uma sua homilia”. Para muitas pessoas, de fato, a visita aos Museus Vaticanos “representa, em sua viagem a Roma, o contato maior, às vezes único, com a Santa Sé” e é, portanto, “uma ocasião privilegiada para conhecer a mensagem cristã”.
“Apreciei muito – destacou o Papa em seu discurso – o fato que no filme se faça repetidamente referência ao compromisso dos Romanos Pontífices pela conservação e valorização do patrimônio artístico; e também, na época atual, por um renovado diálogo da Igreja com os artistas”. “A Coleção de Arte Religiosa Moderna dos Museus Vaticano é a demonstração viva da fecundidade deste diálogo”, as palavras do Pontífice: “Mas não só ela,
Todo o grande conjunto dos Museus Vaticano possui também esta dimensão que poderíamos chamar evangelizador. E o que aparece, quer dizer as obras apresentadas, pressupõe todo um trabalho que não aparece, mas que é indispensável, por uma sua melhor conservação e fruição”. Bento XVI, ainda, prestou homenagem, em particular, “a grande sensibilidade pelo diálogo, entre a arte e fé, do meu amado Antecessor o bem-aventurado João Paulo II: o trabalho que a Polônia tem nesta produção testemunha seus méritos neste setor”, acrescentou dirigindo-se à delegação polonesa presente. 

DATA DA REUNIÃO DO VICARIATO RECIFE SUL 2

Bom dia a todos!


                Conforme solicitação do Monsenhor Paulo Sergio, comunico que a reunião do Vicariato Recife Sul 2 marcada para o segundo sábado dia 10/11/2012 foi antecipada para o dia 03/11/2012 por motivo de reunião das comissões da Arquidiocese ter sido agendada para esse mesmo dia (10/11/2012).

DATA DA REUNIÃO DO VICARIATO RECIFE SUL 2 ecepcionalmente será dia 10/11/2012 a partir das 8h45.

O discernimento urgente. Evangelho do Dia

"Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente?"


(Foto: )
Lucas 12,54-59
A sabedoria cristã aconselha os discípulos do Reino a se colocarem numa situação de discernimento urgente e contínuo. E mais: a tirar dele conseqüências práticas.

Certo de que o Senhor vem, o cristão jamais se deixará levar pela loucura de entregar-se a um projeto de vida mundano, que lhe oferece prazeres efêmeros. Antes, será perseverante no caminho do amor, seguro do fim que lhe espera.

A exigência de discernimento indica que o Senhor não aceitará falsas desculpas de quem for excluído do Reino. Quem não se decide seriamente, não terá como se justificar diante do Senhor. É sempre possível saber o que é justo e corresponde ao projeto do Reino. Basta que o cristão, com a graça de Deus, se empenhe.

A parábola da reconciliação, antes do processo, alude à urgência do discernimento e da decisão. Se não se chega a um acordo, enquanto os adversários estão a caminho do tribunal, o culpado será punido na certa. O bom senso recomenda não perder a chance.

O discípulo de Jesus vê-se como se estivesse sempre diante da última oportunidade de aderir integralmente ao Reino e conformar sua vida com ele. Adiar esta decisão pode ser fatal. O tempo urge e o cristão não pode se dar ao luxo de agir como se tivesse um longo tempo pela frente. A prudência recomenda decidir-se já.

 Oração 

Senhor Jesus, faze-me viver consciente de que urge entregar-me integralmente ao Reino e conformar minha vida com ele.

Evangelho do dia

Ano B - Dia: 26/10/2012



Ler os sinais dos tempos
Leitura Orante


Lc 12,54-59

Jesus disse também ao povo:
- Quando vocês vêem uma nuvem subindo no oeste, dizem logo: "Vai chover." E, de fato, chove. E, quando sentem o vento sul soprando, dizem: "Vai fazer calor." E faz mesmo. Hipócritas! Vocês sabem explicar os sinais da terra e do céu. Então por que não sabem explicar o que querem dizer os sinais desta época?
E Jesus terminou, dizendo:
- Por que é que vocês mesmos não decidem qual é a maneira certa de agir? Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-lo ao tribunal, faça o possível para resolver a questão enquanto ainda está no caminho com essa pessoa. Isso para que ela não o leve ao juiz, o juiz o entregue ao guarda, e o guarda ponha você na cadeia. Eu lhe afirmo que você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda.


Leitura Orante


Saudação
- A nós todos que navegamos por este espaço virtual,
a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força da SantíssimaTrindade,
Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força de Deus a me sustentar,
Pela força de Deus a me amparar,
Pela sabedoria de Deus a me guiar,
Pelo olhar de Deus a vigiar meu caminho,
Pelo ouvido de Deus a me escutar,
Pela palavra de Deus a me falar,
Pela mão de Deus a me guardar,
Pelo caminho de Deus à minha frente,
Pelo escudo de Deus que me protege.

Cristo comigo, Cristo à minha frente, Cristo atrás de mim,
Cristo em mim, Cristo embaixo de mim, Cristo acima de mim,
Cristo à minha direita, Cristo à minha esquerda,
Cristo ao me deitar,
Cristo ao me sentar,
Cristo ao me levantar,
Cristo no coração de todos os que pensarem em mim,
Cristo na boca de todos que falarem em mim,
Cristo em todos os olhos que me virem,
Cristo em todos os ouvidos que me ouvirem.
Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força da Santíssima Trindade.
(São Patrício, Séc. V)

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio, atentamente, o texto, na Bíblia: Lc 12,54-59, e observo as palavras de Jesus ao povo.

Jesus faz alusão à experiência dos lavradores que de acordo com o tempo distinguem se vai chover, fazer calor. Da mesma forma o tempo histórico tem seus sinais. Aqueles que sabem distinguir as intempéries e não sabem ler os sinais da sua época, com referência ao transcendente, são hipócritas. Jesus está ali, no meio deles, demonstra com inúmeros sinais o Reino de Deus e muitos ignoram, fecham os olhos e os ouvidos à verdade revelada. Ouvem, mas não escutam, vêem e não enxergam. O exemplo da acusação perante o tribunal é um convite à reconciliação enquanto é tempo.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Entro em diálogo com o texto. Reflito e atualizo.
Os bispos, na Conferência de Aparecida fizeram esta reflexão: "Jesus, o Bom Pastor, quer nos comunicar a sua vida e se colocar a serviço da vida. Vemos como ele se aproxima do cego no caminho (cf. Mc 10,46-52), quando dignifica a samaritana (cf. Jo 4,7-26), quando cura os enfermos (cf. Mt 11,2-6), quando alimenta o povo faminto (cf. Mc 6,30-44), quando liberta os endemoninhados (cf. Mc 5,1-20). Em seu Reino de vida Jesus inclui a todos: come e bebe com os pecadores (cf. Mc 2,16), sem se importar que o tratem como comilão e bêbado (cf. Mt 11,19); toca leprosos (cf. Lc 5,13), deixa que uma prostituta unja seus pés (cf. Lc 7,36-50) e, de noite, recebe Nicodemos para convidá-lo a nascer de novo (cf. Jo 3,1-15). Igualmente, convida a seus discípulos à reconciliação (cf. Mt 5,24), ao amor pelos inimigos (cf. Mt 5,44) e a optarem pelos mais pobres (cf. Lc 14,15-24)." (DAp 353).
Minha vida reflete o que o texto diz? Prefiro não ouvir ou perceber as propostas e apelos de Deus? Fico adiando a minha reconciliação com Deus? Tenho inúmeros argumentos para "deixar pra depois"?

3.Oração (Vida)
Rezo com toda a Igreja as
Invocações a Jesus Mestre
Jesus Mestre Caminho, Verdade e Vida:
Jesus Mestre, santificai minha mente e aumentai a minha fé.
Jesus Mestre, libertai-me do erro,
dos pensamentos inúteis e das trevas eternas.
Jesus Mestre, caminho entre o Pai e nós,
tudo vos ofereço e de vós tudo espero.
Jesus, caminho de santidade, tornai-me vosso fiel seguidor.
Jesus Caminho, tornai-me perfeito como o Pai que está no céu.
Jesus Vida, vivei em mim para que eu viva em vós.
Jesus Vida, não permitais que eu me separe de vós.
Jesus Vida, fazei-me viver eternamente na alegria do vosso amor.
Jesus Verdade, que eu seja luz para o mundo.
Jesus Caminho, que eu seja vossa testemunha autêntica diante das pessoas.
Jesus Vida, que minha presença contagie a todos
com o vosso amor e a vossa alegria.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.
Vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus, que não é conforme o Projeto de Jesus Mestre.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Mensagens

Não me deixes brincar de profeta
Pe. Zezinho, scj


Não permitas que eu brinque de ser teu porta-voz. Não me deixes brincar de profeta. Todo pregador, a seu modo é um profeta, mas nem todos são tão profetas quanto pensam ser. Muitos extrapolam das suas funções. Às vezes dizem que disseste o que nunca lhes foi dito. (Jr 14,14) Sonham e acham que o sonho deles é o teu. (Jr, 23,25-26)
Inventam uma obra e gritam de cima dos telhados que tu a queres, quando são eles que a querem.

Não quero gritar ousadamente atrás de um microfone ou diante de uma câmera, que disseste o que não disseste, ou que pediste o que não pediste. Não usarei teu santo nome em vão. Quem fez isso acabou em crise. É terrível brincar de ser teu porta-voz quando não se é, ou inventar recados que certamente não lhe deste.

Quanto aos profetas que dizem falar em teu nome, espero que estejam dizendo a verdade. Deve ser terrível um impotente posar de porta-voz do Onipotente e, ainda por cima, garantir que não está mentindo. É melhor que não esteja!

Dicas Bíblicas

"Mulheres interpelam Jesus"
outubro 2012


No Evangelho de Marcos encontramos muitas narrativas onde aparecem as mulheres, seja como agentes da ação de Jesus, seja como seguidoras e colaboradoras na sua missão. Neste mês vamos lançar um olhar mais atento sobre três narrativas, nas quais aparecem por sua vez: três mulheres e duas meninas. As três mulheres são a Hemorroissa (Mc 5,21-43), a Cananéia (Mc 7,24-30) e a viúva do óbulo (Mc 12,41-44). Uma das meninas é filha de Jairo, um dos chefes da sinagoga e a outra é a filha da Cananéia.
Marcos descreve com detalhes, a situação da mulher: sofre de um fluxo de sangue há 12 anos, já sofreu muito nas mãos dos médicos, gastou tudo o que tinha e nada havia resolvido, antes piorava cada vez mais. A mulher tinha ouvido falar de Jesus e apesar de sua timidez, colocou-se atrás de Jesus, em meio à multidão, tocou a orla do manto de Jesus e dizia consigo mesma: “se ao menos eu tocar, o seu manto serei salva.” E de fato, imediatamente ela sentiu que o sangue se estancou, sentiu-se curada da enfermidade, mas ela não podia imaginar que Jesus se dera conta dela, nem reconhecer que dele saíra uma força, perguntando alto e olhando ao seu redor: “Que me tocou?” Imaginem vocês como esta mulher terá se sentido! Pois, como os discípulos ela deverá ter pensado: quem vai saber, se há uma multidão ao seu redor? Ela jamais poderia pensar em ser descoberta, tanto é que o texto fala que ela estava amedrontada e trêmula, caiu aos pés de Jesus e contou-lhe toda a verdade. Jesus a acolheu, a escutou tudo e lhe disse: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fique curada desse teu mal.” Imaginem qual não foi a alegria e a gratidão que reinou no coração dessa mulher. Havia valido a pena ter interceptado o caminho de Jesus, que estava seguindo com os seus discípulos e o próprio Jairo, para a casa dele.
Marcos retoma a narrativa com os mensageiros que anunciam a Jairo uma triste notícia: “Tua filha morreu, por que ainda perturbas o mestre?” Jesus acalmou o coração de Jairo, dizendo-lhe: “Não temas; crê somente!” E chegando perto da casa, Jesus escutou muita choradeira, e novamente tenta acalmar os ânimos dizendo que a menina, apenas dormia, o que foi motivo de chacota. Jesus permitiu que somente algumas pessoas, entrassem com ele no quarto. Tomou a mão da menina e lhe disse: “Talita Kum”, ou seja, menina levanta-te. Ela se levantou e começou a caminhar pela casa. Jesus pediu que lhe dessem de comer. Todos ficaram espantados pelo que haviam visto. Leia a narrativa no Evangelho de Marcos 5,21-43.
A segunda mulher que impactou Jesus foi a Cananéia, cuja narrativa se encontra em Marcos 7,24-30. Jesus estava fora da terra de Israel, na região de Tiro e não queria que ninguém o soubesse. Mas, uma mulher ficou sabendo e foi encontrá-lo e jogou-se aos seus pés suplicando em favor da filha. Num primeiro momento, Jesus se recusa a atendê-la ao afirmar que “não é bom tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos.” A mulher logo entendeu que era uma estrangeira e que Jesus teria vindo para o seu povo, mas ela contra argumentou: “os cachorrinhos, também, comem das migalhas que caem da mesa de seus donos”, ou seja, ela também tinha o direito de ser beneficiada pela ação de Jesus. A resposta da mulher convenceu a Jesus e ele mudou de postura: “Pelo que disseste, vai: o demônio saiu de sua filha.” Ao chegar em casa a mulher encontrou a sua filha curada. A fé da mulher foi premiada.
A terceira mulher, a viúva do óbulo, provavelmente, não ficou sabendo que estava sendo observada por Jesus, diante do Tesouro do Templo, e muito menos que fora proposta como exemplo de desapego e confiança em Deus: “Em verdade eu vos digo que esta viúva que é pobre, lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao tesouro. Pois, todos os outros deram do que lhes sobrava. Ela, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver.” Nas três narrativas, a atitude de fé, de confiança e determinação, tocou o coração de Jesus e ele se sentiu interpelado a realizar os anseios que cada uma carregava, até mesmo da mulher viúva, que não pronunciou uma palavra sequer. Mas o seu gesto, falou mais alto do que muitos discursos. Jairo e a mulher Cananéia experimentaram a alegria do reencontro com a vida, restabelecida em suas filhas.

Algumas perguntas que podem ajudar na reflexão:
Na leitura dessas três perícopes, o que chama mais a sua atenção?
Em que momento concreto a postura das mulheres influenciou no redirecionamento da ação de Jesus?
Concretamente, em que se apoiou a fé dessas mulheres? E a minha fé em Jesus em que se fundamenta?