sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Educação católica alcança mais de 57 milhões de alunos no mundo


Crucifixo em sala de aulaExistem hoje no mundo 209.670 estruturas de educação católica, com 57.612.936 alunos. É um dos dados contidos no documento ‘Educar para o diálogo intercultural na Escola Católica. Viver juntos para uma civilização do amor’, divulgado quinta-feira, 19, pela Congregação para a Educação Católica (CEC), organismo da Santa Sé.
Segundo o Prefeito da Congregação, o cardeal polonês Zenon Grocholewski, “a palavra-chave que une todos os aspetos abordados no documento é ‘diálogo’”, uma resposta às indicações do Papa Francisco.
Em coletiva à imprensa, o cardeal destacou que cerca de 70 milhões de crianças não vão à escola, segundo dados do UNICEF (Agência da ONU para a Infância) e lembrou o episódio da jovem paquistanesa Malala, alvo de um ataque talibã em 9 de outubro de 2012, quando voltava para casa em um ônibus escolar. Neste sentido, Dom Grocholewski disse aos jornalistas que “o direito de todas as crianças a uma instrução justa é frequentemente desrespeitado quando se trata de meninas”.
Na coletiva, foram apresentados os dados relativos ao número de alunos nas escolas católicas no mundo entre 2008 e 2011, registrando um aumento de quase 3 milhões (5%) de estudantes. O crescimento é constatado na Ásia, África e Oceania, ao contrário da Europa e América, onde as matrículas em escolas católicas caíram.

Fonte: Canção Nova com Rádio Vaticano

Evangelho do dia

Ano C - 27 de dezembro de 2013

João 20,2-8

Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos, vos louva o exército dos vossos santos mártires! 


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
20 2 Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!"
3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro.
4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.
5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.
6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.
7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
O DISCÍPULO AMADO
A acolhida de Jesus e sua mensagem deram à comunidade de discípulos aos quais foi confiada a tarefa de levar adiante a missão do Mestre: estender, a toda humanidade, os benefícios da salvação. A convivência com Jesus como também o testemunho de seu modo de ser e de agir predispunham os corações dos discípulos para o aprofundamento da adesão a ele, explicitada no ato de fé.
A profundidade do relacionamento com Jesus variava de discípulo para discípulo. Esta é uma dinâmica própria da realidade humana. A figura do discípulo amado evocava um tipo de relacionamento profundamente afetivo com o Senhor. Relacionamento de confiança, de entrega da própria vida nas mãos do Mestre, de comunhão de sentimentos, de transparência mútua. Não se tratava, porém, de uma escolha arbitrária de Jesus, privilegiando, indiscriminadamente, certas pessoas e marginalizando outras. Antes, foi este discípulo que se deixou amar por Jesus e soube corresponder ao amor que lhe fora oferecido. Todos os discípulos poderiam ter feito o mesmo.
Ser discípulo amado, de certa forma depende do próprio discípulo, uma vez que o Mestre quer fazer morada no mais íntimo de cada um de seus seguidores. Deixar-se amar por Jesus comportava deixar-se plasmar e transformar por ele. Por isso, muitos se recusaram!

Oração Senhor Jesus, quero viver a experiência de ser amado por ti, a ponto de toda minha existência ser plasmada e transformada por tua presença em mim.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Leitura
1 João 1,1-4
Leitura da primeira carta de são João.
1 1 O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida -
2 porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou -,
3 o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo.
4 Escrevemo-vos estas coisas para que a vossa alegria seja completa.
Palavra do Senhor.
Salmo 96/97
Ó justos, alegrai-vos no Senhor! 

Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu torno,
que se apóia na justiça e no direito.

As montanhas se derretem como cera
ante a face do Senhor de toda a terra;
e assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.

Uma luz já se levanta para os justos,
e a alegria, pra os retos corações.
Homens justos, alegrai-vos no Senhor,
celebrai e bendizei seu santo nome!
Oração
Ó Deus, que pelo apóstolo são João nos revelastes os mistérios do vosso Filho, tornai-nos capazes de conhecer e amar o que ele nos ensinou de modo incomparável. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

O homem perfeito


Todo aquele que segue a Cristo torna-se também mais humano.

Solidariedade: 'só Cristo é a revelação plena do Pai'.
Por Dom Aloísio Roque Oppermann*
O homem moderno, por mais desligado da religião que possa parecer, mantém na sua consciência as grandes interrogações religiosas da existência. Qual é o significado da vida? Qual é o sentido da atividade humana e das suas fadigas? Por que - por mais que mantenha boa forma física - com certeza vai morrer? Como deve entender sua missão neste mundo?
A Igreja sabe perfeitamente que só Deus, que construiu a natureza humana, e a remiu do pecado, sabe responder a isso a contento. Por isso o Pai Celeste nos enviou a pessoa que Ele mais ama: Jesus o Cristo, Salvador. Segundo São Paulo, nossa tarefa não deixa espaço para dúvidas: “Revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4, 24). Com certeza, aproximando-nos de Jesus, ser-nos-á revelado o mistério do homem. Este, por mais que busque desenvolver sua personalidade, ou que consiga afirmar os seus direitos, sempre se sente a caminho.

Olhando para esse ser maravilhoso, o homem novo, sem preconceitos, e com espírito aberto, descobriremos que Deus é o fim último do homem. Só Ele responde às aspirações profundíssimas do coração humano, que jamais se satisfaz plenamente com os alimentos terrestres. Todo aquele que segue a Cristo, o Homem Perfeito, torna-se também mais humano. Isso descarta a possibilidade de menosprezar o nosso corpo. Mas também põe no seu devido lugar os exageros do “homem imortal”, que cultiva o seu corpo a ponto de esquecer que um dia vai deixar este mundo.

O Cristo nos mostra a grande dignidade de todo ser humano, cuja liberdade de filhos de Deus nenhuma lei humana pode assegurar devidamente. Ele adverte que todos os talentos humanos devem ser reduplicados para o serviço de Deus e o bem dos homens. O que leva a entender a lei fundamental de toda a atividade econômica. Isso, longe de suprimir a autonomia justa do homem, antes a restabelece e confirma em sua dignidade. Se nos desligarmos das leis de Cristo, a beleza da natureza humana perece. Só Cristo é a revelação plena do Pai (1 Pd 4, 13).
CNBB, 19-12-2013.
*Dom Aloísio Roque Oppermann é arcebispo Emérito de Uberaba (MG).

Visitados pelos mistério


Por Dom Messias dos Reis Silveira*

Em dezembro, o país se transforma em uma grande festa, e a maior motivação é a comemoração do Natal. Muitos, mesmo não cristãos, entram no embalo e promovem reuniões familiares, entre amigos, troca de presentes. As casas, ruas e lugares públicos são ornamentados. Qual é o principal motivo de tudo isso? É simplesmente “seguir o fluxo” ou há algo que vai além?

Existem realidades sagradas que ultrapassam os seus limites e vão além de suas origens. É caso por exemplo de São Francisco que é respeitado e valorizado não apenas pelos cristãos, é o caso do Natal, da Páscoa e de algumas devoções populares e romarias que reúnem milhares de pessoas nem todas motivadas pelo principal motivo de sua celebração.  As motivações para viver esses momentos estão no profundo da existência humana e talvez palavras não consigam explicá-las. Trata-se de uma leveza espiritual que vai além do que os olhos podem ver.

O Natal não é diferente. Ele é uma festa cristã, mas seus símbolos  são usados para além das intenções religiosas. O mistério divino vazou da eternidade e fez morada na finitude da vida humana dando um novo significado para a existência.  Desde aquele acontecimento divinal a finita humanidade viaja rumo a eternidade mesmo por caminhos que aos olhos do mundo são tortos, mas podem ser situações criadas para que em algum momento o humano encontre o divino. No Natal afloram sentimentos bons, valores especiais que são muito próprios da vivência de quem tem sementes do Verbo em sua vida. Cabe aos cristãos aproveitarem esses momentos tão bons para fazer germinar a boa semente já derramada no chão da vida. O cuidado para esse germinar exige criatividade, amor, ternura, evangelização e testemunho. Natal é tempo de testemunhar que se pode viver em harmonia com o diferente. A celebração natalina traz harmonia ao mistério da vida.

O ritmo de vida e comemorações que se estabelecem no Natal entram no embalo de um mistério que precisa ser muito aprofundado. É preciso se tornar criança para começar a compreender. Na pequenez o tudo se revela. Deus se tornou criança para que a vida fosse grande. É preciso ir além do que conseguimos ver, tocar e até mesmo pensar. O Natal nos convida ao mistério da abertura. Ele é uma festa aberta e onde existe um coração aberto para acolher o Senhor pode vir morar. Uma gruta não tem portas e o mundo está precisando de portas abertas, pois elas foram se fechando pelo medo, pela desconfiança, pelo egocentrismo. Mais uma vez a graça divina está passando a procura de acolhida. O Mistério visitará muitas pessoas nos festejos natalinos e algumas delas passarão a hospedá-lo.
*Dom Messias dos Reis Silveira é bispo de Uruaçu (GO).

A parceria entre o elefante e a formiga


Certa vez, um elefante estava no deserto, ao pé de uma grande árvore, e com muita fome, pois não havia comida para ele naquele lugar. A árvore era muito alta e ele não alcançava as folhes para comê-las. Viu no chão uma formiga e se abriu com ela: “Eu quero ir embora daqui, mas antes preciso me alimentar, senão não aguento a viagem”.

A formiga lhe disse: “Eu também quero ir embora, porque aqui faz muito calor. Só não vou porque não consigo caminhar sobre esta areia quente”.

O elefante então lhe propôs uma parceria: “Vamos fazer o seguinte: Você sobe na árvore e corta algumas folhas para mim. Depois você sobe nas minhas costas e nós iremos para outro lugar”.

Em pouco tempo, a formiga havia cortado o talo de uma folha e esta caiu. Em seguida, vieram outras.

Depois que o elefante estava saciado, a formiga subiu nas suas costas e os dois foram para um oásis. Areia quente não é problema para elefante.

Não importa se somos grandes ou pequenos. O importante é nos amarmos com sinceridade e nos ajudarmos uns aos outros.
A12, 26-12-2013.

Mergulhando com São João no mistério natalino


Dentro da Oitava do Natal celebramos hoje, a festa de São João Apóstolo e Evangelista. Foi quem meditou mais profundamente o mistério da Encarnação.

Ele nos diz a respeito do nascimento de Jesus Cristo: "a vida se manifestou, e tornou-se visível" e ainda, "vida que estava voltada para o Pai e foi comunicada a nós", (1 Jo. 1,2).

João ficou fascinado pela possibilidade de tocar e experimentar a Deus na carne, pois, o invisivelmente divino se tornou palpável e apreensível.

O apostolo João vê na encarnação de Jesus a ação restauradora e redentora de Deus em nós. A doença e a aflição da pessoa humana consistem em estar alienado e separado de Deus, desenraizado da verdadeira vida.

O homem sem a vida divina está alienado de si mesmo, está paralítico e tateia cego pelo mundo.

A mensagem central deste evangelista pode se centrar em duas palavras: vida e amor. Deus nos dá vida eterna em Jesus, uma nova qualidade de vida, vida real, vida em abundância.

Em Jesus o amor de Deus se revela plenamente, descortinando a sua essência e identidade: "Deus é amor ", (1 Jo. 4,16).

Quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele. Ainda, esse amor é inclusivo e circular, nos leva ao próximo, que é nosso irmão. Pois, se não amamos ao nosso irmão que vemos como amaremos a Deus que não vemos. E tem mais, quem diz amar a Deus e não ama o próximo, diz São João é um mentiroso.

Esse é o grande legado do Natal o amor divino, ágape, nos torna irmãos, infundindo e alicerçando a caridade fraterna.

Natal é defender a vida do irmão amando-o como Cristo nos amou. Conta-se que quando João era já um ancião debilitado pelo passar dos anos e era levado pelos discípulos aos encontros eucarísticos, sempre dava a mesma mensagem: "Meus caros filhos, amai-vos uns aos outros”.

Quando os ouvintes perguntavam por que sempre dizia a mesma coisa, ele respondia: “Porque este é o mandamento do Senhor, e se apenas isso acontecer, já será o bastante".

Que neste tempo de Natal possamos vivenciar o amor gratuito, fraterno e solidário, que o Menino Deus trouxe a humanidade com o seu nascimento.  Deus seja louvado!
A12, 27-12-2013.

Ano novo feliz?


“Feliz Ano Novo” é o augúrio contido nos votos tradicionalmente feitos, no desejo de cada coração e, particularmente, nas urgências e demandas que os variados cenários da sociedade estão gritando em alta voz. Ano Novo pela contagem de um dia após o outro não é novidade. O tempo passa inexoravelmente. Ninguém o detém e ele corre talvez ainda mais veloz na atualidade. São avalanches de solicitações, possibilidades, necessidades criadas, mas pouca interioridade.

Os grandes mestres ensinam que o tempo é, sobretudo, uma questão de interioridade. Se tudo é centrado na exterioridade e nas aparências, o tempo não só passa muito rápido como também de maneira pouco aproveitável. Desse modo, a cidadania fica comprometida, habitua-se a superficialidades e, lamentavelmente, o tempo da vida é compreendido como momento para se buscar o atendimento de interesses mesquinhos. Sem interioridade, adota-se um modo egoísta de viver, sem comprometimentos com a ordem social e com a lúcida exigência para as dinâmicas políticas.

O desejo de “Feliz Ano Novo”, para além da formalidade, uma expressão automática, até maquinal, para ser realidade, precisa de algo mais. É urgente cultivar uma nova sensibilidade social e política, formatando de maneira nova a cidadania. A “novidade” do “ano novo” depende do sentido social que alavanca e impulsiona a condição cidadã de cada indivíduo. Esse sentido inclui desde a educação de não jogar um papel de bala fora do cesto de lixo até a esperada competência e velocidade indispensáveis nas ações dos que governam, dos que têm maiores responsabilidades como construtores da sociedade pluralista.

O profeta Isaías, para despertar a consciência do povo, ação insubstituível para a novidade no tempo, fala do sentimento e do propósito de Deus a ser também assumido por todos os cidadãos de boa vontade. Ele compartilha que Deus, por amor, não descansa enquanto não surgir na sociedade, como luzeiro, a justiça, e não se acender nela, como uma tocha, a salvação. Deste modo se desenha o caminho para desdobramentos que possam trazer o novo, na contramão de interesses meramente grupais, partidários e religiosos, algumas vezes mesquinhos e alienantes.

O ano de 2014 não pode se resumir ao período eleitoral, considerada a sua importância decisiva, e nem simplesmente na festa da Copa do Mundo. Deve se constituir nesse tempo que se inicia uma chance para que os políticos não esgotem suas ações em meandros partidários, visando interesses próprios e de apoiadores. O sinal estará dado na qualidade do discurso, que deve ultrapassar o conservadorismo de ataques mútuos ou de armação de ciladas. A hora é de propor ações e programas com comprovada autoridade política, a partir do entendimento de que o povo é o verdadeiro detentor da soberania.

Esta compreensão inclui, pois, a competência e a sensibilidade requeridas para priorizar as necessidades do povo. Nesse sentido, ainda longo é o caminho e necessários são os ajustamentos nas práticas executivas governamentais. Nota-se uma falta de sensibilidade social e embasamento humanístico, nos mais diversificados setores, inviabilizando atendimentos básicos, como transporte, moradia, saúde, educação, lazer. A burocratização e a redução de tudo a números, analisados e tratados nos escritórios, comprovam essa falta de sensibilidade.  Revelam ausência de formação humanística que estreita a própria cidadania, permitindo uma satisfação a partir de indicadores que, mesmo volumosos, não podem camuflar a aflição dos outros, particularmente dos mais pobres e sofredores.

As estratégias e metas são importantes nas definições e nas escolhas. Imprescindível é o cultivo da sensibilidade social, à luz da fé e inspirada por um alto sentido de cidadania. Caso contrário, “chove-se no molhado” e não se verificam avanços globais, com o necessário envolvimento de todos. Em busca do novo para o Ano Novo, vale ter em conta a indicação do Papa Francisco, para quem crê e para quem quer honrar sua cidadania. O Papa sublinha que cada cristão, cidadão e comunidade tem o dever, se quiser gerar o novo, de ser instrumento de Deus e da cidadania, a serviço da libertação e da promoção dos pobres. Essa é a única via de capacitação para contribuições relevantes no diálogo em vista da paz social. Se todos seguirem essa indicação, 2014 poderá ser, efetivamente, um “Ano Novo”.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante os exercícios de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB - Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas. 

Natal: intercâmbio de dons entre o céu e a terra


Natal: Para a humanidade que parece ter perdido o sentido da vida, eis uma ocasião indispensável para uma revisão de vida.
Por Padre Geovane Saraiva*

Natal é um convite feito às pessoas de boa vontade de “participar da divindade daquele que uniu a Deus nossa humanidade”, manifestando-se como luz, a iluminar todos os povos no caminho da salvação. No Natal experimentamos misteriosamente “a troca de dons entre o céu e a terra”, na ternura e esperança, sem jamais ter medo da ternura, disse o papa Francisco.

O Menino Jesus, tão pequeno na gruta de Belém, entrou no mundo como uma criança frágil, vivendo na sociedade de seu tempo, filho de Maria de Nazaré e do carpinteiro José, querendo, evidentemente, desmanchar a montanha do orgulho e do egoísmo, amparado pela simbologia do manto da paz, da justiça, da ternura e da solidariedade. Mas ele, sem que as pessoas conseguissem perceber, carregava consigo uma profunda marca, a natureza divina – É o Verbo de Deus que se encarnou e veio se estabelecer entre nós (Jo 1, 14).

De nós católicos cabe exultar e, ao mesmo tempo, contemplar associados aos anjos, que povoaram os céus naquela noite feliz e memorável, no insondável e misterioso coro: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”, para que sua chegada encontre morada no interior das pessoas, além de causar-nos uma alegria transbordante, naquele que de modo inexprimível, no dizer Santo Afonso Maria de Ligório, “desce das estrelas, vindo morar numa gruta, ao frio, ao gelo”.

Que este Natal de 2013, a partir dos gestos, atitudes e palavras do nosso querido papa Francisco, seja de verdade: festa de paz, amor, justiça e fraternidade. Não terá nenhum sentido celebrar o Natal do Senhor, sem que aconteça no nosso interior, profundas mudanças de conversão, aceitando na vida e no dia a dia a atitude pobre, mansa e humilde de Jesus da Nazaré.

Para a humanidade que parece ter perdido o sentido da vida, eis uma ocasião indispensável para uma profunda revisão de vida, no menino que o vemos na manjedoura, pobre e frágil, simples e humilde, mas que recorda um número infinito de meninos empobrecidos, cansados de ilusórios presentes. Eles não querem esses ilusórios presentes, porque estão ávidos é de um futuro, marcado de pequenos gestos, gestos concretos traduzidos em despojamento, amor de verdade!

Saibamos, pois, aproveitar do Natal, festa tão simpática, a qual enche nossos corações de enorme alegria!  Alegria mesmo por toda parte! Vamos ficar bem atentos diante do Evangelho, como palavra de ordem: “Eis que eu anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo” (Lc, 2, 10). Mas qual é mesmo a verdadeira alegria? “Nasceu-vos hoje na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2, 11).

Um feliz Natal! Eu sonho com aquela esperança indissolúvel, da terra transformar-se céu e o céu transformar-se terra, “Porque um menino nasceu para nós, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: conselheiro admirável, Deus forte, pai dos tempos futuros, príncipe da paz” (Is 9,5). Amém!
* Geovane Saraiva é Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”.