segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

"Grandes pecadores podem se tornar grandes santos", afirma Francisco




Cidade do Vaticano (RV) – Em sua homilia na missa celebrada na manhã desta segunda-feira, 03, na Casa Santa Marta, onde reside, o Papa disse que “não se deve usar Deus e o povo como uma defesa, nos momentos difíceis”. Comentando o comportamento do Rei Davi diante da traição do filho Absalão, Francisco apontou que é sempre melhor escolher o caminho da entrega a Deus.

O Rei Davi fugiu porque seu filho Absalão o traiu. O Livro de Samuel narra esta grade traição e suas consequências: Davi ficou triste, sentia como se seu filho tivesse morrido, mas como homem de governo, decidiu que seu povo não devia morrer. “Ele – observou o Papa – podia lutar contra as forças de seu filho em Jerusalém, mas decretou que a cidade não fosse destruída”. Francisco descreveu os três comportamentos de Davi:

Para se defender, ele não usou Deus e nem o seu povo. Era apegado a eles. Em momentos difíceis de nossas vidas, pode acontecer que em meio ao desespero, tentamos nos defender como podemos, usando Deus e as pessoas. Ele não o fez”.

Davi optou por fugir. Esta segunda atitude foi ‘penitencial’. Ele subiu a montanha chorando, com a cabeça coberta e os pés descalços. “Quem sabe - sugeriu Francisco - ele pensou tantas coisas tristes, nos pecados que cometera; talvez achasse que não era ‘inocente’. Pensou também que não era justo que seu filho o tivesse traído, mas, reconhecendo que não era um santo, decidiu pela penitência”.

Nós, sempre que acontece uma coisa assim em nossas vidas, tentamos, como um instinto, nos justificar. Davi não se justificou, foi realista, tentou salvar a arca de Deus e seu povo, fazendo penitência naquele caminho. Era um grande pecador e um grande santo. Como podem estar juntas estas duas coisas, só Deus sabe!”, exclamou Francisco na homilia.

O Papa continuou lembrando que em seu caminho, Davi encontrou Simei, que jogou pedras nele e em seus oficiais, amaldiçoando-os. O rei negou aos seus amigos a permissão para matá-lo, certo de que o Senhor percebia a sua aflição. “Davi se entrega a Deus, disse o Pontífice, ressaltando que este comportamento di Davi pode nos ajudar a todos, quando passamos por momentos escuros, de provação”.

Concluindo a homilia, o Papa resumiu as três atitudes de Davi, citando-as como exemplo de beleza: "um homem que amou Deus, amou seu povo e não o negociou; um homem que se reconheceu como pecador e fez penitência; um homem que era seguro de seu Deus e se entregou a Ele. Davi foi um santo e nós o veneramos como santo. Pedimos a ele que nos ensine a nos comportar assim nos momentos difíceis de nossas vidas”.
(CM)



Papa Francisco aos consagrados: Sejam abertos à voz de Deus que fala, abre e conduz





Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística na Basílica de São Pedro, neste domingo, 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor, e 18° Dia Mundial da Vida Consagrada.

Em sua homilia, o pontífice sublinhou que "a Festa da Apresentação de Jesus no Templo é chamada também 'a festa do encontro': o encontro entre Jesus e o seu povo; quando Maria e José levaram o seu filho ao Templo de Jerusalém, realizou-se o primeiro encontro entre Jesus e o seu povo, representado pelos dois anciãos, Simeão e Ana".

"Aquele foi também um encontro dentro da história do povo, um encontro entre os jovens e os idosos: os jovens eram Maria e José com o seu recém-nascido e os anciãos eram Simeão e Ana, dois personagens que sempre frequentavam o Templo", frisou o Santo Padre.

O evangelista Lucas, sobre Nossa Senhora e São José, repete por quatro vezes que eles queriam fazer aquilo que era prescrito pela Lei do Senhor. "Percebe-se que os pais de Jesus têm a alegria de observar os preceitos de Deus, a alegria de caminhar na Lei do Senhor! São dois esposos novos, recém tiveram a criança e estão animados pelo desejo de cumprir aquilo que está prescrito. Não é um fato exterior, não é para sentir-se com o dever cumprido, não! É um desejo forte, profundo, cheio de alegria. É aquilo que diz o Salmo: 'Na observância dos teus ensinamentos eu me alegro... A vossa lei é a minha delícia'".

Sobre os anciãos, São Lucas diz "que eram guiados pelo Espírito Santo. De Simeão, afirma que era um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e que o 'o Espírito Santo estava n'ele'; disse que 'o Espírito Santo o havia revelado que não morreria sem antes ver o Cristo, o Messias; e enfim que se dirigiu ao Templo "impelido pelo Espírito Santo'. De Ana, diz que era uma 'profetiza', isto é, inspirada por Deus; e que estava sempre no Templo 'servindo a Deus com jejuns e orações'. Estes dois anciãos são cheios de vida! São cheios de vida porque animados pelo Espírito Santo, dóceis à sua ação, sensíveis aos seus chamados."

"Eis o encontro entre a Sagrada Família e estes dois representantes do povo santo de Deus. No centro está Jesus. É Ele que move tudo, que os atrai ao Templo, casa de seu Pai."

O Papa Francisco destacou que este "é um encontro entre os jovens cheios de alegria em observar a Lei do Senhor e os anciãos cheios de alegria pela ação do Espírito Santo. É um singular encontro entre observância e profecia, onde os jovens são os observantes e os anciãos são os proféticos! Na realidade, se refletirmos bem, a observância da Lei é animada pelo mesmo Espírito, e a profecia se cumpre no caminho indicado pela Lei. Quem mais do que Maria é cheia do Espírito Santo? Quem mais do que ela é dócil à sua ação?"

À luz desta passagem do Evangelho, o Santo Padre convidou a olhar "para vida consagrada como a um encontro com Cristo, pois Ele vem até nós, trazido por Maria e José, e nós vamos em direção a Ele, guiados pelo Espírito Santo. Mas no centro está Ele. Ele move tudo, Ele nos atrai ao Templo, à Igreja, onde podemos encontrá-lo, reconhecê-lo, acolhê-lo e abraçá-lo".

"Jesus vem ao nosso encontro na Igreja através do carisma de fundação de um Instituto: é bonito pensar assim à nossa vocação! O nosso encontro com Cristo tomou a sua forma na Igreja mediante o carisma de uma testemunha sua. Isto sempre nos surpreende e nos faz dar graças", disse ainda Francisco.

"Na vida consagrada também se vive o encontro entre os jovens e os anciãos, entre a observância e a profecia. Não vemos isto como duas realidades contrapostas! Deixamos que o Espírito Santo as anime e o sinal disso é a alegria: a alegria de observar, de caminhar numa regra de vida; e a alegria de ser guiados pelo Espírito, nunca rígidos, nunca fechados, mas sempre abertos à voz de Deus que fala, que abre e conduz."

O Papa disse ainda que "faz bem aos anciãos comunicar a sabedoria aos jovens; e faz bem aos jovens acolher este patrimônio de experiência e de sabedoria e levá-lo adiante, para o bem das respectivas famílias religiosas e de toda a Igreja".

"Que a graça deste mistério, o mistério do encontro, nos ilumine e nos conforte em nosso caminho", concluiu Francisco. (JE/MJ)




Evangelho do Dia


Ano C - 03 de fevereiro de 2014

Marcos 5,1-20

Aleluia, aleluia, aleluia.
Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
5 1 Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos.
2 Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério
3 onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros,
4 pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar.
5 Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6 Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz:
7 “Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus, que não me atormentes”.
8 É que Jesus lhe dizia: “Espírito imundo, sai deste homem!”
9 Perguntou-lhe Jesus: “Qual é o teu nome?” Respondeu-lhe: “Legião é o meu nome, porque somos muitos”.
10 E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região.
11 Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali junto do monte.
12 E os espíritos suplicavam-lhe: “Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles”.
13 Jesus lhos permitiu. Então os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se.
14 Fugiram os pastores e narraram o fato na cidade e pelos arredores. Então saíram a ver o que tinha acontecido.
15 Aproximaram-se de Jesus e viram o possesso assentado, coberto com seu manto e calmo, ele que tinha sido possuído pela Legião. E o pânico apoderou-se deles.
16 As testemunhas do fato contaram-lhes como havia acontecido isso ao endemoninhado, e o caso dos porcos.
17 Começaram então a rogar-lhe que se retirasse da sua região.
18 Quando ele subia para a barca, veio o que tinha sido possesso e pediu-lhe permissão de acompanhá-lo.
19 Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti”.
20 Foi-se ele e começou a publicar, na Decápole, tudo o que Jesus lhe havia feito. E todos se admiravam.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A LIBERTAÇÃO DO MAL
Jesus também manifestou seu poder além das fronteiras de Israel, fazendo os pagãos se beneficiarem da presença do Reino. O gesto de Jesus indicava aos discípulos os caminhos que teriam pela frente, no seu afã missionário. O evangelho deveria ser levado até os pagãos.
O encontro com um homem possuído pelo espírito imundo não assustou Jesus. Impressiona seu alto grau de insociabilidade. Sua condição era apavorante! Porém, mesmo em terras estrangeiras, o espírito imundo reconheceu ser Jesus o Filho do Deus Altíssimo, que veio para atormentá-lo. E Jesus, como sempre, veio em socorro daquela pobre criatura, compadecido dela, para libertá-la de sua terrível escravidão.
O pedido da legião de espíritos para entrarem na manada de porcos indica que seu lugar de moradia não é o ser humano, mas, sim, o mundo da impureza, simbolizado pelos animais impuros. Os porcos, porém, se lançam no mar, símbolo das forças incontroladas do mal, significando que, pela ação de Jesus, o poder do mal foi aniquilado. Liberto do poder do mal, o homem retomou a convivência social, para espanto de muitos.
A reação do povo do lugar foi de rejeição a Jesus. Sua presença poderia arruinar a economia local. Eles o expulsaram para defender seus interesses. Porém, o homem liberto se encarregou de proclamar as grandes coisas que Jesus fez por ele.

Oração
Senhor Jesus, expulsa, com a força da tua palavra, o espírito do mal que insiste em manter a humanidade cativa do seu poder.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Leitura
2 Samuel 15,13-14.30; 16,5-13
Leitura do segundo livro de Samuel.
15 13 Vieram então anunciar a Davi: “Os israelitas aderem a Absalão!”
14 Davi disse então a todos os que estavam com ele em Jerusalém: “Vamos, fujamos, porque não podemos de outro modo escapar a Absalão! Apressai-vos e parti, não suceda que ele nos surpreenda de repente, e nos inflija a ruína, passando a cidade ao fio da espada”.
30 Davi subiu chorando o monte das Oliveiras, cabeça coberta e descalço. Todo o povo que o acompanhava subia também chorando, com a cabeça coberta.
31 Foi anunciado a Davi que Aquitofel estava também entre os conjurados de Absalão. Davi disse: “Fazei que se frustrem, ó Senhor, meu Deus, os desígnios de Aquitofel!”
32 Ora, chegando Davi ao cume do monte, no lugar onde se adorava Deus, veio-lhe ao encontro Cusai, o araquita, com a túnica em farrapos e a cabeça coberta de pó.
33 Davi disse-lhe: “Se vieres comigo, ser-me-ás pesado;
34 mas se voltares à cidade e disseres a Absalão: eu quero ser, ó rei, teu servo, como fui outrora servo de teu pai; doravante servir-te-ei a ti - então desconcertarás a meu favor o desígnio de Aquitofel.
35 Terás lá contigo os sacerdotes Sadoc e Abiatar, a quem comunicarás tudo o que souberes no palácio real.
36 Com eles estão os seus dois filhos, Aquimaas, filho de Sadoc, e Jônatas, filho de Abiatar; por eles me transmitireis tudo o que ouvirdes”.
37 E Cusai, amigo de Davi, voltou para a cidade, no momento em que Absalão fazia a sua entrada em Jerusalém.
5 Quando o rei chegou a Baurim, apareceu um homem da família da casa de Saul, chamado Semei, filho de Gera, o qual ia proferindo maldições enquanto andava.
6 Atirava pedras contra o rei Davi e contra todos os seus servos, embora todo o exército e todos os guerreiros valentes se encontrassem à direita e à esquerda do rei.
7 E o amaldiçoava, dizendo: “Vai-te, vai-te embora, homem sanguinário e celerado.
8 O Senhor faz cair sobre ti todo o sangue da casa de Saul, cujo trono usurpaste; o Senhor entregou o reino ao teu filho Absalão. Eis-te oprimido de males, homem sanguinário que és!”
9 Então Abisai, filho de Sarvia, disse ao rei: “Por que insulta esse cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, vou cortar-lhe a cabeça”.
10 “Que nos importa, filho de Sarvia?”, respondeu Davi. “Deixa-o amaldiçoar. Se o Senhor lhe ordenou que me amaldiçoasse, quem poderia dizer-lhe: ‘por que fazes isso?’”
11 E Davi disse a Abisai e à sua gente: “Vede: se meu filho, fruto de minhas entranhas, conspira contra a minha vida, quanto mais agora esse benjaminita? Deixai-o amaldiçoar, se o Senhor lho ordenou.
12 Talvez o Senhor considere a minha aflição e me dê agora bens por esses ultrajes”.
13 Davi e seus homens retomaram o seu caminho, mas Semei ia ao longo da montanha, ao lado dele, vomitando injúrias, atirando-lhe pedras e espalhando poeira pelo ar.
Palavra do Senhor.
Salmo 3
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!

Quão numerosos, ó Senhor, os que me atacam;
quanta gente se levanta contra mim!
Muitos dizem, comentando a meu respeito:
“Ele não acha a salvação junto de Deus!”

Mas sois vós o meu escudo protetor,
a minha glória que levanta a minha cabeça!
Quando eu chamei em alta voz pelo Senhor,
do monte santo ele me ouviu e respondeu.

Eu deito e adormeço bem tranqüilo;
acordo em paz, pois o Senhor é meu sustento.
Não terei medo de milhares que me cerquem
e, furiosos, se levantem contra mim.
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!
Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração e amar todas as pessoas com verdadeira caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Liturgia Diária


Dia 3 de Fevereiro - Segunda-feira

IV SEMANA DO TEMPO COMUM *
(Verde – Ofício do Dia da 4ª Semana do Saltério)

Antífona da entrada: Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome e nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105,47)
Oração do dia
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração e amar todas as pessoas com verdadeira caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (2 Samuel 15,13-14.30; 16,5-13)
Leitura do segundo livro de Samuel.
15 13 Vieram então anunciar a Davi: “Os israelitas aderem a Absalão!”
14 Davi disse então a todos os que estavam com ele em Jerusalém: “Vamos, fujamos, porque não podemos de outro modo escapar a Absalão! Apressai-vos e parti, não suceda que ele nos surpreenda de repente, e nos inflija a ruína, passando a cidade ao fio da espada”.
30 Davi subiu chorando o monte das Oliveiras, cabeça coberta e descalço. Todo o povo que o acompanhava subia também chorando, com a cabeça coberta.
31 Foi anunciado a Davi que Aquitofel estava também entre os conjurados de Absalão. Davi disse: “Fazei que se frustrem, ó Senhor, meu Deus, os desígnios de Aquitofel!”
32 Ora, chegando Davi ao cume do monte, no lugar onde se adorava Deus, veio-lhe ao encontro Cusai, o araquita, com a túnica em farrapos e a cabeça coberta de pó.
33 Davi disse-lhe: “Se vieres comigo, ser-me-ás pesado;
34 mas se voltares à cidade e disseres a Absalão: eu quero ser, ó rei, teu servo, como fui outrora servo de teu pai; doravante servir-te-ei a ti - então desconcertarás a meu favor o desígnio de Aquitofel.
35 Terás lá contigo os sacerdotes Sadoc e Abiatar, a quem comunicarás tudo o que souberes no palácio real.
36 Com eles estão os seus dois filhos, Aquimaas, filho de Sadoc, e Jônatas, filho de Abiatar; por eles me transmitireis tudo o que ouvirdes”.
37 E Cusai, amigo de Davi, voltou para a cidade, no momento em que Absalão fazia a sua entrada em Jerusalém.
5 Quando o rei chegou a Baurim, apareceu um homem da família da casa de Saul, chamado Semei, filho de Gera, o qual ia proferindo maldições enquanto andava.
6 Atirava pedras contra o rei Davi e contra todos os seus servos, embora todo o exército e todos os guerreiros valentes se encontrassem à direita e à esquerda do rei.
7 E o amaldiçoava, dizendo: “Vai-te, vai-te embora, homem sanguinário e celerado.
8 O Senhor faz cair sobre ti todo o sangue da casa de Saul, cujo trono usurpaste; o Senhor entregou o reino ao teu filho Absalão. Eis-te oprimido de males, homem sanguinário que és!”
9 Então Abisai, filho de Sarvia, disse ao rei: “Por que insulta esse cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, vou cortar-lhe a cabeça”.
10 “Que nos importa, filho de Sarvia?”, respondeu Davi. “Deixa-o amaldiçoar. Se o Senhor lhe ordenou que me amaldiçoasse, quem poderia dizer-lhe: ‘por que fazes isso?’”
11 E Davi disse a Abisai e à sua gente: “Vede: se meu filho, fruto de minhas entranhas, conspira contra a minha vida, quanto mais agora esse benjaminita? Deixai-o amaldiçoar, se o Senhor lho ordenou.
12 Talvez o Senhor considere a minha aflição e me dê agora bens por esses ultrajes”.
13 Davi e seus homens retomaram o seu caminho, mas Semei ia ao longo da montanha, ao lado dele, vomitando injúrias, atirando-lhe pedras e espalhando poeira pelo ar.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 3
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!

Quão numerosos, ó Senhor, os que me atacam;
quanta gente se levanta contra mim!
Muitos dizem, comentando a meu respeito:
“Ele não acha a salvação junto de Deus!”

Mas sois vós o meu escudo protetor,
a minha glória que levanta a minha cabeça!
Quando eu chamei em alta voz pelo Senhor,
do monte santo ele me ouviu e respondeu.

Eu deito e adormeço bem tranqüilo;
acordo em paz, pois o Senhor é meu sustento.
Não terei medo de milhares que me cerquem
e, furiosos, se levantem contra mim.
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!
Evangelho (Marcos 5,1-20)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
5 1 Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos.
2 Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério
3 onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros,
4 pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar.
5 Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6 Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz:
7 “Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus, que não me atormentes”.
8 É que Jesus lhe dizia: “Espírito imundo, sai deste homem!”
9 Perguntou-lhe Jesus: “Qual é o teu nome?” Respondeu-lhe: “Legião é o meu nome, porque somos muitos”.
10 E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região.
11 Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali junto do monte.
12 E os espíritos suplicavam-lhe: “Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles”.
13 Jesus lhos permitiu. Então os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se.
14 Fugiram os pastores e narraram o fato na cidade e pelos arredores. Então saíram a ver o que tinha acontecido.
15 Aproximaram-se de Jesus e viram o possesso assentado, coberto com seu manto e calmo, ele que tinha sido possuído pela Legião. E o pânico apoderou-se deles.
16 As testemunhas do fato contaram-lhes como havia acontecido isso ao endemoninhado, e o caso dos porcos.
17 Começaram então a rogar-lhe que se retirasse da sua região.
18 Quando ele subia para a barca, veio o que tinha sido possesso e pediu-lhe permissão de acompanhá-lo.
19 Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti”.
20 Foi-se ele e começou a publicar, na Decápole, tudo o que Jesus lhe havia feito. E todos se admiravam.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
A LIBERTAÇÃO DO MAL
Jesus também manifestou seu poder além das fronteiras de Israel, fazendo os pagãos se beneficiarem da presença do Reino. O gesto de Jesus indicava aos discípulos os caminhos que teriam pela frente, no seu afã missionário. O evangelho deveria ser levado até os pagãos.
O encontro com um homem possuído pelo espírito imundo não assustou Jesus. Impressiona seu alto grau de insociabilidade. Sua condição era apavorante! Porém, mesmo em terras estrangeiras, o espírito imundo reconheceu ser Jesus o Filho do Deus Altíssimo, que veio para atormentá-lo. E Jesus, como sempre, veio em socorro daquela pobre criatura, compadecido dela, para libertá-la de sua terrível escravidão.
O pedido da legião de espíritos para entrarem na manada de porcos indica que seu lugar de moradia não é o ser humano, mas, sim, o mundo da impureza, simbolizado pelos animais impuros. Os porcos, porém, se lançam no mar, símbolo das forças incontroladas do mal, significando que, pela ação de Jesus, o poder do mal foi aniquilado. Liberto do poder do mal, o homem retomou a convivência social, para espanto de muitos.
A reação do povo do lugar foi de rejeição a Jesus. Sua presença poderia arruinar a economia local. Eles o expulsaram para defender seus interesses. Porém, o homem liberto se encarregou de proclamar as grandes coisas que Jesus fez por ele.

Oração
Senhor Jesus, expulsa, com a força da tua palavra, o espírito do mal que insiste em manter a humanidade cativa do seu poder.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Sobre as oferendas
Para vos servir, ó Deus, depositamos nossas oferendas em vosso altar; acolhei-as com bondade, a fim de que se tornem o sacramento da nossa salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Mostrai serena a vossa face ao vosso servo e salvai-me pela vossa compaixão! (Sl 30,17s).
Depois da comunhão
Renovados pelo sacramento da nossa redenção, nós vos pedimos, ó Deus, que este alimento da salvação eterna nos faça progredir na verdadeira fé. Por Cristo, nosso Senhor.


MEMÓRIA FACULTATIVA

SÃO BRÁS
(Vermelho – Ofício da Memória)

Oração do dia: Ouvi, ó Deus, as preces do vosso povo, confiado pelo patrocínio de São Brás; concedei-nos a paz neste mundo e a graça de chegar à vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas: Santificai, ó Deus, com a vossa bênção, as nossas oferendas e acendei em nós o fogo do vosso amor, que levou são Brás a vencer os tormentos do martírio. Por Cristo, nosso Senhor.
Depois da comunhão: Ó Deus, que estes sagrados mistérios nos concedam a fortaleza de ânimo que levou vosso mártir são Brás a vos servir fielmente a vencer o martírio. Por Cristo, nosso Senhor.
Santo do Dia / Comemoração (SÃO BRÁS):
A vida e os feitos de São Brás atingem aquele ápice de alguns poucos, que atraem a profunda fé e a admiração popular. Ele é venerado no Oriente e Ocidente com a mesma intensidade ao logo de séculos, e até hoje, mães aflitas recorrem à sua intercessão quando um filho engasga ou apresenta problemas de garganta. A bênção de São Brás, procurada principalmente por quem tem problemas nesta parte do corpo, onde é ministrada nesta data em muitas igrejas do mundo cristão. O prodígio atribuído à ele quando era levado preso, para depois ser torturado, é dos mais conhecidos por pessoas de todo o planeta. Consta que uma mãe aflita jogou-se aos seus pés pedindo que socorresse o filho, que agonizava com uma espinha de peixe atravessada na garganta. O santo rezou, fez o sinal da cruz sobre o menino e este se levantou milagrosa, e imediatamente como se nada lhe tivesse acontecido. Brás nasceu na Armênia, era médico, sacerdote e muito benevolente com os pobres e cristãos perseguidos e por essas virtudes foi nomeado bispo de Sebaste , isto no século três. Também sabemos que, apesar de aqueles anos marcarem os finais das grandes perseguições aos cristãos, muitos ainda torturados e mortos na mão dos poderosos pagãos. Brás abandonou o bispado e se protegeu na caverna de uma montanha isolada e mesmo assim, depois de descoberto e capturado, morreu em testemunho de sua fé sob as ordens do imperador Licínio, em 316. Muitas tradições envolvem seus prodígios, graças e seu suplício. Segundo elas, fama de sua santidade rodou o mundo ainda enquanto vivia e sua morte foi impressionante. O bispo Brás teria sido terrivelmente flagelado e torturado, sendo por fim pendurado em um andaime para morrer. Como isso não acontecia, primeiro lhe descarnaram os ossos com pentes de ferro. Depois tentaram afogá-lo duas vezes e, frustrados, o degolaram para ter certeza de sua morte. O corpo do santo mártir ficou guardado na sua catedral de Sebaste da Armênia, mas no ano 732 uma parte de suas relíquias foram embarcadas por alguns cristãos armênios que seguiam para Roma. Nessa ocasião uma repentina tempestade interrompe a viagem na altura da cidade de Maratea, em Potenza; e alí os fieis acolhem as relíquias do santo numa pequena igreja, que depois se tornaria sua atual basílica e a localidade receberia o nome de Monte São Brás. Mais recentemente, em 1983 no local da igrejinha inicial foi erguida uma estátua de São Brás, com a altura de vinte e um metros. Como dissemos, do Oriente ao Ocidente, todo mundo cristão se curva à devoção de São Brás nomeando ainda hoje cidades e locais, para render-lhes homenagem e veneração.

O melhor para Deus e o próximo

No uso do precioso dom da liberdade, Deus nos desafia a escolher em primeiro lugar a resposta ao seu amor.

"Priorizar o serviço aos outros, enxergar o bem comum na sociedade, olhar ao redor para ver as iniciativas a serem tomadas, buscar com intensidade o bem das pessoas! Trata-se da revolução silenciosa, da qual participaram Maria e José."
Por Dom Alberto Taveira Corrêa*
Nossa vida é feita de escolhas diárias, que se renovam e se aperfeiçoam de acordo com os valores que norteiam nossos passos. Maria e José foram confrontados com o plano de Deus, para ir atrás de suas indicações. Anjos, sonhos e fatos foram a linguagem usada pelo Eterno Pai para se manifestar àquelas pessoas tão simples quanto profundas em sua profissão de fé. É que faziam parte de uma raça de gente sadiamente teimosa, que não tinha perdido a esperança, qual farol a iluminar os rumos da história. Mas tiveram sempre a magnífica margem de liberdade, para optarem por Deus e por sua vontade. O que impressiona é que nunca regatearam com o Senhor! Antes, deram sempre e cada vez mais o que tinham de melhor!

O tesouro de suas vidas e da humanidade, o Menino Jesus, foi levado ao templo de Jerusalém, para ser apresentado ao Senhor, conforme estava escrito na lei (Lc 2,22-40). Um casal muito simples, levando a oferenda dos pobres, um par de rolas ou dois pombinhos, pode passar despercebido diante de todos, menos de Simeão e Ana, idosos cheios de sabedoria, confiantes nas promessas de Deus, que enxergam longe e veem dentro! Sendo justos e piedosos, trazem a profecia na boca! Identificam a prometida visita de Deus ao seu templo e são capazes de fazer festa pelo homem-menino que chega, cumprindo todas as leis humanas e religiosas, mas sabem que ali está o verdadeiro Menino-Deus! Brotam de seus corações o hino, a profecia e o anúncio, quando Ana se põe a falar do menino “a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2,38). Ao mesmo tempo, o realismo da fé professada faz com que Simeão anuncie o mistério da dor e da contradição, que cercaria a vida daquela criança e de sua mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2, 34-35).

A bênção de Simeão a Maria e José não lhes poupa um futuro cheio de dificuldades e contradições. No entanto, os dois não esmorecem e continuam sua magnífica aventura, que incluiria, ao lado de muitas alegrias, perseguição, fuga para o Egito, discernimento contínuo dos passos a serem dados, trabalho, dificuldades e lutas cotidianas, fidelidade no escondimento de Nazaré, lugar de gente briguenta! No meio de tudo isso, “o menino crescia, tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2, 40).

Nossa vida não é muito diferente. A escolha do seguimento de Jesus não funciona como uma vacina ou defesa automática frente aos desafios da existência humana. Deus nos concede as graças necessárias, no momento certo, mas não toma conta de nossa vida como se fosse um servo à nossa disposição, ou, quem sabe, um operador de um controle remoto que, à distância, monitorasse todos os nossos passos. E não vale, diante do Deus verdadeiro, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, pretender exigir direitos ou recompensas, inclusive aquelas que hoje as pessoas chamam “sonhos de consumo”. Seu amor é infinito e muito maior do que nossas limitadas pretensões! Não, Deus nos concede o precioso dom da liberdade, permitindo-nos tecer a trama da existência, com uma história pessoal construída em primeira pessoa. Liberdade e responsabilidade!

No uso do precioso dom da liberdade, Deus nos desafia a escolher em primeiro lugar a resposta ao seu amor! Amar a Deus sobre todas as coisas, manter-se fiel a suas promessas, mesmo quando a limitada lógica humana nos conduz a outras direções. Acreditar que Ele é o Senhor da história, malgrado todas as contradições com que convivemos. Fidelidade aos mandamentos, amor à Igreja de Jesus Cristo, na qual se realiza o Reino do Senhor, não buscar atalhos quando o verdadeiro Caminho (Cf. Jo 14,6) se revela diante de nossos olhos! Bonito, sim! Mas, desafiador e difícil! Trata-se de escolher o melhor e não o mais fácil!

Sendo Deus escolhido como Senhor de nossas vidas, sabemos que amá-lo significa cumprir seus mandamentos. Na escolha, amar a Deus passa na frente, mas na sua vontade, o amor ao próximo é o que se pode fazer de melhor, também porque “nós amamos, porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão” (1 Jo 4, 20-21). Sim, a melhor escolha, para nossa realização pessoal e para a realização do plano de Deus é deixar que o próximo passe na frente!

Surge natural a pergunta: “E eu, como é que fico nesta história?” O grande desafio é escolher o melhor e não o mais agradável no momento! Deus não se deixa vencer em generosidade e responde com amor e realização a todos os que entram nesta verdadeira voragem de amor! Na história da humanidade e na vida da Igreja, há uma verdadeira constelação de homens e mulheres que fizeram escolhas diferentes para melhor, que se decidiram a dar a vida, inclusive no martírio, e a testemunhar, uns com os outros, o amor recíproco, com frutos de realização e felicidade para si e para os outros. Priorizar o serviço aos outros, enxergar o bem comum na sociedade, olhar ao redor para ver as iniciativas a serem tomadas, buscar com intensidade o bem das pessoas! Trata-se da revolução silenciosa, da qual participaram Maria e José. E traziam nos braços aquele que pode mudar e efetivamente muda o mundo.

Em todas as Igrejas, neste final de semana foi realizada a procissão das velas. Levá-las acesas em nossas mãos significa que desejamos seguir o caminho da virtude, para chegar à luz que não se apaga, Jesus Cristo. Para muitas pessoas, termina o período de férias e se retoma o ritmo de trabalho. Vale a pena aceitar o desafio de iluminar nosso dia a dia com uma luz diferente, com escolhas e prioridades novas, a fim de nosso mundo “velho de guerra” encontre no Menino de Belém, de Jerusalém, de Nazaré ou de todas as nossas vidas sua graça e as forças necessárias para realizar o plano de Deus. Para tanto, cada um de nós escolha hoje o que é melhor!
CNBB, 31-01-204.
*Dom Alberto Taveira Corrêa é arcebispo de Belém (PA).