quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A redescoberta da sexualidade na senescência humana

Segunda Parte


(Foto: Ilustração)
Por Nilo Ribeiro Junior*

Graças aos últimos avanços, seja das ciências biológicas, da informática, seja das ciências humanas e da filosofia, temos sido surpreendidos pela redescoberta de algo fundamental a respeito da própria condição humana. Toda a experiência humana passa necessariamente pelo crivo do corpo e o corpo diz em profundidade quem é o ser humano na sua identidade feita de diversidade e pluralidade. Na corporeidade se inscreve a humanidade do ser humano na sua unicidade e integralidade aberta. Isso nos conduz também a ter de ressignificar o sentido do sexo (humano) Afinal, se o ser humano é eminentemente corporeidade, seria inconcebível tratá-lo como alguém que apenas “tem” sexo. Antes, o ser humano traz a marca da sexualidade em todos os poros de seu corpo e a narrativa de sua carnalidade condensa sua história sexuada, de modo que a sexualidade emerge como categoria de gênero genuinamente humanizante da condição do ser humano no mundo.
A partir desse horizonte da reabilitação do novo paradigma da corporeidade, compreende-se que envelhecer no corpo e no sexo significa a própria maneira de passar de uma experiência superficial, periférica, autocentrada e “infantil” da sexualidade para uma experiência densa, aberta, comunicativa, vinculante e, portanto, submetida à prova do tempo e do amadurecimento do sexo que, por sua vez, se configura na relação e na valorização do corpo como corpo-próprio, corpo-sujeito e como corpo vivido e não meramente como corpo-objeto. Essa experiência de envelhecimento no exercício da sexualidade se opõe a todo tipo de objetivação e banalização do sexo tanto a nível pessoal como no tratamento da alteridade do outro em seu sexo.
Nesse sentido, deixando de salientar os limites da cultura atual do corpo, interessa recordar que a categoria de corporeidade associada à de gênero nos termos supracitados permite reabilitar a significação da sexualidade na senescência. Ora, se a sexualidade humana não se reduz ao caráter objetal, empírico, biológico nem ao aspecto meramente genital do sexo, evidentemente que as pessoas das terceira idade podem e de fato tem redescoberto o valor da ternura, do cuidado de si e do outro assim como tem revalorizado o alcance do desejo como lugar das trocas afetivas na experiência sexual bem na contramão da hipervalorização da performance promovida pela cultura sexista atual.
À guisa da experiência sexual de gênero vale recordar que, livres dos condicionamentos biológicos da procriação e, especificamente, absolvido dos riscos da gravidez indesejada por conta da menopausa, a mulher senescente tem redescoberto uma dimensão fundamental do sexo na vida cotidiana, isto é, a dimensão do prazer do qual talvez ela tenha sido privada até pouco tempo por conta de uma visão cultural míope que acostumou as pessoas de sua geração a dissociar o sexo do amor,  o sexo do prazer e o sexo da subjetivação da identidade.
No caso específico do homem, o climatério masculino visto à luz da sexualidade de gênero, talvez lhe ofereça a possibilidade ímpar de superar aquela visão de virilidade entranhada no imaginário sexual tradicional que o compelia a assumir papéis sociais circunscritos à defesa de sua fama (moral) como macho “bom de cama”. Trata-se, portanto, de abrir-se às outras dimensões da sexualidade que lhe são oferecidas na terceira idade e que talvez tenham sido descartadas de sua vida (jovem ou adulta) tais como a carícia, o beijo, o abraço, a ternura, sem por isso sentir-se ameaçado em sua sexualidade pelas vozes que persistem em defender os padrões culturais machistas do homem feito a priori para o coito orgástico.
Enfim, à medida que a corporeidade da pessoa senescente vem associada à capacidade de passar do “gozo” (imediato) do sexo infante para o âmbito do “desejo” (mediado pela linguagem relacional do corpo) específico da sexualidade vivida como processo de intensa maturação do sentido do corpo como lugar da relação e como expressão do amadurecimento da própria humanidade a partir da assunção da condição senescente do sexo como dom e graça de si a outrem, certamente que se tece uma nova maneira de viver a sexualidade de gênero ao mesmo tempo em que se testemunha a crítica à visão do corpo e do sexo evasivos da cultura contemporânea. Em suma, é dado à pessoa senescente testemunhar, segundo a experiência da corporeidade e da sexualidade vividas como realização de sua humanidade no acolhimento do outro com quem se envelhece solidariamente, a capacidade de transcender a mera boa forma física do sexo e a possibilidade de recuperar a dimensão psíquico-espiritual, social e religiosa da sexualidade (de gênero) que a cultura atual do corpo, sub-repticiamente, ousa desprezar ou esquecer.
Confira também a Primeira Parte do artigo.
*O autor é Professor e pesquisador lotado no curso de filosofia e no mestrado em Ciências da religião da Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. Escreve exclusivamente para Dom Total, todas as segundas e quartas-feiras.

CNBB trata da Campanha da Fraternidade de 2015

Brasília, 06 fev (CNBB/SIR) - A presidência da CNBB e os bispos que presidem as comissões pastorais que compõem o Consep em encontro iniciado na manhã desta terça-feira, 05 de fevereiro, e que se estende até a quinta-feira, dia 7, começaram o debate sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2015.
O processo de escolha dos temas das campanhas que a Igreja realiza durante o período da quaresma desde o início dos anos de 1960 segue roteiro que contempla fases de consulta às comunidades, estudos de especialistas e a definição dos bispos, que é uma das atribuições estatutárias do Consep. Pe. Luiz Carlos Dias, secretário executivo da Campanha da Fraternidade, apresentou os últimos passos dados para se chegar à proposta de um tema que venha responder ao anseio das comunidades.
O debate que seguiu a exposição deu oportunidade para o reforço de temas sugeridos com ênfase na realidade e urgências do momento histórico que o Brasil vive. Entre as contribuições oferecidas aos bispos foi dada ênfase a dois temas: povos tradicionais e recepção renovada do Concílio Vaticano II por ocasião da celebração do cinquentenário de sua conclusão. Assessores da Comissão Episcopal para a Caridade, a Justiça e a Paz insistiram na urgência da colocação da situação dos povos tradicionais em todo o Brasil. Cardeal dom Raymundo Damasceno lembrou que será oportuno considerar o Concílio uma vez que se conclui o tempo da celebração jubilar.
Esse mesmo tema foi também reforçado pela participação de dom José Belisário, vice-presidente da CNBB. A discussão permanece na pauta e deve ser encerrado de modo que antes do final da reunião, o tema seja definido.

Campanha: "Você vai permitir que o Facebook censure os cristãos?”

Madri, Espanha, 06 fev (SIR) - A coleta de assinaturas empreendida pela plataforma espanhola HazteOír, exigindo ao Facebook que reponha a página Memes Católicos, levantou mais de 9 mil adesões em apenas 3 dias.
A campanha “Assine: você vai permitir que o Facebook censure os cristãos?”, na que se pede a Natalia Basterrechea, responsável assuntos públicos do Facebook na Espanha, que “revise a denúncia” contra a página Memes Católicos reuniu, até o fechamento desta edição, 9 332 assinaturas. Na mensagem à executiva espanhola do Facebook, se pede também que “devolva a página a seu administrador e permita que Facebook, como demonstrou em muitas ocasiões, seja também um espaço amável para o desenvolvimento da liberdade de religião dos cristãos”.
Em 25 de janeiro deste ano, a agência ACI Prensa, do grupo ACI, denunciou que o Facebook fechou a página Memes Católicos, criada pelo peruano Yhonatan Luque Reis, e que contava com mais de 115 mil seguidores, sem dar explicação alguma. Conforme indicou Yhonatan ao grupo ACI, “ao querer ingressar na conta para seguir publicando material me deparei com a surpresa de que Facebook já não me deixava fazê-lo, que já não tinha essa opção”.
Em dezembro de 2012, Facebook advertiu Yhonatan que diversos usuários tinham denunciado sua página por violar o artigo 3.7 de suas políticas de segurança, e ofereceu como alternativa para conservar sua página colocar [Humor polêmico] diante do nome “Memes Católicos”. O criador do fanpage Memes Católicos assegurou que sua página não está promovendo o tipo de conteúdos censurados pelo artigo 3.7 das políticas da rede social. A coleta de assinaturas do HazteOír assegura que “Facebook pode voltar a analisar os fatos e restituir a página a seu administrador.
No passado a empresa já deu mostras de boa atitude no respeito a liberdade religiosa e de expressão”. “Podemos ajudar o Facebook a descobrir o erro e mostrar que pode ser também um espaço amável para o desenvolvimento da atividade dos cristãos”, indica a petição. A plataforma civil HazteOír também adverte que “hoje a injustiça foi cometida contra Yhonatan, amanhã é você quem poderá sofrê-la”.
Para assinar esta alerta do grupo HazteOír para que Facebook não censure os cristãos, ingresse em: http://www.hazteoir.org/alerta/50692-firma-vas-permitir-que-facebook-censure-cristianos

Europa: Cristãos criticam «instrumentalização» da fé

Varsóvia, Polônia, 06 fev (SIR) – O presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), cardeal Péter Erdö, considera que o cristianismo depara-se atualmente com dois desafios no Velho Continente, o “secularismo” e a “instrumentalização” política.
No discurso de abertura do encontro do comitê conjunto do CCEE e da Conferência das Igrejas Europeias (KEK), que acontece e termina na tarde de hoje Varsóvia, capital da Polônia, o purpurado húngaro alertou para uma corrente que está ganhando peso, “que tolera, mas não considera a religião, e o cristianismo em particular, como elemento fundamental”. “Por outro lado, alguns políticos buscam apoio na tradição cristã, mas ao mesmo tempo, procuram adaptá-la de modo que sirva a um determinado objetivo”, salientou o arcebispo de Esztergom-Budapeste. No meio desta conjuntura, favorecida pela crise socioeconômica que a Europa está atravessando, “as Igrejas cristãs devem ter a coragem de prescindir desse protagonismo”, puramente “emocional”, que “tantos grupos” procuram hoje “capitalizar”.
“O cristianismo é uma religião da revelação, não é apenas racional ou filosófica, o papel da Igreja, assistida pelo Espírito Santo, é ser via para o reconhecimento do conteúdo da fé e não do puro raciocínio humano, que muda consoante a oportunidade”, apontou o cardeal Péter Erdö. A reunião do comitê CEE-CEC, recebida na sede da Cáritas da Polônia, em Varsóvia, tem como objetivo refletir sobre “a fé e a religiosidade numa Europa em mudança”. Os representantes dos dois organismos debateram ainda os “novos movimentos cristãos” que estão a surgir na região e identificar “desafios e oportunidades”.
No campo das oportunidades, o presidente do CCEE entende que “numa Europa à procura da sua identidade”, os cristãos “são responsáveis por manter vivo o anúncio do Deus vivo”, da “Boa Nova de Cristo”, portadora de “esperança”, e devem ser exemplo de “comunhão e compromisso” no meio da sociedade. Para o responsável do KEK, o Metropolita Emanuel da França, do Patriarcado Ecumênico, “o desafio que a Europa enfrenta hoje está tornando-a mais fraca e a crise econômica no sul do continente tornou ainda mais evidente a divisão com o norte”. O líder das Igrejas Europeias sustenta que esta conjuntura, em conjunto com “a revolta dos partidos de extrema-direita” e “o aumento da imigração” que se está verificando, ameaça o “processo da integração europeia”.
Quanto ao fenômeno migratório, ele tem também impacto direto na “religiosidade europeia”, pois “aumenta o fechamento das pessoas para a sua própria identidade” e “favorece a volta de um comunitarismo de tipo fundamentalista, acentuando as diferenças entre as diversas religiões”, conclui. O Conselho das Conferências Episcopais da Europa, criado em 1971, é composto pelas 33 conferências episcopais da Europa, representadas pelos seus presidentes, além dos arcebispos do Luxemburgo, Principado do Mônaco, Chipre dos Maronitas e o bispo de Chisinau, na Moldávia.
A Conferência das Igrejas Europeias, estabelecida em 1959, reúne 120 representantes de Igrejas Ortodoxas, Evangélicas, Anglicanas e Vétero-Católicas de todos os países da Europa, para além de mais 40 organismos associados.

Síria e Coréia do Norte e os “buracos negros”

A análise é de Francesca Paci, pubicada pelo jornal La Stampa, 09/01/13. A tradução é de Nilo Ribeiro.


Cristãos coptos* em Alexandria, Egito, venerando a imagem de Cristo. (Foto: )
O relatório, "Porta Aberta 2013": o avanço do Islã ameaça fazer desaparecer os cristãos do Oriente Médio e do Norte da África.
Durante anos, cultivei a fé em família como aprendi com meus pais, que depois das orações diárias enterrava a Bíblia no jardim: “em Pyongyang não se pode confiar nem mesmo na própria mulher" disse há dois anos Lee Joo-Chan no aeroporto de Amesterdã, onde aterrisou após uma desesperada fuga à nado através do rio Tumen, na fronteira com a China.
De acordo com a World Watch List, 2013, que acaba de ser publicada no relatório “Porta Aberta”, a Coréia do Norte ainda continua sendo o inferno descrito por Lee Joo-Chan: o “buraco negro” que há 11 anos encontra-se no topo dos 50 países mais cruéis no que diz respeito à perseguição dos cristãos . Apesar das esperanças trazidas pela abertura de Kim Jong-un em Seul e da recente visita a Pyongyan do presidente do Google, Eric Schmidt, a Coréia do Norte continua a manter nos campos de trabalhos forçados cerca de 50 a 70 mil cristãos acusados de desafiar a Juche, ideologia imposta por Kim Il-Sung que, desde 1953 educa as consciências ao individualismo maximalista e ao culto do Querido Líder.
Pyongyan, no entanto, não é uma exceção. A perseguição dos cristãos no mundo aumenta a cada dia, assim confirmam os pesquisadores de “Porta Aberta”. Eles se baseiam em fontes seguras mantidas através do acompanhamento anualmente da liberdade de culto no interior da família, na comunidade, na igreja e na vida pública. Do topo da lista liderada pela Coréia do Norte seguem a Arábia Saudita, Afeganistão, Iraque, Somália, Maldivas, Mali, Irã, Iémen e a Eritreia. Esses oito países são de maioria muçulmana.
A novidade negativa da lista de 2013 está relacionada ao Islã, religião dominante da região complexa do Oriente Médio e que está se tornando uma religião cada vez mais praticada no sul do Saara, onde pelo menos 20 dos 356 milhões de habitantes são cristãos. Em sétimo lugar, por exemplo, encontra-se o Mali que em 2012 nem sequer aparecia na Lista World Watchl. Essa cifra está associada ao fato político de que após a liquidação dos separatistas tuaregues pelos combatentes islâmicos no noroeste do país assistiu-se ao surgimento do Estado independente de Azawad e com ele a aplicação da sharia que tem gerado uma verdadeira perseguição e queima de igrejas e, consequente, uma fuga desesperada de centenas de cristãos da região.
Na lista dos países onde cresce a perseguição de cristãos encontram-se a Tanzânia ( 24 ° lugar), Quênia (40 º lugar), Uganda (47 º lugar) e Nígéria (50 ° lugar). A Eritréia saltou do 11° lugar para o 10 º lugar e, por último, a Somália (5 ° lugar) e a Nigéria (13 º lugar). Todos esses países africanos confirmam os resultados de uma crescente intolerância religiosa em curso na África. Embora o relatório aponte como causa principal da perseguição o crescimento do Islã em função da recente “Primavera Árabe”, o fato é que "aos poucos esse movimento tem-se tornado um autêntico inverno para os cristãos". Apenas no Magrebe tem despontado uma discreta esperança nesse cenário. Se é verdade que a Líbia depois de Kadhafi passou de 17 para o 26 º lugar da Lista, a Tunísia apoiada pelos salafistas passou do 35 ° lugar para o 30 ° lugar enquanto a Síria, atolada em uma terrível guerra civil de mais de 55 000 mortes, já "ganhou" 25 posições e encontra-se atualmente em 11 º lugar. O Egito, por sua vez, liderado pela Irmandade Muçulmana desafia as previsões para a minoria copta (cerca de 10% da população) uma vez que o país subiu para o 25º lugar em 2013 daqueles que mais perseguem os cristãos quando ocupava o 15 ° lugar da lista em 2012.
A mensagem subliminar na crescente perseguição de cristãos soa para todos como a campanha de Hemingway. Quanto mais o Ocidente é percebido como dominador (político, comercial ou cultural) sobre o qual naturalmente se poderia voltar o espírito de rechaço por parte dos Orientais e Africanos, tanto mais os cristãos que são comumente associados à imagem do Ocidente acabam sendo alvo de perseguição (e onde morrem os cristãos não se saem bem, mesmo outras minorias religiosas, os homossexuais, as mulheres, os opositores políticos). Em suma, Deus entra em questão, mas somente à medida que serve de maneira instrumental para "notabilizar" um comportamento civilizacional que em princípio parece injustificável.
E quem sabe se a leve desaceleração na China (talvez por conta do resultado da crise econômica global que evidenciou sua dependência da boa saúde econômica americana e européia) não tenha sido a causa do "amaciamento" da intolerância religiosa de líderes comunistas. Embora tendo em vista os pequenos passos dados no Egito de Morsi e a melhoria da situação no Paquistão que subiu do 10 º para 14 º lugar (apesar de ser o próximo a executar a cristã Asia Bibi), parece que é Pequim que promete mais nesse sentido. Afinal a China acaba de passar da 21 ° à 37 ° posição confirmando assim a tendência positiva iniciada em 2010 [em que a China ocupava o 13 ° lugar no rank dos que mais perseguiam cristãos no mundo].
*O termo copto refere-se aos egípcios que professam algum tipo de fé cristã seja na Igreja Copta, na Igreja Ortodoxa Copta seja na Igreja Católica Copta ou na Igreja Evangélica Copta.

Evangelho do dia

Ano C - Dia: 06/02/2013



Preconceito? Ou falta de fé?
Leitura Orante


Mc 6,1-6

Saindo dali, Jesus foi para sua própria terra. Seus discípulos o acompanhavam. No sábado, ele começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam se admiravam. "De onde lhe vem isso?", diziam. "Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, Joset, Judas e Simão? E suas irmãs não estão aqui conosco?" E mostravam-se chocados com ele. Jesus, então, dizia-lhes: "Um profeta só não é valorizado na sua própria terra, entre os parentes e na própria casa". E não conseguiu fazer ali nenhum milagre, a não ser impor as mãos a uns poucos doentes. Ele se admirava da incredulidade deles. E percorria os povoados da região, ensinando.
Leitura Orante
Preparo-me para orar a Palavra invocando, com todos que circulam na internet, o Espírito Santo:
Espírito de verdade,
consagro-te a minha inteligência,
imaginação e memória, ilumina-me.
Dá-me conhecer Jesus Cristo Mestre.

1. Leitura ( Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio o texto da Palavra de hoje em Mc 6,1-6.
Compreende-se que, sendo Nazaré uma pequena vila de cerca de 300 vizinhos, tivesse um único carpinteiro. O texto diz também que se questionavam se não era ele o irmão de Tiago, José, Judas e Simão. Em aramaico, uma mesma palavra é usada tanto com o sentido de irmão próprio como de parente próximo, e, portanto, não indica que Maria teve outros filhos ou filhas.
Com a baixa auto-estima, ou seja, não acreditando nos valores de um filho da terra, veio a incredulidade, ou seja, não acreditam que Jesus de Nazaré é Filho de Deus.
Na verdade, a fé não cura. Mas, é condição para que o poder de Deus atue com independência de outras intenções. Ali, Jesus curou alguns doentes, diz o texto. A cura é o sinal para encontrar o verdadeiro dom de Jesus: a salvação.
Jesus ficou admirado com a falta de fé que havia ali.

2. Meditação (Caminho)
O que a Palavra diz para mim?
O evangelista Marcos diz quem é Jesus. Os nazarenos não estavam interessados nisto. Só queriam saber dos milagres. Apenas buscavam seus interesses e não, a pessoa de Jesus.
Os bispos, na Conferência de Aparecida, lembraram que como cristãos somos portadores de boas novas: "Deus amou tanto nosso mundo que nos deu o seu Filho. Ele anuncia a boa nova do Reino aos pobres e aos pecadores. Por isso, nós, como discípulos e missionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Anunciamos a nossos povos que Deus nos ama, que sua existência não é ameaça para o homem, que Ele está perto com o poder salvador e libertador de seu Reino, que Ele nos acompanha na tribulação, que alenta incessantemente nossa esperança em meio a todas as provas. Os cristãos somos portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de desventuras". (DA 30).
É assim que você se sente e vive?

3. Oração (Vida)
O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Acolho no meu coração Jesus de Nazaré e rezo com o papa Bento XVI:
Ficai conosco, Senhor, acompanhai-nos, ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-vos. Ficai conosco, porque as sombras vão se tornando densas ao nosso redor, e vós sois a Luz; em nossos corações se insinua a desesperança, e vós nos fazeis arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas vós nos confortais na fração do pão para anunciar aos nossos irmãos que na verdade vós ressuscitastes e nos destes a missão de ser testemunhas da vossa ressurreição."
( Bento XVI, Discurso inaugural na V Conferência)

4. Contemplação/Ação (Vida)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Depois deste contato com Jesus de Nazaré, vou passar o dia, acolhendo Deus e as suas manifestações nas coisas simples, no pequeno, em cada pessoa.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Santo do dia

6 de fevereiro

Santo Paulo Miki e companheiros
Foi através do trabalho evangelizador de São Francisco Xavier, que o Japão tomou conhecimento do cristianismo, entre 1549 e 1551. A semente frutificou e, apenas algumas décadas depois, já havia pelo menos trezentos mil cristãos no Império do sol nascente. Mas se a catequese obteve êxito não foi somente pelo árduo, sério e respeitoso trabalho dos jesuítas em solo japonês. Foi também graças à coragem dos catequistas locais, como Paulo Miki e seus jovens companheiros.

Miki nasceu em 1564, era filho de pais ricos e foi educado no colégio jesuíta em Anziquiama, no Japão. A convivência do colégio logo despertou em Paulo o desejo de se juntar à Companhia de Jesus e assim o fez, tornando-se um eloqüente pregador. Ele porém, não pôde ser ordenado sacerdote no tempo correto porque não havia um bispo na região de Fusai. Mas isso não impediu que Paulo Miki continuasse sua pregação. Posteriormente tornou-se o primeiro sacerdote jesuíta em sua pátria, conquistando inúmeras conversões com humildade e paciência.

Paciência, essa que não era virtude do imperador Toyotomi Hideyoshi. Ele era simpatizante do catolicismo mas, de uma hora para outra, se tornou seu feroz opositor. Por causa da conquista da Coréia, o Japão rompeu com a Espanha em particular e com o Ocidente em geral, motivando uma perseguição contra todos os cristãos. Inclusive alguns missionários franciscanos espanhóis que tinham chegado ao Japão através das Filipinas e sido bem recebidos pelo Imperador.

Os católicos foram expulsos do país, mas muitos resistiram e ficaram. Só que a repressão não demorou. Primeiro foram presos seis franciscanos, logo depois Paulo Miki com outros dois jesuítas e dezessete leigos terciários.

Os vinte e seis cristãos sofreram terríveis humilhações e torturas públicas. Levados em cortejo de Meaco a Nagasaki foram alvo de violência e zombaria pelas ruas e estradas, enquanto seguiam para o local onde seria executada a pena de morte por crucificação. Alguns dos companheiros de Paulo Miki eram muito jovens, adolescentes ainda, mas enfrentaram a pena de morte com a mesma coragem do líder. Tomás Cozaki tinha, por exemplo, catorze anos; Antônio, treze anos e Luis Ibaraki tinha só onze anos de idade.

A elevação sobre a qual os vinte e seis heróis de Jesus Cristo receberam o martírio pela crucificação em fevereiro de 1597 ficou conhecida como Monte dos Mártires. Paulo Miki e seus companheiros foram canonizados pelo Papa Pio IX, em 1862.

Os crentes se dispersaram para escapar dos massacres e um bom número deles se estabeleceu ao longo do rio Urakami, nas proximidades de Nagasaki. Lá eles continuaram a viver sua fé, apesar da ausência de padres. A partir do momento em que o Japão se abriu novamente aos europeus, os missionários voltaram e as igrejas voltaram a ser construídas, inclusive em Nagasaki, a poucos quilômetros da comunidade cristã clandestina. Ela havia perdido todo contato com a Igreja Católica, mas guardava preciosamente três critérios de reconhecimento recebidos dos ancestrais: "Quando a Igreja voltar ao Japão, vocês a reconhecerão por três sinais: os padres não são casados, haverá uma imagem de Maria e esta Igreja obedecerá ao papa-sama, isto é, ao Bispo de Roma". E foi assim que aconteceu dois séculos e meio depois, quando os cristãos do Império do sol nascente puderam se reencontrar com sua Santa Mãe, a Igreja.

Mensagens


Não é possível, Senhor, dar um vidro de mel a uma criança sem que ela coloque dentro dele ao menos um dedo.
Assim eu também, não me posso privar do teu amor inefável.

Senhor, eu sou apenas um mendigo,
Em mendigo de estrelas.
Sou apenas um doente e a minha febre não tem remédio.
O meu coração está ferido, mas o teu é um cofre de paz.
Gostaria tanto de cativar-te, Senhor.
Reveste de beleza todo o meu ser,
como uma noiva no seu vestido nupcial.

Lava-me com a água do poço profundo, do riacho murmurante, da chuva batismal.

Senhor, não se pode impedir ao sol
De abandonar, pela manhã, o seu esconderijo.
Quem poderá, pois, impedir à tua palavra de penetrar no mais íntimo dos corações?
Até o mais profundo do meu ser, até às juntas dos meus ossos.

Eu te conheço muito mal, Senhor.
Mas lava-me, lava-me, lava-me.
Lava-me com a água do rio Jordão, com a água do poço de Jacó, com a água da fonte de Siloé e enxuga-me com o calor do teu sol resplandecente.


Basile Quadraogo, África