quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Papa Francisco renova convite ao dia de jejum e oração pela Síria e fala da saudade do Brasil

Papa04092013Em sua primeira audiência geral depois de mais de dois meses de recesso, o papa Francisco dedicou sua catequese desta quarta-feira, 04 de setembro, à viagem que fez ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. “Considero importante falar deste evento para entender melhor o seu significado”, disse o Santo Padre. Antes de tudo, o pontífice agradeceu a Deus o “presente” de poder voltar ao continente americano e a Nossa Senhora Aparecida, “importante para a história da Igreja no Brasil e na América Latina”, por tê-lo acompanhado durante toda a viagem.
Mais uma vez, agradeceu aos organizadores e às autoridades civis e eclesiásticas e a todos os brasileiros pela acolhida. “Brava gente esses brasileiros”, disse o papa sobre  o acolhimento que, para ele, é a primeira palavra que emerge da viagem ao Brasil. Segundo Francisco, a generosidade das famílias e das paróquias brasileiras que acolheram fraternalmente os peregrinos, superando as dificuldades e inconvenientes, criou uma verdadeira rede de amizade.
O Santo Padre destacou o clima de festa da Jornada. “Ver jovens do mundo inteiro, saudando-se e abraçando-se é um testemunho para todos. Contudo, a JMJ é acima de tudo uma festa da fé: todos unidos para louvar e adorar o Senhor”. Falou também do aspecto missionário do evento. “O mandato de Cristo aos seus discípulos foi acompanhado da certeza de que estaria com eles todos os dias. Isso é fundamental - disse o papa - pois somente com Ele nós podemos levar o Evangelho, sem Cristo nada podemos fazer. Com Ele, ao invés, podemos fazer tantas coisas. Mesmo um jovem, que aos olhos do mundo conta pouco ou nada, aos olhos de Deus é um apóstolo do Reino, é uma esperança para Deus!”
Francisco, então, se dirigiu diretamente à juventude: “Saiam de vocês mesmos, de todo fechamento para levar a luz e o amor do Evangelho a todos, até as extremas periferias da existência! Este foi precisamente o mandato de Jesus que confiei aos jovens que lotavam a perder de vista a praia de Copacabana. Um lugar simbólico, a margem do oceano, que lembrava a margem do lago da Galileia.”
“Os jovens que estavam no Rio, prosseguiu o pontífice, não são notícia porque não fazem escândalos e atos violentos. Mas se permanecerem unidos a Jesus, eles constroem o seu Reino, constroem fraternidade e são uma força potente para tornar o mundo mais justo e mais belo para transformá-lo”.  Francisco pediu coragem à juventude mundial para assumir o desafio de ser esta a força de amor e de misericórdia para mudar a realidade.  “Acolhimento, festa, missão: que essas não sejam mera lembrança do que aconteceu no Rio, mas sejam ânimo da nossa vida e a de nossas comunidades", concluiu.
Oração
Na saudação aos peregrinos,  em língua portuguesa, disse aos brasileiros que está com saudade de sua visita a Aparecida e ao Rio. Francisco também recordou que sábado próximo será dedicado ao jejum e à oração pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro.
“Renovo o convite a toda a Igreja a viver intensamente este dia e, desde já, expresso reconhecimento aos outros irmãos cristãos, irmãos de outras religiões e aos homens e mulheres de boa vontade que quiserem se unir a este momento. Exorto em especial os fiéis romanos e os peregrinos a participarem da vigília de oração, aqui na Praça S. Pedro, às 19h, para invocar do Senhor o grande dom da paz. Que se eleve forte em toda a terra o grito da paz!”

Cardeal João Braz Aviz: “A paz se constrói procurando entender as razões do outro”

85-04-05-011O cardeal dom João Braz de Aviz estará na Praça São Pedro, com os 40 membros da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, participando da Vigília pela paz no Dia de Oração e Jejum, convocado pelo papa Francisco, no próximo sábado, 7 de setembro. Em entrevista à Rádio Vaticano, o cardeal-prefeito da Congregação relembrou o apelo do Santo Padre que convocou os cristãos à Vigília de Oração e de Jejum pela paz no mundo.
“O papa nos alerta que esta é uma estrada equivocada e sem saída, e que a saída é a construção da paz, do diálogo, da capacidade de aproximação das pessoas; da paciência histórica de continuar procurando entender as razões do outro e defender os valores que são os grandes valores da humanidade, como a paz, a justiça, o perdão e a capacidade de diálogo”.
Dom João Braz disse que a Congregação, com todos os religiosos, estarão reunidos junto ao papa. “Penso que em todo o mundo é oportuno que nós também tenhamos esta atitude de fazer ressoar concretamente este apelo do Santo Padre. É um apelo no qual nós nos sentimos uma só coisa com ele; nós acreditamos neste caminho e sabemos que o Senhor é capaz de dar a paz à sua Igreja, dar a paz às nações, a todas as culturas, à convivência social no mundo inteiro, sobretudo neste momento em que nós buscamos razões, modos e métodos para poder realizar esta convivência globalizada. Temos os meios necessários, precisamos que estes valores profundos do coração, que constroem a paz, possam sustentar o nosso caminho”.
O cardeal acredita que esse é um importante momento de apelo pela paz, sendo um “grito profundo pela paz”. “É preciso que as nações entendam que o conflito, mesmo que seja em nome de uma segurança mundial, deve ser ultrapassado, deve ser levado à frente como algo superado, que não tem sentido, e buscar esta outra estrada, que Deus pode nos conceder. Que Deus abençoe a todos”.
“Construamos a paz dentro de nós, em nossos relacionamentos, construamos a paz juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade que acreditam nesta fase mais amadurecida da Humanidade, com a proteção do Senhor e a intercessão de Nossa Senhora, que podem dar a nós um rumo certo neste diálogo e nesta paz. Que Deus abençoe a todos”.

Arcebispo faz visita de apoio ao Centro de Reabilitação e Educação Especial


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Em solidariedade aos pais e alunos do Centro de Reabilitação e Educação Especial (Cree), o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, fará visita ao local. A ida do arcebispo à instituição localizado no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife será na próxima quarta-feira, 4, às 9h.
Dom Fernando recebeu em audiência membros da Associação de pais, alunos e amigos do Centro de Reabilitação e Educação Especial (APACREE), na última sexta-feira, 30 de agosto. O religioso ouviu o apelo emocionado dos pais que temem pelo fechamento do local. Eles relataram que muitos serviços deixaram de ser oferecidos por serem considerados pela Secretaria de Educação do Estado como da área de saúde e não educacionais. Além disso, os profissionais que se aposentam não são substituídos comprometendo o funcionamento da instituição.
20130829_094739O centro educacional existe há 43 anos atendendo crianças e jovens portadoras de necessidades especiais. O Cree oferece oficinas pedagógicas, serviços de fonoaudiologia, audiologia e colocação no mercado de trabalho. Vários alunos estão estagiando graças à formação que receberam do estabelecimento e o apoio da associação através de parcerias com empresas privadas.
Visita – O arcebispo conhecerá o trabalho desenvolvido pelo Centro de Reabilitação e assistirá apresentações culturais feitas pelos alunos.  A programação também faz parte dos 11 anos da associação.

Visita do arcebispo ao Centro de Reabilitação e Educação Especial (Cree)
Local:
 Rua Conselheiro Nabuco, s/n ld 547 – Casa Amarela, Recife
Dia: 4 de setembro (quarta-feira)
Horário: 9h
 Da Assessoria de Comunicação AOR

Evangelho do dia

Ano C - 04 de setembro de 2013

Lucas 4,38-44

Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o Evangelho (Lc 4,18). 


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
4 38 Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta; e pediram-lhe por ela.
39 Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los.
40 Depois do pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava.
41 De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: "Tu és o Filho de Deus". Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que ele era o Cristo.
42 Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as deixasse.
43 Mas ele disse-lhes: "É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão".
44 E andava pregando nas sinagogas da Galiléia.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A PRESENÇA DA LIBERTAÇÃO O ministério de Jesus pode ser definido como um serviço continuo à libertação do ser humano. Posicionando-se a favor deste, fragilizado pelo pecado, o escopo de sua ação messiânica era, exatamente, o de torná-lo resistente ao influxo do mal.
A libertação expressava-se em forma de cura das doenças que impedem a pessoa de servir seus semelhantes, como foi o caso da sogra de Pedro. Libertar era expulsar demônios, cuja ação maléfica incapacitava o ser humano para a comunhão fraterna e a solidariedade. Libertadora era sua pregação da Boa Nova do Reino de Deus, que consistia em revelar a benevolência do Pai, preocupado em cancelar os efeitos do pecado no coração humano. Igualmente libertadora era a presença de Jesus junto aos pobres e sofredores, reacendendo neles a esperança de viver.
As multidões eram sensíveis à esta dimensão do ministério de Jesus. Por isso, iam à sua procura, e queriam impedi-lo de seguir adiante. Houve, talvez, quem o tivesse visto como um curandeiro extraordinário, um milagreiro ambulante. O Mestre, porém, recusou a fazer este papel. Sua missão libertadora colocava-se a serviço do Reino de Deus e apontava para uma libertação radical que só se experimenta junto do Pai. As libertações terrenas eram apenas antecipações daquela que haveria de vir em plenitude.

Oração Espírito de libertação, liberta-me de tudo quanto me impede de aderir, sem reservas, ao projeto de Deus, antecipando a libertação definitiva que há de vir.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Colossenses 1,1-8
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
1 1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo,
2 aos irmãos em Cristo, santos e fiéis de Colossos: a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai!
Ação de graças e súplica
3 Nas contínuas orações que por vós fazemos, damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
4 porque temos ouvido falar da vossa fé em Jesus Cristo e da vossa caridade com os irmãos,
5 em vista da esperança que vos está reservada nos céus. Esperança que vos foi transmitida pela pregação da verdade do Evangelho,
6 que chegou até vós, assim como toma incremento no mundo inteiro e produz frutos sempre mais abundantes. É o que acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes anunciar a graça de Deus e verdadeiramente a conhecestes,
7 pela pregação de Epafras, nosso muito amado companheiro no ministério. Ele nos ajuda como fiel ministro de Cristo.
8 Foi ele que nos informou do amor com que o Espírito vos anima.
Palavra do Senhor.
Salmo 51/52
Confio na clemência do meu Deus agora e sempre! 
Eu, porém, como oliveira verdejante
na casa do Senhor,
confio na clemência do meu Deus
agora e para sempre!

Louvarei a vossa graça eternamente,
porque vós assim agistes;
espero em vosso nome, porque e bom,
perante os vossos santos!
Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Jovem diz que foi curado de câncer por Bento XVI


Washington  - O jovem norte-americano Peter Srisch, de 19 anos, alega que foi curado de um câncer após ter sido tocado pelas mãos do papa emérito Bento XVI. Sua mãe, Laura Srisch, explicou, em entrevista à emissora local TV Kusa, que Peter foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin em fase IV, que é bastante agressivo, aos 17 anos de idade.

A primeira coisa que disse, ao ser diagnosticado com um tumor maligno "do tamanho de uma bola de softball", foi que precisava se encontrar com o então Papa em Roma. No Vaticano, Joseph Ratzinger ouviu Peter e recebeu do jovem uma pulseira com a inscrição "Orando por Peter". Em seguida, o papa colocou a mão no peito do jovem, mesmo sem saber que esta era a localização do tumor. Um ano mais tarde, Peter estava completamente curado.
SIR/ANSA

Brasil registra mais igrejas do que comércios e restaurantes


Belo Horizonte  - Basta andar por qualquer bairro para encontrar um novo templo religioso. E a sensação comum de que “todo dia abre uma Igreja” é mais do que verdadeira. De 1º de janeiro até a última sexta-feira (30), o Brasil ganhou 2.798 igrejas registradas, de acordo com dados do “Empresômetro”, ferramenta do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que monitora a abertura de empresas de todos os tipos no país.

São quase 12 igrejas novas por dia, ou uma a cada duas horas. Os registros religiosos só não são maiores do que os de associações, que ganharam 5.509 formalizações no mesmo período, mas superam condomínios, comércios, clínicas, restaurantes e drogarias. E o número seria ainda muito maior, se entrassem na conta as novas unidades de cada igreja já estabelecida. Fazendo uma analogia com o meio empresarial, as Igrejas têm que registrar sua “marca”, e, a partir daí, podem abrir o que seriam as filiais, sem ter que fazer um novo registro a cada nova operação.
A Igreja Batista Central, de Belo Horizonte, por exemplo, está reformando um galpão no Santa Efigênia, Região Leste de Belo Horizonte, onde funcionará seu terceiro endereço. Fundada em 1961, a Igreja já tem uma unidade administrativa no bairro Santo Antônio e uma sede onde o auditório comporta 2.500 pessoas no Luxemburgo, ambos na região Centro-Sul. Vai abrir também outras em Cláudio, no Centro-Oeste mineiro, e uma em Anagé, na Bahia. O registro da atividade foi feito há 52 anos, quando foi aberta a primeira unidade. As outras não precisam ser formalizadas porque fazem parte da mesma Igreja.

O pastor de jovens, Roberto Bottrel, diz que a Igreja tem “células” que são reuniões de fiéis em casas para orar e conhecer a Bíblia em dias que não há cultos. “A Igreja pulsa de segunda a segunda”, afirma. A partir dessas células, foi identificada uma demanda na região Leste de Belo Horizonte. “Muitos fiéis das células não iam aos cultos no Luxemburgo porque moravam longe”, diz. Inicialmente, a nova unidade funcionava em um salão de festas emprestado, onde cabiam 150 pessoas. Hoje, o galpão funciona ainda de maneira improvisada, mas já abriga 200 fiéis. Quando a reforma estiver concluída, serão 400 lugares.

Constituição garante imunidade tributária

Para abrir uma Igreja, basta registrar a ata de abertura em cartório e depois pedir o CNPJ na Receita Federal. Os templos religiosos têm imunidade tributária, o que significa que estão dispensados de pagar IPVA, IPTU, Imposto de Renda, ISS e outros sobre renda, patrimônio e serviços. Eles não estão dispensados de prestar contas ao fisco e devem entregar anualmente a Declaração de Isentos. O professor de direito tributário Rafael Queiroz, do Centro Universitário Isabela Hendrix, explica que a imunidade é garantida pela Constituição para assegurar a liberdade religiosa, evitando que o Estado estimule uma religião com benefício fiscal, por exemplo. Os partidos políticos têm o mesmo tratamento, pelo mesmo motivo.
SIR

Uma luz mansa, humilde e cheia de amor


A humildade, a mansidão, o amor, a experiência da cruz são os meios através dos quais Deus derrota o mal. E a luz que Jesus trouxe ao mundo vence a cegueira do homem, muitas vezes ofuscado pela luz falsa do mundo, mais poderosa, mas enganadora. Compete a nós saber discernir qual é a luz que vem de Deus. É este o sentido da reflexão apresentada pelo Papa Franceisco durante a missa celebrada esta manhã, terça-feira 3 de setembro na capela da Domus Sanctae Marthae.

Comentando a primeira leitura, o Santo Padre destacou a "bonita palavra" que São Paulo dirige aos Tessalonicenses: “Vós irmãos não estais nas trevas... sois todos filhos da luz, os filhos do dia, não da noite. Nós não pertencemos à noite nem às terevas" (1 Ts 5,1- 6, 9-11). É claro, explicou o Papa, o que quer dizer o apóstolo: "a identidade cristã é a identidade da luz, não a das trevas". E Jesus trouxe esta luz no mundo.
"São João – esclareceu Papa Francisco – no primeiro capítulo de seu Evangelho nos diz ‘a lua veio ao mundo’, ele Jesus”. Uma luz que “não foi aceita pelo mundo”, mas que, no entanto, “nos salva das trevas, das trevas do pecado". Hoje, continuou o Pontífice, pensa-se que seja possível obter esta luz que quebra as trevas através de tantas descobertas científicas e outras invenções do homem, graças às quais “se pode conhecer tudo, se pode ter a ciência do todo”.
Mas "a luz de Jesus – alertou Papa Francisco – é outra coisa. Não é uma luz de ignorância, não, não! É uma luz de sabedoria, de iluminação, bem outra coisa. A luz que nos oferece o mundo é uma luz artificial. Talvez forte, mais forte daquela de Jesus! Forte como  um fogo de artifício, como um flash de uma foto. No entanto, a luz de Jesus é uma luz mansa, é uma luz tranquila, é uma luz de paz. É como a luz da noite de Natal: sem pretensões. E assim: oferece-se e se dá paz.
A luz de Jesus não dá espetáculo: é uma luz que vem do coração. É verdade que o diabo, e isso o afirma São Paulo, tantas vezes, se apresenta como anjo da luz. Ele gosta de imitar a luz de Jesus. Se apresenta bondoso e nos fala assim tranquilamente, como falou a Jesus após o jejum no deserto: "se tu é filho de Deus, faze este milagre, joga-te do templo" dá show! E fala de uma maneira tranquila, e, portanto, enganadora.

Por isso Papa Francisco aconselhou "pedir tanto a Deus a sabedoria do discernimento para reconhecer quando é Jesus que nos dá a luz e quando é exatamente o demônio que se apresenta em anjo de luz. Quantos acreditam de viver na luz, mas estão nas trevas e não percebem!".

Mas como é a luz que Jesus nos oferece? "Podemos reconhecê-la – explicou o Santo Padre – porque é uma luz humilde. Não é uma luz que se impõe, é humilde. É uma luz mansa, com a força da mansidão; é uma luz que fala ao coração e é também uma luz que oferece a cruz. Se nós , na nossa luz interior, somos homens mansos ouvimos a voz de Jesus no coração e olhamos sem medo à luz na luz de Jesus".
Mas se, pelo contrário, nos deixamos levar por uma luz que nos dá segurança, orgulho e nos leva a olhar os outros de cima para baixo, a menosprezá-los com a soberba, certamente não nos encontramos na presença da "luz de Jesus". É, no entanto, "luz do diabo disfarçada de Jesus – disse o Bispo de Roma – de anjo de luz.  Devemos distinguir sempre: onde está Jesus, encontra-se sempre humildade, mansidão, amor a e cruz. Nunca encontraremos, de fato, Jesus sem humildade, sem mansidão, sem amor e sem cruz. Ele, por primeiro, andou por este caminho de luz. Precisamos ir atrás dele sem medo, porque “Jesus tem a força e a autoridade para dar-nos esta luz".
Uma força descrita no evangelho no texto do Evangelho da liturgia de hoje, em que Lucas narra o episódio da expulsão, em Cafarnaum, do demônio do homem  possuído (cfr. Lc 4,16-30). O povo – sublinhou o Papa comentando a leitura –ficou tomado de medo  e, diz o Evangelho, se perguntava: ‘que palavra é esta que manda com autoridade e poder sobre os espíritos impuros e eles obedecem?’. Jesus não precisa de um exército para expulsar os demônios, não necessita da soberba, não precisa da força, do orgulho”. Qual é esta palavra "que manda com autoridade e poder sobre os espíritos impuros e eles obedecem?", perguntou o Pontífice.
"É uma palavra – foi sua resposta - humilde, mansa, com tanto amor". É uma palavra que nos acompanha nos momentos de sofrimentos, quando nos aproximamos da cruz de Jesus. "Peçamos a Deus – foi a exortação final de Papa a Francisco – que nos dê hoje a graça de sua luz e nos ensine a distinguir quando a luz é sua luz e quando é uma luz artificial feita pelo inimigo para nos enganar".
L'Osservatore Romano, 04-09-2013.

Os bispos do Celam estão prontos para a renovação

Por Luca Rolandi


O último dia da viagem do papa Francisco ao Rio (por ocasião da Jornada Mundial da Juventude) ficou marcado pelo importante discurso aos bispos latino-americanos do Conselho Episcopal Latino-americano que engloba as 22 Conferências Episcopais da região. O Papa disse aos bispos que um dos desafios para o futuro era “uma Igreja renovada interiormente que seja capaz de dialogar com as gerações atuais no contexto global”.

Monsenhor Carlos Aguiar Retes, arcebispo de Tlalnepantla e presidente do CELAM, em uma entrevista à agência dos bispos italianos, Sir, voltou a refletir a respeito e destacou que as palavras do Papa guiam a reflexão da Igreja latino-americana.

O papa pediu aos bispos que pusessem em marcha a “revolução da ternura”, deixando para trás aquelas “práticas pastorais enfocadas com uma dose tal de distância que não são capazes de alcançar o encontro”.

Monsenhor Retes retomou muitos pontos da reflexão, sobretudo a realidade das periferias: “A dramática situação das crianças e jovens que desde a escola são induzidos a consumir drogas, dos migrantes que são tratados como criminosos, em particular o tráfico de jovens escravizadas para a prostituição, assim como o sequestro de crianças para extração de órgãos e seu comércio no mercado negro internacional”.

O papel dos leigos -  “O papa nos exortou a evitar limitar a liberdade dos fiéis leigos e a promover a sua vocação batismal de ser o fermento evangélico do mundo”.

O espírito de Aparecida - “Devemos continuar como o apelo à conversão pastoral, intensificar, à luz de Aparecida, a renovação das dioceses e das paróquias, ajudar todos aqueles que ficaram para trás no processo de renovação”.
Vatican Insider, 03-09-2013.

As palavras do papa contra a guerra


Para encontrar declarações papais tão graves e dramáticas sobre a guerra, é preciso remontar às palavras de João Paulo II, no Angelus de 16 de março de 2003, às vésperas da Guerra do Iraque.

Papa Francisco faz apelo para que nações encontrem solução pacífica na Síria: 'ainda há tempo para negociar'.
Por Andrea Tornielli

O ancião e enfermo papa Wojtyla, que havia proclamado o dia 05 de março de 2003 como dia de jejum e oração pela paz no Oriente Médio, e que havia mobilizado todo tipo de iniciativas diplomáticas (ao reunir-se pessoalmente com muitos chefes de Estado e ao enviar os seus embaixadores pessoais a Washington e Badgá), estava fazendo nesse dia o último esforço para que o seu pedido fosse ouvido e a intervenção contra Saddam Hussein não acontecesse. Uma guerra que acabaria poucas semanas depois, mas que jogou o país no caos mais absoluto e na instabilidade, como se pode constatar ainda hoje, 10 anos depois.

João Paulo II chamou os "responsáveis políticos de Bagdá” ao seu “urgente dever de colaborar plenamente com a comunidade internacional, para eliminar qualquer motivo de intervenção armada”. Mas também recordou "aos países membros da ONU e, em particular, aos que compõem o Conselho de Segurança, que o uso da força representa o último recurso, depois de esgotadas todas as outras soluções pacíficas, segundo os bem conhecidos princípios da própria Carta da ONU".

E acrescentou, com palavras que hoje ressoam profeticamente por seu realismo: “É por isso que (diante das tremendas consequências que uma operação militar internacional possa ter para a população do Iraque e para o equilíbrio de toda a região do Oriente Médio, tão afetada, além dos extremismos que poderiam dela derivar) digo a todos: ainda há tempo para negociar, ainda há espaço para a paz; nunca é tarde demais para se compreender e continuar negociando. Refletir sobre os próprios deveres, envolver-se com negociações eficazes não significa humilhar-se, mas trabalhar com responsabilidade pela paz”.

Depois, o papa Wojtyla levantou o olhar do discurso escrito que estava no atril e acrescentou: “Eu pertenço a essa geração que viveu a Segunda Guerra Mundial e sobreviveu. Tenho o dever de dizer a todos os jovens, aos que são mais jovens que eu, que não tiveram esta experiência: ‘Nunca mais a guerra!’, como disse Paulo VI em sua primeira visita às Nações Unidas. Devemos fazer todo o possível! Sabemos bem que a paz a qualquer preço não é possível. Mas todos sabemos quão grande é esta responsabilidade. Então, oração e penitência!”.

Com o seu apelo grave e forte, o papa Francisco se inclui na tradição dos pontífices que levantaram a voz durante o último século, quase sempre sem serem ouvidos, para deter as guerras. Há uma linha que une o grito de paz contra o “inútil massacre”, como assim chamou o papa Bento XV a Primeira Grande Guerra; com os apelos de Pio XII, que tentava evitar o abismo do segundo conflito mundial, e mais tarde com a Guerra na Coreia, que demonstraram que Pacelli, pontífice tenazmente anticomunista, teve muito cuidado para não se deixar “enrolar” pelo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, como capelão de novas “cruzadas” ocidentais. A mesma linha segue seu curso com João XXIII, sua Pacem in Terris e a intermediação para frear a guerra por ocasião da crise dos mísseis em Cuba. E prossegue com Paulo VI, que instituiu o Dia Mundial pela Paz e que repetiu na ONU o grito: “Nunca mais a guerra!”. O mesmo grito que saiu das gargantas de Wojtyla e Bento XVI.

No domingo passado, a voz do papa Francisco soou grave, emocionada, trêmula e ao mesmo tempo firme. Bergoglio falou como pai, como pastor, como bispo, não como político. Considerou todos os elementos que estão em jogo. Condenou com força o horror das armas químicas. Explicou que acrescentar violência à violência e à guerra já existente não representa a solução, mas somente piorará o quadro em si já dramático com consequências que a população civil terá que pagar. A advertência de Francisco foi a de um pai que compartilha a angústia de seus filhos e dá a voz aos “homens e mulheres de paz” de qualquer parte do mundo. Não são táticas ou considerações geopolíticas. Qualquer tentativa de interpretar o apelo do Papa em termos de se Francisco é mais contra o regime de Assad ou mais a favor de uma potencial intervenção dos EUA na Síria, parece forçada e inadequada. As palavras de Francisco não devem ser interpretadas com o olhar da diplomacia.

É evidente, tanto agora como no passado, que o Papa e os Papas em geral não estão interessados nas estratégias geopolíticas, mas no destino concreto da população civil. A alma do apelo do domingo passado é a atenção por todos os que sofrem e pagam as consequências da guerra. Mas também comovem muitos outros fragmentos do apelo, nos quais Bergoglio falou em primeira pessoa, demonstrando que se sente pessoalmente envolvido: “Meu coração está profundamente ferido pelo que está acontecendo na Síria e angustiado com os dramáticos desenvolvimentos que se preanunciam”.

“Dirijo um forte apelo pela paz, um apelo que nasce do mais íntimo de mim mesmo!”. “Com particular firmeza condeno o uso das armas químicas!”, insistiu. “Com todas as minhas forças, peço às partes em conflito que escutem a voz da própria consciência”, gritou, convidando a comunidade internacional para fazer todos os esforços possíveis para promover, sem duvidar um segundo, “iniciativas claras pela paz”.

O dia de jejum e oração do próximo sábado, 07 de setembro, é um convite que Francisco estendeu muito além das fronteiras da Igreja, do mundo cristão e do mundo dos crentes de outras religiões. Foi um convite universal a todos os que se preocupam com a sorte da humanidade. Rezar, para quem acredita, ou, independente disso, jejuar é uma forma de participar e construir a paz a partir do compromisso concreto de cada um. O momento é muito mais dramático do que se poderia imaginar, como se pode ver nas alarmantes palavras do bispo Mario Toso, secretário do Pontifício Conselho Justiça e Paz, que, nesta segunda-feira, evocou o espectro de um novo conflito mundial. Inclusive por este motivo, o Papa repetiu as invocações à Virgem, “Rainha da paz”. Ao recordar o que aconteceu durante as últimas décadas, é preciso esperar seriamente que a voz indefesa do Bispo de Roma seja ouvida desta vez.
Vatican Insider, 03-09-2013.