domingo, 23 de março de 2014

Liturgia Diária

Dia 23 de Março - Domingo

III DOMINGO DA QUARESMA
(Roxo, Creio – III Semana do Saltério)

Antífona da entrada: Tenho os olhos sempre fitos no Senhor, porque livra os meus pés da armadilha. Olhai para mim, tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz (Sl 24,15s).
Oração do dia
Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Êxodo 17,3-7)
Leitura do livro do Êxodo.
Naqueles dias, 17 3 entretanto, o povo que ali estava privado de água e devorado pela sede, murmurava contra Moisés: “Por que nos fizeste sair do Egito? Para nos fazer morrer de sede com nossos filhinhos e nossos rebanhos?”
4 Então dirigiu Moisés esta prece ao Senhor: “Que farei a este povo? Mais um pouco e irão apedrejar-me.”
5 O Senhor respondeu a Moisés: “Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão tua vara, com que feriste o Nilo, e vai.
6 Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do monte Horeb ferirás o rochedo e a água jorrará dele: assim o povo poderá beber.” Isso fez Moisés em presença dos anciãos de Israel.
7 Chamaram esse lugar Massá e Meribá, por causa da contenda que os israelitas tiveram com ele, e porque tinham provocado o Senhor, dizendo: “O Senhor está ou não no meio de nós?”
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 94/95
Não fecheis o vosso coração,
Mas ouvi a voz do Senhor.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.
Leitura (Romanos 5,1-2.5-8)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Romanos.
Irmãos, 5 1 justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
2 Por ele é que tivemos acesso a essa graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus.
5 E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
6 Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios.
7 Em rigor, a gente aceitaria morrer por um justo, por um homem de bem, quiçá se consentiria em morrer.
8 Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.
Palavra do Senhor.
Evangelho (João 4,5-42 ou 5-15.19-26.39-42)
Glória e louvor a vós, ó Cristo.
Na verdade, sois, Senhor, o salvador do mundo. Senhor, dai-me água viva a fim de eu não ter sede! (Jo 4,42.15).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, Jesus 4 5 chegou, pois, a uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu filho José.
6 Ali havia o poço de Jacó. E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à beira do poço. Era por volta do meio-dia.
7 Veio uma mulher da Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: "Dá-me de beber".
8 (Pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos.)
9 Aquela samaritana lhe disse: "Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana?" (Pois os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
10 Respondeu-lhe Jesus: "Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: ´Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva´".
11 A mulher lhe replicou: "Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é fundo... donde tens, pois, essa água viva?
12 És, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e também os seus filhos e os seus rebanhos?"
13 Respondeu-lhe Jesus: "Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede,
14 mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna".
15 A mulher suplicou: "Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!"
16 Disse-lhe Jesus: "Vai, chama teu marido e volta cá".
17 A mulher respondeu: "Não tenho marido". Disse Jesus: "Tens razão em dizer que não tens marido.
18 Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade".
19 "Senhor", disse-lhe a mulher, "vejo que és profeta!
20 Nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar".
21 Jesus respondeu: "Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em Jerusalém.
22 Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.
23 Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja.
24 Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade".
25 Respondeu a mulher: "Sei que deve vir o Messias (que se chama Cristo); quando, pois, vier, ele nos fará conhecer todas as coisas".
26 Disse-lhe Jesus: "Sou eu, quem fala contigo".
27 Nisso seus discípulos chegaram e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher. Ninguém, todavia, perguntou: "Que perguntas?" Ou: "Que falas com ela?"
28 A mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
29 "Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?"
30 Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus.
31 Entretanto, os discípulos lhe pediam: "Mestre, come".
32 Mas ele lhes disse: "Tenho um alimento para comer que vós não conheceis".
33 Os discípulos perguntavam uns aos outros: "Alguém lhe teria trazido de comer?"
34 Disse-lhes Jesus: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra.
35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa.
36 O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntamente se regozijarão.
37 Porque eis que se pode dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa. 38 Enviei-vos a ceifar onde não tendes trabalhado; outros trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos".
39 Muitos foram os samaritanos daquela cidade que creram nele por causa da palavra da mulher, que lhes declarara: "Ele me disse tudo quanto tenho feito".
40 Assim, quando os samaritanos foram ter com ele, pediram que ficasse com eles. Ele permaneceu ali dois dias.
41 Ainda muitos outros creram nele por causa das suas palavras.
42 E diziam à mulher: "Já não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo".
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
O DOM DE DEUS
Jesus tornou-se o dom de Deus na vida da mulher que ele encontrou junto ao poço de Siquém. A descoberta do dom divino deu-se de maneira gradativa. A reação inicial da mulher foi de rejeição, fruto de preconceitos. Ela não podia compreender como um judeu tivesse a ousadia de dirigir-se a uma samaritana, dado a inimizade histórica entre estes dois grupos.
O comentário de Jesus, diante desta negativa, despertou nela um certo interesse. A alusão à possibilidade de obter "água viva" suscitou um mal-entendido: a mulher entreviu a possibilidade de ver-se livre da obrigação de buscar água, naquele poço tão profundo. Assim, quando Jesus falou de uma água que jorra para a vida eterna, ela manifestou o desejo de obtê-la. Para isso, o Mestre colocou como condição que trouxesse consigo seu marido. Foi quando Jesus começou a penetrar na vida pessoal da samaritana, mostrando conhecê-la muito mais do que ela pensava. O Mestre manifestou seu interesse por aquela mulher desconhecida. A partir daí ela começou a se abrir para a fé. O tema da água foi substituído pela questão da adoração a Deus. De modo pedagógico e delicado, Jesus conduziu-a nos meandros da fé, a ponto de fazê-la compreender que tinha diante de si o Messias longamente esperado.
Assim que ela acolheu o dom de Deus na pessoa de Jesus, tornou-se proclamadora de sua presença como Messias salvador. E muitos acreditaram, a partir do testemunho da mulher.

Oração
Pai, em Jesus, tu nos destes um dom precioso. Dá-me a graça de reconhecê-lo e acolhê-lo, cheio de fé, e deixar minha vida ser transformada por ele.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Sobre as oferendas
Ó Deus de bondade, concedei-nos, por este sacrifício, que, pedindo perdão de nossos pecados, saibamos perdoar a nossos semelhantes. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Naquele que beber da água que eu darei, diz o Senhor, brotará uma fonte que jorra para a vida eterna (Jo 4,13).
Depois da comunhão
Ó Deus, tendo recebido o penhor do vosso mistério celeste, e já saciados na terra com o pão do céu, nós vos pedimos a graça de manifestar em nossa vida o que o sacramento realizou em nós. Por Cristo, nosso Senhor.

Evangelho do Dia

Ano A - 23 de março de 2014

João 4,5-42 ou 5-15.19-26.39-42

Glória e louvor a vós, ó Cristo.
Na verdade, sois, Senhor, o salvador do mundo. Senhor, dai-me água viva a fim de eu não ter sede! (Jo 4,42.15).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, Jesus 4 5 chegou, pois, a uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu filho José.
6 Ali havia o poço de Jacó. E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à beira do poço. Era por volta do meio-dia.
7 Veio uma mulher da Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: "Dá-me de beber".
8 (Pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos.)
9 Aquela samaritana lhe disse: "Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana?" (Pois os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
10 Respondeu-lhe Jesus: "Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: ´Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva´".
11 A mulher lhe replicou: "Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é fundo... donde tens, pois, essa água viva?
12 És, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e também os seus filhos e os seus rebanhos?"
13 Respondeu-lhe Jesus: "Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede,
14 mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna".
15 A mulher suplicou: "Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!"
16 Disse-lhe Jesus: "Vai, chama teu marido e volta cá".
17 A mulher respondeu: "Não tenho marido". Disse Jesus: "Tens razão em dizer que não tens marido.
18 Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade".
19 "Senhor", disse-lhe a mulher, "vejo que és profeta!
20 Nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar".
21 Jesus respondeu: "Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em Jerusalém.
22 Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.
23 Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja.
24 Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade".
25 Respondeu a mulher: "Sei que deve vir o Messias (que se chama Cristo); quando, pois, vier, ele nos fará conhecer todas as coisas".
26 Disse-lhe Jesus: "Sou eu, quem fala contigo".
27 Nisso seus discípulos chegaram e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher. Ninguém, todavia, perguntou: "Que perguntas?" Ou: "Que falas com ela?"
28 A mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
29 "Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?"
30 Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus.
31 Entretanto, os discípulos lhe pediam: "Mestre, come".
32 Mas ele lhes disse: "Tenho um alimento para comer que vós não conheceis".
33 Os discípulos perguntavam uns aos outros: "Alguém lhe teria trazido de comer?"
34 Disse-lhes Jesus: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra.
35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa.
36 O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntamente se regozijarão.
37 Porque eis que se pode dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa. 38 Enviei-vos a ceifar onde não tendes trabalhado; outros trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos".
39 Muitos foram os samaritanos daquela cidade que creram nele por causa da palavra da mulher, que lhes declarara: "Ele me disse tudo quanto tenho feito".
40 Assim, quando os samaritanos foram ter com ele, pediram que ficasse com eles. Ele permaneceu ali dois dias.
41 Ainda muitos outros creram nele por causa das suas palavras.
42 E diziam à mulher: "Já não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo".
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
O DOM DE DEUS
Jesus tornou-se o dom de Deus na vida da mulher que ele encontrou junto ao poço de Siquém. A descoberta do dom divino deu-se de maneira gradativa. A reação inicial da mulher foi de rejeição, fruto de preconceitos. Ela não podia compreender como um judeu tivesse a ousadia de dirigir-se a uma samaritana, dado a inimizade histórica entre estes dois grupos.
O comentário de Jesus, diante desta negativa, despertou nela um certo interesse. A alusão à possibilidade de obter "água viva" suscitou um mal-entendido: a mulher entreviu a possibilidade de ver-se livre da obrigação de buscar água, naquele poço tão profundo. Assim, quando Jesus falou de uma água que jorra para a vida eterna, ela manifestou o desejo de obtê-la. Para isso, o Mestre colocou como condição que trouxesse consigo seu marido. Foi quando Jesus começou a penetrar na vida pessoal da samaritana, mostrando conhecê-la muito mais do que ela pensava. O Mestre manifestou seu interesse por aquela mulher desconhecida. A partir daí ela começou a se abrir para a fé. O tema da água foi substituído pela questão da adoração a Deus. De modo pedagógico e delicado, Jesus conduziu-a nos meandros da fé, a ponto de fazê-la compreender que tinha diante de si o Messias longamente esperado.
Assim que ela acolheu o dom de Deus na pessoa de Jesus, tornou-se proclamadora de sua presença como Messias salvador. E muitos acreditaram, a partir do testemunho da mulher.

Oração
Pai, em Jesus, tu nos destes um dom precioso. Dá-me a graça de reconhecê-lo e acolhê-lo, cheio de fé, e deixar minha vida ser transformada por ele.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Leitura
Êxodo 17,3-7
Leitura do livro do Êxodo.
Naqueles dias, 17 3 entretanto, o povo que ali estava privado de água e devorado pela sede, murmurava contra Moisés: “Por que nos fizeste sair do Egito? Para nos fazer morrer de sede com nossos filhinhos e nossos rebanhos?”
4 Então dirigiu Moisés esta prece ao Senhor: “Que farei a este povo? Mais um pouco e irão apedrejar-me.”
5 O Senhor respondeu a Moisés: “Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão tua vara, com que feriste o Nilo, e vai.
6 Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do monte Horeb ferirás o rochedo e a água jorrará dele: assim o povo poderá beber.” Isso fez Moisés em presença dos anciãos de Israel.
7 Chamaram esse lugar Massá e Meribá, por causa da contenda que os israelitas tiveram com ele, e porque tinham provocado o Senhor, dizendo: “O Senhor está ou não no meio de nós?”
Palavra do Senhor.
Salmo 94/95
Não fecheis o vosso coração,
Mas ouvi a voz do Senhor.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.
Oração
Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Dom Orani: 'A paz é possível pela fé e vida fraterna'

Rio de Janeiro, 23 mar (ArqRio) - “O desejo é que o pecador se converta”, afirmou o arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, durante a missa presidida na manhã deste sábado (22), na Capela São Miguel Arcanjo, na Comunidade do Mandela, em Manguinhos.

A celebração que já estava marcada anteriormente trouxe momentos de paz para os moradores do local que passaram por recentes conflitos, quando traficantes atacaram à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). "Esta missa é a oportunidade de anunciar que no meio dos conflitos e tribulações cremos em Jesus, caminho de vida e paz para todos. Celebramos a certeza da ressurreição, da vida em Cristo. Sabemos que a paz é possível pela fé, vida fraterna, amor e esperança. Lembramos que a comunidade têm locais abençoados pelo Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013", disse Dom Orani.

A missa foi concelebrada pelo bispo auxiliar Dom Roque Costa Souza, pelo vigário episcopal para a Vida Consagrada, Dom Roberto Lopes, que é responsável pela Causa dos Santos, pelo vigário episcopal para a Caridade Social, cônego Manuel Manangão, pelo vigário episcopal do Vicariato Leopoldina, padre Alex Siqueira, e pelos diversos sacerdotes presentes.

No final, o arcebispo deu a bênção com a relíquia da Beata Irmã Dulce, que foi entregue ao cônego Manangão. O Banco da Providência foi escolhido para ser a primeira das entidades sociais a receber a relíquia.
SIR

Religiosos têm ‘novos caminhos para buscar’

Lisboa, 23 mar (SIR) – O Padre José Ornelas, superior geral dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), afirmou que a vida consagrada precisa dar atenção aos novos países e novas dinâmicas. “Dar atenção ao envelhecimento nos países de tradição cristã para atender a países novos e com novas dinâmicas mas que precisam de ganhar consistência é um grande desafio que enfrentamos”, disse o religioso em declarações à Agência ECCLESIA.

O padre José Ornelas recordava que quando entrou para a congregação dos Dehonianos os religiosos eram cerca de 65% de origem europeia e que, 15 anos depois, a realidade se inverteu. “Há uma dedicação total, ao serviço de Deus, de quem se consagra a Deus e ao serviço dos irmãos, gente disponível para dar passos adiante, no diálogo cultural e religioso e na disponibilidade da mobilidade que é fundamental no dia de hoje.”

O superior geral dos Dehonianos destacou ainda que “ser religioso hoje é ter um diálogo com a sociedade e onde nos completamos mutuamente, há caminhos novos para buscar, numa ligação entre leigos, consagrados e famílias, como já há congregações que estão fazendo”.  “Se não partimos das periferias, como nos pede o Papa, o que vamos ter é uma igreja ou uma vida consagrada completamente centralizada que vai ter tendência a ser dogmática para não dizer repressora”.

Recordando o encontro que o Papa teve com os superiores gerais (masculinos) a 29 de novembro de 2013, quando Francisco anunciou aos presentes que o ano de 2015 será dedicado à Vida Consagrada, o padre José Ornelas afirmou que “não há uma vida religiosa perfeita”. “O Papa falou-nos dos desafios da vida religiosa e a questão da comunidade, um ponto fundamental nas igrejas ocidentais e que é preciso dar-lhe a dimensão humana. A mudança da importância da vida religiosa e a multiculturalidade é outro desafio.”

O Papa Francisco dedicou o ano 2015 à vida consagrada e o sacerdote português realça que as comunidades religiosas têm vários “trunfos” que as valorizam.
SIR

24 de março: Dia dos Missionários Mártires

Roma, 23 mar (SIR) – No dia 24 de março de 1980 foi assassinado Dom Oscar A. Romero, Arcebispo de São Salvador. Desde 1993, por iniciativa do Movimento Juvenil Missionário das Pontifícias Obras Missionárias italianas, naquela data são recordados todos os missionários assassinados no mundo.

A iniciativa foi difundida em muitas nações, inclusive com datas e circunstâncias diferentes. Muitas dioceses e institutos religiosos dedicam iniciativas especiais para recordar seus missionários e todos os que derramaram seu sangue pelo Evangelho.

O tema escolhido para o XXII Dia de oração e jejum em memória dos missionários mártires, segunda-feira, 24 de março de 2014, é “Martyria”, ou seja, testemunho, “a conditio sine qua non” para ser realmente discípulos de Jesus, como explicado no subsídio predisposto por Missio para a animação. “Todos somos chamados a testemunhar nossa fé, a contar sobre o nosso encontro com o Ressuscitado, a suportar qualquer tipo de tribulação, injustiça, perseguição física e espiritual, incompreensões de todo gênero para transmitir a Boa Nova que nós recebemos de outros”.

Em 2013 foram assassinados 23 agentes pastorais: 20 sacerdotes, 1 religiosa e 2 leigos. “Recordar os missionários, que em modos diversos pagaram com a sua vida o generoso serviço prestado aos irmãos – escreve pe. Michele Autuoro, Diretor nacional de Missio – não deve ser um álibi para nós; não podemos nos limitar a celebrar seus nomes... Não! Temos o dever de assumir o estilo, a indiscutível seriedade e dedicação que os levou a não temer a eventualidade de ameaças e riscos... estes nossos amigos nos clamam para que nossa vida de discípulos do Mestre Jesus continue a proclamar o Evangelho que liberta e restitui dignidade a muitos nossos irmãos e irmãs pisoteados por injustiças de outros irmãos e irmãs”.

No subsídio preparado para o Dia encontram-se algumas propostas de animação: o texto de uma Vigília para os Missionários Mártires e o de uma Via Sacra com reflexões de Papa João XXIII e Papa João Paulo II que serão canonizados em 27 de abril. As ofertas recolhidas com o jejum contribuirão para realizar dois projetos missionários: em Tanzânia (uma escola hoteleira para 100 alunos) e em Bangladesh (reconstrução da Igreja de Narail).
SIR

A sede de Deus e o caminho para a fé cristã

Só a abertura à universalidade de Deus permite receber a água que jorra no coração dos crentes.
Por Raymond Gravel*

A partir do terceiro domingo da Quaresma do ano A, teremos uma catequese batismal proposta pelo evangelista João. Esta semana, como homilia, proponho essas duas interpretações exegéticas do relato evangélico da samaritana, proporcionado por João. Boa homilia.

A samaritana: Jo 4,5-42 (Catequese batismal)

Este relato da samaritana é um dos relatos evangélicos mais bonitos que temos como catequese de iniciação em vista de um batismo cristão. O melhor é ler a versão completa para compreender melhor as mensagens que emergem desse relato e que nos falam da transformação que se opera pelo encontro e o reconhecimento do Ressuscitado. Este encontro não é reservado a uma elite ou a pessoas virtuosas; pelo contrário, este encontro só é possível para aquelas e aqueles que têm sede: sede de justiça, sede de dignidade, sede de perdão, sede de paz, sede de amor, sede de Deus. Estes levam muitas vezes uma vida sofrida; os outros, os virtuosos e os perfeitos não têm, muitas vezes, sede de nada... Eles acreditam na bebida da sua própria fonte; e, além disso, eles estão prestes a morrer de sede.

Neste relato da samaritana, o evangelista João responde a duas perguntas importantes:

1. Quem pode tornar-se cristão ou cristã?

2. Como tornar-se cristão ou cristã?

Respondendo a estas duas perguntas, João explicita a identidade de Cristo para a fé cristã. Proponho duas interpretações possíveis deste relato:

Primeira interpretação:

1. Quem pode tornar-se cristão ou cristã?

Para responder a esta pergunta, é preciso saber quem é a samaritana do evangelho de João. Quem é ela? Quem ela representa? Conhecemos o conflito que existe entre os judeus e os samaritanos: conflito que remonta ao século VIII a.C., à época da invasão assíria no Reino do Norte, na Samaria, em 722, quando os judeus se misturam com os estrangeiros, os pagãos. A mistura de raça e de religião tornou todos os samaritanos suspeitos aos olhos dos judeus; de sorte que eles passaram a ter seu próprio lugar de culto, no monte Garizim, enquanto os judeus prestavam seu culto em Jerusalém. Os judeus e os samaritanos não se falavam. Os samaritanos eram considerados como bastardos pelos judeus.

E aqui, imagine, trata-se não simplesmente de um samaritano, mas de uma mulher samaritana... Trata-se, pois, de uma dupla exclusão, e, pior ainda, esta mulher da Samaria vai procurar água no poço de Jacó, ao meio dia, na hora mais quente do dia. Normalmente, é de manhã, muito cedo, que as mulheres fazem esse trabalho; portanto, se ela vai ao poço ao meio dia é porque ela não quer ser julgada pelos outros samaritanos... É, sem dúvida, porque ela vive uma outra exclusão na sua própria comunidade. Trata-se, pois, de uma tripla exclusão.

É a esta mulher rejeitada, excluída, condenada, que Jesus pede para beber... É a ela que ele oferece a possibilidade de encontrar o Cristo e de tornar-se testemunha da gratuidade da salvação oferecida, da água viva que mata todas as sedes.

Portanto, à pergunta: quem pode tornar-se cristão ou cristã?, a resposta é simples: todos os samaritanos do mundo que aceitam abrir-se ao diálogo com o estrangeiro, para que este assuma um outro rosto: o de Deus... A samaritana é cada um e cada uma de nós, com suas fragilidades, pobrezas, sedes, desejos e buscas de sentido na vida. Ninguém está excluído do evangelho se souber reconhecer a samaritana que dorme em cada uma e um de nós...

Há sete etapas no relato...

1) Ter o coração aberto ao diálogo com o estrangeiro. Acolher sua demanda, sua sede, sua necessidade: “Dá-me de beber” (Jo 4,7).

2) Descobrir no outro, no estrangeiro, alguém que pode matar a minha sede, responder à minha necessidade: “Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva” (Jo 4,10).

3) Descobrir o outro: o estrangeiro muda de figura: o judeu anônimo com quem não se fala, torna-se alguém que é talvez maior que os nossos pais a quem pertence este poço, a fonte da nossa fé: “Certamente não pretendes ser maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, e do qual ele bebeu junto com seus filhos e animais” (Jo 4,12). Quando esta tomada de consciência é feita, a samaritana lhe diz: Senhor, e ela lhe confia suas necessidades, falando-lhe da sua sede: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise vir aqui para tirar” (Jo 4,15).

4) Não se esconder atrás dos seus ídolos, da sua religião: os cinco maridos da samaritana correspondem às cinco divindades pagãs dos samaritanos: “Você tem razão ao dizer que não tem marido. De fato, você teve cinco maridos. E o homem que você tem agora, não é seu marido. Nisso você falou a verdade” (Jo 4,18). Não se pode encerrar Deus numa religião ou num templo. Deus está no ser humano e podemos reconhecê-lo somente pelo coração, no espírito: “‘Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar’. Disse-lhe Jesus: ‘Acredita-me, mulher: está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.’” (Jo 4,20-24). O homem descobre de repente o rosto do profeta que interpela e que convida à conversão: “Senhor, vejo que és profeta” (Jo 4,19).

5) Saber com a cabeça que o Messias deve vir e reconhecer com o coração o Cristo que está aí, no estrangeiro: “‘Sei que o Messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier,

vai nos fazer conhecer todas as coisas’. Disse-lhe Jesus: ‘Sou eu, que estou falando contigo’” (Jo 4,25-26). A samaritana encontra e reconhece Jesus.

6) Começa a missão. É o testemunho de fé. Deixamos tudo o que nos faz viver para anunciar a Boa Nova: “Então a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade, dizendo ao povo: ‘Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Cristo?’” (Jo 4,28-29).

7) Saber reconhecer o Salvador do mundo: o testemunho cristão jamais deve perder de vista que não é para o testemunho que as pessoas se dirigem, mas para aquele que tem o testemunho. Os samaritanos, que se tornaram cristãos, dizem à mulher: “‘Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos, que este é verdadeiramente o salvador do mundo’” (Jo 4,42).

Obs.: Aqui não faço menção aos discípulos porque eles são secundários no relato. Sabemos que na primeira missão cristã realizada pelos samaritanos, não eram os Doze que fundaram a Igreja da Samaria (At 8,4-6). Os Doze foram depois que “souberam que a Samaria acolhera a Palavra de Deus” (At 8,14). Portanto, eles têm um papel mais modesto e secundário, a quem Jesus diz: “‘Eu vos enviei para colher aquilo que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós entrastes no trabalho deles’” (Jo 4,38).

Estas são as sete etapas do caminho da fé cristã apresentadas por João. Essas etapas nos fazem passar do encontro com um estrangeiro ao reconhecimento de Cristo, Messias e Salvador do mundo. Assim, a fé cristã não pode ser vivida em um ambiente fechado, numa Igreja particular. O exegeta francês, Édouard Cothenet escreve: “Enquanto a fé permanecer limitada aos horizontes familiares da raça e da cultura, ela não atinge seu pleno cumprimento. Só a abertura à universalidade do dom de Deus permite receber a água viva que jorra no coração dos crentes e os torna capazes, por sua vez, de testemunhar o Amor de Deus”. De sorte que, quando se diz verdadeiro fiel e quando atribuímos o título de incrédulos ou descrentes os outros, esta deficiência que imputamos a eles, é, sem dúvida, uma parte de nós mesmos que projetamos sobre o outro, para não ter que assumi-lo nós mesmos.

Segunda interpretação

1. Deus se faz solidário com a nossa humanidade sofrida e sedenta:

Por meio do Cristo do evangelho de João, Deus se faz solidário com a nossa humanidade. E por qualquer um! Nossa humanidade, naquilo que ela tem de mais sofrido. O evangelista João nos conta que Jesus entra numa cidade da Samaria, chamada Sicar (Jo 4,5), onde se encontra o poço de Jacó (Jo 4,6a), e, cansado da viagem, senta-se à beira do poço (Jo 4,6b), e João precisa que é meio dia (Jo 4,6c), e que se aproxima uma mulher da Samaria para pegar água (Jo 4,7a). Com poucas palavras, João nos mostra que Deus não julga e nem rejeita ninguém: uma mulher samaritana que vem para pegar água ao meio dia. Para Jesus, que é judeu, esta mulher tem três grandes carências:

1) Ela é mulher.

2) Ela é samaritana.

3) Ela é excluída das outras mulheres da Samaria. Ao vir ao meio dia para pegar água, na hora mais quente do dia, ela sabe que não encontrará outras mulheres e que assim não será julgada ou injuriada.

Portanto, é a ela que Jesus se dirige e manifesta sua sede de encontrá-la: “Dá-me de beber” (Jo 4,7b).

2. A acolhida e a abertura dos sofredores

À pergunta de Jesus, a mulher não se fechou em si mesma. Exprimindo sua estupefação, ela abre a porta para o encontro: “‘Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?’” (Jo 4,9). Basta para que o encontro aconteça e o diálogo se estabeleça: “‘Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: Dá-me de beber, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva’” (Jo, 4,10).

3. As três etapas da fé cristã

O exegeta francês Hyacinthe Vulliez escreve: “Até a escuta da Boa Nova, o caminho da fé é longo, tortuoso, repleto de obstáculos, galhos e troncos que é preciso contornar por cima ou por baixo para se aproximar da verdade de Deus. A conversão se dá em três tempos. Ambos falam primeiramente da água, depois do marido e, para terminar, do santuário”. Esta mulher se liberta pouco a pouco de seus preconceitos raciais, políticos e religiosos para mudar seu olhar sobre aquele que casualmente acaba de encontrar, para descobrir sucessivamente no judeu que é Jesus um homem, um profeta e o Messias.

1) O homem: Jesus tem sede e pede-lhe de beber. Um pouco mais adiante, a mulher dirá aos seus compatriotas: “Vinde ver um homem...” (Jo 4,29a). Ela não diz um judeu ou um negro, mas um homem. E este homem ela já o chama de Senhor. “A mulher disse a Jesus: ‘Senhor, nem sequer tens balde e o poço é fundo. (O Antigo Testamento caducou) De onde vais tirar a água viva?’” (Jo 4,11). Nesse homem ela já reconhece Deus: “‘Por acaso, és maior que nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu, como também seus filhos e seus animais?’ (Jo 4,12). À resposta de Jesus: ‘”Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna.’” (Jo 4,13-14), a samaritana expressa seu desejo de crer: “‘Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la.’” (Jo 4,15).

2) O profeta: ao fazê-la dizer a Jesus que a samaritana teve cinco maridos, o evangelista Lucas faz referência aos cinco deuses dos samaritanos, de que fala 2 Rs 17,29-41. O que significa que esta mulher é representante do seu povo que, aos olhos dos judeus, é um povo idólatra. À observação de Jesus, a samaritana dá um segundo passo na fé cristã; ela reconheceu em Jesus o profeta: “‘Senhor, vejo que és um profeta! Então, explique-me...’” (Jo 4,19). E aí aparece a questão da religião e do templo. No fundo, a questão que é colocada é a seguinte: qual é a verdadeira religião? A dos judeus ou aquela dos samaritanos? A dos católicos ou a dos protestantes ou das outras confissões? É verdade, diz João, que a salvação vem dos judeus (Jo 4,22): “‘Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai procura’” (Jo 4,23). Há uma mensagem nisso: as religiões não expressam a fé; a fé situa-se num outro nível e a história nos ensina que as religiões podem inclusive impedir a fé de se expressar e elas tornam-se muitas vezes causa de divisões e de exclusões.

3) O Messias: “A mulher disse a Jesus: ‘Sei que o Messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier, vai nos fazer conhecer todas as coisas.’” (Jo 4,25). À resposta de Jesus: “‘Sou eu, que estou falando contigo’” (Jo 4,26), a samaritana faz sua profissão de fé, largando, em primeiro lugar o balde (do qual ela já não tem mais necessidade), para testemunhar sua fé às pessoas que antes fugiam dela (Jo 4,28): “‘Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Cristo?’” (Jo 4,29).

A samaritana, com sua vida sofrida, é transformada por seu encontro com o Ressuscitado; de sorte que ela pode agora integrar novamente seu povo, sem ser rejeitada pelos seus. O que significa que a fé cura todas as nossas feridas e devolve-nos a dignidade humana. Assim, pelo testemunho da nossa fé, interpelamos os outros a desejar encontrar aquele que nos transformou: “Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: ‘Ele me disse tudo o que eu fiz’” (Jo 4,39). Por outro lado, após ter levado alguns a Jesus Cristo, não é mais o testemunho do fiel que nos faz aderir à fé, mas o encontro e o reconhecimento do Ressuscitado: “Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias.” (Jo 4,40). E aí a transformação se faz pelo próprio Jesus Cristo: “E disseram à mulher: ‘Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos, que este é verdadeiramente o salvador do mundo’” (Jo 4,42).

Concluindo, para mostrar que a fé nos reintegra na comunidade, gostaria de citar esse belo comentário de Santo Agostinho, que dizia: "Meu alimento, diz ele, é fazer a vontade daquele que me enviou. Sua bebida era, pois, assim como a desta mulher, fazer a vontade daquele que a enviou. Se ele lhe disse: tenho sede, dá-me de beber, era para produzir nela a fé, para beber sua fé e vinculá-la ao seu próprio corpo, porque seu corpo é a Igreja".
Réflexions de Raymond Gravel
*Raymond Gravel é padre da Diocese de Joliette, Canadá. Texto baseado nas leituras do 3º Domingo da Quaresma – Ciclo A do Ano Litúrgico (23 de março de 2014).

A pobreza do outro

Se a pobreza empalidece no rosto do outro a semelhança com Deus, a Igreja não pode descansar.
A Igreja respira encantada com o Papa Francisco e o movimento que inaugurou e mantém de volta ao Concílio Vaticano II e sua renovação.  Seu pontificado vem marcado por essa retomada do espírito de liberdade e abertura daquele inesquecível evento eclesial que aconteceu há 50 anos.

Na América Latina, a recepção deste Concílio se deu em uma direção bem marcada de fidelidade ao contexto do continente, feito de pobreza, injustiça e opressão. Toda a Igreja do continente releu o grande evento do Vaticano II com uma atenção qualificada àquelas grandes maiorias que se encontravam mais necessitadas, mais fragilizadas e mais empobrecidas.  A chamada opção preferencial pelos pobres foi o nome cunhado para “batizar” essa escolha evangélica feita pela comunidade eclesial naquele momento histórico.

Após um tempo longo que já foi chamado por grandes teólogos e pessoas da Igreja de “inverno eclesial”, onde parecia que – entre outras – a primordialidade dos pobres havia ficado na sombra, eis que foi lançado recentemente em Roma o livro do Prefeito para a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller: “Ao lado dos pobres”. Trata-se da mais alta autoridade em termos de doutrina da Igreja Católica e, portanto, guardião da indiscutível legitimidade do conteúdo do livro.

Mas há mais: Müller não escreveu o livro sozinho.  Acompanhou-o outro teólogo: o pai da Teologia da Libertação, o sacerdote peruano da Ordem dos Pregadores, Gustavo Gutiérrez.  No prefácio, Joseph Sayer, presidente da Obra Assistencial Misereor, identifica o teólogo peruano como uma pessoa apaixonada.  E como não haveria de sê-lo quem passou a vida servindo os pobres, vivendo junto a eles e lidando apaixonadamente com a pergunta:  “Como se pode falar do amor de Deus perante a miséria dos pobres e a injustiça do mundo?”.

Ou seja, o alerta lançado por Hans Jonas após a Segunda Grande Guerra e o holocausto nazista: “Como falar de Deus depois de Auschwitz”? ecoa novamente diante de outro genocídio: aquele cotidiano que mata continuamente milhares e mesmo milhões de pessoas em todo o planeta. Gustavo Gutiérrez  descobriu, vivendo perto dos pobres, que toda teologia deve fazer-se esta pergunta e deixar-se atingir por ela, para então construir seu discurso sobre Deus.  Pois, concordando com a frase de Berdiaev, “se eu tenho fome, é um problema biológico.  Se o meu irmão tem fome, é um problema teológico”.

E foi justamente a pobreza do outro a interpelar com pungente insistência a fé que levou Gutiérrez a criar a corrente chamada Teologia da Libertação, que posteriormente ganhou muitos adeptos não apenas na América Latina, mas também no hemisfério Norte e no mundo inteiro.  Essa teologia e seus protagonistas também conheceram dificuldades e conflitos devido à opção de fazer teologia ao lado dos pobres e a partir de suas interpelações.  Foram convocadas a testemunhar e provar sua pertença eclesial e sua ortodoxia.

A teologia de Gustavo Gutiérrez ofereceu essa prova em suas obras, nas quais o compromisso inarredável com os pobres se alia indissoluvelmente à mais profunda espiritualidade cristã e à mais profunda fidelidade à Igreja.  Ela ajudou a Igreja a redescobrir o compromisso com a justiça e o anúncio da boa nova aos pobres como um de seus imperativos centrais.

O Papa Francisco, em prólogo feito ao livro, agradece profundamente aos autores que chamam assim a atenção para este tema fulcral na Igreja: a pobreza do outro que é critério de verificação da confissão de fé cristã.  Afirma sua esperança de que os leitores terão o coração tocado pela exigência de uma conversão a esses que, maltratados pela sociedade injusta, são os prediletos de Deus.  E diz literalmente: “E bem saibam, amigos leitores, que nesta exigência e nesta via, me encontram desde agora com vocês, como irmão e sincero companheiro de caminho. “

O Cardeal Müller, o teólogo Gutiérrez e o Papa Francisco querem dizer que enquanto a pobreza empalidecer no rosto do outro o fulgor de sua imagem e semelhança com Deus, a Igreja não pode descansar.  O que importa nem é tanto tal ou qual corrente teológica.  Importa, sim, a realidade vital dos pobres.  Enquanto esta for uma interpelação dolorosa e cruel lançada à consciência da humanidade, as preocupações e a reflexão da Teologia da Libertação estarão mais do que vivas.

Maria Clara Bingemer é teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio. É autora de diversos livros, entre eles, ¿Un rostro para Dios?, de 2008, e A globalização e os jesuítas, de 2007. Escreveu também vários artigos no campo da Teologia.

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JEJUM VIVENCIADO DURANTE A QUARESMA




1ª semana da Quaresma: 
JEJUM DA LÍNGUA: evitar falar o que não deve – fofocas, palavrões, maledicências... 
 
2ª semana da Quaresma:
JEJUM DOS PASSOS: evitar frequentar lugares inconvenientes a um bom cristão... 
 
3ª semana da Quaresma:
JEJUM DA VISTA: evitar ver novelas, revistas, filmes que não condizem a um cristão...
 
4ª semana da Quaresma:
JEJUM DO GOSTO: em comunhão com os que passam fome, evitar aqueles alimentos que mais apreciamos, como doces, sorvetes, ...
 
5ª semana da Quaresma:
JEJUM DO CORAÇÃO: buscar sempre o desapego às coisas que nos atrapalham a seguir Cristo...

PROCLAMAS MATRIMONIAIS



22 e 23 de março de 2014


COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:


·         GUSTAVO HIPOLITO LACERDA PINHEIRO
E
PATRICIA SILVA DE LIRA LACERDA PINHEIRO


·         THOMÁS FILIPE MARINHO DE OLIVEIRA
E
PRISCILLA VERA CRUZ FIGUEIRÔA


·         ÁRTHUS RODRIGUES INÁCIO
E
DEBORAH MARIA CHAVES BRAINER


·         EDINARDO ERNANI FERNANDES DA SILVA
E
VANIA FERREIRA SOUSA


·         FERNANDO JORGE RODRIGUES MAGALHÃES
E
NATHALIA IANATONI CAMARGO








                       Quem souber algum impedimento que obste à celebração destes casamentos está obrigado em                         consciência a declarar.