quinta-feira, 16 de abril de 2015

Meu Dia com Deus

DIA 16 DE ABRIL - QUINTA-FEIRA

Ouça: 
Evangelho do Dia: (João 3,31-36)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Acreditaste, Tomé, porque me viste. Felizes os que crêem sem ter visto (Jo 20,29).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
3 31 "Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem da terra é terreno e fala de coisas terrenas. Aquele que vem do céu é superior a todos.
32 Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas ninguém recebe o seu testemunho.
33 Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro.
34 Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas.
35 O Pai ama o Filho e confiou-lhe todas as coisas.
36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus".
Palavra da Salvação.
 
Meditando o Evangelho
JESUS E SUA MISSÃO
            O diálogo com Nicodemos constituiu uma oportunidade para Jesus explicitar sua origem e missão. Ele veio do alto, do Pai. Portanto, seu horizonte existencial superava os limites da história humana e lançava raízes no próprio Deus. Foi assim que Jesus declarou sua divindade. Sua origem celeste e sua superioridade em relação a todos fazia-o tão próximo de Deus a ponto de revesti-lo dos atributos próprios da divindade.
            Sua missão consistiu em dar testemunho do que aprendeu junto do Pai. Neste, suas palavras tinham sua origem. E seu testemunho era rigorosamente verdadeiro. Não aceitá-lo corresponderia a rebelar-se contra o próprio Deus. Afinal, Jesus recebera do Pai um mandato específico. Rejeitá-lo significaria rejeitar quem o enviou.
            Toda a vida de Jesus teve como pano de fundo o amor que o Pai lhe dedicou. E este amor foi tão intenso que o Pai não hesitou em colocar nas mãos do Filho, inclusive o poder de julgar a vida de quem se negar a crer nele.
            A contemplação do Ressuscitado coloca-nos diante de uma opção intransferível: aceitar, como veraz, o testemunho de Jesus e, com isso, obter a salvação; ou rejeitá-lo, e ser fadado à condenação eterna. Quem é prudente, opta pela salvação.
 
Oração
            Espírito de decisão, leva-me sempre a escolher o caminho da fé e da salvação, indicados pelo Filho, como o único capaz de me levar à reconciliação com o Pai.
 

Rubens Ricupero apresenta análise de conjuntura social na 53ª Assembleia Geral


analise conjuntura 53 AGOblato beneditino, ex-ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco (1992-1994), o jurista Rubens Ricupero, falou aos bispos no espaço da Assembleia Geral dedicado ao estudo da atual conjuntura social, política e econômica do Brasil. Ele agradeceu ao presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno, considerando uma honra se dirigir aos bispos daquela que ele assume como “sua igreja”. Ricupero lembrou que teve oportunidade, há 21 anos, de falar à Conferência, em Brasília, quando dom Luciano Mendes de Almeida era presidente.
O jurista disse ter aceitado o convite sem pretensão de revelar algo novo para os bispos que vivem em contato com o povo e com o dia-a-dia, considerando até que esses bispos podem saber mais do que ele sobre a realidade: “quero apenas oferecer uma ajuda ´pensando alto´ a respeito da realidade a partir da sensibilidade de um cristão”.
Ele considera que é muito difícil prever o movimento dos acontecimentos pela velocidade das mudanças. Como ilustração, disse que poderia dizer outra coisa um mês atrás, após manifestações populares e antes de um apoio mais explícito do governo federal ao Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a delegação ao vice-presidente, Michel Temer, para realizar a articulação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
“Precisamos do mínimo denominador comum que poderia nos unir a todos, todos os brasileiros de boa vontade, acima das visões divergentes: tudo fazer para que o Brasil não sofra nenhum retrocesso nas conquistas nos últimos 30 anos. Conquistas no plano político, institucional e, principalmente, no combate à pobreza”, disse. “Qualquer sociedade será julgada pela maneira como trata os mais pobres, os mais frágeis, os mais vulneráveis. Esse é o sentido principal da ação política”, acrescentou.
Realidade atual
Ricupero também pediu atenção especial para uma visão histórica dos últimos 30 anos. “Os militares deixaram o poder porque, na verdade, eles tinham fracassado, tinham destruído as instituições e se declaravam, no fundo, vencidos por duas crises econômicas que, apesar dos poderes que tinham, não conseguiram controlar: a hiperinflação e a dívida externa. O novo governo civil começou sobre piores auspícios. A morte do presidente eleito e o presidente Sarney teve de governar com dificuldade. Mas, esse período trouxe uma conquista muito importante: aprovar uma Constituição progressista, aberta”.
Na análise, Ricupero mostrou que é preciso atenção para algo fundamental da realidade atual: o país não somente não está crescendo, mas está recuando. O crescimento não é tudo, mas pode-se dizer que não sendo tudo, é quase tudo. Sem crescimento não há base para melhorar a vida social”. E lembrou que se o crescimento não for retomado em pouco tempo, as conquistas sociais estão ameaçadas. “As faixas da população que saíram da pobreza extrema fizeram isso graças ao crescimento. Se não voltarmos a crescer, essas conquistas já começam a mostrar corrosão. Desemprego cresce, perda do valor real dos salários. Quando fui ministro, em fins de março de 1994, a inflação estava em 55% ao mês. A inflação pesa, sobretudo, no bolso de quem depende de salários. Essas pessoas já começam a diminuir o consumo e a inflação pode trazer uma intensificação dos mecanismos distributivos que é o radicaliza a opinião público”, ponderou.
“Temos que rapidamente deter esse movimento. Precisamos de um ajuste que poupe os que são mais frágeis, que permita o equilíbrio da dívida pública e que atraia o investimento”, acrescentou. Segundo Ricupero o governo está consciente dessa realidade.  “Conheço os ministros da fazenda e do planejamento e creio que eles merecem apoio”, disse Ele acha que a popularidade do governo deve deixar de cair e que sejam criadas as condições para que o governo possa conduzir o processo. “É possível que o mandato atual seja turbulento, mas o valor da Constituição, da lei e da participação deve ser preservado”, reforçar.
Situação do Brasil
“Nós criamos uma democracia de massa. Na primeira eleição para o Congresso, em 2 de dezembro de 1945, que elegeu o Marechal Eurico Gaspar Dutra, votaram 35% da população adulta. Metade da população estava fora do jogo. Em 1930, apenas 10% da população adulta teve direito de votar. Nós melhoramos muito. O Brasil teve avanços consideráveis. Teve avanço na luta contra a pobreza e desigualdade, embora os resultados sejam frágeis porque partimos de muito baixo”, disse.
Uma leitura, em preparação para a análise que faria aos bispos, Ricupero leu a Bula Misericordiae Vultus do papa Francisco sobre o Ano Santo da Misericórdia. Nesse documento, o papa cita uma frase de Paulo VI, pronunciada no encerramento do Concílio Vaticano II, em 7 de dezembro de 1965: “em vez de diagnósticos desalentadores, se dessem remédios cheios de esperança; para que o Concílio falasse ao mundo atual não com presságios funestos mas com mensagens de esperança e palavras de confiança”. Para Ricupero, essa frase representa muito para os cristãos nesse momento social, político e econômico do Brasil. Ricupero concluiu com outra citação do papa Francisco em discurso feito no Brasil, em 2013: “Quando me pedem um conselho, minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. Ou se aposta no diálogo e na cultura do encontro ou todos perdemos”.

Em coletiva à imprensa, bispos abordam Eleições, Diretrizes e Reforma Política



Coletiva 15 de abril 270x180O arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, acolheu os jornalistas que farão a cobertura da 53ª Assembleia Geral (AG) CNBB, nesta quarta-feira, 15, durante entrevista coletiva. Na ocasião, dom Dimas, que também é porta-voz da Assembleia, lembrou as palavras do papa Francisco ao dizer que o bom jornalismo se nutre de uma “sincera paixão pelo comum e pela verdade”.
Participaram da coletiva o arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Jaime Spengler; o arcebispo de Vitória da Conquista (BA), dom Luís Gonzaga Pepeu; e o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), dom Joaquim Mol.
Na oportunidade, dom Jaime falou sobre a atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). “A cada quatro anos a Assembleia é convidada a rever as Diretrizes. Ano passado, foi manifestado, com relação às Diretrizes em vigor, o desejo de haver apenas uma atualização que considerasse o magistério mais recente da Igreja, do papa Francisco, e principalmente da Evangelii Gaudium”, recordou. As Diretrizes são tema central desta edição da AG.
Eleições
Os detalhes do processo eleitoral, outro aspecto importante desta Assembleia, que é eletiva, foi abordado por dom Luís Gonzaga Pepeu. O arcebispo de Vitória da Conquista explicou explicou que em meio a assuntos importantes como o Ano da Paz, o Ano da Vida Consagrada e os 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II, ocorrem também as eleições para a Presidência e as doze comissões da CNBB.
De acordo com dom Pepeu, as eleições devem ter início na próxima segunda-feira, 20, quando atingido o quórum de dois terços dos votos. “Todos os eleitos são para o serviço, assim como trabalha a Campanha da Fraternidade 2015, com o lema ‘Eu vim para servir’. Se eleito, o bispo é questionado se aceita esse serviço”, afirmou.
São eleitores e também candidatos à presidência e vice-presidência todos os bispos diocesanos, enquanto os bispos auxiliares e coadjutores podem disputar apenas a vaga de secretário geral. Caso os primeiros dois escrutínios não alcancem os dois terços necessários, o terceiro escrutínio pode decidir por maioria absoluta. Se a maioria absoluta também não for alcançada, o quarto e quinto escrutínios elegem os dois mais votados.
Reforma Política
O bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão para o Acompanhamento da Reforma Política, dom Joaquim Mol, ressaltou o importante papel da imprensa na formação e esclarecimento da sociedade civil. Em seguida, falou sobre a necessidade imediata da reforma política. “Temos frequentemente assistido manifestações das quais não constam na pauta a reforma política. É uma pena, pois só por meio dela podemos melhorar o quadro político do país, eliminando a corrupção, a barganha, e outras práticas ruins da política, responsáveis por deixar grande parte da população na miséria”, afirmou.
“É claro que a reforma política não resolve tudo, diante do grave quadro em que se encontra a política do país. Mas ela é um passo necessário e indispensável”, disse dom Mol. Em seguida, o bispo ressaltou que a Conferência não é filiada a nenhum partido político, mas integrante da sociedade civil organizada, e que tem o compromisso de contribuir para que o Brasil seja um país melhor.

Assembleia da CNBB manifesta vivência fraterna e solicitude dos bispos para com a Igreja




assembleia
Tem início nesta quarta-feira, 15, em Aparecida (SP), a 53ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Durante a cerimônia de abertura, realizada logo pela manhã, o presidente da CNBB destacou aos mais de 400 bispos presentes a importância deste encontro anual para a vida da Igreja no Brasil e para a vivência da colegialidade do episcopado brasileiro.
“Esse acontecimento anual do qual participamos é uma vivência particularmente intensa do afeto colegial e de solicitude pela Igreja que se manifesta nessa porção do colégio episcopal”, assinalou.
Na mesa de abertura estavam presentes, além do Cardeal Raymundo Damasceno Assis, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello, o arcebispo de São Luís e vice-presidente da CNBB, dom José Belisário da Silva, o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, o reitor do Santuário Nacional, Padre João Batista de Almeida e o prefeito de Aparecida, Márcio Siqueira.
Em sua palavra, o presidente da CNBB abriu um panorama geral do que será tratado nessa assembleia, enfatizando a proposta central. “O Tema Central dessa assembleia são as Diretrizes”, disse o presidente lembrando que na assembleia passada ficou decidido que as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil (DGAE 2011-2015) seriam apenas atualizadas para mais um quadriênio.
A assembleia deste ano terá como base a Exortação Apostólica do Papa Francisco a ‘Alegria do Evangelho’, os discursos do pontífice ao episcopado brasileiro durante a Jornada Mundial da Juventude e os documentos recentes da CNBB.
Dom Raymundo assinalou ainda a importância da reflexão e contribuições dos bispos nesta assembleia para a elaboração de um documento que irá ajudar as dioceses brasileiras a “continuar a sua missão evangelizadora”.
Dom Giovanni D’Aniello ao se dirigir aos bispos agradeceu a oportunidade para participar da assembleia e manifestou a comunhão do Santo Padre com este encontro. O Núncio destacou o empenho da Igreja no Brasil no anúncio do Evangelho, ao destacar alguns eventos históricos que permeiam a vida da Igreja no mundo e que a influenciam positivamente, como a celebração dos 50 anos de conclusão do Concílio Vaticano II e o Sínodo dos Bispos. Dom Giovanni sublinhou ainda a viva participação dos leigos na vida da Igreja que está na agenda desta assembleia.
Abertura da Assembleia Geral da CNBB  (Credito-Thiago Leon) Para o reitor do Santuário Nacional, padre João Batista de Almeida (C.Ss.R.), a assembleia constitui um momento especial de comunhão da Igreja e de irmãos na fé. O reitor lembrou que a assembleia ocorre oportunamente no Tempo da Páscoa, quando a Igreja celebra a vitória da vida sobre a morte e espera o Espírito Paráclito que impulsionará os seguidores de Jesus a sair pelo mundo e a testemunhar que Cristo está vivo.
abertura_da_assembleia_geral_da_cnbb_credito_thiago_leon_8_001Essa realidade recorda os sentimentos dos apóstolos no tempo de Jesus, que juntos com Maria, viviam sua fé na oração e na fração do pão. Esse momento relaciona-se com a assembleia dos bispos que vivenciam de certa forma os mesmos sentimentos. “Há muitos anos, os bispos se reúnem em assembleia anual e, geralmente, no Tempo da Páscoa, também unidos pelo mesmos sentimentos que brotaram do coração dos apóstolos. Sentimentos esses que conduzem ao desejo de continuar a missão de Jesus, sobretudo, o anúncio da esperança e da vida para o povo brasileiro”, destacou.
O reitor citou ainda que no mesmo espírito de oração os bispos contam com o amparo maternal de Maria, não apenas em sua presença amorosa mas sua presença evangelizadora a partir de seu Santuário. “Permitam-me dizer que Nossa Senhora empresta a sua casa para que os seus filhos bispos recebam a soma do Espírito que fecundou o seio virgem de Nazaré e nele fez nascer o Redentor”, sublinhou. “Desde 2007, quando aqui se reuniram os bispos da América Latina e Caribe, Aparecida se tornou o útero materno e gerador de vida eclesial”, acrescentou.
A Assembleia Geral deste ano reúne aproximadamente 400 bispos vindos de todos os estados brasileiros para discutir diversos temas de interesse para a missão e a vida da Igreja no Brasil. De hoje, 15, até o dia 24 de abril acompanhe a cobertura completa da 53ª AG pelo A12.com no endereço: www.a12.com/cnbb.

Uma prévia da encíclica sobre o clima


Dado o longo alcance de sua influência, a revolução do papa Francisco promete acelerar.
Por Paul B. Farrell
Aqui está uma prévia da histórica "encíclica sobre as mudanças climáticas" do papa Francisco, a ser lançada brevemente, completada com pontos de discussão para o seu próximo discurso à sessão conjunta do Congresso dos EUA.
Os prováveis títulos da encíclica: "Cuidar da criação ... Nós somos os guardiães da Criação ... Se destruírmos a Criação ... a Criação vai nos destruir", uma advertência pública, muitas vezes, repetida pelo pontífice no ano passado, uma mensagem certa para intensificar a ira dos negadores da ciência climática pertencentes ao Partido Republicano dos EUA (também conhecido como GOP), petrolíferas internacionais, Koch Bros, Exxon Mobil e a maioria das empresas de combustíveis fósseis, bem como os seus bancos, investidores e capitalistas em todos os lugares. Eis o porquê:
A muito antecipada encíclica do papa Francisco será transmitida a todo o mundo para bilhões de pessoas, incluindo 5 mil bispos, 400 mil sacerdotes e 1,2 bilhão de membros da Igreja Católica Romana. Ela estará incentivando o seu exército de fiéis a tomar medidas firmes, a combater as alterações climáticas e as ameaças do aquecimento global ao meio ambiente.
A encíclica também será traduzida para centenas de línguas e difundida em todo o mundo. Ao mesmo tempo, o papa Francisco irá pressionar os chefes de estado e aos líderes religiosos, inspirando milhares de milhões de pessoas em todo o mundo, incentivando-as a aderir a essa revolução.
Essa histórica encíclica também irá definir o cenário para tudo o que o papa Francisco planejou para o resto de 2015. Ele é um homem com uma missão para salvar o mundo das aceleradas ameaças aos recursos naturais do planeta. De forma mais imediata, a encíclica terá os principais pontos de discussão para o seu discurso à sessão conjunta do Congresso em setembro, seu discurso à Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova York e sua mensagem de dezembro para a histórica Conferência do Clima da ONU, em Paris. Muitos dos seus pontos sobre o ambiente já são bem conhecidos.
Quando o papa Francisco abordar o Congresso norte-americano, ele vai enfrentar um grupo hostil de 169 políticos de linha-dura do Partido Republicano, negadores da ciência climática, que descartam a ideia de que o aquecimento global é causado pelo homem, em parte porque, coletivamente, eles receberam mais de 52 milhões de dólares em contribuições de grandes empresas de petróleo, carvão e combustíveis fósseis, três vezes mais do que receberam os outros membros do Congresso, que concordam que a mudança climática é uma ameaçaà sobrevivência de nossa civilização.
Os negadores do GOP no Congresso incluem católicos como o presidente da Câmara, John Boehner, o senador da Flórida, Marco Rubio, considerado um provável candidato presidencial para 2016, assim como o ex-candidato a vice-presidente, Paul Ryan, presidente do Comitê da Câmara, os quais estarão ouvindo o Papa Francisco. Sentado com eles estará senador de Oklahoma, Jim Inhofe, presidente do Comitê de Meio Ambiente e Obras Públicas, autor de "The Greatest Hoax: How the Global Warming Conspiracy Threatens Your Future" ("O grande trote: como a conspiração do aquecimento global ameaça o seu futuro").
Quem também estará ouvindo o papa Francisco é o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, do Kentucky, que recentemente tentou "minar as negociações internacionais destinadas a combater a mudança climática" ao dizer publicamente para que os "outros países não confiem na promessa do presidente Obama de reduzir significativamente as emissões de carbono dos Estados Unidos".
E, em mais um ato desesperado, McConnell também enviou uma carta para os governadores de todos os 50 Estados incentivando-os a ignorar as leis federais que aplicam os regulamentos de ar limpo da Agência de Proteção Ambiental "destinados a reduzir as emissões de carbono das usinas de energia movidas a carvão". Seu estado é grande na mineração de carvão.
Pontos-chave na histórica encíclica do papa sobre as mudanças climáticas
O sempre sorridente e otimista Papa Francisco, um ex-boxeador, adora uma boa briga. Mas ele tem o seu alvo real apontado com um laser - incentivar a ação - convidando centenas de milhões de fiéis católicos, de fato, convidando todos os sete bilhões de pessoas em todo o mundo, para participar de uma revolução econômica global.
Aqui estão oito advertências públicas do papa, editadas pela organização Catholic Climate Covenant, a partir da sua "Exortação Apostólica", do jornal The Guardian e outras fontes de notícias, nos avisos sobre as aceleradas mudanças climáticas e os riscos do aquecimento global para o meio ambiente, além de nossa responsabilidade individual para "salvaguardar a Criação, pois somos os guardiões da Criação. Se destruírmos a Criação, a Criação vai nos destruir". Preste atenção aos avisos do papa:
Nossa perda da bússola moral: "Estamos vivendo um momento de crise; o vemos no meio ambiente, mas principalmente o vemos no homem. O ser humano está em jogo: aqui está a urgência da ecologia humana! E o perigo é grave porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é apenas uma questão de economia, mas de ética".
Acelerado colapso ambiental: A "ameaça para a paz surge da exploração gananciosa dos recursos ambientais. A monopolização de terras, o desmatamento, a apropriação da água, inadequados agrotóxicos são alguns dos males que tiram o homem da terra de seu nascimento. As alterações climáticas, a perda de biodiversidade e o desmatamento já estão mostrando seus efeitos devastadores nos grandes cataclismos que testemunhamos".
Exploração de recursos naturais: "O Gênesis nos diz que Deus criou o homem e a mulher, confiando-lhes a tarefa de habitar a terra e dominá-la, o que não significa explorá-la, mas nutri-la e protegê-la, cuidá-la com o uso do seu trabalho".
Falha em respeitar a natureza: "Essa tarefa, que nos foi confiada por Deus, o Criador, nos obriga a compreender o ritmo e a lógica da Criação. Mas muitas vezes somos impelidos pelo orgulho de dominação, de posse, de manipulação, de exploração; nós não nos importamos com a Criação, nós não a respeitamos".
Ricos e pobres são responsáveis: "Fortalecer e cuidar da Criação é um comando que Deus dá não só no início da história, mas para cada um de nós. É parte de seu plano; isso significa fazer com que o mundo cresça com responsabilidade, transformando-o de modo que ele possa ser um jardim, um lugar habitável para todos". Todos.
O dinheiro passa por cima da moralidade: Sem um código moral "já não é o homem que comanda, mas o dinheiro. É o dinheiro vivo que comanda. A ganância é a motivação ... Um sistema econômico centrado no deus do dinheiro precisa saquear a natureza para sustentar o ritmo frenético de consumo que lhe é inerente". Em vez disso, o papa pede um "novo e radical sistema financeiro e econômico para evitar a desigualdade humana e a devastação ecológica".
Nós adoramos o dinheiro. "Criamos novos ídolos. A adoração do bezerro de ouro antigo voltou em um novo e cruel disfarce através da idolatria do dinheiro". O papa Francisco adverte que "a economia 'trickle-down' é uma teoria falida"... não podemos confiar na "mão invisível" do capitalismo ... o "consumismo excessivo está matando a nossa cultura, os valores e a ética" ... e "o ideal conservador do individualismo está minando o bem comum".
O capitalismo está matando o Planeta Terra: O papa Francisco avisa que o capitalismo é a "raíz" de todos os problemas do mundo: "Enquanto os problemas dos pobres não são radicalmente resolvidos, rejeitando a autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade, não será possível encontrar uma solução para os problemas do mundo, ou, nesse sentido, para todos os problemas", já que os danos ambientais atingem mais o mundo dos pobres.
A revolução está vindo: o papa está empenhado em mudar o mundo de forma rápida
Imaginem o papa Francisco abordando o Congresso hostil do GOP. O jornal The Guardian minimizou a animosidade de seus inimigos no GOP, petrolíferas internacionais, os negadores do clima e os governadores conservadores em sua manchete: "Edital do papa Francisco sobre as alterações climáticas irá enfurecer os negadores e as Igrejas dos Estados Unidos".
Enfurecer? Muito mais. O papa está incentivando uma rebelião aberta contra esses inimigos. Mas, sendo realista, ele sabe muito bem que não há chance de mudar as mentes dos políticos da direita como McConnell, Boehner, Inhofe, Ryan e outros republicanos que negam a ciência climática, altamente dependentes de doações políticas de combustível fóssil. Então, vai ser interessante vê-los se contorcendo, fingindo aplaudir ou apenas se sentando estoicamente, como fizeram antes, quando o presidente Obama falou em uma sessão conjunta. Mas ele está colocando claramente as bases para uma revolução econômica global, e seus inimigos sabem disso.
Ainda mais interessante vai ser observar o efeito cascata da "encíclica sobre as mudanças climáticas" depois que o papa Francisco falar à Assembleia Geral da ONU ... depois que a Conferência de Paris anunciar um novo tratado internacional aprovado pela China e centenas de nações em todo o planeta ... após a mensagem do papa ser traduzida para mais de mil línguas ... e transmitida para sete bilhões em todo o mundo, milhares de milhões que já estão enfrentando de forma direta a mudança climática e os "males que tiram o homem da terra de seu nascimento".
Dado o longo alcance de sua encíclica, a revolução do papa Francisco vai acelerar. Então é melhor que os 169 negadores do clima do GOP, do petrolíferas internacionais, do Império Koch e todos os conservadores de direita estejam preparados para uma reação poderosa em um futuro próximo. O grito de guerra do papa Francisco em 2015 é para uma revolução global, uma convocação para que bilhões de pessoas tenham de volta o seu planeta roubado por uma indústria de combustíveis fósseis que não tem bússola moral e é autodestrutiva.
Market Watch, 09-04-2015.
*Tradução de Claudia Sbardelotto.

Evangelho do Dia

B - 16 de abril de 2015

João 3,31-36

Aleluia, aleluia, aleluia.
Acreditaste, Tomé, porque me viste. Felizes os que crêem sem ter visto (Jo 20,29).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
3 31 "Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem da terra é terreno e fala de coisas terrenas. Aquele que vem do céu é superior a todos.
32 Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas ninguém recebe o seu testemunho.
33 Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro.
34 Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas.
35 O Pai ama o Filho e confiou-lhe todas as coisas.
36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus".
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
JESUS E SUA MISSÃO
            O diálogo com Nicodemos constituiu uma oportunidade para Jesus explicitar sua origem e missão. Ele veio do alto, do Pai. Portanto, seu horizonte existencial superava os limites da história humana e lançava raízes no próprio Deus. Foi assim que Jesus declarou sua divindade. Sua origem celeste e sua superioridade em relação a todos fazia-o tão próximo de Deus a ponto de revesti-lo dos atributos próprios da divindade.
            Sua missão consistiu em dar testemunho do que aprendeu junto do Pai. Neste, suas palavras tinham sua origem. E seu testemunho era rigorosamente verdadeiro. Não aceitá-lo corresponderia a rebelar-se contra o próprio Deus. Afinal, Jesus recebera do Pai um mandato específico. Rejeitá-lo significaria rejeitar quem o enviou.
            Toda a vida de Jesus teve como pano de fundo o amor que o Pai lhe dedicou. E este amor foi tão intenso que o Pai não hesitou em colocar nas mãos do Filho, inclusive o poder de julgar a vida de quem se negar a crer nele.
            A contemplação do Ressuscitado coloca-nos diante de uma opção intransferível: aceitar, como veraz, o testemunho de Jesus e, com isso, obter a salvação; ou rejeitá-lo, e ser fadado à condenação eterna. Quem é prudente, opta pela salvação.
 
Leitura
Atos 5,27-33
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 5 27 trouxeram-nos e os introduziram no Grande Conselho, onde o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:
28 "Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome. Não obstante isso, tendes enchido Jerusalém de vossa doutrina! Quereis fazer recair sobre nós o sangue deste homem!"
29 Pedro e os apóstolos replicaram: "Importa obedecer antes a Deus do que aos homens.
30 O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-o num madeiro.
31 Deus elevou-o pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
32 Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que lhe obedecem".
33 Ao ouvirem essas palavras, enfureceram-se e resolveram matá-los.
Palavra do Senhor.
 
Salmo 33/34
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!

Ma ele volta a sua face contra os maus
para da terra apagar sua lembrança.
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta
e de todas as angústias os liberta.

Do coração atribulado ele está perto
e conforta os de espírito abatido.
Muitos males se abatem sobre os justos,
mas o Senhor de todos eles os liberta.
 
Oração
Concedei, ó Deus, que vejamos frutificar em toda a nossa vida as graças do mistério pascal, que instituístes na vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Liturgia Diária

DIA 16 DE ABRIL - QUINTA-FEIRA

II SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona de entrada:
Ó Deus, quando saístes à frente do vosso povo, abrindo-lhe o caminho e habitando entre eles, a terra estremeceu, fundiram-se os céus, aleluia! (Sl 67,8s.20)
Oração do dia
Concedei, ó Deus, que vejamos frutificar em toda a nossa vida as graças do mistério pascal, que instituístes na vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Atos 5,27-33)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 5 27 trouxeram-nos e os introduziram no Grande Conselho, onde o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:
28 "Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome. Não obstante isso, tendes enchido Jerusalém de vossa doutrina! Quereis fazer recair sobre nós o sangue deste homem!"
29 Pedro e os apóstolos replicaram: "Importa obedecer antes a Deus do que aos homens.
30 O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-o num madeiro.
31 Deus elevou-o pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
32 Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que lhe obedecem".
33 Ao ouvirem essas palavras, enfureceram-se e resolveram matá-los.
Palavra do Senhor.
 
Salmo responsorial 33/34
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!

Ma ele volta a sua face contra os maus
para da terra apagar sua lembrança.
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta
e de todas as angústias os liberta.

Do coração atribulado ele está perto
e conforta os de espírito abatido.
Muitos males se abatem sobre os justos,
mas o Senhor de todos eles os liberta.
 
Evangelho (João 3,31-36)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Acreditaste, Tomé, porque me viste. Felizes os que crêem sem ter visto (Jo 20,29).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
3 31 "Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem da terra é terreno e fala de coisas terrenas. Aquele que vem do céu é superior a todos.
32 Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas ninguém recebe o seu testemunho.
33 Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro.
34 Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas.
35 O Pai ama o Filho e confiou-lhe todas as coisas.
36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus".
Palavra da Salvação.
 
Comentário ao Evangelho
JESUS E SUA MISSÃO
            O diálogo com Nicodemos constituiu uma oportunidade para Jesus explicitar sua origem e missão. Ele veio do alto, do Pai. Portanto, seu horizonte existencial superava os limites da história humana e lançava raízes no próprio Deus. Foi assim que Jesus declarou sua divindade. Sua origem celeste e sua superioridade em relação a todos fazia-o tão próximo de Deus a ponto de revesti-lo dos atributos próprios da divindade.
            Sua missão consistiu em dar testemunho do que aprendeu junto do Pai. Neste, suas palavras tinham sua origem. E seu testemunho era rigorosamente verdadeiro. Não aceitá-lo corresponderia a rebelar-se contra o próprio Deus. Afinal, Jesus recebera do Pai um mandato específico. Rejeitá-lo significaria rejeitar quem o enviou.
            Toda a vida de Jesus teve como pano de fundo o amor que o Pai lhe dedicou. E este amor foi tão intenso que o Pai não hesitou em colocar nas mãos do Filho, inclusive o poder de julgar a vida de quem se negar a crer nele.
            A contemplação do Ressuscitado coloca-nos diante de uma opção intransferível: aceitar, como veraz, o testemunho de Jesus e, com isso, obter a salvação; ou rejeitá-lo, e ser fadado à condenação eterna. Quem é prudente, opta pela salvação.
 

Oração
            Espírito de decisão, leva-me sempre a escolher o caminho da fé e da salvação, indicados pelo Filho, como o único capaz de me levar à reconciliação com o Pai.
 

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
 
Sobre as oferendas
Subam até vós, ó Deus, as nossas preces com estas oferendas para o sacrifício, a fim de que, purificados por vossa bondade, correspondamos cada vez melhor aos sacramentos do vosso amor. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão:
Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos, aleluia! (Mt 28,20)
Depois da comunhão
Deus eterno e todo-poderoso, que, pela ressurreição de Cristo, nos renovais para a vida eterna, fazei frutificar em nós o sacramento pascal e infundi em nossos corações a fortaleza desse alimento salutar. Por Cristo, nosso Senhor.

Dom Helder: motivações e razões para viver


Apaixonado por Deus e suas criaturas, ele percebeu com clareza o caráter universal da salvação.
Por Geovane Saraiva*
"Das barreiras a romper, a que mais custa, mais importa, é sem dúvida, a barreira da mediocridade", dizia nosso 'Servo de Deus', Dom Helder Câmara. Ele, que tem muito a nos dizer e ensinar, ao sonhar com uma Igreja totalmente aberta ao Espírito, pobre, despojada e servidora, a nós que procuramos mergulhar na sua vida, por ocasião do centenário de seu nascimento (1909 -2009), e recentemente (08/04/2015), recebemos a alvissareira notícia da Sé Apostólica, sobre a aprovação do seu processo de beatificação e canonização.
Desde a juventude, Dom Helder mostrou-se determinado e comprometido com a realidade social, com os empobrecidos, nunca se esquecendo do conselho de seu pai, quando manifestar-lhe o desejo de ser padre: “Meu filho, você sabe o que é ser padre? Lembre-se que Padre e egoísmo nunca podem andar juntos. Padre tem que gastar-se, deixar-se devorar”.
Entrou para o Seminário da Prainha em Fortaleza-CE, estudou muito e foi ordenado sacerdote em 1931. Deixou o Ceará em 1936 para abraçar, como padre novo, cheio de sonhos e disposição interior, uma nova missão sacerdotal na cidade do Rio de Janeiro, como técnico em educação do Distrito Federal. Ao receber o convite para a nova função, seu bispo lhe aconselhou, dizendo: "Meu filho, é Deus, é Deus que está lhe chamando para o Rio de Janeiro. Aceite o convite! Vá, meu filho, vá!".
Foi para o Rio de Janeiro, trabalhou, trabalhou e ficou conhecido como o bispo das favelas. Mas seu superior, Dom Jaime de Barros Câmara, não gostava, não achava bom e reclamava do seu contato aberto, ao se dirigir as pessoas, dizendo: “O senhor não pode fazer isso. Um bispo da Igreja é um príncipe e um príncipe não pode se misturar”. Mas Dom Helder adorava se misturar!  “Quantas vezes eu celebro em área de miséria e o meu povo canta: 'O Senhor é o meu pastor, e nada me pode faltar'. Eu olho ao seu redor e vejo que está faltando tudo”.
Certa vez, Dom Helder confidenciou: "Uma de minhas maiores emoções, em toda minha vida, foi quando da abertura da primeira sessão do Concílio Vaticano II (1962 -1965)". Em sua aula inaugural, o Papa João XXIII disse com força: “Aqui estamos para a nossa conversão” e ele mesmo se incluía. Isso significava que nós, cristãos, padres e bispos e até o Papa, precisávamos voltar às origens do cristianismo e a reaprender o Evangelho. A beber novamente da fonte d’água da vida que é o próprio Deus.
Foi o bispo brasileiro mais influente em todo o Concílio Vaticano II, com grande mérito de abrir, para a Igreja, o caminho de renovação, da Igreja povo de Deus e que a mesma tinha que ir ao encontro dos sofredores e empobrecidos, dos "sem voz e sem vez". Dizia ele: "Se eu não me engano, nós, os homens da Igreja, deveríamos realizar dentro da Igreja as mudanças que exigimos da sociedade. Não pense que Deus ajuda a miséria. Deus não aprova as injustiças. As injustiças sociais são problemas nossos". No século passado, Dom Helder foi a pessoa, entre todos os brasileiros, mais conhecida no exterior. Comparado com Edson Arantes do Nascimento (Pelé) e Juscelino Kubitschek, foi ele, sem dúvida, o nome sobre o qual mais se perguntava fora do Brasil.
Alguns anos depois da inexprimível ação de graças ao bom Deus pelo seu centenário de seu nascimento (07/02/2009), somos convidados ainda mais a render graças a Deus por sua vida, o dom maior que a Igreja do Brasil já produziu, e ao mesmo tempo, acolhê-lo como um tesouro ou pérola preciosa, porque seu jeito de viver nos coloca bem dentro da proposta do Reino. É importante olhar para a convicção vocacional de Dom Helder, para o brilho de sua sabedoria, com raríssimas qualidades: inteligência, criatividade, perspicácia, espírito de liderança e, ao mesmo tempo, um incontestável amor por todas as pessoas do planeta, marcadas pela dor e sofrimento de toda natureza.
O pastor dos empobrecidos, apaixonado por Deus e suas criaturas, percebeu com clareza o caráter universal da salvação, em toda criação, como templo sagrado de Deus. Deixou-nos a a lição que, de  acordo com o projeto de Deus, os empobrecidos  não devem renunciar jamais seu inalienável direito de viver, sem esquecer a utopia e o sonho da esperança. Ensinou-nos também que Nosso senhor Jesus Cristo, o Filho encarnado do Pai, não é um mito ou uma fábula, e sim, Senhor da vida e da história, a iluminar os passos da humanidade. Em Dom Helder, nosso Servo de Deus, as pessoas encontram razões e motivações para viver!
*Geovane Saraiva é escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE – geovanesaraiva@gmail.com.