sábado, 12 de dezembro de 2015

Repartir com os que não têm


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 3,10-18.
Por José Antonio Pagola*

A palavra do Batista a partir do deserto tocou o coração das pessoas. A sua chamada à conversão e ao início de uma vida mais fiel a Deus despertou em muitos deles uma pergunta concreta: Que devemos fazer? É a pergunta que brota sempre em nós quando escutamos uma chamada radical e não sabemos como concretizar a nossa resposta.
O Batista não lhes propõe ritos religiosos nem tampouco normas nem preceitos. Não se trata propriamente de fazer coisas nem de assumir deveres, mas de ser de outra maneira, viver de forma mais humana, desenvolver algo que está já no nosso coração: o desejo de uma vida mais justa, digna e fraterna.
O mais decisivo e realista é abrir o nosso coração a Deus olhando atentamente as necessidades dos que sofrem. O Batista sabe resumir-lhes a sua resposta com uma fórmula genial pela sua simplicidade e verdade: "O que tenha duas túnicas, que as reparta com o que não tem; e o que tenha comida faça o mesmo". Assim simples e claro.
Que podemos dizer ante estas palavras, quem vive num mundo onde mais de um terço da humanidade vive na miséria lutando cada dia por sobreviver, enquanto nós continuamos a encher os nossos armários com todo o tipo de túnicas e temos os nossos frigoríficos repletos de comida?
E que podemos dizer os cristãos, ante esta chamada tão simples e tão humana? Não teremos de começar a abrir os olhos do nosso coração para ter uma consciência mais viva dessa insensibilidade e escravidão que nos mantêm, submetidos a um bem-estar que nos impede ser mais humanos?
Enquanto nós continuamos preocupados, e com razão, com muitos aspetos do momento atual do cristianismo, não nos damos conta de que vivemos "cativos de uma religião burguesa". O cristianismo, tal como nós o vivemos, não parece ter força para transformar a sociedade do bem-estar. Pelo contrário, é esta que está a desvirtuar o melhor da religião de Jesus, esvaziando nossa capacidade de seguir a Cristo em valores tão genuínos como solidariedade, defesa dos pobres, compaixão e justiça.
Por isso, temos que valorizar e agradecer muito mais o esforço de tantas pessoas que se revoltam contra este "cativeiro", comprometendo-se em gestos concretos de solidariedade e cultivando um estilo de vida mais simples, austero e humano.
Instituto Humanitas Unisinos
*José Antonio Pagola: teólogo espanhol.

Evangelho do Dia

C - 12 de dezembro de 2015

Lucas 1,39-47

Aleluia, aleluia, aleluia.
Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra! (Lc 1,28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
1 39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42 E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!”
46 E Maria disse: “Minha alma glorifica ao Senhor,
47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador”.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
SANTIFICADA PELO AMOR
            A assunção de Maria ao céu deve ser entendida no contexto da totalidade de sua vida. Sem este enraizamento histórico, correr-se-á o risco de divinizá-la, a ponto de esquecer que o desfecho de sua vida está em perfeita sintonia com sua caminhada terrena. E mais: deve ser entendida como o reconhecimento divino de sua plena adesão ao desígnio que Deus tem reservado para cada ser humano. Maria soube viver com radicalidade este projeto.
            Refletindo sobre a visita de Maria a Isabel, é possível detectar o elemento centralizador  de sua existência: o amor entranhado pelo próximo, caminho de santificação.
            Ao saber da gravidez da prima Isabel, Maria pôs-se, apressadamente, a caminho. Sem medir esforços nem intimidar-se pelos eventuais perigos que poderia encontrar ao longo do caminho, ela se sentiu no dever de colocar-se a serviço da parenta. Assim, durante três meses, a "humilde escrava do Senhor" tornou-se a "humilde serva de Isabel". O serviço à prima era uma forma de desdobramento do serviço a Deus. Ou então, o serviço a Deus concretizava-se no serviço à sua parenta.
            Este testemunho de amor gratuito e generoso não constituiu um fato isolado na vida de Maria. Ela se dispôs a servir a Isabel, e sempre esteve disponível para servir também a quantos dela precisassem. Por isso, mereceu ser acolhida na plenitude do amor de Deus.

 
Leitura
Gálatas 4,4-7
Leitura da carta de São Paulo aos Gálatas.
4 4 Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei,
5 a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção.
6 A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7 Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és filho, então também herdeiro por Deus.
Palavra do Senhor.
Salmo 95/96
Manifestai a sua glória entre as nações.

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei se santo nome!

Dia após dia anunciai sua salvação,
manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!

Publicai entre as nações: Reina o Senhor!
Ele firmou o universo inabalável,
e os povos ele julga com justiça”.
Oração
Ó Deus, que nos destes a santa virgem Maria para amparar-nos como mãe solícita, concedei aos povos da América Latina, que hoje se alegram com sua proteção, crescer constantemente na fé e alcançar o desejado progresso no caminho da justiça e da paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Cultivar a misericórdia


Ao abrir a Porta Santa na Basílica de São Pedro, na última terça-feira, o Papa Francisco convoca todos a cultivar e a vivenciar a misericórdia. O gesto marca o início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia que, no dia 13 de dezembro, será solenemente aberto nas dioceses do mundo inteiro, nas catedrais, santuários e lugares de significação especial. Acolher a convocação do Papa exige disposição para matricular-se na escola de Cristo Jesus, aquele que vem ao encontro da humanidade e revela o rosto misericordioso de Deus Pai.

Em Cristo, só n’Ele e por Ele, se aprende a lição da misericórdia. Esse aprendizado cria impulsos revolucionários e transformadores. Contemplando o mistério do amor de Deus revelado na paixão, morte e ressurreição de Cristo é que se compreende o significado da misericórdia. Jesus revela o rosto misericordioso de Deus Pai, que envia seu Filho Amado como oferta para a redenção da humanidade. A misericórdia se torna visível, viva e atinge seu ápice com Ele, o Salvador do mundo. Com o Mestre, vem o forte convite: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).

Cultivar a misericórdia é assumir a convicção de que a humanidade precisa, urgentemente, de grande renovação espiritual. Isso é difícil e quase inconciliável com as lógicas hegemônicas da atualidade, que submetem as sociedades ao consumismo, às dinâmicas do lucro sem limites, às leis de um “bem-estar” egoísta e efêmero, raízes dos muitos problemas que ameaçam a vida.  Na base dos colapsos contemporâneos, está uma grave crise espiritual que causa o envenenamento e a morte de tudo o que é indispensável para o equilíbrio das relações humanitárias, sociais e políticas.

Por isso, é urgente derrubar as muralhas que adoecem as instituições, inclusive as religiosas e confessionais.  Cristalizações que matam a credibilidade e enfraquecem as contribuições necessárias para a construção de uma sociedade orientada por indispensáveis valores, particularmente os valores do Evangelho. Compreende-se, assim, que a misericórdia, aprendida e vivida, é remédio que rejuvenesce uma humanidade cansada.  Permite estabelecer novos ordenamentos sociais que priorizem, respeitem e promovam a dignidade humana.

O Papa Francisco convoca a Igreja Católica, todos os homens e mulheres de boa vontade, cada cidadão, a presidir a própria conduta a partir da lei fundamental que mora no coração de cada pessoa: a misericórdia, muitas vezes soterrada em escombros de orgulhos, mesquinhez e ganâncias.  Isso é possível quando se procura enxergar, com olhos sinceros, cada irmão. Uma lição capaz de promover transformações de grande alcance. Cabe o exercício simples e exigente de agir com misericórdia para tornar, cada um, sinal eficaz da presença misericordiosa de Deus Pai, revelada em Jesus Cristo, com seus gestos, palavras e a sua oferta.

Cultivar a misericórdia é caminho para encontrar o tempo novo. Permite à humanidade superar a gravíssima crise espiritual e, assim, compreender que a solução de problemas não vem simplesmente das estatísticas, números, aumento sem limites da produção e do consumo.  Também está longe da doentia luta pelo acúmulo egoísta de riquezas. É hora de aprender a lição do amor, para evitar que continuem a se multiplicar os desastres políticos, humanos e ecológicos. Cultivar a misericórdia requer coragem humilde de fazer mea-culpa, assumir as responsabilidades na constituição do cenário de violências, corrupção e indiferenças. A Igreja, pelo caminho desse Ano Santo, se compromete com a celebração de um Jubileu que resulte em renovações. Isso significa corajosas novas posturas de abertura, ainda mais proximidade ao povo, audácia maior nas partilhas e nos comprometimentos com a justiça.

Os diferentes grupos e segmentos da sociedade também são convidados a cultivar a misericórdia, a partir da celebração do Ano Santo que, para além da importância fecundante da ritualidade, pode desencadear efetivas transformações, em muitos ambientes, desde presídios, incluindo instâncias educativas, culturais, a vida comum de homens e mulheres, formadores de opinião e construtores da sociedade pluralista até os políticos, responsáveis por tantos descompassos. Eis agora a oportunidade para viver, com entusiasmo, a convocação feita pelo Papa Francisco: cultivar a misericórdia. 

Dom Walmor Oliveira de AzevedoO arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante os exercícios de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB - Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas. 

PROCLAMAS MATRIMONIAIS



12 e 13 de dezembro de 2015



COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:





  • MARQUES AURÉLIO SILVA COSTA
E
FABIANA PAULA DOS SANTOS SILVA


  • PABLO DO CARMO CARVALHO
E
JULIANA CRISTINA CRUZ CALAZANS


  • SÉRGIO EDUARDO MAIA VERÍSSIMO
E
IRACEMA CECÍLIA CRUZ DE SÁ


  • DIEGO DE SOUSA VIANA
E
INGRID LEITE BASTOS


  • DIEGO FELIPE TORRES DA SILVA
E
JÉSSICA LACERDA ALVES





                       Quem souber algum impedimento que obste à celebração destes casamentos está obrigado em consciência a declarar.