terça-feira, 22 de outubro de 2013

CNBB publica nota sobre julgamento das condicionantes da Raposa Serra do Sol


CNBB
O Conselho Permanente da CNBB, reunido nesta terça-feira, 22 de outubro, divulgou nota em que manifesta sua confiança na decisão favorável aos povos indígenas no julgamento dos embargos declaratórios da petição 3388/RR. O julgamento será realizado nesta quarta, 23, pelo Supremo Tribunal Federal.
Os embargos questionam as 19 condicionantes fixadas na petição, que em 2009 declarou constitucional a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Os bispos esperam “ouvir do Supremo Tribunal Federal, de forma inquestionável, que as condicionantes não podem ser impostas aos povos indígenas do país, como pretende a Portaria 303 da Advocacia Geral da União-AGU”.
A seguir, a íntegra da nota:
P – 0660/13
Nota da CNBB sobre o julgamento das condicionantes 
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol
As populações indígenas do Brasil vivem a expectativa do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal-STF, dos embargos declaratórios que questionam as 19 Condicionantes fixadas na decisão da Petição 3388/RR que, em 2009, declarou constitucional a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em favor das etnias Macuxi, Wapichana, Taurepang, Patamona e Ingaricó.
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília, se une aos povos indígenas e manifesta sua confiança numa decisão, por parte da Suprema Corte, que lhes seja favorável. É urgente confirmar a disposição do Estado brasileiro em pagar definitivamente a histórica dívida com os indígenas, acumulada ao longo dos séculos.
O STF, quando provocado, tem reconhecido e consolidado os direitos indígenas, dando segurança jurídica nos processos de demarcação e delimitação promovidos pelo Poder Executivo. Decisões importantes têm posto fim aos conflitos e garantido a paz social como o julgamento da Petição 3388/RR.
Lamentamos as insistentes iniciativas legislativas e administrativas, que ameaçam os direitos territoriais destes povos, estabelecidos na Constituição Brasileira. A efetivação do seu direito às terras tradicionais e o respeito à sua cultura são condição essencial para que vivam com dignidade e em paz.
O julgamento dos embargos de declaração enseja oportuna ocasião ao Supremo Tribunal Federal de consolidar um marco de segurança dos direitos dos povos indígenas, garantindo que estes possam administrar e gerir seus territórios conforme seus próprios projetos de vida.
Espera-se, portanto, ouvir do Supremo Tribunal Federal, de forma inquestionável, que as condicionantes não podem ser impostas aos povos indígenas do país, como pretende a Portaria 303 da Advocacia Geral da União-AGU.
Brasília-DF, 22 de outubro de 2013.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís
Vice-presidente da CNBB 
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Fonte: CNBB

Evangelho do dia

Ano C - 22 de outubro de 2013

Lucas 12,35-38

Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai e orai para ficardes de pé ante o Filho do Homem! (Lc 21,36


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
12 35 Disse Jesus: “Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas.
36 Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.
37 Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á.
38 Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos!”
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
O discípulo de Jesus vive numa contínua espera do Senhor que vem. Essa, porém, é uma espera ativa e responsável, porque a chama do amor está sempre acesa em seu coração. Quem escolhe a inação ou se envereda pelo caminho do mal corre o risco de ser excluído do Reino. Não é fácil perseverar, quando se desconhece a hora em que o Senhor virá. Sabendo disso, Jesus exortou seus discípulos a não esmorecerem diante da incerteza da hora.
A vigilância cristã foi comparada à dos servos à espera do senhor que chega para sua festa de núpcias. Quanto mais tarde for, maior a necessidade de manter-se atentos. O senhor poderá chegar a qualquer momento. E não ficaria satisfeito se os servos estivessem dormindo e não lhe abrissem a porta. Mas, se ao chegar, os encontrar acordados, convida-los-á para participar do banquete e ter a honra de serem servidos pelo próprio patrão.
O mesmo se passa com o discípulo de Jesus. A incerteza da hora em que virá o Senhor não abala suas convicções. Antes, vai adiante seguro de que vale a pena fazer o bem, embora viva rodeado pelo mal. Não abre mão de lutar pela justiça, mesmo que ela resista a ser eliminada. Está sempre disposto a perdoar e a buscar a reconciliação, ainda que o ódio e a violência tenham contaminado a humanidade. A vigilância perseverante leva-lo-á a ser considerado bem-aventurado pelo Senhor, quando ele vier.

Oração
Senhor Jesus, reforça minha disposição a estar sempre vigilante, à tua espera, para que eu possa ser acolhido por ti, no teu Reino.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Romanos 5,12.15.17-21
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
5 12 Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram...
15 Mas, com o dom gratuito, não se dá o mesmo que com a falta. Pois se a falta de um só causou a morte de todos os outros, com muito mais razão o dom de Deus e o benefício da graça obtida por um só homem, Jesus Cristo, foram concedidos copiosamente a todos.
17 Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo!
18 Portanto, como pelo pecado de um só a condenação se estendeu a todos os homens, assim por um único ato de justiça recebem todos os homens a justificação que dá a vida.
19 Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos.
20 Sobreveio a lei para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça.
21 Assim como o pecado reinou para a morte, assim também a graça reinaria pela justiça para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.
Palavra do Senhor.
Salmo 39/40
Eis que venho fazer, com prazer,
a vossa vontade, Senhor! 


Sacrifício e oblação não quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados,
e então eu vos disse: “Eis que venho!”

Sobre mim está escrito no livro:
“Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!”

Boas novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fecheis os meus lábios!

Mas se alegre e em vós rejubile
todo ser que vos busca, Senhor!
Digam sempre: “É grande o Senhor!”
os que buscam em vós seu auxílio.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor e vos servir de todo o coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Deus não salva por decreto. Salva-nos com ternura e com a sua vida – o Papa na missa desta terça-feira

 

Para entrar no mistério de Deus não basta a inteligência mas é preciso contemplação, proximidade, abundância - são as três palavras à volta das quais o Papa Francisco centralizou a sua homilia na Missa desta terça-feira na Casa de Santa Marta. E partiu da Primeira Leitura da liturgia de hoje retirada da Carta de S. Paulo aos Romanos:

“Contemplar o mistério, isto que Paulo nos diz aqui, sobre a nossa salvação, sobre a nossa redenção, apenas se percebe de joelhos, na contemplação. Não apenas com a inteligência. Quando a inteligência quer explicar um mistério, sempre, sempre... torna-se doida! E assim aconteceu na História da Igreja. A contemplação: inteligência, coração, joelhos, oração...tudo junto, entrar no mistério. Aquela é a primeira palavra que talvez nos ajudará.”

O Papa Francisco avançou então com uma segunda palavra para entrarmos no mistério de Deus. A seguir à contemplação é preciso... proximidade... Segundo o Santo Padre trata-se de um trabalho pessoal de Jesus. Com a sua proximidade de homem vem salvar um homem do seu pecado:

“Proximidade. Deus não nos salva apenas por um decreto, uma lei; salva-nos com ternura, salva-nos com a sua vida.”

A terceira palavra para entrarmos no mistério de Deus é, segundo o Papa, a abundância pois, onde foi abandonado o pecado sobreabunda a graça e o amor. A graça de Deus sempre vence porque é Ele mesmo que a dá – afirmou o Santo Padre – que esclareceu serem os mais pecadores aqueles que estão mais próximos ao coração de Jesus, porque Ele vai procurá-los e chama-os a todos:“Vinde, vinde. E quando lhe pedem uma explicação, diz: Mas os que estão de boa saúde não têm necessidaded de médico; eu vim para curar, para salvar.” (RS)

Vídeo apresenta a importância da missa na vida do cristão


Washington - Que significado tem a missa para a vida diária? Contribui ela para enfrentar os desafios cotidianos? Como pode se transmitir aos demais a alegria do encontro pessoal com Jesus Cristo na missa? Essas são algumas das reflexões que oferece o vídeo "Remain with us, Lord" (Ficai conosco, Senhor), que foi apresentado recentemente pelo "Saint Josemaria Institute", com sede nos Estados Unidos.
Convidando a redescobrir a importância da Missa na vida do cristão, o trabalho audiovisual recolhe testemunhos de várias pessoas a quem o Santo Sacrifício mudou a vida, assim como reflexões teológicas sobre o grande valor da Eucaristia para a vida espiritual e ordinária dos católicos, e o gozo que através dela pode ser transmitido aos demais.
"A Santa Missa não é alheia à vida espiritual. É ela o coração da mesma. A Missa é permanecer com Jesus, ouvindo-o, respondendo-lhe, recebendo este grande alimento que Deus sempre quis dar e, em seguida, falar sobre o nosso apreço por Ele. Isto é a Missa e é por isso que vivemos na Missa e precisamos dela", é o testemunho que dá no vídeo o Padre Robert Barron, Reitor do Seminário Mundelein, Illinois. Para Margaret Sznajder, mãe de família de Illinois, EUA, que também oferece o seu testemunho "a Missa é um momento para ser uma família e estar juntos".
Enquanto que para Ângela Barba, adolescente da Califórnia, "quando eu vou à Missa eu me sinto unida, não só com a minha família ( ... ) sinto que há algo grandioso". Além destes testemunhos, o vídeo também inclui contribuições de Dom José H. Gomez, Arcebispo de Los Angeles. Também participaram um jovem casal e um empresário que perdeu tudo e encontrou sua fortaleza em Jesus na Eucaristia.
Com 35 minutos de duração, o vídeo foi produzido nos Estados Unidos e na Irlanda, quando neste país ocorreu o 50º Congresso Eucarístico Internacional. A iniciativa, que foi desenvolvida para todos os públicos, é especialmente destinada para aquelas pessoas que não conhecem a Fé católica ou que estão voltando a ela, assim como aos catequistas, casais que se preparam para o casamento, aos jovens que receberão a Confirmação, as pais de famílias, aos movimentos de jovens católicos, entre outras realidades eclesiais.
SIR

O dinheiro serve, a avidez mata


Quem acumula tesouros para si, não se enriquece aos olhos de Deus, ressalta o papa Francisco.


Investidores observam a variação da bolsa de valores: Jesus alerta que não se pode servir dois senhores: ou Deus ou o dinheiro. (Foto: Arquivo)
O dinheiro serve para realizar muitas obras boas, para fazer progredir a humanidade, mas quando se torna a única razão de vida, destrói o homem e os seus vínculos com o mundo externo. Eis o ensinamento que o papa Francisco tirou do trecho litúrgico do evangelho de Lucas (12, 13-21), durante a missa celebrada na manhã dessa segunda-feira (21), em Santa Marta.

No início da homilia, o Santo Padre recordou a figura do homem que pede a Jesus que intime ao seu irmão para dividir com ele a herança. Com efeito, para o pontífice, o Senhor fala-nos, por meio dessa personagem, "da nossa relação com as riquezas e com o dinheiro”. Um tema que não tem só 2 mil anos, mas que se apresenta ainda hoje, todos os dias. “Quantas famílias destruídas – comentou – vimos por problemas de dinheiro: irmão contra irmão; pai contra filhos!”. Porque a primeira consequência do apego ao dinheiro é a destruição do indivíduo e de quem lhe está próximo. "Quando uma pessoa é apegada ao dinheiro – explicou o bispo de Roma – destrói-se a si mesma, destrói a família".

Certamente, o dinheiro não deve ser exorcizado de modo absoluto. "O dinheiro – esclareceu o papa Francisco – serve para realizar tantas coisas boas, tantas obras, para desenvolver a humanidade. O que deve ser condenado, ao contrário, é o seu uso exagerado. A esse propósito, o pontífice repetiu as mesmas palavras pronunciadas por Jesus na parábola do "homem rico" contida no Evangelho: "Quem acumula tesouros para si, não se enriquece aos olhos de Deus". Por isso, a admoestação: "Prestai atenção e mantende-vos distantes de qualquer avidez", porque a avidez faz adoecer o homem, levando-o a um círculo vicioso no qual cada pensamento está "em função do dinheiro".

A característica mais perigosa da avidez é precisamente a de ser "um instrumento da idolatria; porque vai em sentido oposto" ao caminho  traçado por Deus para os homens. Existe, portanto, um "caminho de Deus",  o da "humanidade, do abaixar-se para servir", e um percurso que vai na direção oposta, onde conduzem a avidez e a idolatria: "Tu que és um pobre homem, fazes-te Deus pela vaidade".

Por este motivo, acrescentou o pontífice, "Jesus diz coisas tão duras e tão fortes, contra o apego ao dinheiro": por exemplo, quando recorda "que não se podem servir dois senhores: ou Deus ou o dinheiro"; ou quando exorta "a não nos preocuparmos, porque o Senhor sabe do que precisamos"; ou ainda quando "nos leva ao abandono confiante no Pai, que faz florescer os lírios do campo e dá de comer aos pássaros do céu".

Um comportamento em aberto contraste com esta confiança na misericórdia divina é precisamente o do protagonista da parábola evangélica, o qual não conseguia pensar em mais nada a não ser na abundância do grãos colhidos nos campos e dos bens acumulados. Um comportamento que, segundo o Papa, acalenta a ambição de alcançar uma espécie de divindade, “quase uma divindade idólatra”, como testemunham  os pensamentos do homem: “Alma minha, tens à disposição muitos bens, por muitos anos; repousa, come, bebe, diverte-te”.

Mas é precisamente então que Deus o reconduz à sua realidade de criatura, advertindo-o com a frase: “Insensato, esta mesma noite ser-te-á pedida a tua vida”. Porque, concluiu o bispo de Roma, “este caminho contrário ao caminho de Deus é uma insensatez, conduz longe da vida. Destrói qualquer fraternidade humana”. Enquanto o Senhor nos mostra o caminho verdadeiro. Que “não é o caminho da pobreza para a pobreza”; ao contrário “é o caminho da pobreza como “instrumento, para que Deus seja Deus, para que Ele seja o único Senhor, não o ídolo de ouro”. Com efeito, “todos os bens que possuímos, o Senhor no-los concede para que sejam em benefício do mundo, da humanidade, para ajudar os outros”.

Eis então os votos de que “permaneça hoje no nosso coração a palavra do Senhor”, com o seu convite a afastar-se da avidez, para que “mesmo se uma pessoa vive na abundância, a sua vida não dependa do que ele possui”.
L'Osservatore Romano, 21-10-2013.