sexta-feira, 12 de julho de 2013

Assembleia Geral reunirá 600 consagrados e consagradas em Brasília

CRBAssembleia2013
A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional) reúne cerca de 600 religiosos e religiosas em Brasília, na Escola Paroquial Santo Antônio, de 15 a 19 de julho, para a Assembleia Geral da entidade. Na ocasião, será realizada a eleição da nova presidência que atuará de 2013 a 2016 em prol da Vida Religiosa do Brasil.
Sacerdote Jesuíta, Superior Provincial e membro da Diretoria da CRB Nacional como Conselheiro, Geraldo Kolling falou sobre a importância desse evento para a Vida Consagrada do Brasil: “Todo encontro pode ser significativo.
A XXIII Assembleia Geral, por ser eletiva, pode ser de modo especial relevante para a caminhada da Vida Religiosa no Brasil, particularmente por aí se eleger nova Diretoria, criando estruturas menores (7 membros na Diretoria, sem Conselho Superior, por exemplo) e mais ágeis. Creio que é oportunidade favorável para convivência fraterna, reflexão séria e encaminhamentos fortes para os próximos três anos da Vida Religiosa Consagrada no Brasil”, relatou.
Durante a Assembleia biblistas, psicólogos, teólogos e missiólogos ajudarão no processo eletivo com algumas reflexões sobre a Vida Religiosa: ‘o que “a Vida Religiosa está conversando hoje, pelo caminho”; sinais que a Vida Religiosa ‘não reconheceu’ ao longo dos tempos; experiência de convidar, abrir a porta e “entregar a casa a Jesus’; compromisso missionário de voltar à causa (levantar-se, depressa, voltar), leitura humana do caminho (experiência) de Emaús”.
A votação será realizada por meio de urna eletrônica. Estarão presentes na Assembleia o representante da Sagrada Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica do Vaticano, o religioso padre Alessandro Perrone, rcj, que representa o Cardeal dom João Braz de Aviz; o Núncio Apostólico do Brasil, dom Giovanni D’Aniello; o presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, arcebispo de Palmas, dom Pedro Brito Guimarães; o secretário Geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, ofm; o bispo referencial da Vida Consagrada pela CNBB, dom Jaime Spengler; o arcebispo de Brasília, dom Sérgio da Rocha; o presidente Emérito da CRB Nacional, padre João Edênio Vale, svd; a presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares, Helena Paludo; a representante da Ação Episcopal Alemã (Adveniat), Margit Wichelmann;  padre Deusmar Jesus da Silva que representa  padre Anselmo Matias Limbenger da Comissão de Presbíteros; o presidente da ANEC (Associação Nacional dos Institutos Seculares), padre José  Marinoni, sdb.
Fonte: CNBB

CNBB disponibiliza subsídio para celebração do mês vocacional

subsidioCNBB
O mês de agosto, para a Igreja no Brasil, é dedicado à reflexão e oração pelas vocações. É o mês em que as comunidades são chamadas a refletirem sobre a forma de como estão cultivando as vocações. Para dinamização do mês vocacional, a Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (CMOVC), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), elaborou três subsídios.
De acordo com o assessor da CMOVC, padre Valdecir Ferreira, o mês vocacional “é um tempo propício para uma reflexão mais aprofundada, sobre a realidade da proposta vocacional que nós temos no Brasil”, explica.
Durante o Mês Vocacional, todos os anos, há uma temática a ser refletida. Este ano, o tema é “Eis-me aqui, envia-me”, em referência à Campanha da Fraternidade, junto à juventude, e o tema liga-se à proposta da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”.
A CMOVC preparou três subsídios para o mês. “São encontros para as comunidades, leigos, leigas, para os seminários, para as comunidades religiosas, e para todo povo de Deus”, esclarece padre Valdeir. Dois dos subsídios estão sendo disponibilizados online (clique aqui), e o terceiro está sendo comercializado pelas Edições CNBB – para adquirir, envie e-mail para venda@edicoes.cnbb.com ou ligue (61) 2193-3019.
Ao longo do mês de abril, cada semana reflete uma realidade vocacional. A primeira semana, é voltada aos Mistérios Ordenados; a segunda, é voltada à Semana da Família; a terceira, à Vida Consagrada; e a quarta, voltada aos Ministérios não-ordenados, ou da vocação leiga.
Na bíblia, para o apóstolo Paulo, a vocação se distingue do mero talento humano. Partindo da sua própria experiência ele conceitua vocação como “uma convocação para ser instrumento de proclamação do governo e da providência divina” (Atos 9:15-16). Segundo padre Valdecir, a proposta básica para o mês vocacional, é “criar uma cultura vocacional, onde todas as pessoas, a partir do batismo, sintam-se vocacionadas, envolvidas, comprometidas, e resgatem o valor da vocação.”
O padre ainda explica que as diferentes regiões do Brasil se organizam de inúmeras formas para a celebração, criando cartazes, vinhetas e programas, para rádio e televisão. Outras investem mais no campo da espiritualidade, da catequese. “Os regionais agem de maneira muito diversa, para a programação e para também a execução do mês vocacional. No entanto, basicamente, ficamos no campo das orações, das liturgias, com o trabalho com o público da catequese e da juventude, e nas mídias de rádio e televisão”, afirmou.
Fonte: CNBB

Paróquia do Janga recebe Visita Pastoral neste fim de semana

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O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, realizará neste fim de semana 13 e 14 de julho, mais uma Visita Pastoral. Desta vez, o religioso e sua comitiva de padres e leigos conhecerão de perto a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Janga, cidade do Paulista. A programação promete momentos de oração, formação e encontros emocionantes com os leigos das seis comunidades e da matriz.
As boas vindas à comitiva arquidiocesana está marcada para às 8h deste sábado, na igreja matriz. Em seguida, dom Fernando se reunirá com as lideranças da paróquia para ouvir relatos das ações desenvolvidas pelas pastorais e movimentos de Nossa Senhora Aparecida, bem como os principais desafios para a missão. Logo depois, os grupos se dividirão com os representantes das comissões arquidiocesanas para a Catequese, Liturgia, Juventude, Pastoral Social e Missionária.
Ainda no sábado pela manhã, o arcebispo visitará as comunidade de Dom Helder Câmara e de São Pedro. À tarde, o religioso estará na comunidade do Sagrado Coração de Jesus onde ministrará a Unção dos Enfermos para alguns fieis. A partir das 19h30, dom Fernando realizará audiências com membros da paróquia.
No domingo, a visita começará pela comunidade de São Francisco com oração inicial e café da manhã. Logo depois, o grupo seguirá para a comunidade de Nossa Senhora Aparecida. Às 10h30, será realizado o encontro com as famílias e uma reunião com a Comissão Arquidiocesana para o Laicato, ambos na igreja matriz. Ainda pela manhã, dom Saburido conhecerá a comunidade de Nossa Senhora de Fátima.
Na parte da tarde, será a vez dos jovens. Um encontrão com a juventude está marcado para às 14h30 na matriz. A Visita Pastoral se encerrará às 16h com  a celebração da Santa Missa.
Da Assessoria de Comunicação AOR

Justiça nega pedido do MPRJ contra a JMJ Rio2013


logo jmj rio 2013A Justiça do Estado do Rio de Janeiro indeferiu o pedido do Ministério Público Estadual (MPRJ), que ameaçava a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio2013. O MPRJ ajuizou uma ação civil pública para suspender imediatamente o edital de licitação publicado pelo município do Rio para contratação de serviços de saúde para a Jornada. A decisão judicial foi tomada em primeira instância na tarde desta quinta-feira, dia 11, pela juíza titular da 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, Roseli Nalin. Ainda cabem recursos.
Um dos motivos alegados pelo MPRJ para a suspensão seria a natureza do evento, considerada privada pelo órgão, sem levar em consideração o papel do Poder Público, de todas as esferas, de parceria na realização da Jornada. A prefeitura deve executar o serviço de atendimento médico pré-hospitalar fixo e móvel nos eventos a serem realizados em Copacabana e Guaratiba.
Foi indeferido pela Justiça o pedido de antecipação dos efeitos da tutela formulado na ação civil pública movida pelo MPRJ. De acordo com a decisão proferida pela juíza nos autos da ação civil pública, o afastamento entre religião e estado não pode impedir o Administrador, fundado em razões de interesse público, custear determinados serviços que serão prestados aos participantes do evento, ainda que haja conotação religiosa. “A referida conduta não caracteriza qualquer desvio de finalidade, nem tampouco confusão entre Estado e Igreja, eis que assim agindo não estará o Poder Público agindo com base em elementos religiosos, nem tampouco utilizando-se de recursos públicos para beneficiar esta ou aquela religião”.
Ao indeferir o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, formulado pelo Ministério Público, a magistrada considerou que, neste caso, “deve ser prudente e agir com extrema cautela, eis que medida de natureza liminar como a que pretende o Autor (o MPRJ) pode gerar um cenário de absoluta insegurança e descrédito ao país, além de prejudicar milhares de pessoas que virão ao Rio de Janeiro para participar do evento com a certeza de que haverá serviços destinados a garantir sua saúde”.
De acordo com a Diretora Setor Jurídico do Instituto Jornada Mundial da Juventude, Claudine Milione Dutra, a decisão já era esperada. “A decisão judicial era previsível e, sem dúvida, foi acertada. O descabido pedido do Ministério Público deixaria os participantes da JMJ perigosamente desassistidos e os prejuízos seriam irreversíveis”, destacou.
Entenda o caso
Na última terça-feira, 9, o MPRJ ajuizou a ação civil pública para suspender o edital de licitação publicado pelo município do Rio para contratação de serviços de saúde para a Jornada. Um dos motivos para a suspensão seria a natureza do evento, considerada privada pelo Ministério Público.
Na quarta-feira, 10, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, se pronunciou a respeito reafirmando a disponibilidade do Governo Municipal em garantir todos os serviços públicos necessários para atender bem os milhares de peregrinos e participantes que já começaram a chegar à cidade para a JMJ.
O Instituto Jornada Mundial da Juventude lançou uma nota oficial em que se disse certo de que “o Poder Judiciário decidirá a questão atendendo a todos os anseios da sociedade, e que, apesar de tais obstáculos, a JMJ Rio2013 será um sucesso”.
Nas redes sociais e nos comentários do site da Jornada, muitas pessoas se manifestaram contra a atitude do Ministério Público. “Ela (a JMJ) vai acontecer do mesmo jeito! São milhões de jovens do mundo inteiro que vamos estar lá... Pobres, ricos, pretos, brancos... Haverá professores, advogados, empresários, operários, agricultores e pescadores entre nós. Haverá também médicos, enfermeiros e eles não nos deixarão morrer (se eu não me engano, era pra saúde a verba... Era isso mesmo?). Aliás, nós não temos medo de morrer. Sonhamos mesmo com o Paraíso, com o Céu (lugar mais justo que esse não pode haver)”, afirmou o jovem paraense Juscelio Mauro Pantoja, em seu perfil no Facebook e que se espalhou pela rede social.

14 de julho / 2013 - 15º domingo do tempo comum/C


    Liturgia do domingo 

    O MANDAMENTO QUE CONDUZ À VIDA ETERNA 

    1ª leitura: (Dt 30,10-14) O mandamento de Deus não está fora de nosso alcance – Deus tomou Israel seu povo, não por este ser importante, mas por amor e fidelidade à sua promessa (Dt 7,7-8). O amor de Deus para Israel não tem explicação, mas tem consequências: Israel deve amar a Deus com todas as suas forças (Dt 6,4-5). Deve escutar sua voz e não afastar-se de suas orientações; e, quando isso acontecer, deve “voltar” (30,10). Israel diz que a Lei é difícil. Javé responde que não: não é coisa de outro mundo (30,11-13). Está perto, ao alcance de quem ama a Deus (30,14). * Cf. Jr 31,33; Br 3,15-29; Rm 10,6-8.

    2ª leitura: (Cl 1,15-20) Hino cristológico – Cl responde à introdução de falsas doutrinas na comunidade. Alguns ensinam que além de Cristo se devem venerar também outros seres transcendentes (espíritos: cf. o sincretismo brasileiro). É difícil ser livre! Por isso, Paulo realça o lugar central exclusivo de Cristo. A redenção por sua vida, dada até a morte, só a compreenderemos bem quando conscientes de que ele é também o criador. Ele assume nossa vida e nosso mundo não por fora, mas por dentro. No íntimo do ser homem, ele vive a plenitude de ser Deus. Quando todos chegarem a essa plenitude, a criação estará completa. * 1,15-18a cf. Sb 7,26; 8,22-23; Rm 8,29; Hb 1,3; Jo 1,1-3; Ef 1,22-23 * 1,18b-20 cf. 1Cor 15,20; Cl 2,9; Rm 5,10; 2Cor 5,18; Ef 1,10.

    Evangelho: (Lc 10,25-37) O grande mandamento; a parábola do Bom Samaritano – Lc 10,26–11,13 apresenta três exigências fundamentais do ser cristão: 1) o grande mandamento do amor a Deus e ao próximo (10,25-37): 2) o “único necessário” (10,38-42); 3) a oração autêntica (11,1-13). – 10,25-37 responde à pergunta do caminho da vida eterna. A resposta é: amar Deus e o próximo. Depois, o escriba pergunta quem é seu próximo. A resposta de Jesus revoluciona suas categorias: o próximo não é um arbitrário “objeto de caridade”; é todo homem: o estranho que me ajuda, deus que vem até mim. * 10,25-28 cf. Mt 22,35-40; Mc 12,28-31; Dt 6,5; Lv 19,18; 18,5. 
    ***   ***   *** 
    Um bom conselho vale mais que o ouro. Para os teólogos deuteronomistas (séc. VIII-VI a.C.), a Lei de Moisés era um inigualável tesouro de sabedoria, um rumo seguro para a vida, em todas as circunstâncias. Para tê-la sempre diante dos olhos, deviam colocá-la numa faixa, na testa (Dt 6,8; cf. Ex 13,9 etc.). Os deuteronomistas enfrentavam um tempo de afrouxamento em Israel, mais ou menos como nós, hoje. A quem achava as orientações de Deus, na Lei, bastante difíceis, Dt responde: “Não é verdade. A Lei não é coisa do outro mundo, ninguém a precisa procurar no céu ou no inferno” (1ª leitura). “Ela está perto de ti”. De fato, mais perto do que na faixa da testa, dificilmente poderia estar. Mas não é só naquela faixa que ela está perto. Ela é uma palavra viva, lembrada continuamente pelos próprios profetas, que viviam no meio do povo.
    Um especialista da Lei, no tempo de Jesus, procurava, na multidão de prescrições, saber o que devia fazer para herdar a vida eterna, a vida da era vindoura, do Reino que Deus estabeleceria no mundo para sempre (pois é assim que se concebia a vida eterna) (evangelho). Jesus o remete à Lei ensinada por Moisés. Pergunta o que aí se encontra. O escriba responde: amar Deus acima de tudo, e o próximo como a si mesmo. “É isso mesmo que deves fazer”, responde Jesus. Novamente: não é coisa do outro mundo!

    Mas o especialista da Lei é também especialista em subterfúgios. “Quem é meu próximo?” Todos nós estamos de acordo que devemos amar nosso próximo. Mas quem é ele? Minha velha tia rica, prestes a ceder sua herança, ou meu empregado, com cuja família nada tenho a ver?
    Como argumentar não adiante, Jesus conta uma história. Um homem cai em mãos de ladrões. Passa um sacerdote, mas não tem tempo para parar, pois deve celebrar um sacrifício. Passa um especialista das leis de pureza (um levita); este tem medo de sujar as mãos com o sangue do homem que ficou semimorto na beira da estrada. Passa, depois, um inimigo, um samaritano, talvez um concorrente do homem que foi assaltado. E este cuida do homem às suas próprias custas. E agora, Jesus pergunta não mais quem é o próximo a quem se deve fazer obras caritativas, mas quem é o próximo do homem que foi assaltado. A inversão da pergunta é significativa, porque o especialista da Lei é obrigado a responder que um vil samaritano é próximo de um judeu assaltado. Para todos nós, isso significa: eu sou próximo de quem eu encontro no meu caminho, chamado à solidariedade com ele.
    Ao analisar o texto, mostram-se detalhes mais significativos ainda. O samaritano “comiserou-se”, “aproximou-se”; uma linguagem que poderia ser aplicada ao próprio Deus. Deus comiserou-se do homem e tornou-se se próximo, e salvou-o às suas próprias custas: custou a vida de seu Filho. O próximo, “aquele que comiserou do homem” (Lc 10,37), é Deus mesmo. “Vai e então não precisarás mais perguntar que é teu próximo e terás a vida eterna, porque desde já estarás vivendo a vida de Deus mesmo".

    Gostamos muito de escolher nossos próximos. Está errado. Somos próximos de quem encontramos; e este, então, é automaticamente nosso próximo também. Talvez ele pertença a um mundo bem diferente do nosso, mas é nosso próximo, porque nós fomos colocados perto dele.

    A 2ª leitura é uma das obras-primas do N.T. A ideia principal é a unidade da ordem da criação e da redenção, em Cristo. Cristo é a cabeça da redenção, assumindo a todos na sua glória, porque ele é também a cabeça da criação. O hino de Cl 1,15-20 expressa isso em termos que lembram firmemente o prólogo de João e os textos que falam da Sabedoria como hipóstase unida a Deus desde antes da criação do mundo (Pr 8; Eclo 24; Sb 7). A figura da Sabedoria que preside à criação, identificada com Cristo, é combinada com a imagem paulina de Cristo, cabeça da Igreja, que é seu corpo. No pensamento bíblico, todo o corpo participa da realidade de seu princípio vital (no caso, a cabeça). No sacrifício e na glória de Cristo, assume-se todos o universo na reconciliação com Deus. A “plenitude” (termo helenístico-gnóstico, indicando o “uno”, ou seja, o ser perfeito) mora nele: a plenitude de Deus, englobando todos os seus filhos. 

    AMOR AO PRÓXIMO – SOLIDARIEDADE 

    Os profetas de Israel teceram os mais sublimes elogios à Lei de Deus. Aliás, o termo “lei” traduz mal o que a Bíblia hebraica chama a torah; melhor seria traduzir por “instrução” ou “ensinamento”. Era um caminho de vida (1ª leitura). Mesmo assim, havia quem achasse a Lei complicada e procurasse um resumo ou pelo menos um mandamento-chave que por assim dizer resumisse a Lei. A pergunta foi feita também a Jesus, e ele respondeu, sem hesitar: “Amar da Deus com todas as forças e ao próximo como a si mesmo” (evangelho). O amor ao próximo é o dever número um do cristão. S. Paulo (Gl 5,13) e S. Tiago (Tg 2,8) resumem toda a moral cristã neste único mandamento. S. João nos diz que é impossível amar a Deus sem amar ao irmão (1Jo 4,21). Não se pode amar ao Pai sem amar os filhos. Mas o que é amar? E quem são nossos próximos?

    Depois de interpelar Jesus a respeito do primeiro mandamento, o mestre da Lei pergunta quem é o próximo. Jesus não lhe dá uma resposta direta. Conta-lhe a história do bom samaritano. Os judeus não consideravam os samaritanos como “próximos”, como candidatos à sua solidariedade. Eram inimigos de sua comunidade. Os membros da comunidade judaica, a esses era preciso “amá-los como a si mesmo” (Lv 19,18), e o mesmo valia com relação aos estrangeiros vivendo no meio dos judeus (Lv 19,35). Mas os samaritanos não. Ora, exatamente um samaritano torna-se solidário com um judeu jogado à beira da estrada, depois que dois ilustres “próximos” judeus, um sacerdote e um levita, deram uma volta para não se incomodar com o compatriota assaltado...

    Jesus não respondeu diretamente ao mestre da lei, porque a questão não é descobrir quem é e quem não é próximo. Coração generoso se torna próximo de qualquer um que precisa; a melhor maneira de ter amigos é ser amigo. A questão também não é teórica, mas prática. Na prática esquecemos a parábola de Jesus e fazemos como o sacerdote e o levita: afastamo-nos do necessitado, mesmo se pertence à nossa comunidade, e não “nos aproximamos” dele. Tornar-se próximo é ser solidário. Somos solidários com os que vivem na margem da estrada de nossa sociedade? Mesmo quando damos uma esmola a um coitado, não é para nos desviarmos dele? “Vai e faze a mesma coisa”... Imitar o samaritano exige solidariedade, assumir a vida do outro, não se livrar dele. Torná-lo um irmão, pois este é o sentido verdadeiro da palavra “próximo”.

    Como está a solidariedade nesse tempo em que a doutrina da competição, do lucro e do proveito ilimitado solapou o tecido social, as relações de gratuidade entre as pessoas?

    (O Roteiro Homilético é elaborado pelo Pe. Johan Konings SJ – Teólogo, doutor em exegese bíblica, Professor da FAJE. Autor do livro "Liturgia Dominical", Vozes, Petrópolis, 2003. Entre outras obras, coordenou a tradução da "Bíblia Ecumênica" – TEB e a tradução da "Bíblia Sagrada" – CNBB. Konings é Colunista do Dom Total. A produção do Roteiro Homilético é de responsabilidade direta do Pe. Jaldemir Vitório SJ, Reitor e Professor da FAJE.)

Quem é o meu próximo?

Seguir o Salvador é ver no outro, em todo outro, o meu próximo, o meu irmão em Jesus

'Cristo não está longe de nós: está aqui, sob os nossos olhos'
Por Marcel Domergue
Em princípio, “próximo” refere-se ao espaço: está próximo quem se encontra na proximidade.  Apurando mais: está próximo quem não está distante, também alguém de quem não nos mantemos distantes. Logo se vê que não se trata apenas de espaço, mas de uma atitude mental. Até mesmo as relações de parentesco não são suficientes: numa família, podemos ter uns que são mais próximos e, outros, mais afastados, afetiva ou geograficamente.

Quando o doutor da Lei pergunta a Jesus “Quem é o meu próximo?”, fala como se “o próximo” fosse algo dado previamente, como se fosse possível identificá-lo a partir de certos princípios: de origem, nacionalidade, religião, raça, nível cultural...

A parábola do Samaritano nos obriga a mudar de perspectiva. “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó”. “Certo homem”, não importa quem. Seria um Judeu? O texto não diz, mas, supondo que sim em virtude da geografia (descia de Jerusalém para Jericó), o sacerdote e o levita que passam por seu caminho são seus compatriotas, seus “próximos”. Notemos que estes dois personagens são especialistas da Lei e que a questão posta no começo do relato refere-se precisamente à Lei. Uma Lei que permanece aberta para além dela mesma, pois não diz quem é este próximo a quem é preciso amar como a si mesmo.

Aquele que se aproxima

O próximo não nos é dado, pois, por antecipação. Quem foi o próximo do homem ferido? Aquele que se aproximou dele. Antes, nenhum dos dois era próximo um do outro. De agora em diante, o ferido poderá amar o Samaritano como a si mesmo, uma vez que este último tornou-se próximo dele. Como vemos, tornar-se próximo é uma tarefa a ser cumprida, é fruto de um deslocamento.

Os dois parceiros se transformaram em próximos. O que se aposta nesta parábola é considerável. De fato, ao se por em cena um doutor da Lei que busca determinar a condição a ser preenchida para se obter a vida eterna, colocando à frente os dois mandamentos que se fazem um só e recapitulam o Decálogo sem que dele façam parte (o primeiro, tirado do Deuteronômio 6,5 e o segundo do Levítico 19,18), o relato nos situa em pleno judaísmo, na religião do reino do Sul (tribo de Judá).

Sendo este um universo em grande parte estranho à Samaria, o reino do Norte. Ao escolher um Samaritano como exemplo de quem cumpre o que deve ser feito para “receber em herança a vida eterna” (v. 25), Jesus nos faz compreender que o acesso a Deus não é uma questão de etiqueta religiosa, nem mesmo de pertencimento a algum grupo determinado, mesmo sendo este o detentor de uma verdade incontestável. O amor, que é a presença de Deus, pode nascer não importa onde, não importa de quem. Sob a condição de não se lhe por qualquer obstáculo. Admiremos a audácia de Jesus que ousa prescrever a um doutor da Lei imitar um Samaritano.

Para além da parábola

Podemos, é claro, nos demorar um pouco mais na solicitude do Samaritano, em como ele toma o ferido a seu encargo, na recomendação remunerada que faz ao dono da pensão, etc. Mas um detalhe pode nos alertar: o Samaritano voltará. Ora quem é que nos tomou a seu encargo e voltará para completar a sua obra senão o próprio Cristo? Mas este tipo de reflexão ultrapassa com certeza a lição mais direta da parábola. Não tem importância, deixemo-nos segui-la! Este homem ferido pelos assaltantes e jogado meio morto no fosso da estrada somos nós. Destroçados, sem forças, incapazes de nos levantar.

Mas eis que temos aqui o Cristo que para nós é, de certo modo, estrangeiro por excelência. Veio tomar sobre si toda a nossa desgraça e fazê-la sua, veio nos curar. Irá bem mais longe que o Samaritano, pois assumirá o nosso mal em seu próprio corpo. Invertamos os papéis: eis aí Jesus, despojado, prisioneiro, faminto, ferido e derrubado no fosso da estrada. Está aí discretamente, à margem do caminho que pode ser percorrido sem que se atente para a sua presença, sem que se o veja. E nós, vamos nos fazer em seu próximo? Lembremos Mateus 25,34-45: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era um sem teto e me acolhestes”.

Como a lei da caridade (1ª leitura) que, estando tão próxima, é inútil ir buscá-la mais longe, uma vez que em nosso coração é que reside. O Cristo não está longe de nós: está aqui, sob os nossos olhos, nos fossos que cavamos e nas cruzes que erguemos.
Croire, 07-2013.