quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Franciscanos: Padre Tasca é reeleito Ministro Geral

Assis, Itália, 30 jan (SIR) – O 119° sucessor de São Francisco de Assis é padre Marco Tasca, reeleito ontem em Assis Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais. A primeira eleição ao governo dos Franciscanos deu-se seis anos atrás, a 26 de maio de 2007.
Padre Tasca nasceu em 1957 em Sant’Angelo di Piove, na província de Pádua (nordeste da Itália, entrou na Ordem a 29 de setembro de 1968 em Camposampiero, sendo ordenado sacerdote a em 1983.
Assim comentou sua reeleição:
“Foi um grande presente servir durante seis anos a sociedade e os frades espalhados pelo mundo. Ver quanta fantasia, quanta vontade de viver o Evangelho existe quando proximidade com as pessoas e os pobres existe e que vontade de futuro palpita em nossos frades. E é por isso que dizer novamente sim é um confiar em Deus e nos meus frades. Rezo a Deus e a são Francisco que nos dê a graça de sermos testemunhas de beleza e esperança. Temos um grande sonho a ser vivido com Francisco: raízes e asas. Somos responsáveis pela vida de Francisco, pelo seu carisma, pelos seus sonhos, seus cansaços e por tudo o que viveu: tudo isto nos leva ainda mais a estarmos em sintonia com a proposta que nos fez”.
Mas a grande preocupação do novo Ministro geral, um tema tipicamente franciscano: a paz. Padre Tasca destacou “a importância da interculturalidade relacionada com a possibilidade de se acolher na diversidade das próprias identidades. Isto o demonstramos com a nossa própria vida e penso que este possa ser um caminho que leve à paz, sobretudo, naqueles lugares onde existem conflitos étnicos e guerras fratricidas que interessam hoje 36 diferentes Países. Também é, extremamente importante o diálogo com o Islã. O capítulo 16 da Regra prática nos diz, de fato, que a primeira modalidade de relação está relacionada com uma vida e um testemunho pacífico, se apresentando sem animosidade”.
Padre Marco tasca ficará no cargo até 2019.

Institutos Seculares: instrumentos do «diálogo Igreja-Mundo»

Coimbra, 30 jan (SIR/Ecclesia) – Os Institutos Seculares em Portugal querem afirmar-se cada vez mais como um veículo de diálogo e de reforço das relações entre a Igreja Católica, os seus organismos e movimentos, e a sociedade civil.
Numa nota enviada à Agência ECCLESIA, a propósito da 4.ª Semana do Consagrado que está a decorrer até ao próximo domingo, Maria do Rosário da Cruz Virgílio, presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares em Portugal, sublinha a necessidade de “realizar de uma forma mais viva e eficaz aquele diálogo Igreja-Mundo” que o Concílio Vaticano II apontou como “um desafio fundamental a assumir”.
A responsável, membro do Instituto Secular Servas do Apostolado, recorda que os “institutos seculares ganharam espaço na vida da Igreja Católica na base da Constituição Apostólica “Provida Mater Ecclesia” publicada pelo Papa Pio XII em 1947”. O seu objetivo viria a ser reforçado através da Constituição Pastoral “Gaudim et Spes”, um dos documentos mais importantes do Concílio Vaticano II e que aborda a relação da Igreja com a sociedade. Numa semana dedicada a todas as pessoas que ofereceram a sua vida a Deus, a presidente da CNISP partilha a missão “dos seculares consagrados”, através de uma mensagem que Bento XVI dirigiu aos membros dos institutos, no passado mês de julho, na cidade italiana de Assis.
Na altura, recorda Maria do Rosário Virgílio, o Papa salientou a vocação dos institutos seculares de “estarem no mundo, assumindo todos os cargos, com um olhar humano que coincida sempre com o divino, na consciência de que Deus escreve a sua história de salvação na trama dos acontecimentos da história” do homem. “Inseridos na humanidade a caminho, inspirados pelo Espírito Santo”, os homens e mulheres seculares consagrados têm a capacidade de “avistar, nos caminhos muitas vezes tortuosos dos acontecimentos humanos, a orientação para a plenitude da vida em abundância”, salientou Bento XVI. A coordenadora nacional dos Institutos Seculares manifestou ainda a necessidade de corresponder ao desafio do Papa, de “abraçar caritativamente as feridas do mundo e da Igreja” e de “viver uma vida coerente e plena”, com “criatividade, porque o Espírito constrói novidades”.
Os institutos seculares são compostos por leigos ou membros do clero que residem sozinhos ou em grupo, professam votos de castidade, obediência e pobreza e vivem segundo as estruturas da sociedade. A sua designação deriva da palavra ‘século’, que entre outros significados quer dizer ‘mundo’ ou ‘sociedade civil’.
A 4.ª Semana do Consagrado, que decorre até 3 de fevereiro, é uma iniciativa do episcopado português, em parceria com a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e a Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal.

JMJ: O maior dos eventos que o Brasil sediará nos próximos anos

Cidade do Vaticano, 31 jan (RV/Vatican Insider) - O Brasil está pronto para acolher a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e também para receber Bento XVI: palavras do Embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, em entrevista ao portal “Vatican Insider”.
De acordo com o Embaixador, o Brasil está se preparando para a JMJ “com orgulho e com confiança de que tudo sairá muito bem”. Ele ressalta o empenho por parte do governo federal, da presidente Dilma Rousseff, assim como do governador e do prefeito do Rio de Janeiro. “Há sim, é verdade, algumas questões a serem resolvidas, mas a organização prossegue”, declarou. Confira a entrevista:
A grande pergunta é se o Papa não renunciará a esta viagem por causa da idade…
Todos me perguntam como o Papa está de saúde e eu sempre respondo que gostaria de chegar como ele aos 86 anos, com toda a sua energia. Ele é um homem muito empenhado e faz tudo com muita normalidade: os discursos, as homilias, os Ângelus, os encontros com os primeiros-ministros e presidentes. Evidentemente, como todos, se cansa algumas vezes, mas do ponto de vista físico me parece em ótima forma. Em todo caso, não me parece que existam dúvidas sobre a viagem apostólica.
A JMJ atrairá muitas pessoas de toda a região e de outras partes do mundo: como o governo está se preparando para acolhê-las?
Da América Latina chegarão inúmeras pessoas, principalmente dos países que fazem fronteira com o Brasil. É difícil prever o número, mas está na casa dos milhões, não somente da América Latina, mas também dos Estados Unidos e da Europa.
Haverá problemas para os vistos?
O governo assinou um decreto algumas semanas atrás que facilita em caráter excepcional o visto para entrar no Brasil. Para os cidadãos dos países que devem pagar uma taxa para obterem o visto, mas que participarão da JMJ, não será cobrado nada. Outro aspecto positivo é que os voluntários da JMJ poderão permanecer em território brasileiro mais tempo do que é previsto para um turista, ou seja, três meses. Neste caso, de fato, o visto durará um ano. Todos os consulados receberam indicações para garantir a prioridade e a obtenção do visto.
E quanto à segurança? O Rio de Janeiro é famoso pela violência em alguns bairros…
Não é mais um problema só do Rio. Os bairros das antigas “favelas” estão novamente sob o controle das autoridades. Certamente, se trata de uma cidade de mais de 10 milhões de habitantes, na qual tudo pode acontecer, como em Nova Iorque, Roma ou Londres. Mas ninguém deve ter medo, porque se trata de uma das cidades mais belas do mundo e também muito segura.
Com a Copa e as Olimpíadas, o Brasil estará no centro da atenção de todo o Planeta. Estará à altura?
O Rio é uma cidade acostumada a grandes eventos. Vinte anos atrás tivemos a primeira reunião das Nações Unidas sobre o tema do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Acredito que estamos bem preparados sob este aspecto. De outro lado, a JMJ será o maior desses eventos; todos serão importantes, com tanto trabalho a fazer e com a construção das infraestruturas necessárias, mas em termos de pessoas, nenhum desses eventos será maios do que a JMJ. Haverá milhões de pessoas numa única cidade, e isso implica um esforço enorme.

Bispo de Frederico Westphalen: A caridade, não acaba nunca

Frederico Westphalen, RS, 31 jan (SIR) - Dom Antonio Carlos Rossi Keller, bispo da diocese de Frederico Westphalen, no Estado do Rio Grande do Sul, em um artigo intitulado "A caridade não acaba nunca" reflete sobre as características da caridade, bem como a sua excelência no conjunto das virtudes teologais e morais.
De acordo com o prelado, a caridade é paciente, amável, compreensiva, além de gerar a paz para vencer a violência; o sorriso e o perdão para esquecer as injúrias; a paciência perante as incompreensões e os desvarios. Ele ainda afirma que a caridade transforma a vida, pois ela é a maior das virtudes, é ela que faz os santos. "A caridade para com o próximo é uma derivação da caridade para com Deus. O amor de Deus e do próximo são inseparáveis porque são manifestação da mesma caridade. Ela descobre no próximo um filho de Deus, um irmão de Jesus Cristo. Esta é a máxima norma e tudo deve tender para ela. Praticá-la é revelar aos homens o rosto de Deus", destaca.
Sem a caridade, salienta dom Antônio, as outras virtudes ficam mortas, pois o mais belo corpo sem alma será cadáver exânime. O bispo acha importante ressaltar ainda que se também não praticarmos a caridade, se não formos fecundados pelo amor de Deus, a transbordar em amor aos homens, não passamos de cadáveres ambulantes. "A caridade não acaba nunca. Permanece para sempre. A fé há de converter-se em visão beatífica nos esplendores da luz perpétua. A esperança tornar-se-á em posse da vida eterna: estaremos sempre com o Senhor. A caridade, essa não acaba nunca, é imortal, como a alma, como a própria Divindade. Deus é Amor, é caridade. O homem caridoso é homem divinizado, é santo", acrescenta o bispo.
O prelado cita o ditado "Ninguém nasce sabendo", para enfatizar que temos de nos educar, aprender tudo aquilo que é indispensável para viver em sociedade, para levar uma vida condigna. Segundo ele, também precisamos ser educados para o amor, para a caridade, como para as demais virtudes, e não apenas para a caridade visível, mas ainda para a invisível, aquela que se exerce pela oração, pelo sofrimento e pelo silêncio. "Isto implica esforço, trabalho da nossa parte cooperando fiel e generosamente com a graça que Deus nos oferece; e com a ajuda dos pais, dos catequistas, dos professores e demais educadores".
Fracasso nos relacionamentos
Para dom Antônio, o fracasso das nossas relações interpessoais, o caráter fútil e passageiro dos nossos encontros, a multiplicação de divórcios e rupturas, tudo isso manifesta a falta de preparação das pessoas para viverem o essencial, o amor, confundindo os instintos e as paixões espontâneas com a experiência do amor. Ele afirma que a banalização do amor significa a sua perversão e, portanto, é preciso contrariar as falsas concepções do amor, a idolatria do sexo e as falsas concepções da felicidade. "Claro que, para o homem carnal, o amor autêntico é uma loucura que ele não compreende. Quando a Igreja lembra a verdade a este respeito não o faz pela mania de se meter na vida das pessoas ou, pior ainda, pela sua tendência para ser desmancha-prazeres. O prazer também foi criado por Deus. Mas acima do prazer está o amor que lhe serve de base e lhe garante a plenitude. O que a Igreja condena é o prazer sem amor, porque isso redunda sempre em frustração, egoísmo, desencanto e muitos outros traumas que não deixam as pessoas serem verdadeiramente felizes."
Egoísmo e desamor

E, conforme o bispo, este é o sentido da castidade: a verdade do amor, e é preciso afirmá-lo sem rodeios e buscar formas de educar o amor, sem demagogias nem cedência. Dom Antônio lembra ainda que nosso Senhor nem sempre foi bem compreendido, e ele veio para o que era seu e os seus não o receberam. "Quer dizer não o aceitaram, não o compreenderam. Os evangelistas não deixam de frisar isto mesmo até por parte de alguns conhecidos e familiares", completa ele. Por fim, o bispo destaca que o trecho que vamos ouvir no Evangelho deste Domingo o comprova. Ele recorda que Jesus veio a Nazaré onde tinha sido criado, falou ao povo na sinagoga, mas a certa altura todos se encheram de ira contra Ele a ponto de o quererem linchar. Não o compreenderam, mas Jesus, passando por meio deles, seguiu o seu caminho. "O mesmo acontece com a Igreja. Prolongamento de Cristo para levar a sua mensagem a todos os ambientes depara com uma sociedade marcada pelo sucesso e pela busca do prazer. A mentalidade atual não compreende o discurso da Igreja. Vê-se tudo pelo prisma do dinheiro, do prazer e da promoção social. Assim é difícil apresentar os valores da moral cristã que vão contra o materialismo e o comodismo a que as pessoas se acomodam", conclui dom Antônio.

Sede da Pastoral da Terra no Acre é alvo de depredação e ameaças


Rio Branco, AC, 31 jan (A12/SIR) - A sede da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Rio Branco (AC) foi invadida pela sétima vez na madrugada desta quarta-feira (30).
Segundo nota emitida nesta tarde pela pastoral, a equipe da CPT ao chegar à sede no período da manhã para organizar um ato de apoio marcado para hoje, encontrou sinais de arrombamento e chamou a polícia. No escritório encontrou as portas arrombadas e os documentos estavam jogados no chão.
No dia 25 de janeiro a CNBB, por meio da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, a CPT e o Conselho Indigenista Missionário emitiram nota oficial em solidariedade ao trabalho realizado pela pastoral no Acre, devido aos constantes atos de violência. Segundo a nota, as invasões podem ter relação com as denúncias feitas pela CPT recentemente.
“Julgamos importante destacar o fato dessas invasões à sede terem se intensificado após a CPT denunciar irregularidades em planos de manejo florestal e ação de fazendeiros e madeireiros no estado do Acre e sul do Amazonas, questionando o latifúndio e as novas formas de apropriação dos meios naturais coletivos para transformá-los apenas em capital para alguns”

Confira nota na íntegra:

A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) vêm a público denunciar novos atos de violência praticados contra a CPT do Acre, e reiteram sua solidariedade e apoio aos agentes de pastoral pelo corajoso trabalho desenvolvido em defesa do povo do campo e da floresta daquele estado.

Na madrugada do dia 20 para o dia 21 de janeiro último, a sede da CPT do Acre foi invadida. O local foi destelhado e o forro destruído para permitir o acesso às dependências. Foram roubados computadores, data show, impressoras, máquinas fotográficas, além de muitos documentos.

A equipe da CPT encaminhou todos os procedimentos legais, fez o registro de boletim de ocorrência e solicitou perícia da polícia civil. Esta, no entanto, informou que não teria sido encontrada nenhuma impressão digital que pudesse levar aos suspeitos de tal violência.

Tudo leva a crer que a ação criminosa tenha sido executada por um profissional bem orientado do que deveria retirar do local, e capaz de dificultar a investigação policial, não se tratando, portanto, de um furto comum. Isso fica ainda mais evidente uma vez que, na madrugada do dia 21 para o dia 22 de janeiro, a mesma sede foi mais uma vez invadida e as únicas coisas levadas foram documentos, inclusive o Boletim de Ocorrência, feito no dia anterior.

Com esses dois últimos episódios, já são seis os casos de invasões na sede da CPT no Acre nos últimos dois anos. Julgamos importante destacar o fato dessas invasões à sede terem se intensificado após a CPT denunciar irregularidades em planos de manejo florestal e ação de fazendeiros e madeireiros no estado do Acre e sul do Amazonas, questionando o latifúndio e as novas formas de apropriação dos meios naturais coletivos para transformá-los apenas em capital para alguns.

Somadas às recorrentes invasões, ameaças foram direcionadas ao agente pastoral que atua no município de Boca do Acre (AM), Cosme Capistano da Silva, bem como, a Maria Darlene Braga Martins, coordenadora da CPT na região.

Os signatários acreditam que as ameaças de morte são feitas tendo em vista a atuação da CPT Acre nas áreas onde há conflito envolvendo seringueiros, pretensos donos das terras, grileiros, fazendeiros e madeireiros.

Mesmo tendo sido feitas reiteradas denúncias ao Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), secretarias de Direitos Humanos e Secretaria de Segurança Pública nada foi resolvido até o momento. Exigimos que os fatos sejam apurados com profundidade e transparência e que os verdadeiros executores dessas violências sejam responsabilizados e presos.

 Brasília / Goiânia, 25 de janeiro de 2013.
Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB
Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Evangelho do dia

Ano C - Dia: 31/01/2013



A missão da lâmpada é iluminar
Leitura Orante


Mc 4,21-25

Jesus dizia-lhes: "Será que a lâmpada vem para ficar debaixo de uma caixa ou debaixo da cama? Pelo contrário, não é ela posta no candelabro? De fato, nada há de escondido que não venha a ser descoberto; e nada acontece em segredo que não venha a se tornar público. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!" Jesus dizia-lhes: "Considerai bem o que ouvis! A medida que usardes para os outros, servirá também para vós, e vos será acrescentado ainda mais. A quem tem, será dado; e a quem não tem, será tirado até o que tem".

Leitura Orante
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
Creio, meu Deus, que estou diante de ti.
Que me vês e escutas as minhas orações.
Tu és tão grande e tão santo: eu te adoro.
Tu me deste tudo: eu te agradeço.
Foste tão ofendido por mim:
eu te peço perdão de todo o coração.
Tu és tão misericordioso: eu te peço todas as graças
que sabes serem necessárias para mim.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz? Invoco a Santíssima Trindade com breve oração:
Trindade Santíssima - Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser,
eu vos adoro, amo e agradeço.

Leio atentamente o texto da Palavra do dia: Mc 4,21-25.
Faço silêncio e recordo o que li.
Neste texto aparecem os verbos: "acender", "iluminar", "conhecer", "julgar", "ter", "receber". São relacionados à lâmpada. A Palavra de Deus, é uma lâmpada que, antes de iluminar o caminho por onde vamos, ilumina-nos por dentro, ilumina a nossa consciência para que possamos conhecer, discernir a vontade de Deus. Nossa missão na Igreja é de ser luz. Como dizem os bispos, em Aparecida: " Os fiéis leigos são "os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo, que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Eles realizam, segundo sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo". São "homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja" (DAp 209).

2. Meditação (Caminho)
O que a Palavra diz para mim?
Atualizo a Palavra, ligando-a à minha vida. Também nós somos luz. Somos filhos da luz, comunicadores da luz de Deus e agimos agora em colaboração com Deus para levar esta mesma luz a outros. O bem-aventurado Alberione entendeu muito bem esta missão, quando em oração diante do Santíssimo Sacramento, ouviu: "Daqui quero iluminar. Eu estou com vocês". Na Eucaristia está a nossa fonte de luz. Noutro momento, Alberione, ouviu: "Dou-lhes a minha luz. E me servirei de vocês para iluminar".

3. Oração (Vida)
O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Em sintonia com o coração de Jesus, rezo:

Jesus é luz, brilhante luz do céu.
Jesus é paz, inquieta e doce paz de Deus.
Jesus é Deus. Quem vê a vida iluminado pela luz que é Jesus,
não anda em trevas, tropeça menos, também se torna luz.
Por isso eu pus a minha luz na luz imensa de Jesus.
Por isso eu pus a minha paz na paz imensa de Jesus,
e depois disso eu já não temerei, não temerei
não temerei a escuridão, a escuridão. Jesus é minha luz.
(Pe. Zezinho, CD Canções que a fé escreveu).

4. Contemplação (Vida)
Qual o novo olhar que a Palavra despertou em mim?
Cristo diz: "Eu sou a luz do mundo"( Jo 8,12) e "Vocês são a luz do mundo". (Mt 5,14).
Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Santo do dia

31 de janeiro

São João Bosco
João Melquior Bosco, nasceu no dia 16 de agosto de 1815, numa família católica de humildes camponeses em Castelnuovo d'Asti, no norte da Itália, perto de Turim. Órfão de pai aos dois de idade, cresceu cercado do carinho da mãe, Margarida, e amparo dos irmãos. Recebeu uma sólida formação humana e religiosa, mas a instrução básica ficou prejudicada, pois a família precisava de sua ajuda na lida do campo.

Aos nove anos, teve um sonho que marcou a sua vida. Nossa Senhora o conduzia junto a um grupo de rapazes desordeiros que o destratava. João queria reagir, mas a Senhora lhe disse: "Não com pancadas e sim com amor. Torna-te forte, humilde e robusto. À seu tempo tudo compreenderás". Nesta ocasião decidiu dedicar sua vida a Cristo e a Mãe Maria; quis se tornar padre. Com sacrifício, ajudado pelos vizinhos e orientado pela família, entrou no seminário salesiano de Chieri, daquela diocese.

Inteligente e dedicado, João trabalhou como aprendiz de alfaiate, ferreiro, garçom, tipógrafo e assim, pôde se ordenar sacerdote, em 1841. Em meio à revolução industrial, aconselhado pelo seu diretor espiritual, padre Cafasso, desistiu de ser missionário na Índia. Ficou em Turim, dando início ao seu apostolado da educação de crianças e jovens carentes. Este "produto da era da industrialização", se tornou a matéria prima de sua Obra e vida.

Neste mesmo ano, criou o Oratório de Dom Bosco, onde os jovens recebiam instrução, formação religiosa, alimentação, tendo apoio e acompanhamento até a colocação em um emprego digno. Depois, sentiu necessidade de recolher os meninos em internatos-escola, em seguida implantou em toda a Obra as escolas profissionais, com as oficinas de alfaiate, encadernação, marcenaria, tipografia e mecânica, repostas às necessidades da época. Para mestres das oficinas, inventou um novo tipo de religioso: o coadjutor salesiano.

Em 1859, ele reuniu esse primeiro grupo de jovens educadores no Oratório, fundando a Congregação dos Salesianos. Nos anos seguintes, Dom Bosco criou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e os Cooperadores Salesianos. Construiu, em Turim, a basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, e fundou sessenta casas salesianas em seis países. Abriu as missões na América Latina. Publicou as Leituras Católicas para o povo mais simples.

Dom Bosco agia rápido, acompanhou a ação do seu tempo e viveu o modo de educar, que passou à humanidade como referência de ensino chamando-o de "Sistema Preventivo de Formação". Não esqueceu do seu sonho de menino, mas, sobretudo compreendeu a missão que lhe investiu Nossa Senhora. Quando lhe recordavam tudo o que fizera, respondia com um sorriso sereno: "Eu não fiz nada. Foi Nossa Senhora quem tudo fez".

Morreu no dia 31 de janeiro de 1888. Foi beatificado em 1929 e canonizado por Pio XI em 1934. São João Bosco, foi proclamado "modelo por excelência" para sacerdotes e educadores. Ecumênico, era amigo de todos os povos, estimado em todas as religiões, amado por pobres e ricos; escreveu: "Reprovemos os erros, mas respeitemos as pessoas" e se fez , ele próprio, o exemplo perfeito desta máxima.

Mensagens




Carregas o mistério da distância e da proximidade numa mistura paradoxa da gostosa ansiedade com o sabor da eternidade.
És um misto de passado, presente e futuro que numa única dança balança dentro de nós no ritmo da lembrança.

Saudades...
De onde vem seus encantos?
Vem da história construída ou de uma esperança não vencida?

Saudade...
Fiel companheira, compartilha a minha dor, és solidária e sempre me consola no aconchego dos seus braços.

Mas, onde moras... onde encontrá-la nos momentos de alegria?!
Parece não suportar o êxtase da efetividade, da atualidade; mas ressurge com vivacidade sendo cúmplice da minha felicidade.

Como resistir aos seus encantos...?
Pois, sua sedução nos faz transportar fronteiras navegar com os pensamentos os mares dos acontecimentos e ao desbravar nossos sonhos desvela o mistério que ultrapassa a temporalidade:
o desejo de curtir novamente a intimidade acalentada no decorrer de uma amizade!


Zuleica

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O Desaparecimento dos adultos

Giovanni Cucci S.I.[i]

Uma sociedade de eternos adolescentes?

Continua-se a estar sempre mais atingido pelo nivelamento das gerações que se vê em rapazes e moças, jovens e adultos unidos por uma mesma dinâmica: no modo de vestir, falar, se comportar, mas, sobretudo, nas relações e na afetividade revelam-se muitas vezes as mesmas dificuldades, até o ponto em que se torna difícil entender quem desses é realmente o adulto. Ao mesmo tempo, preocupa a sempre maior difundida fuga da responsabilidade, que leva a procrastinar indefinidamente as escolhas de vida, iludindo-se de ter sempre intactos, diante de si, todas as possibilidades.
Uma pesquisa da Istat[ii], realizada em 2008 (e, por conseguinte, anterior à grave crise que infelizmente levou ao desemprego milhares de jovens e de adultos), revelava que mais de 70% das pessoas com idade entre 19 e 39 anos vivem ainda com os pais. O motivo é também, mas não somente, econômico, já que nessa faixa há pessoas com trabalho estável e uma renda que permitiria viver de maneira independente.
As mesmas pesquisas mostram, além disso, que na Itália, mas também em outros países da Europa, há um aumento preocupante de jovens/adultos que pararam numa espécie de “limbo”, sem escolhas e sem perspectivas. Essa situação abarca uma faixa etária sempre maior, ao ponto de ser agora classificada como categoria sociológica, “a geração nem-nem[iii]. Mas, principalmente, tal condição, não é vista como problemática pela maioria das pessoas: “Há 270 mil jovens entre 15 e 19 anos que não estudam e não trabalham (9%): a maior parte porque não encontra trabalho; 50 mil porque fizeram de sua inatividade uma escolha; há ainda 11 mil que não querem saber de trabalhar ou estudar (“não me interessa”, “não preciso”, dizem). A mesma tendência ocorre nos dados relativos aos jovens entre 25 e 35 anos: um milhão e noventa mil não estudam e não trabalham; ou seja, quase um quarto deles (25%). Um milhão e duzentos mil desses gravitam no desemprego (mas entre estes últimos há quem diga que não procura bem porque está “desanimado” ou porque “de qualquer modo, o emprego não existe mesmo”). Setecentos mil são, ao contrário, os “inativos convictos”: não procuram trabalho e não estão dispostos a procurá-lo [...]. Uma pesquisa espanhola recente, assinada pela sociedade Metroscopia, revela que 54% dos jovens da idade dos 18 aos 35 anos declara “não haver nenhum projeto sobre o qual desenvolver o próprio interesse ou os próprios sonhos”[iv].
A essa situação de impasse e confusão acompanha uma igualmente grave crise de autoridade e de normatividade que, como se verá, constituem um dever educativo irrenunciável. Tal dever é rejeitado por muitos motivos: porque esses que deveriam fazer valer a norma, os adultos, não possuem a força, têm medo de parecerem impopulares ou, muitas vezes, porque muitos não acreditam mais em ditas normas, vistas somente como uma fonte de conflito e dificuldade.
Mas o aspecto talvez mais triste dessa carência seja que a norma que o adulto deveria estabelecer, vem a faltar porque, às vezes, os mesmos educadores e pais se encontram perdidos em problemas afetivos, relacionais, até mesmo de dependência. E daí a crise profunda do adulto, com o risco de seu desaparecimento: “Se um adulto é alguém que tenta assumir as consequências de seus atos e de suas palavras [...], não podemos deixar de constatar um forte declínio da sua presença na nossa sociedade [...]. Os adultos parecem estar perdidos no mesmo mar onde se perderam os próprios filhos, sem qualquer distinção de geração”[v].
Uma motivação possível, na origem dessa amálgama indiferenciada, pode ser detectada no prolongamento da meia idade, própria das últimas décadas e agravada devido à crise econômica atual, a qual não encoraja a levar em consideração os custos e os esforços adicionais para comprometer-se numa situação futura incerta. Além disso, a nova cultura tecnológica contribui para confundir os limites entre a realidade e a fantasia, que é a característica típica da criança. Já o havia compreendido com lucidez Johan Huizinga no longínquo 1935: “[O homem moderno] pode viajar de avião, falar com pessoas do outro hemisfério, comprar guloseimas inserindo poucas moedas numa máquina automática [...]. Aperta um botão, e a vida cai aos seus pés. Pode tal vida torná-lo emancipado? Ao contrário. A vida para ele tornou-se um brinquedo. É de se espantar que ele se comporte como uma criança?”[vi].
A dificuldade de crescer na sociedade tecnológica
A cultura dita tecnológica se impõe hoje, não só pela difusão de instrumentos sempre mais sofisticados, principalmente pela possibilidade de planificar a existência de uma maneira impensável às gerações precedentes[vii]. E isso, especialmente, em nível de natalidade. Em tal campo, apareceram termos usados sempre mais frequentemente, até surgir o slogan que resume uma concepção de vida: “procriação responsável”, filhos “queridos e desejados”, ou mesmo “programáveis”.
Parece assim ter-se realizado o sonho, desejado por Freud no fim do século XIX, de poder separar a concepção da pulsão erótica: tal separação não favoreceu, todavia, como esperava o fundador da psicanálise, o “triunfo da humanidade”[viii]. Mais precisamente essa levou a um empobrecimento psicológico e afetivo, nunca antes conhecido, uma verdadeira “revolução antropológica”, para retomar o subtítulo de um livro de Marcel Gauchet.
Desde o seu nascimento, o ser humano tem a ânsia de que, no fundo, poderia não ter sido desejada e que deve, de qualquer modo, “merecer” ter vindo ao mundo, correspondendo às fortes expectativas dos seus pais. Como observa Gauchet: “Disso pode derivar a invencível fé na própria sorte, ou, ao contrário, a sensação de irremediável precariedade da própria existência. Em relação àquele desejo que o subtraiu ao destino comum, manterá muitas vezes uma irredutível aflição [...]. Um filho é cada vez mais desejado quanto menos é filho da natureza; mais é fruto de um artifício, qualquer que este seja, menos é aquilo que deve ser: o filho de seus pais”[ix].
Outro aspecto paradoxal dessa desenvolvida potencialidade planificadora é que a acurada seleção do nascituro corresponde sempre menos àquela atenção afetiva e educativa indispensáveis para educá-lo, tornando-o um adulto responsável. O filho se encontra, ao contrário, sufocado pela atenção dos pais que, depois de o terem programado por tanto tempo, veem nele a possibilidade de realizarem suas expectativas, muitas vezes até de preencherem seus vazios e suas incompetências.
A criança corre o risco, assim, de ser bem cedo tratada como um mini adulto, sobretudo se está sendo criada por um genitor solteiro: nesse caso, forte será a tendência a depositar no filho esperanças e expectativas que na verdade deveriam estar voltadas ao próprio companheiro, dando origem àqueles perversos díades nas quais o filho ou a filha são chamados a tornarem-se respectivamente “vice-marido” ou “vice-esposa” do próprio genitor, impedindo-se de viver a etapa infantil e a própria filiação, duas condições essenciais para a maturidade psíquica, cognitiva e afetiva[x].
A “síndrome do filho único”, vista em outras ocasiões[xi], parece confirmar essa inconsciente agitação, o desconforto de lidar com a polaridade desejo/rejeição dos pais. Ele se torna assim esmagado pelas expectativas dos pais, da mesma forma que um brinquedo é chamado a compensar as carências dos adultos.
Tudo isso contribui à incapacidade de um filho se tornar adulto; incapaz, sobretudo, de saber o que verdadeiramente quer da própria vida. Uma vez crescido, aquele menino ou aquela menina procurarão de fato aquela infância perdida que jamais tiveram, recusando-se a crescer.
A Síndrome de Peter Pan
A rejeição ao crescimento é um fenômeno em expansão, também desde o ponto de vista geracional, a tal ponto de ocupar a vida inteira do homem. Essa situação de “bloqueio interior”, de impossibilidade de se passar à fase adulta da vida, foi recentemente ratificada como categoria psicológica, chamada de Síndrome de Peter Pan através da obra do psicólogo junguiano Dan Kiley. Ele se inspira no célebre romance de James Barrie Peter and Wendy, publicado em 1911, embora tenha conseguido maior fama o título escolhido para a representação teatral, de 1904 (Peter Pan: o menino que nunca quis crescer).
A escolha do personagem, protagonista do romance, já é por si significativa. Peter era também o nome do irmão de James que morreu aos catorze anos num acidente de patinagem; enquanto Pan, na mitologia grega, era filho de Ermes e da filha de Driope, que o rejeitou, abandonando-o ao seu destino[xii]. Como na mitologia e no romance de Barrie, também na Síndrome de Peter Pan à base da condição instável e errante desse personagem é principalmente a ausência de relações afetivas importantes, em particular com os pais, vistos como frios e distantes, ou incapazes de suscitar respeito[xiii].
Desse modo, quem sofre dessa síndrome busca a própria infância perdida, comportando-se como se o tempo tivesse parado, assumindo por toda a vida a instabilidade psíquica e afetiva própria da adolescência, prisioneiro “no abismo entre o homem que não se quer tornar e o garoto que não se pode continuar a ser”[xiv]. E se essa pessoa, no meio tempo, também se casa, acaba por entrar em concorrência com os próprios filhos, imitando-lhes os comportamentos e os modos de pensar. Como confessava uma jovem desconsolada: “meu pai não faz outra coisa a não ser correr atrás das minhas amigas e depois quer se confidenciar comigo”[xv].
Por sua vez, os filhos, colocados no mesmo nível dos seus pais, tendem a comportarem-se como adultos: desse modo, nenhum dos dois vive as responsabilidades e peculiaridades da própria etapa de vida; como num jogo perverso, esses vêm trocados, invertendo perigosamente o significado da derrota edípica: “Se olhamos atentamente ao conteúdo da TV, podemos encontrar uma documentação bastante precisa não somente do nascimento da ‘criança adulta’, mas também do adulto ‘feito criança’ [...] Salvo raras exceções, os adultos na televisão não tomam seriamente o próprio trabalho, não educam seus filhos, não participam na vida política, não praticam nenhuma religião, não representam nenhuma tradição, não têm capacidade de pensar o próprio futuro ou de formular seriamente projetos de vida, não são capazes de fazer longos discursos e não são nunca capazes de evitar comportamentos dignos de uma criança de oito anos”[xvi].
Na atual sociedade “líquida” a fase adulta corre o risco assim de reduzir-se a uma expressão de meros dados sem mais responsabilidades específicas que a caracterizam e, sobretudo, a diferenciam das fases precedentes da vida, conferindo-lhe uma identidade: ser adultos era sinônimo de ser maduros, não certamente como as crianças, mas capazes de assumir responsabilidades. Essas características aparecem sempre mais raramente, ao ponto em que “não é excessivo falar de uma liquidação da idade adulta. Estamos assistindo a uma desagregação daquilo que significava maturidade[xvii].
O desaparecimento do pai
A contínua popularidade e atualidade de Peter Pan não falam somente de uma dificuldade de crescimento. Esse personagem é também uma forma de protesto em relação à fuga dos educadores, daqueles que podem fazer bela, ainda que difícil, a missão de tornar-se adulto, deixando-o só: “Se Peter Pan é o símbolo de um fenômeno que tem crescido sempre mais nos últimos cem anos, ou seja, a obstinada vontade de permanecer criança, Peter Pan nos diz ainda algo mais inquietante: perdemos os nossos pais como modelos, os pontos de referência sólidos, fomos abandonados a nós mesmos”[xviii].
É significativo que autores das mais diversas escolas de proveniência individuam particularmente na ausência da figura paterna, acentuada dramaticamente nas últimas décadas, uma das principais razões para o vazio de sentido e de identidade que parece ser comum a jovens e a adultos. Um autor que não pode certamente ser etiquetado de tradicionalismo nostálgico observa a esse propósito: “O vazio estrutural da moderna sociedade ocidental provem da ausência do pai. Em certo sentido o enfraquecimento ou inclusive o desaparecimento de todos os outros papéis de parentesco derivam daquela lacuna que está no vértice da família”[xix]. Nessa falta, se constata, de fato, a incapacidade de uma geração de transmitir valores e tradições capazes de ajudar o futuro adulto a enfrentar as dificuldades da vida tornando, por sua vez, educadores de outros.
O desaparecimento dos vínculos familiares foi infelizmente visto como o sinal profético da vinda de uma nova sociedade; nos anos setenta do século passado era desejada a morte do matrimônio e da família, vista como o símbolo da opressão que penaliza a liberdade do indivíduo, impedindo a auto realização[xx]. Os resultados se revelaram, porém, muito diversos, precursores de problemas bem mais graves, que correm o risco de levar ao desaparecimento da sociedade ocidental, como acentua sempre Scalfari: “na maior parte dos casos o indivíduo, abandonado na sua solidão, não encontrou outro remédio melhor do que o de confundir-se no bando, isto é, de se tornar um sujeito anônimo e indiferenciado, sustentado somente por motivações emocionais”[xxi].
Não é mais a comunidade ou o vinculo a um determinado estrato social, mas sim “o bando” a caracterizar a sociedade sem adultos, uma sociedade que abandonou o seu dever educativo.
Os Procis, filhos de um pai ausente
Essa linha de leitura vem confirmada também na mitologia, na qual está narrada a história do homem e da mulher de todos os tempos. A categoria de “bando” lembra os Procis, magnificamente descritos por Homero, aquela massa numerosa (108 segundo a Odisseia XVI, 247 s.), violenta e parasita, dominada por uma agressividade desenfreada.
Exatamente como Peter Pan, esses não são mais crianças e nem mesmo homens; não fizeram nenhuma escolha em suas vidas; vivem cada dia, dos expedientes, gozando do instante presente, sem nenhum projeto pelo qual valha a pena empenhar-se. A atualidade psicológica e social desses personagens é digna de atenção: “Os Procis [...] são a massa supérflua que logo preenche todo vazio de poder na sociedade. Mas na psiché são o adversário interno, a desagregação da responsabilidade [...]. O que Ulisses odeia decididamente neles não é a arrogância – que não lhes é uma coisa estranha – mas o viver cada dia, sem nenhum objetivo: o ato supérfluo (anenysto epi ergo) [...]. Aquilo que esses representam não pode ser readmitido na civilização, sob a pena da sua desagregação: a hilaridade, na qual o imaturo esconde o seu medo; o dia para chegar a noite; a obstinação a conquistar a mulher e a casa, a rainha e o palácio, sem a disponibilidade para organizar o sistema familiar e econômico. Mais uma vez, é o quadro do jovem desadaptado”[xxii].
O desenvolvimento narrativo da Odisseia faz agudamente notar como esses aparecem no dia seguinte ao desaparecimento do pai. A partida de Ulisses conduz à proliferação daqueles: os Procis podem ser considerados como a prefiguração ante litteram de Peter Pan. A comparação de ambos, de fato, não é forçada: é a mesma mitologia grega a colocar esses personagens em estreita relação entre eles. Pan seria, pois, o fruto da múltipla união dos Procis com Penélope durante a ausência de Ulisses[xxiii].
Colocados de frente à “prova do arco” (que, como veremos, é um símbolo da paternidade) se mostram incapazes de enfrentá-la (tendendo o arco para lançar a flecha), isso é, de assumir uma responsabilidade generativa que pode fazer deles homens. Têm idades diferentes, porém se apresentam com uma única classe, amorfa, sem identidade.
A tarefa de se tornar adultos
Mas o que significa ser adulto? Significa, antes de tudo, aceitar não ser mais criança, renunciando aos valores e comportamentos de idades precedentes para assumir a novos: a renúncia é a condição do crescimento, como bem tinha intuído Max Scheler[xxiv].
Deixar uma fase: isto é o que o adulto atual não parece mais capaz de fazer, antes de tudo, a nível imaginativo, lamentando-se sempre da criança ou do adolescente que jamais foi. Trata-se, porém, de acolher o que Freud chamava de o princípio da realidade que passa por uma ferida, uma experiência de impotência e de mortalidade que, paradoxalmente, no momento no qual vem assumido, fortalece o ser humano.
Isto era o significado dos “ritos de passagem” ou de iniciação, que nas sociedades de cada época marcavam o ingresso do jovem na idade adulta, mediante cerimônias guiadas por adultos. Os ritos de iniciação resultam fundamentais porque têm como objeto a agressividade, o sofrimento e a morte, em outras palavras, o ser humano na sua verdade e fragilidade. O rito podia fazer isso, porque recordava a sacralidade da vida e a sua relação com Deus; isso era o significado do gesto de tirar com violência a criança dos braços da mãe (que até aquele momento era o ponto de referência peculiar) para elevá-la ao céu, um gesto com o qual ela recebe a confirmação da própria identidade: “O significado desse gesto é claro: se consagram os neófitos ao Deus celeste”[xxv]. Essa tarefa sempre foi peculiar do pai.
Quando não se cumprem os ritos de iniciação, esses não desaparecem, mas enlouquecem, dando origem às derivas do “bando”. As violências das baby gang, o bullying masculino e feminino, os estupros de grupo, os “embalos de sábado à noite”, os comportamentos de risco, o uso de drogas em grupo, a atração pelo macabro são ritos de iniciação enlouquecidos, pedidos degenerados de tomar contato com a dimensão da corporeidade, da relação, da agressividade, do perigo, da morte, mas sem que exista, no entanto, um adulto capaz de acompanhar-lhes.
O desaparecimento dos adultos se traduz também numa redefinição dos papéis familiares: não são mais os filhos que devem aprender dos pais e receber deles normas e ensinamentos, mas ao contrário, são os pais que se conformam aos critérios e aos comportamentos dos filhos, procurando desse modo conseguirem a aprovação deles.
A necessidade de um modelo
Para ser adulto deve-se, pois, ter recebido uma ferida, aquela ruptura violenta que caracteriza o ingresso na realidade representada pelos ritos de iniciação. Tomar contato com aquela ferida significa para o jovem reconhecer e acolher a própria fragilidade. Isso lhe permite afrontar a realidade, abandonando as fantasias pueris e reconhecendo os próprios desejos profundos. Tornar-se adulto não significa de nenhuma maneira sentir-se onipotente, livre de defeitos ou limites, mas ocupar o próprio lugar, aceitando a possibilidade de equivocar, acolhendo o tempo que passa[xxvi].
O primeiro ensinamento que Deus dá ao homem na Bíblia é exatamente esse: se queres viver, se queres saborear a vida, recorda-te de que eres criatura, de que não és Deus. Isso é expresso na proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (cfr. Gn. 2, 16): no trecho, aquela árvore simboliza o próprio Deus e o homem deve preservar-se do desejo de querer tomar-lhe o posto, porque acabará se destruindo. Naquele ensinamento podem-se conter as três etapas fundamentais do desenvolvimento humano: o nascimento, o desaleitamento, a derrota edípica. Essas constituem as três diferentes derrotas da onipotência, são os três “pontos de não-retorno” próprios do crescimento (em relação à condição pré-natal, ao aleitamento, a um ligame exclusivo com a mãe), indispensáveis para entrar na realidade, para ser “vivo”. Se cumpridas corretamente, essas três renúncias permitem, na idade adulta, fazer escolhas definitivas; por outro lado, a maior parte das dificuldades e do desgosto de viver é ligada exatamente a esses três aspectos.
À raiz de muitos pedidos de ajuda psicológica está frequentemente a não aceitação da própria verdade de criatura, marcada pelo limite e pela fragilidade: não se aceitar a si mesmo, antes de tudo o próprio corpo (pensemos no boom de cirurgias plásticas e do lifting com consequências também graves para a própria saúde, mas também nos distúrbios alimentares como a bulimia e a anorexia), não se aceita a própria família de proveniência, a própria história e personalidade.
Dever fundamental da mãe e do pai, o qual, como visto em outras ocasiões, é símbolo forte do Pai celeste, é apresentar novamente aos próprios filhos esse ensinamento do livro de Gênesis[xxvii], de tomar consciência dos próprios limites, condição fundamental para se tornar adulto e para produzir frutos na própria vida. Os pais podem fazer isso porque precedentemente acertaram as contas com a própria fragilidade, com a própria ferida originária[xxviii].
Se os pais querem, em vez, salvaguardar os filhos de todo tipo de dificuldade, isso levará ao aparecimento de dúvidas e frustrações interiores, que minam, à raiz, a estima de si e a capacidade de assumir responsabilidades. Principalmente os filhos terão dificuldades em aproximar-se aos seus desejos profundos, àquilo que realmente querem das suas vidas: “A clínica dos assim ditos novos sintomas mostra bem como o problema da atual insatisfação da juventude não seja tanto aquele do conflito entre o programa do impulso e aquele da Civilização [...], mas de como aceder à experiência do desejo [...]. A crise atual da operabilidade da ordem simbólica coincide com a crise do poder de interdição, mas também com a dificuldade da transmissão do desejo de uma geração a outra”[xxix].
Trata-se de saber dizer “não”, de colocar limites, impopulares certamente, mas que permitam de aceder ao desejo do coração e tornam capaz de superar os obstáculos que se entrepõem à realização dos mesmos. O limite e a frustração são elementos essenciais da educação, ainda que acompanhados do afeto e da confiança. Às vezes é o filho mesmo a pedir esse limite e que uma relação assimétrica (de adulto a filho) seja posta, também em forma não verbal, como no caso da garota surpreendida roubando em uma grande loja: “Essa jovem não estava simplesmente fraudando a lei ou gozando da emoção causada pela sua transgressão. Em modo paradoxal, ela estava fazendo exatamente o contrário: estava buscando ser vista pela lei, isto é, de fazer existir uma lei. ‘Alguém me vê? Alguém pode me ajudar a não me perder, a não me extraviar? Existe em qualquer lugar uma lei ou, mais simplesmente, um adulto que possa responder-me, que possa perceber a minha existência?’ A pergunta dos nossos jovens insiste e nos coloca com as costas contra o muro: ‘Vocês existem? Os adultos ainda existem? Há alguém ainda que saiba assumir responsavelmente o peso da própria palavra e dos próprios atos?’ Na cleptomania daquela garota podemos perceber toda a grandeza da insatisfação da juventude contemporânea”[xxx].
O filho pode compreender o valor do limite se vê nos pais não um tirano que o rejeita, nem o “camarada” que se coloca no mesmo nível dizendo-lhe sempre “sim”, mas alguém que o introduz com afeto na realidade, na sua dimensão de mediocridade e de fragilidade. O adulto pode fazer isso porque antes a acolheu em si mesmo. Isso lhe consente não colocar-se no mesmo nível daquele que é chamado a educar e de não ceder a chantagens afetivas.
Não se trata certamente de uma tarefa fácil: essa é, porém, o único modo para não fazer do filho um escravo dos próprios caprichos. A incapacidade de dizer “não” é um dos sinais mais fortes da crise do adulto e da perigosa inversão da derrota edípica, uma inversão inédita, na qual são os pais a pedir aos filhos de serem reconhecidos[xxxi].
Retomar o arco de Ulisses
A crise do adulto, reconhecida e descrita pela mitologia, pode encontrar, na mesma mitologia, possíveis saídas. Toda a primeira parte da Odisseia é chamada de Telemaqueia, a busca afanosa pelo pai ausente, por parte do filho. Ele não se resigna com o seu desaparecimento, mas deseja ver o pai, ainda que não o tenha jamais conhecido verdadeiramente, anseia de poder ter dele ao menos uma imagem para ser impressa na sua mente[xxxii].
O caso de Telêmaco é muito parecido à situação da juventude atual. Para ambos não são, certamente, algumas coisas que lhes faltam, nem mesmo o bem-estar; esses se descobrem, às vezes, desprovidos daquela representação ideal de si que somente o pai é capaz de dar.
Na Odisseia, Ulisses pode ser finalmente reconhecido como pai somente quando, no final da poesia, o filho o vê empunhar o arco, com aparência humilde, mas decidido: “parece que Homero pensou nos nossos tempos e que nos advertiu: jamais o pai desaparece totalmente. Mas não creiais de reencontrá-lo nos machos barulhentos: aqueles são os Procis, os eternos não-adultos. Se alguém, em vez, é humilde, paciente, poderia ser ele, o sobrevivente de guerras e tempestades”[xxxiii].
O arco pode simbolizar o papel e a tarefa do pai, que não é delegável; e, de fato, nenhum dos Procis tem a capacidade de manejá-lo, porque não possuem autoridade para isso. Mas o pai do qual se fala não é certamente o pai-patrão que caracterizou as nossas sociedades dos últimos dois séculos, levando ao final à sua rejeição e afastamento. Ulisses, em vez, diz com precisão Homero, sabe tender o arco como um músico acaricia a harpa, associando com esse gesto as duas funções essenciais do pai: a força e a ternura[xxxiv].
Somente quando é capaz de unirem em si essas duas virtudes, a autoridade e a ternura, Ulisses pode novamente empunhar o seu arco e meter fim à “noite dos Procis” [xxxv].
Tradução ao português:
Pe. Anderson Alves e Joyce Scoralick.

[i] Artigo publicado em La Civiltà Cattolica, II 220-232, caderno 3885 (5 de maio de 2012).
[ii] Istat é o instituto nacional de estatísticas, um ente de pesquisas públicas na Itália (nota do tradutor).
[iii] Assim traduzimos à expressão italiana “generazione né-né”, que quer se referir àquelas pessoas que nem estudam, nem trabalham (Nota do tradutor).
[iv] MANGIAROTTI, A. Generazione “né-né”. Settecentomilla giovani “inattivi convinti” In: Corrieri della Serra, 16 de julho de 2009, p. 25.
[v] RECALCATI, M. Dove sono finiti gli adulti? In: La Repubblica, 19 de fevereiro de 2012, p. 56. O recente filme 17 ragazze (17 moças) (de Delphine e Muriel Coulin) inspirado no fato real de um grupo de adolescentes estadunidenses, unidas por um pacto comum, de ficarem ao mesmo tempo grávidas, apresenta ao mesmo tempo toda a dificuldade do mundo adulto (na escola como na família) a compreender o desconforto dessas jovens, por estarem com os mesmos problemas não resolvidos.
[vi] HUIZINGA, J. La crisi della civiltà. Totino, Einaudi, 1962, p. 115.
[vii] Veja-se as célebres análises de HEIDEGGER, M. “A questão da técnica”, In ID., Saggi e discorsi, Milano, Mursia, 1991, p. 5 -27.
[viii] PREUD, S. “La sessualità nell’etiologia delle neurosi”, in ID., Opere (1892-98), Torino, Boringhieri, 1968, 410.
[ix] Cfr. GAUCHEI, M. Il figlio del desiderio. Una rivoluzione antropologica, Milano, Vita e Pensiero, 2010, 70; cfr. 49. Cfr. os problemas levantados por PAROT, F. – TEITBAUM, E. Des enfants sans toi ni moi, Paris, Flammarion, 2002, e por J. HABERMAS, segundo o qual programar o nascimento comporta a “dificuldade de conceber-se como autônomo”, também desde o ponto de vista da responsabilidade moral (L’avenir de la nature humaine. Vers un éugenisme liberale, Paris, Gallimard, 2002, 82).
[x] O célebre estudo de Miller sobre o alto custo que a nível afetivo paga a criança “constituída dote”, isto é, sensível a acolher a necessidade do progenitor, reprimindo o próprio, se insere nesta perversa dinâmica relacional, na qual os papéis são trocados. Esta afetividade reemerge na idade adulta nos níveis nas quais tinha sido congelada, e, uma vez adulto e progenitor, traz à tona uma série de desejos desatendidos. Frequentemente tal situação está na origem da atração de profissões relacionadas com o escutar e à ajuda, como a psicoterapia. Miller resume a própria experiência dos seus vinte anos em relação a três elementos fundamentais: “1) estava sempre presente uma mãe profundamente insegura no campo emotivo, a qual para o próprio equilíbrio afetivo dependia de um certo comportamento ou modo de ser de criança. Essa insegurança podia facilmente ficar velada à criança e às pessoas do seu ambiente, escondida atrás de uma fachada de du­rezaautoritária ou inclusive totalitária; 2) a essa necessidade da mãe ou dos dois progenitores, correspondia uma surpreendente capacidade da criança de percebê-lo e de dar-lhe resposta intuitivamente; 3) em tal modo a criança se assegurava ‘o amor’ dos pais. Ela percebia que tinham necessidade dela e isso legitimava a sua vida e o seu existir” (MILLER, A. Il dramma dei bambino dotato e la ricerca del vero sé, Torino, Borin­ghieri, 1999, 16 s). Daqui vem a dinâmica instintiva de ajuda aos outros, mesmo na escolha da profissão, mas em forma perturbada, tendendo ao apagamento dos vazios afetivos que não ficaram resolvidos no curso da infância.
[xi] Cfr. CUCA, «Il matrimonio, ultimo simbolo di eternità dell’uomo occidentale», in Civ. Catt. 2011 II 431 433. Cfr. PHILIPS, A. I «no» che aiutatino a crescere, Milano, Feltrinelli, 1999, 47 s.
[xii] Cfr. GRIMAL, P. Mitologia, Milano, Garzanti, 2006, 475.
[xiii] KILEY, D. The Peter Pan Syndrome: Men Who Have Never Grown up, New York, Avon Books, 1984, 26 s.
[xiv] Ivi, 23.
[xv] RECALCATI, M. «Dove sono finiti gli adulti?», cit., 56.
[xvi] POSTMAN, N. La scomparsa dell’infanzia, Roma, Armando, 1984, 156; cfr. OLIVERIO FERRARIS, A. La Síndrome Lolita. Perché i nostri figli crescono troppo in fretta, Rizzoli, 2008.
[xvii] GAUCHET, M. Il figlio del desiderio…, cit., 42; cursiva no texto. Cfr. BOUTINET, J. P. L’immaturité de la vie adulte, Paris, PUF, 1998; ID., Psychologie de la vie adulte, ivi, 2002; ANATRELLA, T. Interminables adolescences. La psychologie des 12/30 ans, Paris, Cerf-Cujas, 1998; LADAME, F. Gli eterni adolescenti, Milano, Salani, 2004.
[xviii] CATALUCCIO, F. M. Immaturità. La malattia del nostro tempo, Torino, Einaudi, 2004, 40.
[xix] SCALFARI, E. «Il padre che manca alla nostra società», in La Repubblica, 27 dicembre 1998.
[xx] Cfr. COOPER, D. La morte della famiglia. Il nucleo familiare nella società capitalistica, Torino, Einaudi, 1972.
[xxi] SCALFARI, E. «Il padre che manca alla nostra società», cit.
[xxii] ZOJA, L. Il gesto di Ettore. Preistoria, storia, attualità, scomparsa del padre, Torino Boringhieri, 2000, 115 s.
[xxiii] Cfr. GRIMAL, P. Mitología, cit., 476.
[xxiv] Cfr. SCHELER, M. Il risentimento nella edificazione delle morali, Milano, Vita e Pensiero, 1975, 53.
[xxv] ELIADE, M. La nascita mistica. Riti e simboli d’iniziazione, Brescia, Morcelliana, 1974, 24; cfr. tbm. ZOJA, L.: «A elevação da criança entre os Romanos servia ao nascimento psíquico do filho e do pai como pai» (Il gesto di Ettore …, cit., 247; cursiva no texto). De outra época e cultura, veja-se a descrição de MANDELA, N. culminante com o grito “Ndiyindoda! (‘Sou um homem!’)” (Lungo cammino verso la libertà, Milano, Feltrinelli, 2010, 35). Sobre os ritos de iniciação permanecem fundamentais os estudos de VAN GENNEP, A. I riti di passaggio, Torino, Boringhieri, 1981.
[xxvi] Cfr. RECALCATI, M. Cosa resta del padre? La paternità nell’’epoca ipermoderna, Milano, Cortina, 2011, 111-115.
[xxvii] Para ser mais preciso, os dois primeiros aspectos vêem a mãe como protagonista, o terceiro não redutível apenas à derrota edipiana, é próprio do pai e reflete o simbolismo mais complexo dos ritos de iniciação. Na realidade, ambos os pais também são fundamentais na diferente especificidade de suas intervenções, para a ajuda mútua que são chamados a dar-se, nas diferentes fases da vida dos filhos (cf. Cucci, G. Esperienza  religiosa e psicologia, Leumann [To] – Roma, Elledici – La Civiltà Cattolica, 2009, 79,98;. ID., La forza dalla debolezza. Aspetti psicologici dela vita spirituale, Roma, Adp, 2011, 121-133).
[xxviii] Cfr. RISÉ, C. Il padre, l’assente inaccettabile, Cinisello Balsamo (Mi), San Paolo, 2003, 14-24. C. CUCCI, “o pai é chamado a desenvolver um papel decisivo n avida de fé”, in Civ. Catt. 2009 III 118-127; “Il suicidio giovanile. Una drammatica realtà del nostro tempo”, ivi, 2011 II 121-134.
[xxix] RECALCATI, M. Cosa resta del padre? …, cit., 105-107. Cfr. CUCCI, G. «Il desiderio, motore della vita», in Civ. Catt., 2010 I 568-578.
[xxx] RECALCATI, M. “Dove sonno finiti gli adulti?”, cit., 57.
[xxxi] Cfr. ID., Cosa resta del padre? …, cit., 108 s.
[xxxii] “Na Telemachia o protagonista busca notícias do pai não só para saber onde era e para saber como era, mas, sobretudo, para conhecer a personalidade e desenvolver a si mesmo segundo aquele modelo» (PRIVITERA, G. A. Il ritorno del guerriero. Lettura dell’O­dissea, Torino, Einaudi, 2005, 57; cfr. HOMERO, Odisseia, Torino, Utet, 2005, 1. I, 83.111.115 s. 240; 1, IV, 317).
[xxxiii] ZOJA, L. Il gesto di Ettore, cit, 113 s; HOMERO, Odissea, cit., XVI, 148 s.
[xxxiv] “O astuto Odisseu, não apenas deliberou e em todas as partes provou o gran­de arco, como quando um homem experto em tocar citra e em cantar move facilmente a corda [...] imediatamente moveu assim, sem esforço, o grande arco” (HOMERO, Odisseia, cit., XXI, 404-410).
[xxxv] ZOJA, L. Il gesto di Ettore…, cit., 305.

Comissão para Doutrina da Fé se reúne para elaborar texto da próxima edição do Subsídio Doutrinal


Reuniao_doutrina_da_FTeve início nesta manhã de terça-feira, 29 de janeiro, e segue até o próximo dia 31, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), o encontro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé para a conclusão da elaboração do Documento para o Subsídio Doutrinal - “As razões da fé na ação evangelizadora”.
De acordo com o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Comissão, dom Sérgio da Rocha, “o objetivo do Documento é ajudar a conhecer os conteúdos fundamentais da fé e também estimular a experiência no mundo da fé, porque é isso que o próprio Ano da Fé quer despertar, muito mais que conhecimento dos conteúdos, mas a celebração e a vivência da fé”, disse.
Segundo o assessor da Comissão, monsenhor Antônio Luiz Catelan, “a ideia é conseguir amadurecer o Documento de modo conclusivo para publicação na próxima Assembleia Geral, que acontecerá em abril deste ano”, falou.
O Documento será a 7ª edição da série “Subsídios Doutrinais”, publicado pelas Edições CNBB. Integram a reunião membros da Comissão e o Grupo Interdisciplinar de Peritos (GIP), composto por especialistas no conhecimento interdisciplinar na área da teologia.

Comissão Vida e Família motiva a implantação de Associações de Famílias


familiasagradaA família constitui o maior “patrimônio da humanidade”, o recurso para a pessoa e para a sociedade, o caminho da maior realização humana, da maior felicidade no amor-que-se-doa e se abre para gerar vida nova, o lugar onde as relações são de gratuidade, onde se torna evidente a presença de Deus Criador atuando na procriação, a presença de Cristo Ressuscitado no amor que é mais forte de todos os males (Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, 2007).
A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família (CEPVF), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vem motivar as comunidades, para que se associem em prol da defesa da família, e por crer que a família a primeira e fundamental expressão da natureza social do homem, a mais pequena e primordial comunidade humana de amor e de vida, a célula social, e uma instituição soberana em diversos aspectos e fundamental para a vida de cada sociedade.
De acordo com o presidente da CEPVF, e bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, há na sociedade a necessidade de se promover e defender os valores da família. “A realidade familiar é a realidade mais combatida e desrespeitada pelo Estado atrelado a sociedade utilitarista, individualista e antivida, um exemplo concreto está no fato de não reconhecerem as razões humanas/religiosas para promover a família e a vida”, afirma o bispo.
A Associação de Famílias surge para responder ao apelo do bem aventurado Papa João Paulo II na “Exortação Apostólica Familiaris Consortio”, renovado pelo papa Bento XVI e motivado pelo Pontifício Conselho da Família, de se formar em todas as cidades, organismos que possibilitem com que a família tenha recursos para atuar como sujeito social, assumindo seu papel de família cidadã.
A Associação de Famílias, devidamente registrada em Cartório, dispõe de personalidade jurídica, tendo valor político e social, podendo congregar outros membros de famílias fora e além das que frequentam a Pastoral Familiar ou os Movimentos Familiares. Dom Petrini fala sobre o perfil dos membros dessas associações. “Pessoas sensíveis aos bens da família que estão atualmente ameaçados, com disponibilidade para promovê-los e defendê-los por meio da presença e testemunho”, disse.
O principal objetivo da Associação de Famílias está em congregar pessoas convictas dos verdadeiros valores familiares para que se empenhem para fortalecer a família proporcionando a ela um clima cultural positivo e todas as condições para que seja capaz de cumprir suas tarefas, e continuar sendo o maior recurso disponível para cada pessoa e para a sociedade brasileira.
Para o assessor da CEPVF, padre Wladimir Porreca, as Associações de Famílias são uma oportunidade de proporcionar aos membros, olhar para o futuro com esperança. “É a certeza de que a família é decisiva para construir ambientes de solidariedade e cooperação, para favorecer o crescimento humano/cidadão, relacional e espiritual das pessoas, especialmente dos jovens favorecendo a promoção da paz na sociedade”, descreve o padre.
Durante esta semana, a CEPVF, irá divulgar neste mesmo site, textos explicativos, sobre como as comunidades devem proceder para implantar as Associações de Família. Será abordado como os grupos deverão se estruturar, e como deverão se direcionar na consolidação das associações. Os textos também abordarão as ações a serem realizadas pelos grupos, por exemplo, como deve ser a formação dos membros, e como utilizar os meios de comunicação para divulgar a Associação de Famílias e seus objetivos.

Pontifício Conselho da Cultura debate relação Igreja-mundo juvenil

O Pontifício Conselho da Cultura (PCC), organismo da Santa Sé, vai dedicar a sua próxima assembleia plenária anual, entre 6 e 9 de fevereiro, ao tema ‘Culturas juvenis emergentes’. A iniciativa vai ser apresentada nesta quinta-feira, 31, em conferência de imprensa, com a presença do presidente do Pontifício Conselho, Cardeal Gianfranco Ravasi, e o bispo português Dom Carlos Azevedo, delegado do PCC, acompanhados por um jovem italiano, Alessio Antonielli, e uma estudante de Madagáscar, Farasoa Mihaja Bemahazaka.
A página oficial do PCC adianta que a reunião anual do organismo vai analisar os temas juvenis nos vários continentes, em uma análise desta realidade em evolução e mudança.
Na pauta vão estar as culturas de jovens e adolescentes, com idade entre os 15 e 29 anos, um mundo “marcado pela complexidade, fragmentado em vários tipos, sem qualquer modelo único ou homogêneo”.
“Ouvir as novas gerações e levar a sua situação em consideração é uma oportunidade valiosa e uma exigência para os adultos e as comunidades cristãs”, acrescenta a nota do Pontifício Conselho. O acesso ao encontro será limitado aos membros do Conselho e seus consultores.
Fonte: Canção Nova

Paróquia do Engenho do Meio realizará o II Acorda Católico

II Acorda CatólicoAs prévias carnavalescas já tomaram conta das principais cidades do Estado. As festas antecipam um pouco do que será a Folia de Momo esse ano. Aproveitando o período, a Paróquia de Nossa Senhora das Graças, no Engenho do Meio, realiza na próxima sexta-feira, dia 1, a segunda edição do “Acorda Católico”. A concentração do bloco, que terá como tema “Jesus, alegria que contagia”, será na Capela Bom Pastor, próximo à Colônia Penal Feminina do Recife, a partir das 18h. De lá a multidão será conduzida em um percurso de quase três quilômetros da Avenida Antônio Curado, até a igreja matriz, por um trio elétrico que comandará a festa com muita música e oração.
No ano passado, o Acorda Católico arrastou mais de duas mil pessoas pela principal via do bairro do Engenho do Meio. A expectativa da organização do evento é que esse número dobre. “Em 2012, tivemos pouco tempo para preparar a festa e mesmo assim a comunidade respondeu bem ao convite. Recebemos muitos elogios o que nos deu força para promover mais uma vez o Acorda Católico. Por isso, esperamos pelo menos quatro mil participantes”, declarou o pároco, padre João Roberto.
O sacerdote disse ainda que antes de tomar as ruas, os foliões participarão da recitação do terço na concentração. “Vamos rezar pelas vítimas da tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e também para que o nosso carnaval seja de dias de paz e alegria, sem violência”, afirmou. Segundo o padre, o maior objetivo do evento é mostrar para a sociedade que é possível se divertir sem drogas e sem fazer uso da violência. “Provamos que é possível brincar sem excessos, sem expor a própria vida nem a dos outros. É essa mensagem que queremos levar”, acrescentou padre João.
Para encerrar a festa haverá shows, momento de oração e bênção solene, no pátio da Paróquia de Nossa Senhora das Graças. Quem quiser pode adquirir o abadá do evento na secretaria paroquial, ao preço de R$ 15. Além de pagar os custos do bloco, o dinheiro arrecadado será revertido para a reforma do salão da igreja e para os projetos de evangelização dos jovens desenvolvidos pela paróquia.
Serviço
II Acorda Católico
2 de fevereiro
Concentração: Capela Bom Pastor, Engenho do Meio, 18h
Fone: 3273.0479

Evangelho do dia

Ano C - Dia: 30/01/2013



A parábola da semente
Leitura Orante


Mc 4,1-20

Jesus entrou num barco e sentou-se, enquanto a multidão ficava em terra, à beira-mar. Ele se pôs a ensinar-lhes muitas coisas em parábolas. Dizia-lhes: "Escutai! O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e os passarinhos vieram e comeram. Outra parte caiu em terreno cheio de pedras, [...] brotou logo [...], mas quando o sol saiu, a semente se queimou e secou, porque não tinha raízes. Outra parte caiu no meio dos espinhos; estes cresceram e a sufocaram, e por isso não deu fruto. E outras sementes caíram em terra boa; brotaram, cresceram e deram frutos: trinta, sessenta e até cem por um". [...]. Quando ficaram a sós, os que estavam com ele junto com os Doze faziam perguntas sobre as parábolas. Ele dizia-lhes: [...] O semeador semeia a palavra. Os da beira do caminho são os que a ouvem, mas logo vem Satanás e arranca a palavra semeada neles. Os do terreno cheio de pedras são os que, ao ouvirem a palavra, a recebem com alegria, mas chegando tribulação ou perseguição, desistem logo. Outros ainda, semeados entre os espinhos: são os que ouvem a palavra, mas quando surgem as preocupações do mundo, a palavra é sufocada e fica sem fruto. E os que foram semeados em terra boa são os que ouvem a palavra e a acolhem, e produzem frutos: trinta, sessenta e cem por um".
Leitura Orante


Saudação
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles", ficai conosco,
aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade: iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho: fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida: transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia? Leio atentamente: Mc 4,1-20.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje? Que tipo de terreno é meu coração?

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Com Maria, Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos, guardareitua Palavra, Senhor, meditando-a no coração.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus e abrir meu coração para que seja terrreno bom e acolhedor da Palavra.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Datas Comemorativas

30 de janeiro

Dia da Saudade
A palavra "saudade" é um exemplo da complexidade da língua portuguesa. Existe, em todas as línguas, um equivalente para essa palavra: "sinto sua falta". Os brasileiros, porém, sabem que sentir falta não é o mesmo que sentir saudade. Dessa forma, é um privilégio haver em nossa língua tão bela palavra, que nos permite materializar tão sublime sentimento.

O objeto da saudade pode ser uma pessoa, um local, ou mesmo idéias e acontecimentos. Sentimos saudades dos amigos, dos parentes, da pessoa amada, de casa, do cachorro, do dia da formatura. Mais do que sentir falta, saudade expressa um sentimento de perda e de satisfação. É uma dualidade, embora difícil de se definir: lamenta-se o que está longe e, ao mesmo tempo, se agradece nostalgicamente por ter estado perto.

Não há como definir a saudade sem apelar à poesia e à emoção. Afinal, saudade é sentimento, e não se pode definir com exatidão e palavras concretas a sua essência. Os poetas brasileiros sempre souberam expressar muito bem a saudade. Gonçalves Dias cantou a saudade da pátria ao escrever, no século XIX, o poema Canção do Exílio, quando estava na Europa: "Minha terra tem palmeiras, / onde canta o sabiá; / as aves que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá". Casimiro de Abreu, quando teve saudades do Brasil, escreveu um poema também chamado Canção do Exílio: "O país estrangeiro mais belezas / Do que a pátria não tem / [...] Dá que eu veja uma vez o céu da pátria, / O céu do meu Brasil!". Ao recordar a infância em Meus Oito Anos, Casimiro versejou: "Oh! Que saudades que tenho / Da aurora da minha vida, / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais!". Cecília Meireles compôs primorosos versos em Murmúrio: "Traze-me um pouco da tua lembrança, / aroma perdido, saudade da flor! / - Vê que nem te digo - esperança! / - Vê que nem sequer sonho - amor !".
Referência:

Mensagens


Um jovem servo foi condenado à forca,
por ter quebrado um vaso de porcelana
de uma preciosa coleção que pertencia à família real.

Consternado, um velho sábio procurou o príncipe
e prometeu fazer todos os vasos voltarem a ser iguais,
em troca do perdão ao servo.

Curioso, o príncipe concordou e o ancião,
na mesma hora, espatifou com seu bastão,
os outros dez vasos.

O sábio subiu ao cadafalso no mesmo dia, mas,
antes de ser levantado, declarou:
"Sou velho e morro tranquilo.
Salvo a vida de dez jovens que, um a um,
morreriam, a cada vez que um
daqueles vasos fosse quebrado".


Conto chinês

Referência: Ecos ecológicos

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Aberto o «conclave» que vai eleger o novo patriarca caldeu

Cidade do Vaticano, 29 jan (Andrea Tornielli para o Vatican Insider – Trad. SIR) – As votações começarão oficialmente na próxima quarta-feira, 30 de janeiro, mas o Sínodo da Igreja patriarcal de Babilônia dos Caldeus, convocado por Bento XVI para a eleição do novo patriarca, teve início oficialmente ontem, em Roma, na casa para os exercícios espirituais dos Santos João e Paulo no Célio, dos padres passionistas.
Preside o Sínodo, que conta com a participação de 15 Bispos caldeus – sete vindos do Iraque, dois do Irã, dois dos EUA e um, respectivamente, do Líbano, Síria, Austrália e Canadá – o card. Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, que na manhã de ontem abriu os trabalhos pedindo aos eleitores que avaliem suas responsabilidades. «Neste ato eletivo – afirmou Sandri – de suprema importância diante de Deus, diante da Igreja e de todos os fiéis», cada um de vós «é corresponsável daquilo que da eleição patriarcal deriva, especialmente neste delicado momento histórico: o próprio futuro da Igreja caldeia e de sua tradição e patrimônio, a compreensão dos tempos e das situações eclesiais, históricas e sociais, a preparação das orientações pastorais e suas aplicações».

«É a Igreja caldeia – continuou o cardeal – que vos convida a realizar os sacrifícios necessários com o olhar iluminado pela fé e deixando de lado todos os interesses pessoais para a vantagem da vossa Igreja e daquela universal. Seja a luz do Espírito a vos guiar na eleição do novo “Pater et Caput” com a consciência que o que vos une do ponto de vista espiritual, sacramental e pastoral, é muito maior daquilo que poderia vos dividir para que a unidade que nos fortalece possa se expressar nesta eleição com todo o seu vigor e eficácia».
Palavras que deixam entender a presença de visões diferentes dentro do Sínodo. Sandro concluiu seu discurso lembrando aos Bispos caldeus a importância da «liberdade de escolha», isto é da ausência de condicionamentos e de pactos; do voto «manifestado diante de Deus e não subordinado a outros interesses»; da necessidade de atribuir a preferência «alo melhor candidato pela dignidade e idoneidade, sem outro pensamento a não ser a glória de Deus e o bem da Igreja».
O programa deste primeiro dia de trabalhos teve uma lectio divina orientada pelo bispo Enrico Dal Covolo, Reitor da Lateranense, e uma palestra do arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. Nesta terça-feira, os Bispos discutem entre si a situação e as principais urgências da Igreja caldeia. Na quarta-feira, os Bispos começam a votar para escolher o sucessor do card. Emmanuel III Delly.

Assis: Hoje a eleição do sucessor de São Francisco

Roma, 29 jan (SIR) – Após dez dias de oração, debates e avaliações sobre os últimos seis anos de atividades pastorais, os 99 frades menores conventuais, vindos de 45 Países diferentes, começam a escolher o sucessor de São Francisco.
Hoje, às 14h30 (hora local, 11h30 de Brasília), na Sala de Imprensa do Sacro Convento de Assis, o novo Ministro Geral OFMConv encontrará os jornalistas e os meios de comunicação social junto com o Custódio do Sacro Convento di Assis, padre Giuseppe Piemontese, e do diretor da Sala de Imprensa, padre Enzo Fortunato. O capítulo geral, que chegou ao seu 200º encontro, é o momento fundamental da família franciscana conventual que reúne 99 religiosos vindos dos cinco continentes.
Os Frades menores conventuais trabalham em 65 Países com 4.300 religiosos, que dedicam seu tempo, suas orações e seu esforço ao lado dos últimos e dos mais necessitados. A ordem dos Frades Menores Conventuais tem 800 anos de história.
A data de sua fundação é de 1209 e corresponde á aprovação oral que o papa Inocêncio III concedeu a São Francisco quando se apresentou a Roma com os seus 12 companheiros que reuniu na localidade abandonado de Rivotorto de Assis.

O assombro de crer

O arcebispo emérito de Poitiers aborda um tema importante: a indiferença religiosa atual, que, nos revela, devia ser o assunto do Relatório Dagens, mas foi rejeitado pelos bispos franceses que defendiam que não se podia falar de indiferença em um período em que peregrinações, Jornadas Mundiais da Juventude e outras manifestações atraíam tantas pessoas. Albert Rouet conclui que a Igreja está cega diante desse problema.

Como costuma fazer, o autor apresenta uma análise da nossa sociedade dominada pelo individualismo e pela globalização, e também pela "universalização das finanças [que] nivela as culturas e os modos de vida", fomentando assim reações identitárias e, consequentemente, o medo do outro.
Nesse contexto, o indivíduo, para existir, faz escolhas próprias. Deriva daí que o pertencimento e as crenças estão misturadas: há pessoas "indiferentes", que, no entanto, têm formas de vida espiritual; outras que sentem seu pertencimento como exigente demais e se contentam com gestos ocasionais; outros que, ao contrário, são "adeptas" à religião católica, sem se reconhecer nas suas instituições nem nas suas comunidades.
Em síntese, espiritualidade e pertencimento comunitário estão separados, e a identidade cristã é incerta. Mas acontece também que a indiferença se transforma em desconfiança, "porque os monoteísmos são suspeitos de intolerância querendo ser conquistadores e porque impõem aos comportamentos individuais exigências de tipo ético que, pensa-se, têm a ver com a consciência de cada um. Há ´violação de domicílio´".
O problema também é que a Igreja tornou-se "como que civilmente impotente" depois dos "16 séculos de relação entre religião, poder e cultura". Nesse panorama, Albert Rouet lembra que o Concílio Vaticano II quis "se tornar conversa" com todos. E a conversa se realiza no encontro, no processo de construção de uma relação com os próprios interlocutores, sem se refugiar no medo, multiplicando "os sinais identitários" e os "regulamentos minuciosos". E para realizar isso é preciso uma conversão, uma metanoia: renunciar a ter a última palavra, abaixar as armas, ajudar-se reciprocamente na busca da verdade.
A pessoa que classificamos entre os indiferentes não se reduz à sua indiferença: é um ser que existe, que busca, que é vulnerável. A indiferença, defende Albert Rouet, caracteriza acima de tudo "uma humanidade exausta e prostrada, como ovelhas sem pastor". "A multidão se desagregou. Marcos especifica que, antes de multiplicar os pães, Jesus a recompôs em grupos de 100 e de 50... Ele a constitui em grupos de escala humana..."
Essa multidão precisa de locais onde possa ser ouvida e de encontros verdadeiros. O diálogo, portanto, deve "manter a modéstia do que continua em escala humana". Isso pressupõe que a Igreja renuncie "à hegemonia e à superioridade" e se reconheça também como ferida.
"É dentro dessa fraqueza compartilhada, desse lento caminho comum de homens feridos, dessa participação nas suas chagas – porque ela também sofre das mesmas feridas humanas – que a Igreja se torna suportável e crível. Faltando enraizamento, a sua palavra, embora ressoando, flutua e não consegue atravessar o barro que isola os corações".
Não será com argumentações que se tocará os corações e que se abrirá uma brecha na indiferença, mas sim prestando atenção a cada um e restituindo-lhes o domínio sobre a sua própria história. Jesus traz alívio àqueles que se curvam sob o peso da vida (Mt 11, 28), mas lhes diz: "O que queres que eu faça por ti?" ou "tome a sua cama". Desse modo, ele lhes demonstra a sua confiança: tem fé neles.
Então, é preciso "inventar uma Igreja da ternura". E é preciso que a Igreja reconheça que lhe falta legibilidade (que não deve ser confundida com visibilidade, que muitas vezes é uma forma de mostrar a sua força; a legibilidade é aquilo que as pessoas compreendem). Ela deve adquirir uma flexibilidade que pode ser obtida pela descentralização ("essa real consagração do poder"), para alcançar as pessoas, sem o peso da instituição e com a gratuidade de Jesus na Galileia.
Isso também requer uma conversão da nossa visão de Deus. Não devemos pô-lo acima dos homens ("então é divindade da ordem (…), portanto, da hierarquia"), nem abaixo. Em ambos os casos, mantém-se o poder: o da organização ou o das emoções. Deus procede de forma diferente: ele se coloca "na altura do rosto" com a Aliança.
O livro nem sempre é de fácil leitura, porque o pensamento precede às vezes de maneira não linear, mas está cheio de expressões magníficas e ousa a radicalidade da conversão, através da qual a Igreja pode voltar a ser "legível" e pode chegar a falar ao coração. Uma conversão urgente e essencial que Albert Rouet percebeu muito bem.

• Albert Rouet. L´étonnement de croire. Editions de l´Atelier.
A análise é de Monique Hébrard, publicada no sítio Baptises.fr, 23-01-2013.

A constituição Gaudium et Spes e Teilhard de Chardin

A análise é do teólogo italiano Rosino Gibellini, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma e em filosofia pela Universidade Católica de Milão.

Meio século atrás, no dia 11 de outubro de 1962 – depois de três anos de laboriosa preparação –, iniciava a primeira sessão do Concílio Vaticano II, com um memorável e envolvente discurso do Papa João XXIII, Gaudet Mater Ecclesia – "A Santa Mãe Igreja se alegra" – em que discordava dos "profetas da desgraça" e previa uma Igreja que "quer se mostrar como mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e de bondade".
Nas suas quatro sessões (1962-1965) e com os seus 16 documentos, o concílio fez uma reviravolta doutrinal e pastoral, de uma Igreja que se autodefinia em termos jurídico-sociais de sociedade hierarquicamente estruturada a uma Igreja que, mais biblicamente, se autocompreende como povo de Deus e como comunhão. Para a eclesiologia de comunhão, cada membro é discípulo de Cristo, sujeito diante de Deus, testemunha do Evangelho.
O documento do concílio sobre a Igreja colocou a Igreja mais intimamente em relação com a sua origem, que é a palavra de Deus (Dei Verbum), e com a sua missão de evangelização e de solidariedade com "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias" da humanidade (cf. Gaudium et Spes 1). Surgiu daí uma Igreja mais evangélica, mais dialógica e solidária. Mas Rahner observava: "Certamente, passará muito tempo até que a Igreja, que recebeu de Deus a graça do Concílio Vaticano II, seja a Igreja do Concílio Vaticano II".
Uma das categorias centrais dos textos do concílio é a de "evangelização", retomada e reproposta em seguida. Paulo VI, na exortação apostólica Evangelii nuntiandi (1975), afirmava: "Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar" (n. 14). E João Paulo II indicava como principal tarefa do novo milênio: "Uma nova evangelização: nova no seu ardor, nos seus métodos, na sua expressão".
Bento XVI continua a obra de uma nova evangelização, indicando o seu conteúdo, ou seja, "o kérygma cristológico [...] a nova evangelização consiste em dar testemunho de Jesus Cristo diante do mundo e em ser fermento do amor de Deus entre os seres humanos", e, convocando o Sínodo romano do 50º aniversário do concílio (2012), sobre o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã" [1].
1. Por um cristianismo de encarnação
A historiografia de assinatura católica se faz a pergunta: qual teologia antecipou e preparou o Vaticano II? Entre as primeiras fontes evidencia-se o artigo de Yves Congar, Une conclusion théologique à l’enquête sur les raisons actuelles de l’incroyance [Uma conclusão teológica para a investigação sobre as razões atuais da incredulidade], que apareceu na La Vie Intellectuelle (1935, 214-249), na conclusão da Pesquisa promovida pela mesma revista, La Vie Intellectuelle, em 1933-1934, sobre as razões da incredulidade nos diferentes ambientes da sociedade francesa.
Congar fala de "fé desencarnada": "A fé, por assim dizer, se desencarnou, esvaziada do seu sangue humano". A resposta de Congar começou a introduzir "uma linguagem encarnacionista", para superar o "divórcio" entre Igreja e mundo.
De acordo com Thils, de Louvain, autor de uma Teologia das realidades terrestres (1946-1949), existem três tipos de cristãos: "o cristão liberal", o "cristão da encarnação" e o "cristão da transcendência".
O cristão liberal se adapta ao mundo; o cristão de encarnação assume o mundo para transformá-lo; o cristão de transcendência nega o mundo.
O cristão da encarnação é movido por um "espírito de conquista", é animado por uma "espiritualidade da ação" e tem uma visão otimista do mundo, mesmo que o seu otimismo não é o otimismo naturalista.
O cristão da transcendência, ao invés, propõe um apostolado de "testemunho" e de "presença", é animado por uma "espiritualidade contemplativa" e alimenta um "pessimismo sobrenaturalista" com relação ao mundo, que Thils via convergente com o pessimismo protestante, com o pessimismo existencialista expresso no romance filosófico A náusea (1938), de Sartre, e com o pessimismo da geração que viu as destruições e as ruínas da guerra.
À pergunta, expressa no título de um livrinho seu de 1950, Transcendência ou encarnação?, o teólogo lovaniense respondia: transcendência e encarnação, mas era evidente que é o cristianismo de encarnação que faz a síntese, enquanto o cristianismo de transcendência corre o risco de evasão, o misticismo, o pessimismo.
Em síntese, essas eram as posições que se confrontavam. Bouyer e Daniélou, de um lado; Thils Malevez, de outro eram os representantes mais conhecidos e mais citados das duas posições em campo, escatologismo e encarnacionismo, na teologia católica de língua francesa do pós-guerra. As duas posições também se remetiam a duas revistas respectivas, ou seja, a posição escatologista à Dieu Vivant, que foi publicada de 1945-1955 e na qual colaboravam de forma estável Gabriel Marcel, Bouyer e Daniélou; e a posição encarnacionista à Esprit, a revista cultural fundada por Mounier em 1932 e na qual colaboravam, principalmente, leigos católicos, mas cujas posições também influenciavam a discussão teológica.
Em 1955, teve início a edição, póstuma, das obras filosóficas e teológicas de Pierre Teilhard de Chardin, onde foi definitivamente teorizada uma convergência de fundo entre reino de Deus e esforço humano, entre religião do Ao-Alto [En-Haut] e religião do À-Frente [En-Avant], entre adoração e busca. Segundo a terminologia dos anos 1940 e 1950, é preciso dizer que Teilhard de Chardin é o mais ilustre e o mais decidido representante de uma concepção encarnacionista do cristianismo.
B. Besret, que traçou a história do léxico teológico focalizado na disjunção "encarnação ou escatologia?", começa a sua análise com 1935, isto é, a partir do artigo de Congar já citado no comentário conclusivo de uma investigação sobre as razões da incredulidade nos diversos ambientes da sociedade francesa, promovida pela La Vie Intellectuelle nos anos 1933-1935, em que falava de "fé desencarnada" e propunha superar o "divórcio" entre Igreja e mundo; e a terminava em 1955, quando cessaram os cahiers da revista Dieu Vivant, que havia constituído a tribuna da posição escatologista.
O Concílio Vaticano II, ao tratar das complexas relações entre Igreja e mundo, deu indicações que se colocam em uma linha teológica e pastoral, que poderia ser definida como de encarnacionismo moderado. Afirma a constituição pastoral Gaudium et Spes (1965): "Por conseguinte, embora o progresso terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do reino de Cristo, todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor organização da sociedade humana, interessa muito ao reino de Deus" (n. 39) [2].
Na teologia pós-conciliar, depois, emergiriam linhas de reflexão, que podem ser vistas como uma "retomada", em outro contexto histórico e com outras metodologias, da teologia da história (ou de algumas de suas temáticas, como a relação entre salvação e história), ou seja, uma reflexão teológica sobre os problemas relativos à práxis dos cristãos na história e na sociedade (teologia política e teologia da libertação) [3].
2. Dimensão cósmica e futúrica da Encarnação
Se agora nos transferirmos dos textos conciliares para a teologia do pós-Concílio, gostaria de me referir a uma obra maior e de autoridade do pós-Concílio, isto é, a Introdução ao cristianismo, de Joseph Ratzinger, publicada na língua original alemã em Munique em 1968, que reproduz as lições sobre o Credo, proferidas pelo teólogo então com 40 anos na Universidade de Tübingen, no semestre de verão de 1967, em um curso destinado, segundo uma culta tradição da Europa Central, aos auditores de todas as faculdades. Nas análises de Ratzinger, faz-se um notável uso da visão de Teilhard de Chardin para ilustrar a teologia da encarnação na sua dimensão cósmica e de futuro.
O ser humano, para Teilhard – assim argumenta o teólogo Ratzinger – é uma mônada, que pode se tornar integralmente ela mesma somente quando deixa de estar sozinha. A mônada humana se insere no movimento da evolução, entrando em um processo de complexificação. O ser humano é um ponto terminal no devir do mundo, mas é um elemento que aspira a uma totalidade, que o abrace, sem aniquilá-lo. A estabilidade não é dada, positivisticamente, pela massa, pela matéria cinzenta, pela coesão das coisas, mas sim "pelo entrecruzar-se das coisas a partir do alto".
Escreve Ratzinger: "A fé cristã não é só olhar retrospectivo para o passado, um ancorar-se em uma origem situada em um tempo atrás de nós; pensar desse modo significaria acabar no romantismo e em uma simples restauração. Ela também não é pura contemplação do eterno, porque isso seria platonismo e metafísica. É também e sobretudo olhar à frente, sopro de esperança. Certamente, não apenas isso: a esperança se tornaria uma utopia, se o seu fim fosse unicamente um produto do ser humano. É autêntica esperança justamente pelo fato de estar inserida no sistema de coordenadas constituído por todas as três grandezas: o passado, ou seja, abertura, irrupção já ocorrida; o presente do Eterno, que dá unidade ao tempo fragmentado; o futuro, em que Deus e o mundo se encontrarão, e assim realmente Deus estará no mundo e o mundo, em Deus, como ponto Ômega da história".
E continua: "A partir da fé cristã se poderá dizer: no fim da história, está aquele Deus mesmo que está no princípio do ser. Nisso se delineia o vasto horizonte do ser-cristão, que o distingue tanto da pura metafísica, quanto da ideologia do futuro própria do marxismo. De Abraão até o retorno do Senhor, a fé cristã caminha ao encontro d´Aquele que há de vir. Mas em Cristo ela já conhece agora o rosto d´Aquele que há de vir: será o homem capaz de abraçar a humanidade, porque perdeu a si mesmo e esta em Deus" [4].
O teólogo Ratzinger apelava ao pensamento de Teilhard de Chardin, que ele meditava, como evidenciado pelas citações, desde uma das primeiras introduções ao seu pensamento – a conhecidíssima Introduction à la pensée de Teilhard de Chardin, de Claude Tresmontant (Ed. Seuil, 1956) (lida na rápida tradução alemã pela editora Herder, Friburgo, em 1961, e, portanto, bem no meio do intenso debate desencadeado pela revista Divinitas, de Latrão, em 1959).
A obra de Ratzinger, que utiliza ampla e positivamente a visão evolutiva de Teilhard de Chardin, com a única nota de que usa "uma linguagem biologista", remonta a 1967-1968, a poucos anos do Monitum do Santo Ofício de 1962, e demonstra que, na grande teologia católica, em poucos anos, estamos além da disputa sobre a ortodoxia do seu pensamento e na fase de uma utilização positiva do seu pensamento.
Essa visão de totalidade, em que se insere o evento do Cristo, também se encontra sublinhada pelo cardeal Carlo Maria Martini naquele seu livro surpreendente e confidencial, que deve ser lido, os Diálogos noturnos em Jerusalém, de 2008, em que escreve: "Eu olho para o futuro. Quando vier o Reino de Deus, como ele será? Depois da minha morte, como encontrarei Cristo, o Ressuscitado? Teilhard de Chardin sempre me entusiasmou, ele que vê o mundo prosseguir rumo à grande meta, onde Deus é tudo em todos. A sua utopia é uma unidade que atribui a cada um o seu lugar pessoal, transparente e aceito por todos os outros. O que é pessoal permanece, mas em Deus somos um. A utopia é importante: só quando você tem uma visão, é que o Espírito te eleva acima de conflitos mesquinhos" [5].
3. No diálogo intercultural e inter-religioso: a figura do Cristo universal
Teilhard de Chardin não era um teólogo de profissão, mas as suas reflexões contribuíram para abrir um vastíssimo campo de trabalho para os teólogos, em particular realizaram aquela que foi chamada de uma "dinamização da cristologia" (G. Crespy).
"Eu sinto que se torna mais urgente do que nunca no íntimo do meu ser – escrevia Teilhard em uma das suas Cartas de viagens – a grande questão de uma Fé (uma ´cristologia´), que anime ao máximo as forças de hominização (ou, e é o mesmo, as forças de adoração)" [6].
A sua reflexão cristológica se move passando por três planos, nem sempre, metodologicamente, claramente distintos entre si: de um ômega como ponto de maturação planetária, alcançado como hipótese no âmbito da análise fenomenológica, do processo evolutivo; a um Ômega divino, pessoal e transcendente, motor para a frente do processo evolutivo, alcançado como hipótese filosófica; e finalmente ao Cristo da revelação como verdadeiro e real Ômega da evolução, alcançado através de um ato de fé teologal e de uma investigação teológica.
A obra de teológica  de Teilhard, portanto, consiste na tentativa de explicar como o Cristo da revelação pode ser identificado como o Ômega da evolução, ou, em termos tipicamente teilhardianos, como pode haver, revelando-se a estrutura do cosmos como cosmogênese, uma cristogênese, da qual P. Schellenbaum finamente reconstruiu seu desenvolvimento e tecitura teórica.
Teilhard, "o cristão fiel na terra" (P. Grenet), está em busca do Cristo universal. Ele anota no seu Diário no dia 19 de agosto de 1920: "São Bruno, diz o padre de Grandmaison, quis imitar o Cristo-solitário; São Francisco viu e quis fazer com que o Cristo-pobre reinasse; São Domingos, o Cristo-verdade; Santo Inácio, o Cristo-cabeça. Quem, portanto, virá e encontrará o meio para fazer reinar praticamente o Cristo Alfa e Ômega, o Cristo de São Paulo, o Cristo universal? Que eu seja, com a minha vida ou com a minha morte, o ínfimo precursor desse homem e desse movimento […]" [7].
Quase todos os títulos que Teilhard atribui a Cristo na sua reflexão cristológica podem se remeter a esse do Cristo universal, assim como as suas nuances e articulações: o Cristo cósmico é o Cristo visto como princípio de consistência de todas as coisas (in quo omnia constant); o Cristo Ômega é o Cristo entrevisto como ponto pessoal terminal ao qual tendem todas as coisas e que a todas as coisas dará cumprimento e recapitulação (ad quem omnia tendunt); o Cristo Evoluidor é o Cristo entendido como princípio energético-amorizzante que anima o processo do mundo e o devir do fenômeno humano.
Se a evolução universal tem uma direção e um sentido, se ela terá um resultado final positivo e uma consumação final, se os seres humanos conservarão o gosto da ação e não se determinará uma greve de dimensões noosféricas, isso só pode ser entendido no Cristo universal.
No pensamento de Teilhard, teologia e ciência se encontram no delineamento de uma convergência de fundo entre reino de Deus e esforço humano, entre religião do Ao-Alto e religião do À-Frente, entre adoração e busca. Concluindo um estudo sobre Teilhard de Chardin, eu indicava esse texto, retirado do seu epistolário, como particularmente apto a identificar a preocupação "teológica" que animava o jesuíta cientista: "Fora da Igreja, há uma imensa quantidade de bondade e de beleza que, sem dúvida, não se cumprirá senão no Cristo, mas que, à espera de que isso ocorra, existem e com as quais é preciso que nos simpatizemos, se quisermos assimilá-las a Deus. Anteontem, diante de um auditório sino-americano, um simpaticíssimo professor de Harvard nos expunha, com toda a simplicidade e humildade, o seu modo de entender o despertar do pensamento na série animal. Eu refletia sobre o abismo que separa o mundo intelectual, em que eu me encontrava e do qual compreendia a língua, do mundo teológico e romano, cujo idioma também me é conhecido. Depois de um primeiro choque diante da ideia de que esse idioma também poderia e deveria ser tão real quanto aquela, eu disse a mim mesmo que, talvez, eu era capaz, falando a primeira língua, de fazer com que ela expresse legitimamente o que o outro idioma conserva e repete nas suas palavras que se tornaram incompreensíveis para muitos. Por mais bizarro que isso possa ter me parece no início, acabei me dando conta de que, hic et nunc, o Cristo não era alheio às preocupações do professor Parker, e que, com o seu subsídio de algumas mediações, se poderia fazer com que ele passasse da sua psicologia positivista a uma certa perspectiva mística. Essa constatação me reconfirmou. Oh! Essas são as Índias, que me atraem mais do que as de São Francisco Xavier! Mas que enorme problema, não mais de ritos, mas de ideias, deve ser resolvido antes de poder convertê-las realmente" (carta de Pequim, 1926) [8].
E. Borne instituiu uma instrutiva comparação entre Pascal e Teilhard: ambos de Auvergne e ambos cientistas: "Pascal ou o encontro dramático do homem clássico com o espaço. Teilhard ou o encontro dramático do homem moderno com o tempo" [9]. A resposta de Pascal aponta para a desproporção do ser humano: o ser humano, na nova imagem do mundo, se sente materialmente diminuído, mas espiritualmente engrandecido, e abre-se assim um novo caminho para uma metafísica do espírito.
Teilhard responde propondo uma nova leitura da evolução, apontando, através da lei da complexidade-consciência, para o "fenômeno humano" como o fenômeno que dá inteligibilidade e significado ao processo evolutivo convergente no ômega: "Graças a Teilhard, graças a Pascal, uma crise do espírito, de dimensão histórica e que representa a maior interrogação de um século, se voltou ao benefício do espírito".
Para B. de Solages, Teilhard de Chardin também é "o maior apologista do cristianismo depois de Pascal" [10]. Para Daniélou, em um genial artigo na revista Études (1962), a obra de Teilhard, para além das lacunas, também continua sendo fecunda para o nosso tempo, pois ele foi capaz de encontrar uma saída para um certo número de becos sem saída (como a oposição entre ciência e fé, entre vida espiritual e tarefas temporais, entre unificação do mundo e tarefa pessoal) e de reencontrar a harmonia católica de natureza e graça: "Ele reúne a tríplice dimensão bíblica do ser humano: o domínio do mundo através da tecnologia, a comunidade das pessoas através do amor, a abertura a Deus através da adoração: técnica, amor, adoração são as três dimensões do universo. Se uma só faltar, o universo é plano, e a mensagem de esperança que Teilhard nos dá é que essas três dimensões, longe de se opor umas às outras, convergem, conspiram juntas, de modo a nos autorizar a esperar, pelo acréscimo da técnica e da unidade, um acréscimo da adoração. É um desafio soberbo! E mesmo assim é magnífico que tenha sido lançado".
Em particular, a grande categoria cristológica do "Cristo universal" pode ajudar, no atual contexto de globalização, a teologia cristã a superar a posição (fundamentalista) do "Cristo contra as religiões" para situar o pensamento cristão no horizonte do "Cristo nas Religiões ", para um cristianismo relacional que pratica o respeito, o diálogo e a colaboração entre as culturas e as religiões do mundo [11].
Segundo uma célebre distinção dos anos 1980 feita pelo teólogo católico norte-americano Paul Knitter, ao menos três são as atitudes fundamentais da teologia cristã com relação às culturas e às religiões.
A primeira é a do fundamentalismo, "Cristo contra as Religiões", hoje não mais proponível.
A segunda é a do inclusivismo ou de um cristianismo relacional, segundo a expressão do teólogo francês Claude Geffré, que a retoma e a reelabora. De acordo com essa atitude, tudo o que existe de verdadeiro e de bom nas religiões encontra o seu cumprimento no Cristo escatológico, que também é assumido na específica conotação teilhardiana do "Cristo universal". Essa é a posição mais criativa e mais difundida na teologia católica, que mantém unidas unicidade e universalidade do evento cristão.
Acrescento uma terceira atitude, expressada como o "Cristo com as Religiões", que expressa o conceito pluralista, segundo o qual Cristo é um dos caminhos – juntamente com outros – que leva, para além dos vales das diversas práticas e crenças, ao pico da Transcendência. Essa posição leva  o nome de "teologia pluralista das religiões" e não é acolhida pelo magistério da Igreja Católica.
Em síntese, Teilhard de Chardin, com a sua visão de totalidade do devir evolutivo do mundo – como se expressa o teólogo Joseph Ratzinger na sua famosa Introdução ao cristianismo de 1968 –, fornece a categoria cristológica do "Cristo universal", adaptada para inserir o cristianismo no tempo da globalização, em um contexto de relacionalidade, dialogicidade e colaboração entre as culturas e as religiões do mundo.
Termina assinalando um texto singular de Teilhard de Chardin, uma carta enviada da China no dia 7 de janeiro de 1934 a um teólogo francês amigo seu, Bruno de Solages. A sua permanência de 20 anos na China o colocou em contato com ateus, agnósticos, confucionistas e budistas, e com poucos cristãos e, assim, ele sentiu o sentido de lhes comunicar a mensagem cristã como "religião do Evangelho" (como se expressa o teólogo francês Claude Geffré), que o torna um precursor daquele projeto cultural que agora leva o nome de "Átrio dos Gentios", como espaço de encontro entre aqueles que acreditam no ser humano e se interrogam sobre o sentido último da aventura humana e do mundo "Respondendo a Bruno de Solages, repeti a ele o quanto o mundo espera, no Extremo Oriente, um livro sobre a essência do cristianismo, ou sobre o ponto de vista cristão, contraposto ao budista ou confucionista, um livro que deveria ser traduzido em todas as línguas. Mas deveria ser algo com o sopro e a serenidade do último livro de Bergson. Um desenvolvimento natural e estruturado de ideias: a gênese de uma fé no Cristo a partir da fé simples no ser (...) E a paixão pela verdade. Quem nos dará essa Summa ad Gentiles?" [12].
A Summa ad Gentiles, idealizada por Teilhard de Chardin, ainda está sendo escrita por obra da teologia cristã, na sua "paixão pela verdade" e na sua vastidão ecumênica e global.
Notas:
1. Cfr. W. KASPER – G. AUGUSTIN, La sfida della nuova evangelizzazione. Bréscia: Queriniana, 2012.
2. Talvez sejam essas as palavras conciliares que trazem a marca mais profunda da visão teilhardiana.
3. Cf. R. GIBELLINI, La teologia del XX secolo. Bréscia: Queriniana, 1992, 278ss. Trad. fr., Panorama de la théologie au XX e siècle. Paris: Cerf, 2004, 299ss.
4. J. RATZINGER, Einführung in das Christentum. Munique: Kösel, 1968, 191-197. Trad. it, Introduzione al cristianesimo. Bréscia: Queriniana, 2005 (nova edição), 226-233.
5. CARLO MARIA MARTINI, Conversazioni notturne a Gerusalemme. Milão: Mondadori, 2008, 62.
6. P. TEILHARD DE CHARDIN, Lettres de voyage (1923-1955). Paris: Grasset, 956, 346 (carta do dia 6 de setembro de 1953).
7. Cit. in P. SCHELLENBAUM, Le Christ dans l’énergétique teilhardienne. Paris: Cerf, 1971, 270 (o texto é de 1920).
8. Cit. in R. GIBELLINI, Teilhard de Chardin: l’opera e le interpretazioni. Bréscia: Queriniana, 2005 4 (ed. atualizada), 271.
9. É. BORNE, De Pascal à Teilhard de Chardin. Clérmont-Ferrand: Bussac, 1963, 39.
10. Cf. anche CARD. AVERY DULLES, Storia dell’Apologetica, trad. it.: Verona: Fede e Cultura, 2010, 315-321.
11. Cf. CLAUDE GEFFRÉ, De Babel à Pentecôte. Essais de théologie interreligieuse. Paris: Cerf, 2006; ID., Le christianisme comme religion de l’Évangile. Paris: Cerf, 2012.
12. Cf. C. CUÉNOT, L’evoluzione di Teilhard de Chardin (1958). Milão: Feltrinelli, 1962, 295-296.
O artigo foi publicado em Teologia@Internet, blog da Editora Queriniana, 11-01-2013.