terça-feira, 12 de novembro de 2013

Santíssima Trindade, a maior força do mundo


No mais íntimo dos fatos, religião e mundo moderno não andam muito distantes entre si.

A ideia do Deus uni-trino se impõe de tal forma que a humanidade entra no esquema, mesmo sem perceber.
Por Dom Aloísio Roque Oppermann

Foi um grande equívoco de Kant – de resto grande filósofo – o menosprezo que demonstrou para com o mistério da Trindade. Ele chegou a confidenciar que, para ele, a Trindade ter três pessoas ou dez é a mesma coisa. Ao contrário, uma das pessoas mais inteligentes da História, Santo Agostinho, ensinou que não existe estudo mais frutuoso do que o dos Divinos Três. É um ensinamento que pode dar a aparência de ingenuidade, mas de fato é um pensamento motriz. E nem existe idéia capaz de superá-lo em consequências, mesmo políticas.

Hoje quero lembrar os amigos, da influência decisiva que as Divinas Pessoas exercem sobre o mundo dos homens, mesmo de modo inconsciente. No mais íntimo dos fatos, religião e mundo moderno não andam muito distantes entre si. A ideia do Deus uni-trino se impõe de tal forma que a humanidade entra no esquema, mesmo sem o perceber. “Até os inimigos vos bajulam pelos vossos grandes feitos”. Todas as grandes idéias estão encerradas dentro desse mistério.

O Pai Criador é reconhecido pelos esforços da humanidade em defender a Ecologia. Proteger os animais e as plantas, bem como todas as riquezas da natureza, é sentir-se encarregado pelo Pai Celeste de usar de tudo, mas também cuidar em conservar com zelo. O esforço sem fim pelas descobertas, que espicaçam a curiosidade humana, é ir ao encalço do Criador e saber como Ele fez todas as coisas. O esforço a ser feito é ciclópico. Só descobrimos, até agora, 5% de toda a natureza.

O Filho Salvador é reconhecido no esforço perpétuo de reconhecer a dignidade da pessoa humana, a igualdade de todos perante Deus, seja por motivos de raça ou de sexo. Mas também a busca da superação das doenças é reconhecer como Jesus curava os males de todas as pessoas. Até os partidos políticos e as grandes revoluções da História seguem os princípios de Cristo quando demonstrou preferência pelos mais fracos.

O Espírito da Vida é reconhecido indiretamente, na eterna busca da paz, que a humanidade se esforça por alcançar. Também quando se faz esforços pelo Ecumenismo, pela boa convivência entre os povos, pela busca psicológica do sentido da vida. Tudo isso nasce da atribuição do Paráclito de ser o Deus que dá o sentido derradeiro da vida. “Vós me ensinais vosso caminho para a vida” (Sl 16, 11).
CNBB, 28-10-2013
*Dom Aloísio Roque Oppermann é arcebispo emérito de Uberaba.