sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Comunicado

Informamos aos paroquianos que a missa do dia 12/10 será às 8h.


No dia 18/10 não haverá missa das 10h, todos estão convidados a participarem da caminhada sim a vida.

Instituição familiar


Entendo que o amor familiar, conforme os ensinamentos do Evangelho, está desaparecendo.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto*
Tem sido muito difícil entender os rumos da cultura dentro da chamada “mudança de época”. No cenário visualizado dos últimos tempos, conseguimos ver, com muita facilidade, a crise de valores. Ficamos até nos interrogando se o que víamos como valor, era realmente valor. Onde está o erro, no passado, ou no presente. Nem sei se isto pode ser medido a partir das consequências apresentadas!
A família foi sempre compreendida como um grande valor. Ela, sem dúvida nenhuma, deixou um legado muito importante para a sociedade do passado. Será que podemos dizer o mesmo nos dias de hoje? Existe a tentativa da formatação de novos valores familiares, provocando grandes crises, que afetam fortemente o itinerário social. Estamos passando da realidade para prática de ideologias.
Entendo que o amor familiar, conforme os ensinamentos do Evangelho, está desaparecendo. Ele deixou de ser verdadeiro, de comprometimento, e é praticado como ato de satisfação imediata e sem compromisso mútuo. O amor exige sacrifício e doação de vida de um para o outro. Deve crescer com o tempo e não cair no esvaziamento, provocando situações desagradáveis.
Alguns detalhes são fundamentais, isto é, valores que não podem faltar na instituição familiar: o diálogo, o respeito mútuo, a igualdade e a paz. Será que o individualismo, a cultura midiática e virtual têm permitido que esses valores sejam realmente valores para a família? Ou estamos num mundo de inversão de valores!
Pela natureza humana, ninguém existe para viver na solidão e nem numa situação abaixo dos animais. Também não estamos num contexto patriarcal familiar onde um manda mais do que outro, dificultando a convivência. Não pode haver submissão e nem desrespeito pela individualidade do outro. Há, sim, unidade na diferença, no diálogo e no discernimento.
Temos que saber entender os limites e os sofrimentos que acompanham o ser humano, mas encará-los com muita dignidade, deixando-nos conduzir na busca da perfeição. Certas facilidades são enganosas e fazem a pessoa perder a direção, o rumo e acaba terminando a vida de forma totalmente infeliz.
CNBB 29-09-2015.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba.

Evangelho do Dia

B - 09 de outubro de 2015

Lucas 11,15-26

Aleluia, aleluia, aleluia.
Agora o príncipe deste mundo há de ser lançado fora; quando eu for elevado da terra, atrairei para mim todo ser (Jo 12,31s). 


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
11 15 Jesus estava expulsando um demônio e alguns diziam: “Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios”.
16 E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu.
17 Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: “Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros.
18 Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul.
19 Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes!
20 Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus.
21 Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens que possui.
22 Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos.
23 Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha.
24 Quando um espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; não o achando, diz: ‘Voltarei à minha casa’, donde saí.
25 Chegando, acha-a varrida e adornada.
26 Vai então e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele e entram e estabelecem-se ali. E a última condição desse homem vem a ser pior do que a primeira”.
Palavra da Salvação.


 

Comentário do Evangelho
O DEDO DE DEUS NA HISTÓRIA HUMANA
A interpretação maliciosa dos milagres oferece a Jesus a chance de explicar-lhes o verdadeiro sentido deles. Engana-se quem os atribui a um possível conluio do Mestre com Belzebu. Mas quem se recusa a sintonizar com ele, dificilmente aceitará sua explicação.
Os milagres indicam que o reinado de Deus implantou-se na história humana, de forma a neutralizar a ação do Demônio. Este adversário do Senhor procura manter o ser humano escravo de seus caprichos e impedi-lo de ser solidário e serviçal, impossibilitando-lhe viver a comunhão fraterna. Esta ação desumanizadora coloca a pessoa na contramão do projeto de Deus, dificultando a ação da graça.
Os milagres de Jesus são o sinal da atuação do dedo de Deus na história humana. Em outras palavras, as pessoas não estão entregues à própria sorte. Elas têm quem as defenda contra as investidas do inimigo. A ação divina é humanizadora, resgata o ser humano para o Reino.
Todos os milagres de Jesus tinham esta mesma orientação básica. Nos exorcismos, porém, esta vertente de sua ação ficava mais evidente. Os endemoninhados comportavam-se de modo tão anti-social, a ponto de tornar perigosa a convivência com eles.
A cura operada por Jesus restituía-lhes a dignidade humana. Só por obra de Deus isto era possível.

 
Leitura
Joel 1,13-15;2,1-2
Leitura da profecia de Joel.
1 1 Oráculo do Senhor dirigido a Joel, filho de Fatuel.
2 Ouvi isto, anciãos, estai atentos, vós todos habitantes da terra! Aconteceu uma coisa semelhante em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?
3 Narrai-o a vossos filhos, vossos filhos a seus filhos, e estes à geração seguinte!
4 O que a lagarta deixou, o gafanhoto devorou; o que deixou o gafanhoto, o roedor devorou; e o que ficou do roedor, o devastador comeu.
5 Despertai, ó ébrios, e chorai; bebedores de vinho, lamentai-vos, porque o suco da vinha foi tirado da vossa boca!
6 Minha terra foi invadida por um povo forte e inumerável; seus dentes são dentes de leão, e tem mandíbulas de leoa.
7 Devastou o meu vinhedo, destruiu minha figueira, descascou-a completamente, lançou-a por terra e seus ramos tornaram-se brancos.
8 Clama como uma virgem cingida de saco para chorar o prometido de sua juventude.
9 Já não há oferta nem libação no templo do Senhor. Os sacerdotes, servos do Senhor, estão de luto.
10 Os campos estão devastados, o solo enlutado. O trigo foi destruído, o mosto perdido, o óleo estragado.
11 Os lavradores estão desamparados, os vinhateiros lamentam-se por causa do trigo e da cevada, porque a colheita foi destruída.
12 A vinha secou, a figueira murchou; a romãzeira, a palmeira, a macieira, todas as árvores definham; a alegria, envergonhada, foi para longe dos homens.
13 Revesti-vos de sacos, sacerdotes, e batei no peito! Lamentai-vos, ministros do altar! Vinde, passai a noite vestidos de saco, servos de meu Deus!
15 Clamai ao Senhor: “Ai, que dia!” O dia do Senhor, com efeito, está próximo, e vem como um furacão desencadeado pelo Todo-poderoso.
1 Tocai a trombeta em Sião, dai alarme no meu monte santo! Estremeçam todos os habitantes da terra, eis que se aproxima o dia do Senhor,
2 dia de trevas e de escuridão, dia nublado e coberto de nuvens. Tal como a luz da aurora, derrama-se sobre os montes um povo imenso e vigoroso, como nunca houve semelhante desde o princípio, nem depois haverá outro até as épocas mais longínquas.
Palavra do Senhor.

 
Salmo 9A(9)
O Senhor há de julgar o mundo inteiro com justiça!
O Senhor, de coração vos darei graças,
as vossas maravilhas cantarei!
Em vós exultarei de alegria,
cantarei ao vosso nome, Deus altíssimo!

Repreendestes as nações, e os maus perdestes,
apagastes o seu nome para sempre.
Os maus caíram no buraco que cavaram,
nos próprios laços foram presos os seus pés.

Mas Deus sentou-se para sempre no seu torno,
preparou o tribunal do julgamento;
julgará o mundo inteiro com justiça
e as nações há de julgar com equidade.

 
Oração
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a nossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Pautas sobre a família


Centenas de participantes estão reunidos com o Papa Francisco no Sínodo dos Bispos, em Roma, para refletir uma realidade que diz respeito a todos: a família. A instituição familiar exige das organizações governamentais e não governamentais, segmentos todos da sociedade, especial atenção. A família - alicerce da vida pessoal, comunitária e social - não deve ser tratada de qualquer maneira. Por isso, a Igreja, de modo comprometido e sério, debruça-se sobre a família, em uma escuta ampla, sensível a diferentes culturas. Considera os muitos desafios e problemas, iluminando-os com sua sólida e inegociável doutrina.

A retomada indispensável de referências doutrinais não deve ser entendida como um enrijecimento diante das mudanças que marcam a cultura contemporânea. A doutrina cristã católica sobre a família não é uma “camisa de força”. É um horizonte norteador que qualifica a Igreja no exercício de sua missão. Desse patamar seguro, pés firmados na verdade e no amor, podem ser enfrentados os enormes desafios que estão afetando a vida familiar na atualidade, a realidade na casa de cada um de nós.

Ilusório, obviamente, seria pensar em mudança doutrinal diante de valores inegociáveis que alicerçam a família. Essa base é referência imprescindível para encontrar as respostas novas, que permitam a qualificação indispensável de homens e mulheres para cumprirem sua tarefa e missão como integrantes de grupos familiares. Iluminada por esses valores, as famílias tornam-se caminhos novos que levam a sociedade a afastar-se de suas muitas decadências.

Por ser tão determinante, uma realidade complexa, a família reúne também um conjunto complexo de pautas a serem profundamente analisadas. É importante pensá-la a partir das diferentes perspectivas científicas, considerar as muitas culturas, necessidades e as profundas mudanças na contemporaneidade. A Igreja sabe do enorme desafio que é buscar caminhos para que essa instituição continue a ser lugar de processos educativos determinantes na formação de cidadãos.  Muito importante é a compreensão e indispensável é o respeito à natureza cristã da família, quanto à sua formação e ao seu funcionamento. Trata-se de clarividência e fidelidade que contribuem para fazer dessa realidade relacional um ambiente melhor e que ajude as pessoas no exercício de tarefas cidadãs, com respeito a princípios éticos e morais. Uma escola que também forma líderes capazes de impulsionar a sociedade na direção do bem, da justiça e da paz.

É preciso compreender a família na sua configuração antropológica, iluminada pela claridade de valores inegociáveis que definem os seus rumos como lugar de determinantes processos educativos. Ora, a experiência familiar pode fazer avançar a humanidade ou comprometê-la, pois formata a assimilação de modelos que orientam dinâmicas do cotidiano, as condições de inserção em processos sociais e políticos. As instituições e instâncias todas da sociedade têm grande responsabilidade quanto ao tratamento dado à família e ao que define a sua essencialidade.  O Sínodo dos Bispos é a Igreja Católica iluminando-se em inesgotável fonte de tradição e valores para encontrar caminhos no enfrentamento de intrincados desafios morais e existenciais, a partir da sua tarefa missionária, espiritual e humanitária.

Nessa missão, a Igreja, conforme afirma o Papa Francisco, se insere como um “hospital de campanha”, em plena guerra de ideologias e de perigosas relativizações. Acolhe os feridos para qualificar homens e mulheres no desempenho de tarefas educativas vivendo o amor e por amor, à luz da fé. Busca, assim, fazer com que cada casa, lugar sagrado, seja antídoto para a deterioração da sociedade contemporânea. Modelos rígidos, pouco humanistas, laxistas ou moralistas, incapazes de considerar cada pessoa como única, sem abertura à solidariedade, e com o cultivo suicida do fechamento à espiritualidade, manterão vidas em prisões a céu aberto.

Orientada por sua sólida doutrina, a Igreja Católica se desafia para encontrar modos e dinâmicas que façam da vida familiar um lugar capaz de formar homens e mulheres marcados pelo humanismo. Não se trata absolutamente de mudanças de práticas burocráticas, ou de relativizações pelas fragilidades da cultura contemporânea. Com a iluminação teológica e da fé, em estreita fidelidade a princípios e valores, a Igreja Católica busca, assim, contribuir para que a sociedade não se acomode nos parâmetros da mediocridade. Todos devem investir para que a família, cada vez mais, seja a grande escola da educação, da santidade e da vida. De pequenas a significativas intervenções, dinâmicas precisam ser intuídas a partir da cooperação e empenho de cada pessoa. Eis o desafio. São muitas as pautas sobre a família.

Dom Walmor Oliveira de AzevedoO arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante os exercícios de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB - Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas.