quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Quem é quem?


De fato, Deus nos criou à sua imagem e semelhança.
Por Dom José Alberto Moura
Jesus pergunta aos discípulos sobre o que pensam a respeito de sua identidade. Pedro manifesta sua profissão de fé no Mestre como sendo o Messias (Cf. Mateus 16, 13-17). Em contrapartida Jesus coloca a identidade de Simão como pedra de sua Igreja: "Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la" (Mateus 16,18).
O ser humano só encontra razão de ser na vida quando conhece a identidade de Deus, numa relação de confiança nele, a ponto de realizar a missão por Ele recebida. Usa, então, a vida para cuidar do convívio com o semelhante e com a natureza de modo amoroso e construtivo. De fato, Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Como Ele mostra sua identidade no ato de amar as criaturas, cuidando de tudo para o bem de cada ser, também nos dá a incumbência de cuidar de tudo o que está sob nossa responsabilidade da melhor maneira, afinada com os critérios dele.
Jesus veio nos indicar a maneira de realizar o projeto do Pai. Uma nova ordem pessoal e social deve acontecer. Somente o ser humano é feliz quando dá de si pelo bem do semelhante, mesmo tendo que se sacrificar pela promoção da justiça e do bem comum. Até o uso dos bens materiais, da cultura, do desenvolvimento da ciência, da técnica e da economia devem ser colocados a serviço da dignidade humana. Tudo é de Deus. O ser humano é apenas administrador provisório. Paulo lembra que o proprietário é Deus: "Tudo é dele, por ele e para ele. A ele é a glória para sempre" (Romanos 11,36).
Deus quer o bem de toda criatura. Colocou-nos na terra porque nos ama e quer nosso bem. Mas nos dá a alegria de termos a honra e a felicidade de colocar nossa parte de esforço e boa vontade para nos recompensar de toda a responsabilidade em administrar bem as possibilidades da vida presente. Esta é boa quando a fazemos beneficiadora a todos. Nosso empenho para isso depende de colocarmos nossos talentos e oportunidades para construirmos uma sociedade fraterna e promotora da vida digna para todos. Nessa direção somos responsáveis por construirmos famílias dóceis ao projeto do Criador, bem como política de real serviço à causa comum. Nossa inteligência usada bem nos facilita escolhermos pessoas de bem para o exercício das diversas lideranças na sociedade, seja na política, seja na religião e em todo tipo de organização humana. Quando se tratam de eleições a cargos de serviço à coletividade, a consciência bem formada nos deve levar a superar interesses mesquinhos de grupos e corporações. Assim escolhemos pessoas de bom caráter e com capacidade para o bom exercício dos cargos eletivos.
Quando identificamos bem as pessoas aptas para os serviços à comunidade, damos todo nosso apoio e acompanhamos suas ações para que realmente sejam identificadas com o bem da coletividade. Com a força da profissão de nossa fé, como fez Pedro, somos capazes de assumir nossa missão, conhecida e acionada por Deus, para realizarmos seu projeto de benefício a nós e a todos de nosso convívio. Nossa vocação de resposta a Deus tem a ver diretamente com a identidade da tarefa que Ele nos dá na vida.
Diocese de Marília
Dom José Alberto Moura é arcebispo de Montes Claros (MG).

Capacitação

No dia 13 de janeiro, às 19h30, no salão da igreja de Santo Antônio (Barra de Jangada), a prefeitura fará uma capacitação para leigos sobre o mosquito aedes aegypti.

PROCLAMAS MATRIMONIAIS



02 e 03 de janeiro de 2016



COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:




  • VICTOR DE LIMA OLIVEIRA
E
MILRELLA JÚLIA CORRÊA DA SILVA


  • CÉSAR PINTO LAGES
E
TAÍS DE SÁ FREIRE DE ALMEIDA


  • WAGNER RODRIGUES DE LIMA
E
ALINE TORRES GOMES





                       Quem souber algum impedimento que obste à celebração destes casamentos está obrigado em  consciência a declarar.

COMUNICADO


Dia 31/12 a secretaria só funcionará até as 11h30.
A missa na matriz será às 17h30 e na Orla (calçadão) às 19h00.
Dia 01/01/16 a missa será às 10h00.

Dia 02/01/16 não haverá expediente na secretaria.

Evangelho do Dia

C - 30 de dezembro de 2015

Lucas 2,36-40

Aleluia, aleluia, aleluia.
Um dia sagrado brilhou para nós: nações, vinde todas adorar o Senhor: pois hoje desceu grande luz sobre a terra.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 2 36 havia também uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada.
37 Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
38 Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação.
39 Após terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, à sua cidade de Nazaré.
40 O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
CHEIO DE SABEDORIA E GRAÇA
            A condição de Filho de Deus não impediu Jesus de assumir a humanidade, de forma radical. Na história do cristianismo, não faltaram tendências heréticas que interpretavam a dimensão humana de Jesus como um arremedo de experiência humana. Os docetistas julgavam que as ações de Jesus, enquanto homem, eram pura aparência. Só aparentemente ele sentia fome, se emocionava, se enfurecia diante das injustiças. Sua divindade não era tocada por esses sentimentos inferiores. Outros julgavam que a humanidade de Jesus se privilegiava de sua divindade. Por isso, ele era capaz de saber tudo sobre todas as coisas. Tinha, além disso, um poder sobre-humano de realizar coisas inacreditáveis.
            A fé cristã sempre rejeitou estas interpretações fantasiosas e indevidas da pessoa de Jesus, procurando garantir uma relação conveniente entre humanidade e divindade.
            Sendo verdadeiro homem, Jesus fez a experiência de crescer não apenas em estatura, mas também em sabedoria, coadjuvado pela graça de Deus. Esta dinâmica de crescimento resultava de uma vida humana assumida plenamente no que há de belo e positivo, mas também no que há de negativo, com exceção do pecado. Em tudo estavam sempre implicadas tanto a humanidade quanto a divindade de Jesus, pois sua identidade não padecia de cisão interna. Em sua humanidade, resplandecia sua condição de Filho de Deus.

 
Leitura
1 João 2,12-17
Leitura da primeira carta de são João.
1 12 Filhinhos, eu vos escrevo, porque vossos pecados vos foram perdoados pelo seu nome.
13 Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno.
14 Crianças, eu vos escrevo, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o Maligno.
15 Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai.
16 Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo.
17 O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente.
Palavra do Senhor.
Salmo 95/96
O céu se rejubile e exulte a terra!

Ó família das nações, daí ao Senhor,
Ó nações, daí ao Senhor poder e glória,
Dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!

Oferecei um sacrifício nos seus átrios,
Adorai-o no esplendor da santidade,
Terra inteira, estremecei diante dele!

Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!”
Ele firmou o universo inabalável,
E os povos ele julga com justiça.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que o novo nascimento de vosso Filho como homem nos liberte da antiga escravidão do pecado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Horários para o fim de ano

Paróquia Nossa Senhora das Candeias
Horários para o fim de ano (2015/16):
CONFISSÕES:
Igreja Matriz
21/12 – a partir das19h00
23/12 – das 9h30 às 11h00 e a partir das 19h00
Comunidade de Santo Antônio
23/12 – a partir das 19h00
MISSAS:
Solenidade do Natal do Senhor
24/12 – 17h30 (Missa)
24/12 – 19h30 (Missa)
25/12 – 19h00 (Missa)
Festa da Sagrada Família
26/12 – 19h00
26/12 – 20h15, Cantata Natalina
27/12 – Missa 07h00, 10h00 e 19h00
Noite de Ano-Novo
Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria
31/12 – 17h30 (Missa)
31/12 – 19h00 (Missa no palco do calçadão)

01/01 – 10h00

PROCLAMAS MATRIMONIAIS



19 e 20 de dezembro de 2015



COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:







  • DIEGO FELIPE TORRES DA SILVA
E
JÉSSICA LACERDA ALVES


  • VICTOR DE LIMA OLIVEIRA
E
MILRELLA JÚLIA CORRÊA DA SILVA


  • CÉSAR PINTO LAGES
E
TAÍS DE SÁ FREIRE DE ALMEIDA





                       Quem souber algum impedimento que obste à celebração destes casamentos está obrigado em  consciência a declarar.

O presépio e a vitrine


O que não podemos esquecer é que o Natal é a celebração do nascimento do Filho de Deus.
Por Vinícius Paula Figueira*
Na última semana, ao palmilhar pelas calçadas da cidade e observando as vitrines das inúmeras lojas do comércio, senti certo desconforto: em meio aos manequins, acessórios, sapatos e tantos outros produtos que enchem os olhos dos transeuntes, visualizei discretos presépios.
Em alguns dos estabelecimentos eu parei para contemplar, digamos, o “conjunto”, mas era quase impossível compreender o mistério da tremenda simplicidade misturado (e ou perdido) no meio do sofisticado e superabundante “cardápio” de opções oferecidas ao público. Pior, qual estereótipo à medida que caminhava, o esquema se repetia. Brotavam-se tantas inquietações...
Sim, ao menos tive uma consolação: muitos comerciantes excluíram o velho barbudo do cenário. Pena que muitos não compreendem a espiritualidade que emana do presépio, isto é, a exposição dos símbolos cristãos funcionam como uma espécie de isca. Entendemos que o presépio não pode ser compreendido como um conjunto de peças para enfeitar o Natal. O escritor Octávio Paz escreveu: “O presépio tem que nos impelir a querer voltar para lá (ao estábulo), para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Estamos encantados. Adivinhamos que somos de um outro mundo”.
Na verdade o que não podemos esquecer é que o Natal é a celebração do nascimento do Filho de Deus na História. As celebrações trazem à memória, ou seja, tornam presente e atualiza o mistério celebrado. Rubem Alves pontua: “No passado, os presépios evidenciavam estrelas no céu, uma cabaninha na terra coberta de sapé, Maria, José, os pastores, ovelhas, vacas, burros, misturados com reis e anjos numa mansa tranquilidade”. Não tínhamos tantos acessórios ricos, eletrodomésticos, roupas de marca e outros penduricalhos. Logo, precisamos nos ater no essencial: a celebração deve se focar no fato celebrado. Do contrário, que sentido faz? Seria pura teatralidade”.
Todas as vezes que queremos adaptar o sagrado ao nosso jeito, pecamos. Mas acertamos todas as vezes que adaptamos o nosso jeito ao sagrado. Via de regra, nós vivemos de excessos; o sagrado vive do essencial. É verdade, enfeitar as vitrines como também as nossas casas faz parte da celebração. Evoca-O. Natal também é tempo que muita gente troca presentes, mas o mais importante é ser presença. Precisamos nos conscientizar que o fato celebrado não se confunde com suas representações. Presépio não combina com ouro, muito menos com comércio, afinal, o Menino que nele nasce, foi envolvido com paninhos numa estrebaria, não com roupas finas e outros adereços.
Natal só combina com uma coisa: Alegria. Há quem se alvoroce com faustas ceias, festas, farras, bebidas e outras atrações. Poucas pessoas param pra refletir, por exemplo: qual foi a ceia de Maria, José e o Menino naquela noite fria de Belém? Certamente um pão seco com água. Que sentido faz celebrar o nascimento do Menino no contexto da cultura do consumo e das aparências? É Natal, é melhor reunir-se em e com a família, e se alimentar do silêncio contemplativo daquela criancinha que amansa o universo, do que empanturrar o ego com tantas lambanças e comilanças. Que tal inventar e/ou investirmos num Natal mais evangélico e cristão, como por exemplo, fazer campanhas para minorar a fome de alguma família, reconciliar-se com alguém cujas relações não fluem; sorrir mais, abraçar mais, rezar mais, amar mais...
Portanto, o presépio não combina com as amostras dos palpitantes produtos que enfeitiçam os sentidos expostos nas vitrines. A beleza e o luxo estampados nas vitrines não combinam com a simplicidade da família de Nazaré. Ou seja, o natal comercial apenas pega carona no maravilhoso evento de Salvação, mas não pode fixar-se nele. O presépio tende a nos ensinar a arte da partilha com os pobres que continuam a sofrer nas grutas e nos estábulos fabricados pela sociedade consumista e indiferente à sorte daqueles que são obrigados a contentarem-se com as migalhas que caem das mesas dos ricos. E olhe lá...
A12 03-12-2015.

A Voz da Diocese


Na fragilidade de uma criança, está a força de Deus.
Por Dom José Gislon*
Estimados Diocesanos! Faltam poucos dias para celebrarmos o Santo Natal, e gostaria imensamente de poder falar a vocês de Jesus, para que vocês possam conhecê-lo, acolhê-lo no coração, na vida, na caminhada de fé, na família e na comunidade. Não apresento a vocês um guerreiro, mas um pacificador, aliás, o príncipe da paz, que traz consigo o poder, a força e o mistério de Deus, como também o amor, a ternura, a compaixão e a misericórdia do Pai. Alguém dotado dos poderes divinos porque Filho de Deus, mas que por amor a nós, assumiu a condição humana com toda a sua fragilidade.
Em Jesus menino, adolescente, jovem e adulto, o divino e o humano se integram para viver a realidade da nossa condição humana, tão bela porque somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Mas que ao mesmo tempo sofre as dores provocadas pela falta de justiça, de amor, de caridade, de compaixão e de misericórdia, que se manifestam nas relações interpessoais, no cuidado da vida e da vida da casa comum.
Na fragilidade humana, Jesus experimentou a exclusão, precisou nascer numa gruta, porque não havia lugar para seus pais na hospedaria. Foi colocado numa manjedoura como recém-nascido, por não ter havido um berço para acolhê-lo. E vivendo a experiência da fragilidade humana, pode sentir e valorizar o amor, o carinho e a ternura de uma família. Uma família em condições muito limitadas do ponto de vista econômico, porém enriquecida pela graça de Deus, porque na simplicidade não deixou faltar o amor, soube acolher e proteger a vida, mesmo em condições difíceis.
Pode acontecer que em meio a tantas preocupações, com o trabalho, com as férias e as festas, ou em arrumar a casa para receber as visitas, você ainda não tenha tido o tempo de colocar em dia a casa interior, isto é, o espaço do coração para acolher Jesus, e assim poder participar com a alegria dos anjos desta festa divina e humana, que une o céu e a terra, num júbilo de comunhão e de fraternidade, porque Deus está entre nós, na fragilidade, na força e na ternura de seu Filho Unigênito, nascido em Belém.
Desejo a todos um Feliz e Santo Natal!
CNBB 16-12-2015
*Dom José Gislon é bispo de Erexim (RS).

Natal: um encontro que se torna história


Chamado que evoca, convoca, provoca, arrasta ao encontro com Deus.
Por Dom Fernando Mason*

Desta vez não falemos diretamente do Natal.

É que “Natal” é a celebração grata de uma presença que gera e rege uma comunidade chamada “Igreja” e, nela, rege inúmeras pessoas, chamadas cristãs. Isto é, concretamente o Natal se torna Igreja com sua história, se torna pessoas também e cada uma com sua história.
O que é a Igreja? Para ter acesso à estrutura interna da Igreja é bom partir daquilo que rezamos no Credo: creio na “santa” Igreja. Os santos da Igreja nos revelam a estrutura interna da própria Igreja.
Usualmente, quando dizemos ‘Igreja’ pensamos em um edifício ou em uma instituição. Esta concepção não percebe a extraordinária realidade, a dinâmica, as lutas, as derrotas, as vitórias da Igreja. Pois a Igreja é uma terrível aventura, humana e divina ao mesmo tempo. Um diálogo-aventura, um diálogo-risco, um encontro-diálogo entre Deus e homem, entre homem e Deus, através dos séculos.
A Igreja é a luta laboriosa, penosa e tenaz para que aconteça aquele encontro do qual o Natal é celebração. Nessa luta, dirige-se o chamado de Deus a cada indivíduo, aos povos, cada vez novo, diferente em cada época da história. Chamado que evoca, convoca, provoca, arrasta ao encontro com Ele.
Se pudéssemos intuir tudo a partir da interioridade humana, haveríamos de ver as lutas, os sofrimentos, a decadência, o pecado, a inquietação, a saudade, a dedicação, o amor, a esperança, nos quais, através dos quais, cada homem, cada comunidade, cada povo, sem descanso, se confronta com Deus, é por Ele chamado, atingido, impregnado e atraído.
Essa aventura, esse diálogo, esse encontro no qual Deus nos toma como parceiros, esta aventura do encontro entre Deus e homem, esta Vida: isto é a Igreja.
Mas se passarmos em revista a Vida da Igreja através da História, quanta miséria humana, quanta estreiteza, hipocrisia, mesquinhez, quanta coisa pecaminosa descobrimos ali!
Isto é então a Igreja santa de Deus, a Igreja de Jesus Cristo? Como resposta a Igreja apresenta os santos, isto é, as pessoas que foram perpassadas e transformadas pelo encontro com aquele cujo Natal sempre de novo celebramos. Apresenta os santos, mas não no triunfalismo orgulhoso e sim na humilde confissão da Misericórdia de Deus.
Os santos são a confissão da Igreja que reconhece humildemente a sua condição humana e proclama que somente Deus, que somente seu Amor, seu Poder tem a última palavra nessa aventura perigosa, mas fascinante de diálogo entre Deus e homem.
Se a Igreja canoniza um santo, então sabemos que nele a Boa Nova de Cristo se tornou a plenitude da vida, sem esquecer que a vida de cada santo, cada qual na sua singularidade, foi uma aventura humana, dura e perigosa, um salto corajoso no Mistério escondido.
Cada santo é um homem talvez fraco, limitado, avarento, covarde, violento. Cada santo é filho do seu povo, com todos os defeitos e todas as virtudes da sua raça, da sua nação. Cada santo é filho da sua época, impregnado de anelos, esperanças, angústias, inquietações e cegueiras da sua situação histórica. Este homem concreto é colocado diante da decisão de aceitar a luta apaixonada e apaixonante da busca de Deus, de entrar no diálogo de encontro com ele, de escorar e responder à sua provocação, na qual Deus com o seu Amor pronunciará a sua última palavra.
O santo não é santo apesar de suas fraquezas e seus pecados. Antes o é na sua fraqueza, na sua humanidade-abismo, porque ele, do fundo do seu ser, assumiu radicalmente a sua sorte, o seu destino humano; e é nessa sua situação única, nesta sua história que tentou viver a aventura do diálogo de encontro com Deus até o fim.
Que pelo Santo Natal de seu Filho Jesus o nosso Deus pronuncie a sua última Palavra de realização e plenitude sobre cada um: um Feliz e Santo Natal.
CNBB 22-12-2015
*Dom Fernando Mason é bispo de Piracicaba (SP).

Evangelho do Dia

C - 23 de dezembro de 2015

Lucas 1,57-66

Aleluia, aleluia, aleluia. 
Ó rei e Senhor das nações e pedra angular da Igreja, vinde salvar a mulher e o homem, que, um dia, formastes do barro.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
1 57 Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho.
58 Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela.
59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias.
60 Mas sua mãe interveio: "Não, disse ela, ele se chamará João".
61 Replicaram-lhe: "Não há ninguém na tua família que se chame por este nome".
62 E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse.
63 Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: "João é o seu nome". Todos ficaram pasmados.
64 E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.
65 O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia.
66 Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: "Que será este menino?" Porque a mão do Senhor estava com ele.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
A MÃO DO SENHOR ESTAVA COM ELE
Todos os fatos relacionados com o nascimento de Jesus aconteceram sob a ação de Deus. Cada pormenor manifestava a misericórdia divina e o carinho com que a vinda do Messias estava sendo preparada.
O nascimento de João Batista foi visivelmente conduzido pelo Pai. Quando o menino foi dado à luz, os vizinhos e parentes reconheceram, no fato, uma demonstração do amor de Deus para com os pais dele - Isabel e Zacarias -, bem como para com todo o povo. Quando se perguntavam o que seria deste menino, já estavam intuindo a grandeza da missão que o esperava.
O sinal da benevolência divina manifestou-se, também, na recuperação da fala de Zacarias, assim que ordenara dar ao filho o nome de João, embora a contragosto da parentela. De acordo com o seu nome, o menino seria um sinal permanente de que Deus usa de misericórdia e é favorável. Sendo assim, seria portador de esperança e de consolação, transmitindo a certeza de que haveriam de se cumprir as antigas promessas divinas de salvação.
Da boca de Zacarias saiu, também, um hino de louvor a Deus. Mais que ninguém, o pai de João Batista fora testemunha da presença providente de Deus na vida de seu povo. Seu louvor tinha fundamento. A salvação do Senhor já começara a se manifestar.


Leitura
Malaquias 3,1-4.23-24
Leitura da profecia de Malaquias.
Assim fala o Senhor Deus: 3 1 "Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem - diz o Senhor dos exércitos.
2 Quem estará seguro no dia de sua vinda? Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor, como a lixívia dos lavadeiros.
3 Sentar-se-á para fundir e purificar a prata; purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata; então eles serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convêm.
4 E a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora.
23 Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor,
24 e ele converterá o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais, de sorte que não ferirei mais de interdito a terra".
Palavra do Senhor.
Salmo 24/25
Levantai vossa cabeça e olhai, 
pois a vossa redenção se aproxima! 

Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos
e fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza,
porque sois o Deus da minha salvação!

O Senhor é piedade e retidão
e reconduz ao bom caminho os pecadores.
Ele dirige os humildes na justiça,
e aos pobres ele ensina o seu caminho.

Verdade e amor são os caminhos do Senhor
para quem guarda sua aliança e seus preceitos.
O Senhor se torna íntimo aos que o temem
e lhes dá a conhecer sua aliança.

 
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, ao aproximar-nos do Natal do vosso filho, concedei-nos obter a misericórdia do Verbo, que se encarnou no seio da Virgem e quis viver entre nós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Aviso

Comunicamos aos paroquianos que nesta sexta-feira (18/12/2015) às 16h30 será a abertura da Porta Santa do Vicariato Sul 2 no Monte Guararapes - Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres.

Evangelho do Dia

C - 17 de dezembro de 2015

Mateus 1,1-17

Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó sabedoria do altíssimo, que tudo determina com doçura e com vigor: oh, vem nos ensinar o caminho da prudência!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
1 1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2 Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.
3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.
4 Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.
5 Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi.
6 O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.
7 Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.
8 Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.
9 Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.
10 Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.
11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.
12 E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel.
13 Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.
14 Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.
15 Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.
16 Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
17 Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo, quatorze gerações.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A HUMANIDADE DO MESSIAS
            A genealogia de Jesus contém elementos importantes para a correta compreensão de sua identidade. Seu objetivo é mostrar a inserção de Jesus na história do povo de Israel e fazer sua presença, na história humana, ligar-se com a longa história da salvação da humanidade. Jesus, portanto, é apresentado como verdadeiro homem e não como um ser estranho, vindo do céu, não se sabe bem como.
            A sucessão de gerações, que prepara a vinda do Messias Jesus, é um retrato da humanidade a ser salva por ele. Repassando a lista de nomes, encontramos gente de todo tipo: piedosos e ímpios, pessoas de comportamento correto e gente de vida não recomendável, operadores de justiça e indivíduos sem escrúpulos no trato com os semelhantes, judeus e estrangeiros, homens e mulheres. Todos eles formam o substrato humano no qual nasceu Jesus. Esta é a humanidade carente de salvação, para a qual ele foi enviado pelo Pai.
            Jesus, porém, é apresentado como dom salvífico do Pai para a humanidade. O fato da concepção virginal aponta nesta direção. Quando a lista chega em José, diz-se que ele é o esposo de Maria da qual nasceu Jesus. A sucessão pela linha masculina é rompida, ficando implícito que o Pai de Jesus é o próprio Deus. Ou seja, a salvação não é obra do ser humano. Ela é oferecida pelo Pai por meio do Messias Jesus.

 
Leitura
Gênesis 49,2.8-10
Leitura do livro do Gênesis.
Naqueles dias, Jacó chamou seus filhos e disse: 49 2 “Ajuntai-vos e ouvi, filhos de Jacó. Escutai Israel, vosso pai.
8 Judá, teus irmãos te louvarão. Pegarás pela nuca os inimigos; os filhos de teu pai se prostrarão em tua presença.
9 Filhote de leão, Judá: voltas trazendo a caça, meu filho. Dobra-se, deita-se como um leão; como uma leoa: quem o despertará?
10 Não se apartará o cetro de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence por direito, e a quem devem obediência os povos”.
Palavra do Senhor.
Salmo 71/72
Nos seus dirás a justiça florirá
e a paz em abundância, para sempre.

Daí ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
com eqüidade ele julgue os vossos pobres.

Das montanhas venha a paz a todo o povo,
e desça das colinas a justiça!
Este rei defenderá os que são pobres,
os filhos dos humildes salvará.

Nos seus dias a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o seu brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!

Seja bendito o seu nome para sempre!
E que dure como o sol sua memória!
Todos os povos serão nele abençoados,
todas as gentes cantarão o seu louvor!
Oração
Ó Deus, criador e redentor do gênero humano, quisestes que o vosso Verbo se encarnasse no seio da Virgem. Sede favorável à nossa súplica, para que o vosso Filho unigênito, tendo recebido nossa humanidade, nos faça participar da sua vida divina. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Repartir com os que não têm


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 3,10-18.
Por José Antonio Pagola*

A palavra do Batista a partir do deserto tocou o coração das pessoas. A sua chamada à conversão e ao início de uma vida mais fiel a Deus despertou em muitos deles uma pergunta concreta: Que devemos fazer? É a pergunta que brota sempre em nós quando escutamos uma chamada radical e não sabemos como concretizar a nossa resposta.
O Batista não lhes propõe ritos religiosos nem tampouco normas nem preceitos. Não se trata propriamente de fazer coisas nem de assumir deveres, mas de ser de outra maneira, viver de forma mais humana, desenvolver algo que está já no nosso coração: o desejo de uma vida mais justa, digna e fraterna.
O mais decisivo e realista é abrir o nosso coração a Deus olhando atentamente as necessidades dos que sofrem. O Batista sabe resumir-lhes a sua resposta com uma fórmula genial pela sua simplicidade e verdade: "O que tenha duas túnicas, que as reparta com o que não tem; e o que tenha comida faça o mesmo". Assim simples e claro.
Que podemos dizer ante estas palavras, quem vive num mundo onde mais de um terço da humanidade vive na miséria lutando cada dia por sobreviver, enquanto nós continuamos a encher os nossos armários com todo o tipo de túnicas e temos os nossos frigoríficos repletos de comida?
E que podemos dizer os cristãos, ante esta chamada tão simples e tão humana? Não teremos de começar a abrir os olhos do nosso coração para ter uma consciência mais viva dessa insensibilidade e escravidão que nos mantêm, submetidos a um bem-estar que nos impede ser mais humanos?
Enquanto nós continuamos preocupados, e com razão, com muitos aspetos do momento atual do cristianismo, não nos damos conta de que vivemos "cativos de uma religião burguesa". O cristianismo, tal como nós o vivemos, não parece ter força para transformar a sociedade do bem-estar. Pelo contrário, é esta que está a desvirtuar o melhor da religião de Jesus, esvaziando nossa capacidade de seguir a Cristo em valores tão genuínos como solidariedade, defesa dos pobres, compaixão e justiça.
Por isso, temos que valorizar e agradecer muito mais o esforço de tantas pessoas que se revoltam contra este "cativeiro", comprometendo-se em gestos concretos de solidariedade e cultivando um estilo de vida mais simples, austero e humano.
Instituto Humanitas Unisinos
*José Antonio Pagola: teólogo espanhol.

Evangelho do Dia

C - 12 de dezembro de 2015

Lucas 1,39-47

Aleluia, aleluia, aleluia.
Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra! (Lc 1,28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
1 39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42 E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!”
46 E Maria disse: “Minha alma glorifica ao Senhor,
47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador”.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
SANTIFICADA PELO AMOR
            A assunção de Maria ao céu deve ser entendida no contexto da totalidade de sua vida. Sem este enraizamento histórico, correr-se-á o risco de divinizá-la, a ponto de esquecer que o desfecho de sua vida está em perfeita sintonia com sua caminhada terrena. E mais: deve ser entendida como o reconhecimento divino de sua plena adesão ao desígnio que Deus tem reservado para cada ser humano. Maria soube viver com radicalidade este projeto.
            Refletindo sobre a visita de Maria a Isabel, é possível detectar o elemento centralizador  de sua existência: o amor entranhado pelo próximo, caminho de santificação.
            Ao saber da gravidez da prima Isabel, Maria pôs-se, apressadamente, a caminho. Sem medir esforços nem intimidar-se pelos eventuais perigos que poderia encontrar ao longo do caminho, ela se sentiu no dever de colocar-se a serviço da parenta. Assim, durante três meses, a "humilde escrava do Senhor" tornou-se a "humilde serva de Isabel". O serviço à prima era uma forma de desdobramento do serviço a Deus. Ou então, o serviço a Deus concretizava-se no serviço à sua parenta.
            Este testemunho de amor gratuito e generoso não constituiu um fato isolado na vida de Maria. Ela se dispôs a servir a Isabel, e sempre esteve disponível para servir também a quantos dela precisassem. Por isso, mereceu ser acolhida na plenitude do amor de Deus.

 
Leitura
Gálatas 4,4-7
Leitura da carta de São Paulo aos Gálatas.
4 4 Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei,
5 a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção.
6 A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7 Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és filho, então também herdeiro por Deus.
Palavra do Senhor.
Salmo 95/96
Manifestai a sua glória entre as nações.

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei se santo nome!

Dia após dia anunciai sua salvação,
manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!

Publicai entre as nações: Reina o Senhor!
Ele firmou o universo inabalável,
e os povos ele julga com justiça”.
Oração
Ó Deus, que nos destes a santa virgem Maria para amparar-nos como mãe solícita, concedei aos povos da América Latina, que hoje se alegram com sua proteção, crescer constantemente na fé e alcançar o desejado progresso no caminho da justiça e da paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Cultivar a misericórdia


Ao abrir a Porta Santa na Basílica de São Pedro, na última terça-feira, o Papa Francisco convoca todos a cultivar e a vivenciar a misericórdia. O gesto marca o início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia que, no dia 13 de dezembro, será solenemente aberto nas dioceses do mundo inteiro, nas catedrais, santuários e lugares de significação especial. Acolher a convocação do Papa exige disposição para matricular-se na escola de Cristo Jesus, aquele que vem ao encontro da humanidade e revela o rosto misericordioso de Deus Pai.

Em Cristo, só n’Ele e por Ele, se aprende a lição da misericórdia. Esse aprendizado cria impulsos revolucionários e transformadores. Contemplando o mistério do amor de Deus revelado na paixão, morte e ressurreição de Cristo é que se compreende o significado da misericórdia. Jesus revela o rosto misericordioso de Deus Pai, que envia seu Filho Amado como oferta para a redenção da humanidade. A misericórdia se torna visível, viva e atinge seu ápice com Ele, o Salvador do mundo. Com o Mestre, vem o forte convite: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).

Cultivar a misericórdia é assumir a convicção de que a humanidade precisa, urgentemente, de grande renovação espiritual. Isso é difícil e quase inconciliável com as lógicas hegemônicas da atualidade, que submetem as sociedades ao consumismo, às dinâmicas do lucro sem limites, às leis de um “bem-estar” egoísta e efêmero, raízes dos muitos problemas que ameaçam a vida.  Na base dos colapsos contemporâneos, está uma grave crise espiritual que causa o envenenamento e a morte de tudo o que é indispensável para o equilíbrio das relações humanitárias, sociais e políticas.

Por isso, é urgente derrubar as muralhas que adoecem as instituições, inclusive as religiosas e confessionais.  Cristalizações que matam a credibilidade e enfraquecem as contribuições necessárias para a construção de uma sociedade orientada por indispensáveis valores, particularmente os valores do Evangelho. Compreende-se, assim, que a misericórdia, aprendida e vivida, é remédio que rejuvenesce uma humanidade cansada.  Permite estabelecer novos ordenamentos sociais que priorizem, respeitem e promovam a dignidade humana.

O Papa Francisco convoca a Igreja Católica, todos os homens e mulheres de boa vontade, cada cidadão, a presidir a própria conduta a partir da lei fundamental que mora no coração de cada pessoa: a misericórdia, muitas vezes soterrada em escombros de orgulhos, mesquinhez e ganâncias.  Isso é possível quando se procura enxergar, com olhos sinceros, cada irmão. Uma lição capaz de promover transformações de grande alcance. Cabe o exercício simples e exigente de agir com misericórdia para tornar, cada um, sinal eficaz da presença misericordiosa de Deus Pai, revelada em Jesus Cristo, com seus gestos, palavras e a sua oferta.

Cultivar a misericórdia é caminho para encontrar o tempo novo. Permite à humanidade superar a gravíssima crise espiritual e, assim, compreender que a solução de problemas não vem simplesmente das estatísticas, números, aumento sem limites da produção e do consumo.  Também está longe da doentia luta pelo acúmulo egoísta de riquezas. É hora de aprender a lição do amor, para evitar que continuem a se multiplicar os desastres políticos, humanos e ecológicos. Cultivar a misericórdia requer coragem humilde de fazer mea-culpa, assumir as responsabilidades na constituição do cenário de violências, corrupção e indiferenças. A Igreja, pelo caminho desse Ano Santo, se compromete com a celebração de um Jubileu que resulte em renovações. Isso significa corajosas novas posturas de abertura, ainda mais proximidade ao povo, audácia maior nas partilhas e nos comprometimentos com a justiça.

Os diferentes grupos e segmentos da sociedade também são convidados a cultivar a misericórdia, a partir da celebração do Ano Santo que, para além da importância fecundante da ritualidade, pode desencadear efetivas transformações, em muitos ambientes, desde presídios, incluindo instâncias educativas, culturais, a vida comum de homens e mulheres, formadores de opinião e construtores da sociedade pluralista até os políticos, responsáveis por tantos descompassos. Eis agora a oportunidade para viver, com entusiasmo, a convocação feita pelo Papa Francisco: cultivar a misericórdia. 

Dom Walmor Oliveira de AzevedoO arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante os exercícios de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB - Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas. 

PROCLAMAS MATRIMONIAIS



12 e 13 de dezembro de 2015



COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:





  • MARQUES AURÉLIO SILVA COSTA
E
FABIANA PAULA DOS SANTOS SILVA


  • PABLO DO CARMO CARVALHO
E
JULIANA CRISTINA CRUZ CALAZANS


  • SÉRGIO EDUARDO MAIA VERÍSSIMO
E
IRACEMA CECÍLIA CRUZ DE SÁ


  • DIEGO DE SOUSA VIANA
E
INGRID LEITE BASTOS


  • DIEGO FELIPE TORRES DA SILVA
E
JÉSSICA LACERDA ALVES





                       Quem souber algum impedimento que obste à celebração destes casamentos está obrigado em consciência a declarar.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Aviso

Informamos a todos os paroquianos que a missa de terça-feira, dia 08, em homenagem a Virgem da Conceição será celebrada pela manhã, ás 09h00.

PROCLAMAS MATRIMONIAIS



05 e 06 de dezembro de 2015



COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:





  • MARQUES AURÉLIO SILVA COSTA
E
FABIANA PAULA DOS SANTOS SILVA


  • PABLO DO CARMO CARVALHO
E
JULIANA CRISTINA CRUZ CALAZANS


  • SÉRGIO EDUARDO MAIA VERÍSSIMO
E
IRACEMA CECÍLIA CRUZ DE SÁ


  • DIEGO DE SOUSA VIANA
E
INGRID LEITE BASTOS





                       Quem souber algum impedimento que obste à celebração destes casamentos está obrigado em consciência a declarar.

Estamos sempre em advento!


Se nos empenhamos e preparamos o caminho para o Senhor; Deus virá ao coração dos homens.
Por Marcel Domergue*
Referências bíblicas:
1ª leitura: "Deus mostrará teu esplendor" (Baruc 5,1-9)
Salmo: 125(126) R/ Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
2ª leitura: "ssim ficareis puros e sem defeito para o dia de Cristo" (Filipenses 1,4-6.8-11)
Evangelho: "Todas as pessoas verão a salvação de Deus" (Lucas 3,1-6)

Montanhas e colinas, vales e passagens tortuosas
Estas são imagens da 1ª leitura e do evangelho que evocam os obstáculos do caminho. Quais obstáculos? Em primeiro lugar, os internos às comunidades humanas que se constituem de dominantes e dominados, sendo, portanto, espaços de violência. As “passagens tortuosas” evocam, sobretudo, as nossas artimanhas e duplicidades. Coisas todas que exigem retificação, o que no evangelho é chamado de "conversão para o perdão dos pecados". Esta abolição dos pecados será a obra de Cristo, mas que só poderá contemplar-nos se nos voltarmos para ele, a fim de recebê-la. João foi enviado para convidar-nos a realizar este retorno, mas já era o Cristo mesmo que estava operando nele, pois "a Palavra de Deus foi dirigida a (ele) João, o filho de Zacarias". Num deserto, que é a imagem de um espaço vazio de obstáculos. Notemos o violento contraste da primeira frase desta passagem do evangelho: de início, as "montanhas", ou seja, os poderosos deste mundo que, efêmeros, são aplainados com o desenrolar dos tempos; em seguida, "João, filho de Zacarias", tão pequeno, mas que será declarado "o maior dentre os nascidos de mulher" (Lucas 7,28). É uma ilustração do Magnificat: "Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes". Assim, João está aí para sempre, na memória dos crentes. E também pela perenidade da sua função, porque o caminho do Cristo tem necessidade permanente de ser preparado, aplainado.

Uma questão de tempo
As imagens das montanhas e vales são geográficas, evocam o espaço. Mas a imagem do caminho é a uma só vez espacial e temporal: percorrer um caminho leva tempo. O fato de Jesus ter sido precedido por João remete-nos ao desenvolvimento global da história da salvação. Deus é Aquele "que é, que era e que vem". Muito se tem repetido que a figura de João recapitula a espera imemorial de Israel: não era o "novo Elias" (os três sinóticos, por exemplo, Lucas 1,17). Representa não só a espera, mas também a preparação, ou, antes, o lento caminhar subterrâneo do Verbo na história, através de montanhas e vales, na espessura das resistências das liberdades humanas... Até que "o tempo se cumprisse" (são as primeiras palavras de Jesus em Marcos: 1,15). Por que neste momento? Talvez porque a pretensão messiânica de Israel, a verdadeira montanha a se escalar, encontrava-se arruinada definitivamente pela ocupação romana: Israel vai ter de converter-se, para ter acesso à sua verdade. Não como potência entre potências, mas num humilde mensageiro do Reino que vem, ilustração, portanto, da figura de João. O que, por certo aspecto, a Igreja é isto também: voz que clama no deserto, imagem do Reino, mas sempre no limiar do Reino. Reino que não é o seu Reino, mas sim o Reino de Deus.

O nosso caminho
Há, pois, um percurso histórico que conduz a humanidade à eleição de um povo entre os povos, Israel; e um segundo percurso, conectado ao primeiro, que vai da eleição de Israel até à vinda deste a quem Deus chama de "o meu Filho, o Eleito" (Lucas 9,35). O Filho é a flor, o fruto, a realização de Israel e, ao mesmo tempo, da humanidade. Entramos assim numa terceira fase histórica, através da Igreja, tendo em vista a constituição da humanidade. Uma reunião de pessoas em um só corpo, único, à imagem do Deus Uno. "Até que alcancemos todos nós a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado de Homem perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Efésios 4,13). Portanto, estamos sempre em Advento, revivendo a aventura de João e anunciando Aquele que vem. Exceto que toda vez que criamos laços para nos tornarmos Um, o Cristo já está aí conosco. Podemos ver, então, que esta imagem do caminho a se percorrer, do caminho que é preciso aplainar, mesmo que diga respeito à humanidade como um todo, vale também para cada um de nós. Somos, ao mesmo tempo, outros João Batista que anunciam a iminência da vinda do Filho, e os que seguem -por vezes tão laboriosamente- o caminho traçado. E, através da nossa própria caminhada mais do que pelas palavras, é que anunciamos Aquele que vem.
Sítio Croire
*Marcel Domergue (+1922-2015), sacerdote jesuíta francês.

Evangelho do Dia

C - 06 de dezembro de 2015

Lucas 3,1-6

Aleluia, aleluia, aleluia. 
Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Toda a carne há de ver a salvação do nosso Deus (Lc 3,4.6). 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
3 1 No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca da Abilina,
2 sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias.
3 Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados,
4 como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
5 Todo vale será aterrado, e todo monte e outeiro serão arrasados; tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados.
6 Todo homem verá a salvação de Deus’”.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
O MEU MENSAGEIRO
A vinda de Jesus foi devidamente preparada pela pregação e pelo testemunho de João Batista. O batismo de conversão para o perdão dos pecados, anunciado pelo Precursor, predispunha o coração das pessoas para a proposta do Reino que Jesus iria anunciar. A figura os costumes austeros do Batista constituíam um questionamento contínuo para quem buscava algo melhor e se dispunha a acolher o Messias que estava para vir.
O Precursor tinha consciência de ser um simples mensageiro de quem era mais forte do que ele e cuja grandeza tornava-o indigno até mesmo de desatar-lhe as sandálias. Tinha consciência da provisoriedade de sua missão. O batismo com água, que ele ministrava, seria substituído pelo batismo com o Espírito Santo, que seria conferido pelo Messias vindouro. Sua pessoa, pois, estava fadada a cair no esquecimento.
Contudo, o Batista não se sentia diminuído no exercício da missão que lhe fora confiada. Preparar os caminhos do Senhor era sua tarefa. Aplicava-se a ele, perfeitamente, o texto em que o profeta se referira ao mensageiro enviado por Deus para preparar o caminho do povo, de volta do exílio babilônico. Tratava-se, agora, de preparar o povo para entrar no Reino que seria instaurado por Jesus. O desempenho do Batista foi exemplar. Jesus podia caminhar seguro, nos caminhos preparados por ele.


Leitura
Baruc 5,1-9
Leitura do livro do profeta Baruc.
5 1 Tira, Jerusalém, a veste de luto e de miséria; reveste, para sempre, os adornos da glória divina.
2 Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus, e coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno.
3 Deus vai mostrar à terra, e sob todos os céus, teu esplendor.
4 Eis o nome que te é dado por Deus, para todo o sempre: “Paz da Justiça e Esplendor do temor a Deus!”
5 Ergue-te, Jerusalém, galga os cumes e olha para o oriente! Olha: ao chamado do Altíssimo, reúnem-se teus filhos, desde o poente ao levante, felizes por se haver Deus lembrado deles.
6 Quando de ti partiram, caminhavam a pé, arrastados pelos inimigos. Deus, porém, tos devolve, conduzidos com honras, quais príncipes reais,
7 porque Deus dispôs que sejam abaixados os montes e as colinas, e enchidos os vales para que se una o solo, para que Israel caminhe com segurança sob a glória divina.
8 As florestas e as árvores de suave fragrância darão sombra a Israel, por ordem do Senhor.
9 Em verdade, é o próprio Deus quem conduz Israel, pleno de júbilo no esplendor de sua majestade, pela sua justiça, pela sua misericórdia!
Palavra do Senhor.
Salmo 125/126
Maravilhas fez conosco o Senhor, 
exultemos de alegria! 

Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.

Entre os gentios se dizia: Maravilhas
fez com eles o Senhor!”
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!

Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto.
Os que lançam as sementes entre lágrimas
ceifarão com alegria.

Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!
 
Oração
Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A jovialidade dos idosos


Envelhecer é uma lei da natureza. Isso implica estar sensível ao entardecer da existência.
Por Dom Leomar Brustolim*
No dia 4 de março de 2015, o Papa Francisco, em Audiência Geral, afirmou que “os anciãos são homens e mulheres, pais e mães que estiveram antes de nós na mesma estrada, na mesma casa, na nossa batalha cotidiana por uma vida digna”. O Papa nos propõe a refletir sobre a arte de envelhecer.
No mundo atual, há uma estimativa que até 2050 o número de idosos passe de 600 milhões para 2 bilhões. Isso significa que, nos próximos 50 anos, haverá mais pessoas com idade superior a 60 anos do que menores de 15 anos. No Brasil, os idosos já superam 15 milhões de pessoas. As pessoas estão vivendo mais tempo graças a uma série de fatores, como o avanço da medicina, a conscientização sobre os cuidados com a vida e a melhora das condições sociais.
Envelhecer é uma lei da natureza. Isso implica estar sensível ao entardecer da existência. É uma etapa na qual é preciso superar a contraposição entre a idade da força, dos jovens, e a idade da fragilidade, dos velhos. É necessário vencer a crise de sempre se sentir doente em busca de uma juventude perdida ou de um rejuvenescimento a qualquer custo.
No passado, em muitas culturas, os idosos eram testemunhas eloquentes da história e da tradição. Eram os herdeiros privilegiados do tesouro cultural da comunidade e considerados sábios conselheiros que já haviam experimentado as lutas e as dificuldades da vida, mas que haviam aprendido com as provações. Hoje, esse valor quase desapareceu do nosso meio.
É verdade que a pessoa não pode ocultar sua velhice mas, nos idosos, permanece a inteligência, a capacidade de meditar, a possibilidade de amar e de partilhar pensamentos, ideias e sentimentos. Tudo isso supõe que as pessoas devam se preparar para envelhecer. É preciso manter a jovialidade, mesmo em idade avançada. Isso depende de uma profunda experiência com o Deus da Vida, como bem recorda o salmista sobre aquele que tem fé: “Mesmo na velhice dará fruto, estará viçoso e frondoso, para anunciar que Deus é reto.” (Sl 92,15-16).
São João Paulo II escreveu uma carta dedicada aos anciãos em 1999, na qual ele afirma que os idosos “ajudam a contemplar os acontecimentos terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes os tornaram mais experimentados e amadurecidos. Eles são guardiões da memória coletiva e, por isso, intérpretes privilegiados daquele conjunto de ideais e valores humanos que mantêm e guiam a convivência social. Excluí-los é como rejeitar o passado, onde penetram as raízes do presente, em nome de uma modernidade sem memória. Os anciãos, graças à sua experiência amadurecida, são capazes de propor aos jovens conselhos e ensinamentos preciosos.” Da mesma forma, no contexto do Sínodo sobre a Família, é importante destacar o papel dos avós. Eles merecem uma atenção especial para manter o elo entre as gerações. São eles que garantem a transmissão de costumes e valores, tradições e virtudes que permitem aos jovens construir uma identidade que não pode prescindir da herança recebida.
Enfim, a arte de envelhecer supõe ler esta fase da vida como tempo favorável para levar a bom termo a aventura humana, procurando compreender melhor o sentido da vida para alcançar a ‘sabedoria do coração’.
CNBB 20-11-2015
*Dom Leomar Brustolim é bispo Auxiliar de Porto Alegre.