segunda-feira, 10 de junho de 2013

Liturgia Diária

DIA 10 DE JUNHO - SEGUNDA-FEIRA

X SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Sl 26,1s).
Oração do dia
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (2 Coríntios 1,1-7)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
1 1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, e a todos os irmãos santos que estão em toda a Acaia.
2 A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo!
3 Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação,
4 que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!
5 Com efeito, à medida que em nós crescem os sofrimentos de Cristo, crescem também por Cristo as nossas consolações.
6 Se, pois, somos atribulados, é para vossa consolação e salvação. Se somos consolados, é para vossa consolação, a qual se efetua em vós pela paciência em tolerar os sofrimentos que nós mesmos suportamos.
7 A nossa esperança a respeito de vós é firme: sabemos que, como sois companheiros das nossas aflições, assim também o sereis da nossa consolação.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 33/34
Provai e vede quão suave é o Senhor! 

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!

Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei,
ele me ouviu
e de todos os temores me livrou.

Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.

O anjo do Senhor vem acampar
ao redor dos que o temem e os salva.
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!
Evangelho (Mateus 5,1-12)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Alegrai-vos, vós todos, porque grande há de ser a recompensa nos céus que um dia tereis! (Mt 5,12)


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 5 1 vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2 Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3 “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós”.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
É POSSÍVEL SER SANTO
A santidade é uma meta a ser atingida por todos os cristãos. Ninguém é excluído deste apelo nem pode eximir-se de dar sua resposta. Mas importa nutrir um ideal sadio de santidade, sem se deixar levar por falsas concepções.
Ser santo é ser capaz de colocar-se totalmente nas mãos do Pai, contar com ele, sabendo-se dependente dele. Por outro lado, é colocar-se a serviço dos semelhantes, fazendo-lhes o bem, como resposta aos benefícios recebidos do Pai. O enraizamento em Deus desabrocha em forma de misericórdia para com o próximo.
A santidade constrói-se no ritmo da entrega da própria vida nas mãos do Pai, explicitada no serviço gratuito e desinteressado aos demais, deixando de lado os interesses pessoais e tudo quanto seja incompatível com o projeto de Deus.
Este ideal não é inatingível. E se constrói nas situações mais simples nas quais a pessoa é chamada a ser bondosa, a não agir com dolo ou fingimento, a criar canais de comunicação entre os desavindos, a superar o ódio e a violência, a cultivar o hábito da partilha fraterna, a ser defensor da justiça.
Qualquer cristão, no seu dia-a-dia, tem a chance de fazer experiências deste gênero. Se o fizer, com a graça de Deus, estará dando passos decisivos no caminho da bem-aventurança.

Oração
Espírito bem-aventurado, coloca-me no caminho da santidade, a ser construída na entrega confiante de minha vida nas mãos do Pai, e na misericórdia para com meu próximo.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês) 
Sobre as oferendas
Senhor nosso Deus, vede nossa disposição em vos servir e acolhei nossa oferenda, para que este sacrifício vos seja agradável e nos faça crescer na caridade. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Sois minha rocha, meu refúgio e salvador! Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga! (Sl 17,3)
Depois da comunhão
Ó Deus, que curais nossos males, agir em nós por esta eucaristia, libertando-nos das más inclinações e orientando para o bem a nossa vida. Por Cristo, nosso Senhor.

'Temos que levar Deus ao mundo e o mundo a Deus', diz o papa


Cidade do Vaticano - O Papa Francisco enviou uma mensagem ao Arcebispo de Colônia, Cardeal Joachim Meisner, e ao Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Robert Zollitsch, por ocasião do encerramento, neste domingo (9), do Congresso Eucarístico Nacional sobre o tema "Senhor, a quem iremos"? O evento contou com a participação não somente de católicos alemães, mas também dos países vizinhos.
A mensagem do pontífice foi lida na manhã desse domingo (9) na missa conclusiva do congresso presidida pelo enviado especial do Papa Francisco, Cardeal Paul Josef Cordes. ´Senhor, a quem iremos´? Pergunta o Apóstolo Pedro diante da incompreensão de muitos que ouviam Jesus e queriam se aproveitar dele egoisticamente. "Nós, membros da Igreja devemos nos fazer essa pergunta e embora tal questão seja talvez mais titubeante em nossa boca do que nos lábios de Pedro, a nossa resposta, como a do Apóstolo, pode ser apenas a pessoa de Jesus que viveu dois mil anos atrás. Todavia, nós podemos encontrá-lo em nosso tempo quando ouvimos a sua Palavra e estamos próximos a Ele na Eucaristia", ressalta o Papa na mensagem.
"Que a Santa Missa não caia para nós numa rotina superficial! Que busquemos cada vez mais a sua a profundidade. A Eucaristia nos insere na imensa obra de salvação de Cristo, estimula a nossa visão espiritual para o seu amor. Devemos aprender a viver a missa, como pedia o Beato João Paulo II e a adoração do Senhor na Eucaristia e o Sacramento da Reconciliação nos ajudam nisso", ressalta ainda Francisco.
Essa mesma pergunta fazem-se algumas pessoas do nosso tempo que estão em busca do Pai de Jesus Cristo. "O Redentor quer ir ao encontro delas através de nós que, por meio do Batismo, tornamo-nos seus irmãos e irmãs e na Eucaristia recebemos a força de levar junto com Ele sua missão de salvação", destaca o pontífice. "O nosso testemunho irá motivá-los assim como fomos motivados por Cristo. Todos nós, bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos temos o compromisso de levar Deus ao mundo e o mundo a Deus.
SIR

Papa Francisco usa o Twitter para denunciar 'cultura do lixo'


Cidade do Vaticano - O papa Francisco postou um tweet nesse domingo (9), condenando a "cultura do lixo´, que seleciona os seres humanos em função de sua utilidade para a sociedade de consumo. "Com a ´cultura do lixo´, a vida humana não é mais vista como um valor fundamental a respeitar e proteger", denunciou o papa, em sua conta @pontifex, que tem mais de seis milhões de seguidores em nove idiomas.
Em uma catequese na última quarta-feira, depois da audiência geral na praça São Pedro, o papa havia sido explícito, ressaltando que a pessoa humana não é mais um "valor fundamental a proteger", "especialmente se for pobre e deficiente, se ainda não tem utilidade - como a criança que vai nascer -   ou se não serve mais - como a pessoa idosa".
Aos olhos do papa, a ecologia ambiental e a ecologia humana "vão juntas". Segundo ele, certa "cultura da rejeição" se aplica não apenas à natureza, mas também à pessoa e, mais especialmente, aos fracos. "A pessoa humana é, hoje, sacrificada pelos ídolos do lucro e do consumo", criticou, acrescentando que "a pessoa humana é, muito frequentemente, rejeitada como se fosse um lixo".
SIR

'Sejam pessoas livres'. Mensagem do papa a estudantes jesuítas


Às 11h45 da manhã do dia 7 de junho, na Sala Paulo VI, o Santo Padre Francisco recebeu em audiência os estudantes das escolas geridas pelos jesuítas na Itália e na Albânia, com os seus professores e pais. Também estiveram presentes no encontro inúmeros ex-alunos, representantes dos movimentos juvenis inacianos e de paróquias ligadas aos jesuítas.

Depois dos discursos de alguns professores e alunos, o papa tomou a palavra e, no início da sua intervenção, disse que dava por lido o seu discurso por ele preparado e que o entregaria para publicação. De sua parte, faria espontaneamente uma breve síntese dele e depois ouviria as perguntas dos jovens, a fim de tecer um diálogo com eles.
Confira o texto:

"Queridos filhos, queridos jovens!

Estou contente por receber vocês com as suas famílias, os educadores e os amigos da grande família das Escolas dos Jesuítas italianos e da Albânia. A todos vocês a minha afetuosa saudação: bem-vindos! Com todos vocês eu me sinto verdadeiramente "em família". E é motivo de particular alegria a coincidência deste nosso encontro com a solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Gostaria de lhes dizer, acima de tudo, algo que se refere a Santo Inácio de Loyola, o nosso fundador. No outono de 1537, indo a Roma com o grupo dos seus primeiros companheiros, ele se perguntou: se nos perguntarem quem somos, o que responderemos? Foi espontânea a resposta: ´Diremos que somos a ´Companhia de Jesus´!´ (Fontes Narrativi Societatis Iesu, vol. 1, pp. 320-322). Um nome comprometedor, que queria indicar uma relação de amizade muito estreita, de afeto total por Jesus do qual queriam seguir os passos. Por que eu lhes conto esse fato? Porque Santo Inácio e os seus companheiros haviam entendido que Jesus lhes ensinava a como viver bem, como realizar uma existência que tem um sentido profundo, que doe entusiasmo, alegria e esperança; eles haviam entendido que Jesus foi um grande mestre de vida e um modelo de vida, e que não apenas ensinava a eles, mas também os convidava a segui-lo nesse caminho.

Queridos jovens, se agora eu lhes fizesse a pergunta: por que vocês vão para a escola, o que vocês me responderiam? Provavelmente, haveria muitas respostas, dependendo da sensibilidade de cada um. Mas eu penso que tudo poderia se resumir dizendo que a escola é um dos ambientes educativos em que se cresce para aprender a viver, para se tornar homens e mulheres adultos e maduros, capazes de caminhar, de percorrer a estrada da vida. Como a escola ajuda vocês a crescer? Ela lhes ajuda não apenas desenvolvendo a inteligência de vocês, mas também por meio de uma formação integral de todos os componentes da personalidade de vocês.

Seguindo o que Santo Inácio nos ensina, na escola, o elemento principal é aprender a ser magnânimos. A magnanimidade: essa virtude do grande e do pequeno (Non coerceri maximo contineri minimo, divinum est), que nos faz olhar sempre para o horizonte. O que quer dizer ser magnânimos? Quer dizer ter o coração grande, ter grandeza de alma, quer dizer ter grandes ideais, o desejo de realizar grandes coisas para responder ao que Deus nos pede, e justamente por isso fazer bem as coisas de todos os dias, todas as ações cotidianas, os compromissos, os encontros com as pessoas, fazer as pequenas coisas de cada dia com um coração grande aberto a Deus e aos outros. É importante, então, cuidar da formação humana destinada à magnanimidade. A escola não amplia somente a dimensão intelectual de vocês, mas também humana. E eu penso que, de particularmente, as escolas dos jesuítas estão atentas a desenvolver as virtudes humanas: a lealdade, o respeito, a fidelidade, o compromisso.
Eu gostaria de me deter sobre dois valores fundamentais: a liberdade e o serviço. Acima de tudo: sejam pessoas livres! O que eu quero dizer? Talvez se pense que a liberdade é fazer tudo o que se quer, ou se aventurar em experiências-limite para sentir a embriaguez e vencer o tédio. Essa não é liberdade. Liberdade significa saber refletir sobre o que fazemos, saber avaliar o que é bom e o que é ruim, aqueles que são os comportamentos que fazem crescer, o que significa escolher sempre o bem. Nós somos livres para o bem. E nisso não tenham medo de ir contra a corrente, mesmo que não seja fácil! Ser livres para escolher sempre o bem é comprometedor, mas lhes tornará pessoas que têm a espinha dorsal, que sabem enfrentar a vida, pessoas com coragem e paciência (parresia e ypomoné).
A segunda palavra é serviço. Nas suas escolas, vocês participam de várias atividades que lhes acostumam a não se fechar em si mesmos ou no seu próprio pequeno mundo, mas a se abrir aos outros, especialmente aos mais pobres e necessitados, a trabalhar para melhorar o mundo em que vivemos. Sejam homens e mulheres com os outros e para os outros, verdadeiros modelos no serviço aos outros.

Para ser magnânimos com liberdade interior e espírito de serviço é necessária a formação espiritual. Queridos jovens, amem sempre mais a Jesus Cristo! A nossa vida é uma resposta ao seu chamado, e vocês serão feliz e construirão bem a sua vida se souberem responder a esse chamado. Sintam a presença do Senhor na sua vida. Ele está perto de cada um de vocês como companheiro, como amigo, que sabe ajudar e compreender vocês, que os encoraja nos momentos difíceis e nunca os abandona. Na oração, no diálogo com Ele, na leitura da Bíblia, vocês descobrirão que Ele está realmente próximo de vocês. E também aprendam a ler os sinais de Deus nas suas vidas. Ele sempre nos fala, mesmo através dos fatos do nosso tempo e da nossa existência de cada dia; cabe a nós escutá-lo.

Não quero ser muito longo, mas gostaria de dirigir uma palavra específica também aos educadores: aos jesuítas, aos professores, aos operadores das suas escolas e aos pais. Não se desencorajem diante das dificuldades que o desafio educativo apresenta! Educar não é uma profissão, mas sim uma atitude, um modo de ser; para educar é preciso sair de si mesmo e estar no meio dos jovens, acompanhá-los nas etapas do seu crescimento, colocando ao lado deles. Deem-lhes esperança, otimismo para o seu caminho no mundo. Ensinem a ver a beleza e a bondade da criação e do ser humano, que sempre conserva a marca do Criador.

Mas, acima de tudo, sejam testemunhas com a sua vida daquilo que vocês comunicam. Um educador – jesuíta, professor, operador, pai – transmite conhecimentos, valores com as suas palavras, mas será incisivo sobre os jovens se acompanhar as palavras com o seu testemunho, com a sua coerência de vida. Sem coerência não é possível educar! Sejam todos educadores; não há transferência de competências nesse campo. A colaboração, então, em espírito de unidade e de comunidade entre os diversos componentes educativos é essencial e deve ser favorecida e alimentada. O colégio pode e deve servir de catalisador, ser lugar de encontro e de convergência da comunidade educante inteira, com o único objetivo de formar, ajudar a crescer como pessoas maduras, simples, competentes e honestas, que saibam amar com fidelidade, que saibam viver a vida como resposta à vocação de Deus, e a futura profissão como serviço à sociedade.

Aos jesuítas, depois, gostaria de dizer que é importante alimentar o seu compromisso no campo educativo. As escolas são um instrumento precioso para dar uma contribuição para o caminho da Igreja e da sociedade inteira. O campo educativo, além disso, não se limita à escola convencional. Encorajem-se a buscar novas formas de educação não convencionais segundo ´as necessidades dos lugares, dos tempos e das pessoas´.

Finalmente, uma saudação a todos os ex-alunos presentes, aos representantes das escolas italianas da Rede de Fe y Alegria, que eu conheço bem pelo grande trabalho que realiza na América do Sul, especialmente entre as camadas mais pobres. E uma saudação particular à delegação do colégio albanense de Shkodra, que, depois dos longos anos de repressão das instituições religiosas, a partir de 1994 retomou a sua atividade, acolhendo e educando jovens católicos, ortodoxos, muçulmanos e até mesmo alguns alunos nascidos em contextos familiares agnósticos. Assim, a escola se torna um lugar de diálogo e de sereno confronto, para promover atitudes de respeito, escuta, amizade e espírito de colaboração.

Queridos amigos, agradeço a todos vocês por este encontro. Confio-vos à materna intercessão de Maria e os acompanho com a minha bênção: o Senhor está sempre perto de vocês, os levanta das quedas e os leva a crescer e a fazer escolhas cada vez mais altas ´con grande ánimo y liberalidad´, com magnanimidade. Ad Maiorem Dei Gloriam."
www.vatican.va, 07-06-2013.

Artigo: Evangelização eficaz


Artigo do Pe. João Batista Libanio, SJ, professor da Faculdade Jesuíta de Teologia e Filosofia (FAJE)

O verbo Evangelizar ressoa desde o mandato de Jesus relatado no final dos Evangelhos de Mateus e Marcos. Os discípulos assumiram-no com coragem e denodo até a entrega da própria vida. E assim a fé cristã cresceu no meio de judeus e pagãos por meio da pregação.

O apóstolo Paulo resumiu em poucas palavras a necessidade da evangelização, quando afirma que a salvação vem de crer no nome do Senhor. Mas como crer naquele que não ouviram? E como o ouvirão, se ninguém o proclamar? E para proclamar precisamos de enviados. Logo a fé vem pela pregação (Rm 10 13-17).

Essa consciência alimentou durante séculos o fogo evangelizador. Acrescente-se na Igreja Católica a interpretação, no sentido literal, de que “fora da Igreja não há salvação”. Então os missionários saíram dispostos a tudo para converter as pessoas para dentro da Igreja com o batismo e assim arrancá-las da condenação eterna.

Hoje temos uma compreensão mais ampla. A de que a salvação de Deus vai muito além dos limites visíveis da Igreja e da evangelização explícita, conforme afirma o Papa Paulo VI na Exortação Apostóloca Evangelii Nuntiandi (n. 21).

Sabemos, contudo, que a evangelização significa graça para quem acolhe o Evangelho. E nele existem tesouros que só chegam às pessoas pelo seu conhecimento. Daí a responsabilidade de fazer chegá-los a quantos podemos.

Nas últimas décadas soou a expressão Nova Evangelização. Ela tem duas vertentes principais de compreensão. Ainda que muitos não saibam, Medellín já a usou. E depois se tornou muito divulgada por obra de João Paulo II que a empregou em vários momentos de suas viagens apostólicas pela Polônia, Haiti, República Dominicana e Uruguai.

Em Medellín, o termo adquiriu sentido libertador. Analisara-se a evangelização do Continente e percebera-se como ela não tinha considerado, em muitos momentos, as culturas indígenas e, depois da vinda dos escravos, a cultura negra. Impusera-se com o Evangelho a cultura europeia ocidental, como a única verdadeira cultura.

Medellín pensou girar radicalmente o processo evangelizador da América Latina. Propôs pensá-lo a partir da base, em vez de simplesmente plantar em nossas terras o modelo europeu. Neste sentido, ela se realizava por meio das comunidades eclesiais de base, alimentadas pela teologia da libertação. No fundo, portanto, ela visava principalmente aos pobres no sentido libertador, não somente como os destinatários principais, mas como os próprios sujeitos evangelizadores.

João Paulo II encontrava-se em outra perspectiva. Sentia o cansaço da evangelização em nossos países e buscou animar a Nova Evangelização, ao incentivá-la sob três aspectos: “nova em seu ardor, em seus métodos, em sua expressão".  Importa-nos, agora, encontrar a síntese que valorize a tradição de Medellín de enculturação respeitosa das culturas locais. Vale também ouvir o desejo de João Paulo e de Aparecida de que nos entusiasmemos com o encontro pessoal com Cristo para anunciá-lo a todos com novo ardor, novos métodos e expressão, respondendo ao momento e a cultura atual.
SIR