quarta-feira, 5 de junho de 2013

Papa está 'muito contente' com a organização da JMJ, diz arcebispo


Rio de Janeiro  - O papa Francisco recebeu, no dia 24 de maio, o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta e Membros do Comitê Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude Rio2013 para uma audiência sobre a JMJ, marcando os dois meses que antecedem o evento e revelou estar contente e confiante nos trabalhos que antecedem o encontro a ser realizado no próximo mês no Brasil. Dom Orani entregou ao Papa símbolos oficiais da Jornada e também cartas escritas por jovens.
O propósito da audiência era, acima de tudo, conversar a respeito dos últimos preparativos para a Jornada e sobre as expectativas dos jovens de todo do mundo, diante do encontro com o Santo Padre, em julho. "Também, trazer o abraço do Rio de Janeiro, do COL, das pessoas do Rio ao Santo Padre, dizendo o calor humano com o qual nós queremos recebê-lo e da alegria por presidir a JMJ", explicou o arcebispo.
Em entrevista a ACI Digital, Dom Antônio Augusto Duarte, você-presidente do Comitê Organizador Local e bispo auxiliar do Rio de Janeiro, que também participou do encontro, comparou a expectativa do Papa Francisco em estar com os jovens durante a Jornada, ao desejo de um pai em estar com os seus filhos, "Ele nos recebeu como velhos conhecidos e está muito contente e confiante com a organização do evento", revelou.
Como forma de aproximar o ppa dos cariocas e de todos os brasileiros, Dom Orani também presenteou o Pontífice com uma réplica da imagem do Cristo Redentor. "Símbolo cristão que representa todo o Brasil", disse ao entregar o presente.  Esta será a primeira Jornada Mundial da Juventude presidida pelo Papa Francisco e a segunda da América Latina, em 1987 os peregrinos se reuniram em Buenos Aires, Argentina, terra natal do Papa Francisco.
Dom Antônio disse por sua parte ao grupo ACI que está certo de que a Jornada também servirá para mostrar ao mundo um traço muito forte da personalidade do Papa Francisco: “o gosto de estar com as pessoas”. 
SIR

Obediência e paz: os ensinamentos de João XXIII


João XXIII: nas palavras de Francisco, 'luminoso exemplo da fé e das virtudes de inteiras gerações de cristãos'
“Obediência e paz”: é este para o papa Francisco o ensinamento deixado em herança por João XXIII a "cada um de nós” e à “Igreja do nosso tempo”. Cinquenta anos depois da morte, na tarde de segunda-feira (3), o Santo Padre recordou o seu predecessor com três mil peregrinos de Bérgamo, que chegaram à Basílica vaticana para rezar diante do túmulo do seu concidadão que se tornou Pontífice.

Depois da saudação do bispo Beschi, que anteriormente tinha celebrado a missa no altar da Confissão, o papa releu a figura humana e sacerdotal de Roncalli à luz do seu mote episcopal, Oboedientia et pax. Em particular a paz, disse, “é o aspecto mais evidente, que o povo sentiu: uma paz que com a sua eleição ao Pontificado se manifestou ao mundo inteiro e recebeu o nome da bondade”. E “é tão bonito – comentou improvisando – encontrar um sacerdote bom.

Quanto à obediência, “se a paz foi a característica exterior”, a primeira constituiu para Roncalli “a disposição interior, o instrumento para alcançar a paz”. Porque através desta obediência – prosseguiu – o papa João viveu uma fidelidade mais profunda. Eis a atualidade da sua mensagem: “Difundiremos paz à nossa volta – explicou o papa Francisco – se nos soubermos deixar guiar pelo Espírito Santo, se soubermos dar espaço ao amor”. De resto “o seu amor pela tradição da Igreja e a consciência da sua constante necessidade de atualização, a intuição profética da convocação do Concílio Vaticano II e a oferenda da própria vida pelo seu bom êxito, permanecem como pedras miliares na história da Igreja do século XX e como um farol luminoso para o caminho que nos espera”.

Em seguida, dirigindo-se diretamente aos fiéis bergamascos presentes, “justamente orgulhosos do ´papa bom´, luminoso exemplo da fé e das virtudes de inteiras gerações de cristãos”, o Pontífice exortou-os a conservar o seu espírito, a aprofundar o estudo da sua vida e dos seus escritos e, sobretudo, a imitar a sua santidade. “Não tenhais medo dos riscos – concluiu – como ele não teve medo”.
L’Osservatore Romano, 05-06-2013

Artigo: 'O que o papa Francisco vem fazer no Brasil'


Por Geraldo Trindade

Por que o Papa Francisco vem ao Brasil? O que este homem tem a nos falar? Ele virá ao país em 2013 para participar da 27ª Jornada Mundial da Juventude. Não é com pouco pesar que vemos o egoísmo imperando, as famílias se desfragmentando, o ódio entre segmentos sociais se acirrando, a ausência de amor, de alegria, de esperança se instalando. O trabalho digno é privilégio de alguns, o desemprego ainda marca profundamente nossa realidade, as drogas invadem os lares, a violência ceifa vidas, a depressão atinge milhares de homens e mulheres...

Apesar de tudo isso, nada impede os jovens de sonharem. É próprio deles desejar algo mais do que o cotidiano da vida. O jovem é o ser do novo, da relação interpessoal vivida na verdade e na solidariedade, da amizade autêntica, do verdadeiro amor, do futuro sereno e feliz. Eles se perguntam qual o sentido da vida, buscam porto seguro para reabastecer a força e zarpar em busca de seus ímpetos mais sublimes e generosos.

Vivendo nesta realidade, a figura do papa faz lembrar que há uma alternativa onde se possa encontrar, na vastidão e na beleza da vida, uma segurança e um sentido. Francisco vem para reafirmar que tudo o mais é insuficiente quando se descobre que o nosso desejo da vida é Aquele que nos criou. Ele deixou sua marca indelével em nós, por isso aspiramos ao amor, à alegria e à paz. A vinda do papa nos deixará um imenso legado espiritual. Será uma oportunidade ímpar de se ver o rosto da juventude católica, de renovar e solidificar a todos na fé e no amor à Igreja. É a certeza de que vale a pena acreditar em Deus, de dar a sua vida em favor dos outros.

Trazemos dentro de cada um de nós inúmeras questões e dúvidas. Procuramos respostas e não pararemos de buscá-las, mas trazemos a certeza de que só será possível encontrá-las por meio de Jesus Cristo, Aquele a quem o papa, figura de Pedro, insiste que confiemos. “O Rei que seguimos e nos acompanha é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua cruz; antes, abraçai-a, porque compreendestes que é no dom de si, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria e que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais a cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo. Levai-la, correspondendo ao convite de Jesus: ‘Ide e fazei discípulos entre as nações’ (cf. Mt 28,19), que é o tema da Jornada da Juventude deste ano.” (papa Francisco).

Rumo à Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, certos de que os jovens respondem com prontidão quando é proposto com fé com sinceridade e verdade o encontro com Cristo, fundamento da nossa fé. Incentiva Francisco aos jovens: “Devem dizer ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom andar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de nós mesmos para levar Jesus às periferias do mundo e da existência. Três palavras: alegria, cruz, jovens”.
Jornal do Brasil, 05-06-2013.

'Aprendamos a linguagem das crianças'


Papa Francisco: 'Peçamos hoje ao Senhor que o nosso falar seja aquele dos simples, o falar da criança, dos filhos de Deus'
O papa Francisco voltou a falar da corrupção. Na manhã de segunda-feira (4), propôs uma reflexão sobre a linguagem que habitualmente é usada pelos corruptos, isto é, a da hipocrisia: a mesma, disse, usada por satanás no deserto quando tentou Jesus de vários modos. O pontífice falou sobre isto durante a missa na capela da Domus Sanctae Marthae, concelebrada, entre outros, com sua Beatitude Nersés Bédros XIX Tarmouni, patriarca de Cilícia dos Armênios e pelo Arcebispo Jean-Louis Bruguès, arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, que estava acompanhado por um grupo de funcionários da Biblioteca Apostólica Vaticana.

A hipocrisia, frisou, é "a língua dos corruptos. Eles não gostam da verdade. Amam só  a si mesmos e assim procuram enganar, envolver o outro na sua mentira, na sua farsa. Têm o coração mentiroso; não podem dizer a verdade. A hipocrisia é a língua dos corruptos. Satanás usou-a depois do jejum no deserto: ´tens fome: podes transformar esta pedra em pão...´; ´para que tanto trabalho, lança-te do templo...´. Esta linguagem, que parece persuasiva, produz erro, mentira".
Assim, aqueles fariseus – continuou o papa voltando à narração evangélica – "são tão amáveis na linguagem, são os mesmos que na quinta-feira à noite  irão buscá-lo ao horto das oliveiras e na sexta-feira o levarão até Pilatos. E com Pilatos usarão o mesmo idioma: ´nós temos um só rei que é César´".  Esta linguagem é uma tentativa de "persuasão diabólica". De fato, quantos «naquele momento louvavam, entre aspas, Jesus – acrescentou o Pontífice – acabam por o trair e mandar para a cruz. Jesus, olhando para eles, disse-lhes: ´hipócritas!´".

Portanto, a hipocrisia é a linguagem da corrupção e certamente não a "linguagem da verdade, porque a verdade – frisou o bispo de Roma – nunca vem sozinha, vem sempre com o amor. Não há verdade sem amor. O amor é a primeira verdade. E se não há amor não há verdade".

Ao contrário, os hipócritas "querem uma verdade escrava dos próprios interesses". Também neles existe uma forma de amor; mas é "amor por si mesmos", uma espécie de "idolatria narcisista que os leva a trair os outros e aos abusos de confiança". No entanto "a mansidão que Jesus quer  de nós nada tem a ver com esta adulação, com este modo açucarado de ir em frente. Nada. A mansidão é simples, como a de uma criança; e uma criança não é hipócrita, porque não é corrupta. Quando Jesus nos  diz: ´o    vosso falar seja: sim, sim, não, não, com espírito de criança´, diz-nos o contrário do que dizem os corruptos".

Todos nós, reconheceu o papa Francisco, na realidade temos "uma certa fraqueza interior" e gostamos "que digam coisas boas de nós". Todos gostam, porque no fim de contas todos nós temos um pouco de vaidade. Os corruptos sabem-no e com a sua linguagem "procuram enfraquecer-nos". Portanto "pensemos bem hoje – aconselhou – qual é a nossa língua: falamos em verdade com amor ou falamos um pouco com aquela linguagem" que nos leva a ser educados, a dizer coisas bonitas que não pensamos?

"Que o nosso falar – desejou – seja evangélico". E "peçamos hoje ao Senhor que o nosso falar seja aquele dos simples, o falar da criança, dos filhos de Deus, por conseguinte, falar na verdade do amor".
L’Osservatore Romano, 05-06-2013

Papa ataca cultura do 'descartável' e do desperdício


'A cultura do descartável tornou-nos insensíveis ao lixo e ao desperdício alimentar', destacou Francisco
Cidade do Vaticano – O papa Francisco defendeu no Vaticano o ambiente e a vida humana, que diz serem ameaçados por uma cultura do "descartável´ e do desperdício, por causa do consumismo. “Aquilo que domina são as dinâmicas de uma economia e de finanças carentes de ética: assim, homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo, é a cultura do descartável”, disse, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas para a audiência pública semanal, na Praça de São Pedro.
O papa lamentou que a pobreza e os “dramas de tantas pessoas”, em particular as mais necessitadas, deixem de ser notícia e acabem por entrar na “normalidade”. "Se numa noite de inverno aqui, na Piazza Ottaviano, por exemplo, uma pessoa morre, isso não é novidade. Se em muitas partes do mundo há crianças que não têm nada para comer, isso não é novidade, parece normal. Isso não pode ser! E estas coisas entram na normalidade: que sem-abrigo morram de frio na rua não é notícia; pelo contrário, por exemplo, uma queda de 10 pontos em bolsas de algumas cidades é uma tragédia. A pessoa que morre não é notícia, mas se as bolsas caem 10 pontos é uma tragédia. Assim, as pessoas são descartadas. Nós, as pessoas, somos descartadas, como se fôssemos desperdício”, alertou, falando de improviso.
A intervenção abordou ainda o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, que hoje se celebra, "Pensar.Comer.Conservar", centrado no problema do desperdício alimentar. De acordo com a organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), 1,3 mil milhões de toneladas de comida são desperdiçadas anualmente, número equivalente à quantidade de alimentos produzidos em toda a África subsaariana; todos os dias mais de 20 mil crianças com menos de cinco anos morrem de fome.
"A cultura do descartável tornou-nos insensíveis ao lixo e ao desperdício alimentar, que são ainda mais lamentáveis quando em todas as partes do mundo, infelizmente, muitas pessoas e famílias sofrem de fome e subnutrição", observou o papa.
Francisco recordou que as gerações dos "avós" tinham muita atenção para não deitar comida fora, mas que hoje o “consumismo” levou as pessoas a habituarem-se “ao supérfluo e ao desperdício diário de alimento”, cujo valor “vai para lá dos meros parâmetros econômicos”. “A comida que deitamos fora é roubada da mesa de quem é pobre, de quem tem fome”, avisou, em espanhol. A intervenção referiu que os papas têm falado de uma “ecologia humana” estreitamente ligada à “ecologia ambiental”, em particular no atual momento de crise que ameaça as pessoas.
“O perigo é grave porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é só uma questão de economia, mas de ética e antropologia”, precisou. Neste contexto, Francisco disse que a vida humana já é vista como “valor primário a respeitar e tutelar”, em particular quando é “pobre ou deficiente, se ainda não serve – como o bebê por nascer – ou já não serve – como o idoso”.
“Convido todos, neste Dia Mundial do Ambiente, a um sério compromisso no sentido de se respeitar e guardar a criação, ser solícito por cada pessoa e combatera cultura do descartável e do desperdício com uma cultura da solidariedade e do encontro”, propôs o papa, na sua catequese. A audiência contou com uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa, que foram encorajados a “apostar em ideais grandes de serviço, que engrandecem o coração”.
SIR