sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sobre os católicos divorciados em segunda união e a Eucaristia


Em primeiro lugar, a situação dos fiéis católicos divorciados e que contraíram uma segunda união constitui um problema complexo e doloroso para a pastoral da Igreja, a qual acompanha com preocupação de Mãe e Mestra. Ela que quer estar perto de seus filhos, inclusive nas situações mais dolorosas com a misericórdia, e não pode nem deve abandonar os seus filhos divorciados que se casam novamente, porém deve ajudar os divorciados, procurando com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja.

Contudo, diante de questionamentos sobre a mudança da disciplina sobre a restrição da comunhão para os divorciados casados em segunda união, a Igreja, como fez o Beato João Paulo II e o Santo Padre Bento XVI, reafirma a sua prática, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística, porque a aliança matrimonial indissolúvel é expressão do amor indissolúvel de Cristo e sua Igreja, do qual a Eucaristia é o sacramento, sendo assim a Eucaristia um sacramento esponsal. A Eucaristia corrobora, confirma a unidade e o amor indissolúvel. A Exortação Apostólica Familiaris Consortium e a Exortação Apostólica Pós-sinodal Sacramentum Caritatis afirmam que a situação dos divorciados recasados contradiz objetivamente a união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia. Outra razão apresentada por João Paulo II é que pode induzir os fiéis ao erro sobre a indissolubilidade do matrimônio. Sabe a Igreja que muitos dos seus filhos até sofrem por conta de que não podem comungar e muitos dos divorciados em segunda união têm conhecimento do valor da Eucaristia na vida do cristão. Mas a Igreja é servidora da Palavra de Deus, não está acima dela. É neste sentido que a Igreja tem atuado. Não se trata de uma punição, mas uma realidade do Evangelho: não esqueçamos que o mesmo Senhor que falou da importância da Eucaristia – “se não comerdes a minha carne e não beberdes o meu sangue não tereis a vida em vós” – também disse: “o que Deus uniu o homem não separe”. Mais do que sentir angústia ou até revolta, os fiéis em segundo casamento devem cultivar no coração o desejo ardente da Eucaristia.

A Igreja sugere a prática da comunhão espiritual, que é o ato piedoso de desejo de se unir espiritualmente ao Senhor na Eucaristia, é desejar receber os efeitos da Eucaristia, embora não possamos dizer que a comunhão espiritual tenha igual valor à comunhão eucarística. Ela é recomendada pelos santos, por exemplo, Beato João Paulo II, Santa Teresa de Jesus, Santo Afonso de Ligório, ao longo da história e muito alimentou os corações de pessoas santas. São Tomás, com doutrina segura, afirma que há duas maneiras de receber a Eucaristia, a sacramental e a espiritual, e que, pela recepção espiritual, recebe-se o efeito deste sacramento: o homem se une a Cristo. A comunhão espiritual inclui o voto ou desejo de receber o sacramento. Na hora da Santa Comunhão, os que estão impossibilitados podem manifestar a Jesus o desejo de recebê-lo e confidenciar a própria situação e confiar nele, oferecendo-se em sacrifício espiritual de louvor, de adoração, de prece, de pedido de misericórdia. E é esta a participação ativa na Missa como nos pede o Concílio Vaticano II.

Por não poderem comungar significa que os divorciados recasados estão fora da Igreja? Não! Eles continuam a pertencer à igreja. A Igreja acompanha com preocupação e atenção de mãe, recomendado que cultivem um estilo cristão de vida, através da participação da Santa Missa, ainda sem receber a comunhão, da escuta da Palavra de Deus, da adoração eucarística, da oração, da cooperação na vida comunitária, do diálogo e acompanhamento com sacerdote na direção espiritual, no serviço da caridade, das obras de penitência, do empenho na educação dos filhos. Isso é pouco? Evidente que não. Ah, se a maioria dos católicos assim vivesse! O Santo Padre Bento XVI recentemente manifestou sua aproximação a estes filhos que estão nesta situação: “Considero grande tarefa duma paróquia, duma comunidade católica, fazer todo o possível para que elas sintam que são amadas, acolhidas, que não estão «fora», apesar de não poderem receber a absolvição nem a Comunhão: devem ver que mesmo assim vivem plenamente na Igreja. Mesmo se não é possível a absolvição na Confissão, não deixa talvez de ser muito importante um contacto permanente com um sacerdote, com um diretor espiritual, para que possam ver que são acompanhadas, guiadas. Além disso, é muito importante também que sintam que a Eucaristia é verdadeira e participam nela se realmente entram em comunhão com o Corpo de Cristo. Mesmo sem a recepção «corporal» do Sacramento, podemos está, espiritualmente, unidos a Cristo no seu Corpo. É importante fazer compreender isto. Oxalá encontrem a possibilidade real de viver uma vida de fé, com a Palavra de Deus, com a comunhão da Igreja, e possam ver que o seu sofrimento é um dom para a Igreja, porque deste modo estão ao serviço de todos mesmo para defender a estabilidade do amor, do Matrimônio; e que este sofrimento não é só um tormento físico e psíquico, mas também um sofrer na comunidade da Igreja pelos grandes valores da nossa fé. Penso que o seu sofrimento, se realmente aceite interiormente, seja um dom para a Igreja. Devem saber que precisamente assim servem a Igreja, estão no coração da Igreja.”

Quanto à solicitação de uma bênção para a segunda união, o respeito pelo sacramento do matrimônio proíbe, afirma João Paulo II, que os pastores, por qualquer motivo ou pretexto mesmo pastoral, fazer, em favor dos divorciados que contraem uma nova união, cerimônia de qualquer gênero porque dariam a impressão de celebração de novas núpcias sacramentais e induziriam em erro sobre a indissolubilidade do matrimônio. Pessoalmente, aconselharia convidar o sacerdote da Paróquia por ocasião de aniversário natalício de um dos cônjuges ou dos filhos ou por ocasião do nascimento dos filhos ou para bênção da residência e, nestes casos, poderia ser dada a bênção própria para esses acontecimentos da vida familiar, segundo o Ritual de Bênção, e não bênção para a segunda união. A bênção matrimonial segundo o Ritual Católico só é possível dentro da celebração do Matrimônio. Os padres não têm autoridade para liberar a comunhão nem para conceder bênção da segunda união ou das alianças e só poderão atuar com verdadeira compaixão e caridade agindo humildemente na verdade.

Se um casal ou um dos cônjuges tem dúvida de que o primeiro matrimônio foi realmente válido, procure a nossa Câmara Eclesiástica, na Cúria Metropolitana, no horário da manhã, nas quartas e sextas-feiras, e poderá receber informações para um possível processo de declaração de nulidade do matrimônio, não de anulação, pois não se anula casamento. O serviço da Pastoral Familiar, em sintonia com o ensinamento da Igreja, tem um setor próprio para acompanhar e ajudar os casais divorciados em segunda união a fim de que se sintam filhos da Igreja e que conheçam a misericórdia de Cristo que veio não para chamar os justos, mas os pecadores que precisam de conversão, e vão conhecendo a verdade do Evangelho – e a verdade liberta – e confiando na lei de Deus e nas disposições da Igreja que protegem o matrimônio e a família, cuidando do bem espiritual de seus filhos.

Pe. Moisés Ferreira de Lima
Vice-chanceler da Cúria e Membro da Comissão Arquidiocesana
de Pastoral para a Doutrina da Fé

Seis diáconos permanentes serão ordenados nesta sexta-feira, 21




Após a Ordenação Presbiteral, ocorrida na última segunda-feira, 17, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, consagra nesta sexta-feira, 21, seis novos diáconos permanentes. A Concelebração Eucarística de Ordenação será na Igreja Catedral, Sé de Olinda, a partir das 19h.

Recebem o Sacramento da Ordem no grau do Diaconato:

Adrião Faustino de Freitas Neto (Paróquia Nossa Senhora do Rosário - Cruz de Rebouças – Igarassu
Aerton Carvalho Silva (Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Casa Forte – Recife)
Egídio do Prado (Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida – IPSEP – Recife)
Heleno da Silva Brainer (Paróquia Nossa Senhora da Paz - Afogados – Recife)
Josenaldo Lopes da Silva (Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida – IPSEP – Recife)
Nélio José Lira Pereira (Paróquia Santo Antão – Vitória de Santo Antão)


Igreja Catedral – Sé de Olinda
Local: Rua Bispo Coutinho, 726 – Alto da Sé
Dia: 21 de dezembro de 2012
Horário: 19h

CNBB cria Comissão Especial para os Bispos Eméritos



logocnbb2012A Presidência da CNBB criou nesta quarta-feira, 19 de dezembro, a Comissão Especial para os Bispos Eméritos. Esta é a terceira comissão especial da Conferência, uma vez que já conta com uma para acompanhar a realização da Missão Continental e outra para a Amazônia. Segundo o documento oficial de criação, a Comissão Especial para os Bispos Eméritos terá como atribuições: "acompanhar os bispos eméritos; apoiar e dar assistência aos mesmos; ser elo de comunicação entre os bispos e bispos eméritos;atender às necessidades dos eméritos que não sejam supridas pelas respectivas dioceses".
Veja a íntegra do documento que cria, oficialmente, a Comissão Especial.

Brasília/DF, 19 de dezembro de 2012

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, no exercício de suas atribuições e nos termos do Art. 49,k do Estatuto Canônico da CNBB, nomeia a COMISSÃO ESPECIAL PARA OS BISPOS EMÉRITOS constituída pelos seguintes membros:

Bispos:
Dom Geraldo Cardeal Magela Agnelo – Presidente
Dom Albano Cavalin
Dom Lelis Lara, C.S.s.R
Dom Angélico Sandalo Bernardino
Dom Augusto Alves da Rocha
Dom Esmeraldo de Farias

Secretário:

Pe. Valdecir Ferreira
Ligada à Presidência da CNBB, a Comissão terá como atribuições: acompanhar os bispos eméritos; apoiar e dar assistência aos mesmos; ser elo de comunicação entre os bispos e bispos e os bispos eméritos; atender às necessidades dos eméritos que não sejam supridas pelas respectivas dioceses.

Cardeal Raymundo Damasceno de Assis
Arcebispo de Aparecida (SP)
Presidente da CNBB

José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luis (MA)
Vice-Presidente da CNBB

Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário Geral da CNBB

Virtudes heroicas de Paulo VI são reconhecidas pelo Vaticano


Papa_Paulo_VI_2012

O papa Bento XVI autorizou, nesta quinta-feira, 20 de dezembro, a Congregação das Causas dos Santos a promulgar os Decretos concernentes a numerosos novos Santos, entre os quais, Antônio Primaldo e companheiros, mais de 800, assassinados por ódio à fé durante o assédio turco de Otranto – sul da Itália – em 1480; concernentes também a 40 novos Beatos, entre os quais muitos mártires durante a guerra civil espanhola; e também concernentes a 10 novos Veneráveis, entre os quais o Papa Paulo VI, de quem foram reconhecidas as virtudes heroicas.
O papa Paulo VI ficou à frente da Igreja Católica por 15 anos, entre os anos de 1963 e 1978. Um decreto assinado pelo Sumo Sacerdote tornou Paulo VI “venerável”, primeiro dos três passos que levam à canonização.
Giovanni Battista Enrico Antônio Maria Montini, nome de batismo de Paulo VI, nasceu em 1897, na cidade de Concésio, na Itália. Ele foi responsável por dar continuidade ao Concílio do Vaticano II, após o falecimento do papa João XXIII.
Paulo VI é lembrado pelas viagens que fez ao redor do mundo — visitou Jerusalém, Índia, Colômbia, Uganda, entre outros países — e por sua busca por um diálogo sem precedentes com outras nações e religiões.
“Paulo VI teve um papel muito importante para a Igreja. Foi um dos primeiros a viajar para fora da Itália e entendeu a necessidade de mudanças para que a Igreja voltasse a atrair os mais pobres e necessitados”, atesta dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar da arquidiocese de Brasília (DF).
Milagre
A principal causa defendida para a beatificação é a cura de um feto diagnosticado com problemas cerebrais irreversíveis na Califórnia, Estados Unidos. Aconselhada a abortar, a mãe escolheu manter a gravidez e rezar para Paulo VI. Saudável, o menino completou 16 anos.
A beatificação inclui Paulo VI em uma longa lista papas que tiveram um ato reconhecido pelo Vaticano como milagre. A canonização, ou cerimônia que torna um venerável santo, é atribuída após o reconhecimento de ao menos dois milagres. Em maio de 2011, o papa João Paulo II foi beatificado em tempo recorde numa cerimônia que reuniu cerca de 1 milhão de pessoas na Praça São Pedro. Junto com João XXII e Pio IX, ele faz parte do grupo de três papas beatificados desde os anos 2000.

O perfil de Maria - Evangelho do Dia


"Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"


(Foto: )
Lucas 1,39-45
As palavras inspiradas de Isabel, ao se encontrar com sua prima Maria traçam o perfil de quem tinha sido destinada a ser a mãe do Salvador.

Maria é a mulher bendita por excelência. Repousando sobre ela as bênçãos divinas, sua vida estava indissociavelmente ligada a Deus. Sem deixar de ser humilde serva, sua humanidade revestia-se de um brilho especial. Tornava-se um modelo não apenas de mulher, mas de ser humano.

Maria trazia em seu ventre um fruto santo. A prole era um dos indicadores seguros da bênção divina. A humilde Virgem de Nazaré recebera, porém, uma bênção suplementar: a de ser a mãe do Messias. Tudo isto por estar disposta a ser totalmente fiel a Deus.

Maria é mulher de fé. Aqui reside a sua verdadeira grandeza, pois a maternidade decorre desta sua virtude. E sua fé se desdobra em forma de confiança e entrega disponível nas mãos de Deus. Porque crê, assume o projeto divino, embora desconhecendo como irá realizar-se. Joga-se, inteiramente, nas mãos de Deus, certa de não ficar decepcionada.

Maria é a mãe do Senhor de todos os povos. A exclamação de Isabel: “Como posso  merecer que a mãe de meu Senhor venha me visitar?” revela as reais dimensões da maternidade de Maria. O Senhor de Isabel é o Senhor do povo de Israel e Senhor de todos quantos haveriam de crer. Este Senhor de toda a humanidade estava ali, no ventre de Maria.
Oração
Pai, a exemplo de Isabel, anseio conhecer a verdadeira identidade de Maria que, na sua humildade, tornou-se o ser humano abençoado por excelência.

Evangelho do dia

Ano C - Dia: 21/12/2012



Encontro dos dois Meninos por nascer
Leitura Orante

Lc 1,39-45

Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto:
- Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse. 


LEITURA ORANTE
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
Agradeço-te, meu Deus,
porque me chamaste,
tirando-me das minhas ocupações do dia-a-dia,
muitas vezes difíceis e pesadas,
para aqui me encontrar contigo.
Dispõe o meu coração na paz e na humildade
para poder ser por ti encontrado/a e ouvir a tua Palavra.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Lc 1,39-45.
Lucas narra o encontro dos dois filhos por nascer: João e Jesus. É o encontro destas duas mães. Maria, mãe do Filho de Deus e Isabel, mãe do precursor, João Batista. Uma jovenzinha, Maria. E outra, de idade avançada, Isabel. Maria era virgem. Isabel, de idade avançada. Feita a saudação de Maria, Isabel responde profetizando: "Você é a mais abençoada de todas as mulheres. A criança que você vai ter é abençoada também. Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?" Nestas palavras, Isabel manifesta fé, reconhece a maternidade e o Messias, quando diz "meu Senhor". Ao dizer "você é a mais abençoada", esta bênção traz alegria para Isabel e a seu filho: "a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga". Esta bênção, fruto da fé, gera uma série imensa de louvores a Deus que Maria expressa no seu cântico. A visita de Maria a Isabel tornou-se a "visita de Deus ao seu povo", diz o Catecismo da Igreja Católica (717)

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Recordamos as palavras dos bispos na Conferência de Aparecida: "Nossos povos encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela vem refletida a mensagem essencial do Evangelho. (...)Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo." (DA 265).

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, com um grande sacerdote, o bem-aventurado Tiago Alberione:
Jesus, Mestre,
que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de reconhecimento das maravilhas que Deus faz em cada pessoa que encontrar hoje.

Santo do dia


São Pedro Canísio
1521-1597


21 de dezembro

São Pedro Canísio

A catequese sempre exerceu um fascínio tão grande sobre Pedro Canísio que, quando tinha menos de treze anos, ele já reunia meninos e meninas à sua volta para ensinar passagens da Bíblia, orações e detalhes da doutrina da Igreja. Mais tarde, seria autor de um catecismo que, publicado pela primeira vez em 1554, teve mais de duzentas edições e foi traduzido em quinze línguas. Mas teve também grande atuação no campo teológico, combatendo os protestantes.

Peter Kanijs para os latinos, Pedro Canísio nasceu em 8 de maio 1521, no ducado de Geldern, atual Holanda. Ao contrário dos demais garotos, preferia os livros de oração às brincadeiras. Muito estudioso, com quinze anos seu pai o mandou estudar em Colônia e, com dezenove, recebeu o título de doutor em filosofia. Mas não aprendeu somente as ciências terrenas. Com um mestre profundamente católico, Pedro também mergulhou, prazerosamente, nos estudos da doutrina de Cristo, fazendo despertar a vocação que se adivinhava desde a infância.

No ano seguinte ao da sua formatura, os pais, que planejaram um belo futuro financeiro para a família, lhe arranjaram um bom casamento. Mas Pedro Canísio recusou. Não só recusou como aproveitou e fez voto eterno de castidade. Foi para Mainz, dedicar-se apenas ao estudo da religião. Orientado pelo padre Faber, célebre discípulo do futuro santo Inácio de Loyola, em 1543 ingressou na recém-fundada Companhia de Jesus. Três anos depois, ordenado padre jesuíta, recebeu a incumbência de voltar para Colônia e fundar uma nova Casa para a Ordem. Assim começou sua luta contra um cisma que abalou e dividiu a Igreja: o protestantismo.

Quando era professor de teologia em Colônia, sendo respeitado até pelo imperador, Pedro Canísio conseguiu a deposição do arcebispo local, que era abertamente favorável aos protestantes. Depois, participou do Concílio de Trento, representando o cardeal Oto de Augsburg. Pregou e combateu o cisma, ainda, em Roma e Messina, onde lecionou teologia. Mas teve de voltar à Alemanha, pois sua presença se fazia necessária em Viena, onde o protestantismo fazia enormes estragos.

Foi nesse período que sua luta incansável trouxe mais frutos e que também escreveu a maior parte de suas obras literárias. Fundou colégios católicos em Viena, Praga, Baviera, Colônia, Innsbruck e Dillingen. Foi nomeado pelo próprio fundador, Inácio de Loyola, provincial da Ordem para a Alemanha e a Áustria. Pregou em Strasburg, Friburg e até na Polônia, sempre denunciando os seguidores do sacerdote Lutero, pai do protestantismo.

Admirado pelos pontífices e governantes do seu tempo, respeitado como primeiro jesuíta de nacionalidade alemã, Pedro Canísio morreu em 21 de dezembro de 1597, em Friburg, atual Suíça, após cinqüenta e quatro anos de dedicação à Companhia de Jesus e à Igreja. Foi canonizado por Pio XI, em 1925, para ser festejado, no dia de sua morte, como são Pedro Canísio, doutor da Igreja, título que também recebeu nessa ocasião.

O Papa Roncalli e a Igreja vista de Taizé


Muitas vezes ouvi o Ir. Roger repetir estas palavras: "O fundador de Taizé é João XXIII". E, em certo sentido, é verdade. A análise é do Ir. Alois de Taizé, prior da Comunidade de Taizé, na França.

Aquilo que vivemos em Taizé hoje, como comunidade ecumênica, seria impensável sem a realidade do Concílio. Se, como jovem católico de 16 anos, eu pude ir a Taizé em 1970 e aprofundar a minha fé com cristãos de diversas confissões, é graças ao Concílio Vaticano II.
Muitas vezes ouvi o Ir. Roger repetir estas palavras: "O fundador de Taizé é João XXIII". E, em certo sentido, é verdade. Giuseppe Roncalli, o irmão mais novo do papa, também expressou esse pensamento um dia.
Passados alguns anos desde a morte de João XXIII, Giuseppe Roncalli foi a Taizé junto com seus familiares por duas vezes. Ele observou o conjunto da nossa vida e da nossa acolhida, e notou como os jovens era acolhidos simplesmente. E uma noite ele disse ao seu neto Fulgenzio, que o acompanhava: "O que quer que aconteça com Taizé, foi o meu irmão, o papa, que começou".
Para entender tal influência de João XXIII e do Vaticano II sobre Taizé, parece-me importante traçar a presença do Ir. Roger em Roma durante os quatro anos conciliares. A pedido do cardeal Gerlier, então arcebispo de Lyon, o Papa João XXIII recebeu o Ir. Roger e o Ir. Max logo alguns dias depois da sua eleição. Desde já, entre o papa e o prior de Taizé, criou-se um vínculo que quase poderíamos definir como de parentela, um laço de corações. O Ir. Roger voltaria todos os anos para encontrar o papa. O cardeal Marty, arcebispo de Paris, afirmou um dia: "Foi graças ao fato de João XXIII conhecer pessoalmente os irmãos de Taizé que ele teve a coragem de convidar observadores não católicos ao Concílio".
A partir do momento que que recebeu a carta de convite para ele e para o Ir. Max ao Concílio, o Ir. Roger ficou convencido de que não devia simplesmente participar da assembleia, mas também de que devia levar a Roma a vida de Taizé. Acima de tudo, ele desejava que Taizé garantisse ao Concílio uma presença de oração, particularmente de oração pela unidade dos cristãos.
Portanto, foi preciso encontrar uma casa na cidade, em que os diversos irmãos pudessem habitar, para rezar juntos como em Taizé, e acolher. Assim, foi alugado um apartamento de quatro quartos na Via del Plebiscito, em pleno centro de Roma, não muito longe do Vaticano.
A acolhida foi essencial nesse alojamento romano dos irmãos, especialmente por ocasião das refeições, ao meio-dia e à noite.
As memórias dessa acolhida podem ser encontradas em muitos diários do Concílio publicados nos últimos anos, dos cardeais Congar, De Lubac, do bispo brasileiro Hélder Câmara.
Por exemplo, depois de ter sido convidado pelos irmãos, o Pe. Congar escreveu: "Eles souberam recriar o seu próprio clima no apartamento em que vivem. Recebem muitos hóspede. Praticamente não há refeição à qual não sejam convidados às vezes cinco ou seis bispos. E assim, neste momento, tem-se um Concílio feito de conciliábulos e de amizades, o que contribui para criar o clima do Concílio propriamente dito".
Sempre, antes de se sentar à mesa, os hóspedes participavam da oração comum dos irmãos. Os pratos são frugais. Alguns bispos confidenciam entre si: "Antes de ir almoçar nos irmãos de Taizé, é melhor comer alguma coisa em casa...". No apartamento, muitas vezes há arroz, molho de tomate e um pouco de vinho, e sempre flores sobre a mesa.
Os hóspedes muitas vezes vinham de muito longe. O Ir. Roger quis aproveitar a oportunidade oferecida pela assembleia conciliar e dar preferência para quem vem de outros continentes, especialmente aos latino-americanos, com os quais se estreitariam amizades duradouras. Sucediam-se também observadores ortodoxos e protestantes, peritos, auditores e auditoras leigos, jornalistas... Ao redor da mesa, aprofundava-se a experiência única de todos os Padres conciliares na Basílica de São Pedro: uma experiência de comunhão eclesial e humana determinante.
O Ir. Roger escreveu aos irmãos de como as trocas nos ensinam a aceitar a diversidade, e debates levam a entender quem é distante, em termos de origem e de posição. E não poupa o esforço de tecer laços com as minorias opostas às orientações do Concílio. Ele escrevia aos irmãos: "Toda vez que alguém intervém para pedir uma maior atenção à Bíblia, a uma piedade da qual Cristo vivo seja o centro, a minha alma treme de alegria. [...] A atenção se torna mais intensa quando, sob as abóbadas de São Pedro, ouvimos um bispo afirmar o que corresponde às nossas aspirações essenciais: a presença do cristão no mundo contemporâneo, a comunicação do Evangelho, a busca da paz".
Pouco antes de sua morte, por ocasião da última audiência concedida ao Ir. Roger e a dois irmãos, João XXIII reiterou a sua visão do lugar de Taizé na Igreja. Com grandes gestos circulares das mãos, disse: "A Igreja Católica é constituída por círculos concêntricos cada vez maiores, cada vez maiores". Em qual círculo ele via a nossa comunidade, ele não especificou. Mas o Ir. Roger entendeu como, para o papa, estávamos dentro dos círculos, e como o essencial já havia sido feito.
Falava-se à época da "Igreja dos pobres": o Ir. Roger não gostava muito dessa expressão. Para ele, a Igreja era de todos. O título de uma pequena obra do Pe. Congar, ao contrário, lhe agradava mais: "Por uma Igreja serva e pobre".
Durante o Concílio, o Ir. Roger se ligou profundamente a inúmeros bispos latino-americanos. Foi também graças a esses contatos que foi possível lançar as bases das nossas pequenas fraternidades que vivem entre os mais pobres dos continentes do Sul.
Ir. Alois de Taizé, prior da Comunidade de Taizé, na França. O artigo foi publicado no jornal dos bispos italianos, Avvenire, 19-12-2012.

Presente de Natal: inscrição para a JMJ/13


Rio de Janeiro, 21 dez (SIR) - Amizade e união são pontos fundamentais para uma JMJ. É um sonho do coração de Deus, para os corações do mundo inteiro.
Então nada melhor do que falar de coração para coração. Neste Natal, o Comitê Organizador Local (COL) lançou a campanha “Amigo de Coração”, para que os amigos se presenteiem com inscrições para a Jornada Mundial da Juventude Rio2013. O Natal é uma ótima oportunidade para alegrar um amigo com algo que será inesquecível em sua vida. Um dos símbolos da campanha é o Cristo Redentor. Como já disse o Papa Bento XVI, o Cristo deve ser um exemplo para todos nós, de coração e braços abertos para acolher a todos sem distinção. Assim também será a Jornada no Rio.
A campanha está sendo divulgada nas redes sociais e será veiculada em forma de cinta (propaganda que envolve uma publicação) em jornais das capitais Porto Alegre, Florianópolis, Vitória, Brasília e Curitiba. Seja testemunha do amor de Cristo e dê de presente a algum amigo do coração uma inscrição para a JMJ. Ou até mesmo presenteie a si mesmo! Com certeza essa será uma experiência que ficará marcada para sempre. Seja um amigo de coração!

Retweet: Bento XVI supera Justin Bieber


Faltou charme para o cantor pop Justin Bieber.

L’Osservatore Romano 21/12 - Na sua primeira semana no Twitter o Papa Bento XVI, com o seu account @pontifex, obteve uma quantidade de contactos recorde, superando astros da música como Justin Bieber em percentagem e número de retweeting das suas mensagens.
Mais de 1,2 milhões de followers do Papa  –   dos mais de dois milhões dos seus atuais followers  totais – decidiram partilhar a mensagem inaugural «Queridos amigos, estou feliz por entrar em contacto convosco através do Twitter. Obrigado pela vossa resposta generosa. Abençoo todos vós do fundo do coração». Ao contrário, só 0,7 % dos fãs da pop star consideraram oportuno retransmitir as suas palavras  no dia 26 de setembro passado, quando Bieber postou a segunda mensagem que se tornou a mais difundida de 2012 e da sua carreira até hoje nos social media.
Olhando rapidamente para as estatísticas resulta evidente que este dado é parte de uma tendência mais ampla: no site fala-se muito de espiritualidade e religião, e «os fiéis são mais ativos no retweet das palavras do Papa que os fãs de Bieber para a pop star», como confirmam os peritos de «chilreios» na Rede. É indicativo o fato de que para o Papa o limiar de um milhão de followers foi superado já antes da audiência de 12 de dezembro passado durante a qual Bento XVI enviou o tweet inaugural e que depois  no espaço de vinte e quatro horas os seguidores da Rede aumentaram de 750.000 unidades.
O último dado disponível, atualizado às 12 horas do dia 20 de dezembro, fala-nos de 2.108.484 followers. Nas próximas semanas o Papa iniciará a tweetar também em chinês e em  latim, além das oito línguas já ativas.
A conta de Bento XVI na rede social tem neste momento mais de 53 mil seguidores em língua portuguesa.

Deus nos humaniza 2




Não precisamos escolher entre Deus e a humanidade (Foto: Reprodução)
Ofereço aqui  mais um pouco de ‘teologia pública’, porque meu texto da semana passada ficou incompleto. Expliquei que o ‘Deus cristão’ participa, em Jesus de Nazaré, da existência humana, até a morte por amor. Assim, nossa humanidade deve ser vista, não em competição com o poder de Deus, e sim, em solidariedade com Ele – o que, biblicamente, se chama: Aliança.

É preciso aprofundar mais essa solidariedade, porque nas cabeças e nos corações está cravada a oposição entre o humano e o divino. Apesar de séculos de cristandade! Ou, talvez, por causa de certo tipo de cristandade...

Não precisamos escolher entre Deus e a humanidade. Deus já fez a escolha. Escolheu por ser humano, e por esta escolha revela o homem a si mesmo como sendo capaz de muito mais do que ele pensava: capaz de Deus.

Muita gente pensa que ser descontrolado, omisso, inconfiável, incoerente, é ‘humano’. Pois bem, a vida humana de Jesus (e de muitos daqueles que o seguiram) ensina o contrário. A fidelidade de Jesus ao seu caminho, que aos olhos do mundo pareceu um fracasso, é isso que é humano de verdade.

Outro aspecto: há quem pense que dedicar tempo e atenção a Deus – se assim podemos descrever a religiosidade – é carolice. Os machistas dizem: coisa de mulher (esquecendo que o judaísmo e o islã são religiões para os varões!). Pois bem, a Carta de Tiago e muitos outros textos da Sagrada Escritura nos ensinam que a verdadeira religião é prática, ética: “sustentar os órfãos e as viúvas em suas necessidades e guardar-se da contaminação do mundo” (Tiago 1,27). Não é perda de tempo.

Não que ética e fé em Deus sejam a mesma coisa. Conhecemos pessoas profundamente éticas (graças a Deus) que dizem não acreditar em Deus. A consciência ética não depende de um raciocínio teológico. Está embutida no coração, faz parte da humanidade. Mas o Deus cristão a aprofunda, a humaniza.

O Deus cristão, cujo retrato visível, ou relato narrável, é Jesus de Nazaré, nos faz entender que ‘pecar’ não é humano, mas inumano, porque fica aquém da possível humanidade. A Carta aos Hebreus (4,15) escreve a respeito de Jesus, literalmente: “tendo sido posto à prova quanto a tudo, segundo a [nossa] semelhança, menos o pecado”.  Muitas vezes isso é interpretado como se Jesus tivesse vivido aparentemente como nós, mas sem ser tentado pelo pecado. Mas então ele não teria sido bem igual a nós. Devemos levar a sério a primeira parte da frase: foi posto à prova como nós em tudo, inclusive na tentação ao pecado. Em tudo isso ele foi semelhante a nós, sem, porém, pecar.

Reflitamos então sobre essa semelhança. Adão e Eva (= todos nós) eram chamados à semelhança com Deus (Gênesis 1,26-27), mas não a realizaram: pecaram (pelo pecado que é o de todos nós, seja lá qual for). Jesus assume nossa semelhança e a realiza completamente: não pecou. Porque nossa semelhança é chamada a ser semelhança com Deus, o que significa algo prático, um modo de agir que combine com Deus. Por isso o Antigo Testamento diz: “Sede santos porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Levítico 19,1). E Jesus traduz isso como “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mateus 5,48), ou “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6,36).

Em sua semelhança humana, Jesus nos revela nossa possível (e desejável) semelhança com Deus. E ao mesmo tempo nos faz perceber, por seu modo de existir e levar sua existência a termo, os indícios do sentido que isso confere ao nosso ser. Esses indícios não são formulados em forma de dogmas, mas apresentam-se em forma de uma prática de vida (e morte), que a nós cabe reinterpretar, para e por meio de nossa vida e morte, enquanto pessoas abertas à comunidade e ao mundo.

E mais: a fé cristã acredita não somente que Jesus nos revela nossa verdadeira capacidade humana, mas ainda que recebemos a força e a luz para realizá-la, e essa força e luz chama-se o Espírito – o Espírito de Cristo e de Deus.

Em soma: não somos destinados a uma existência fraca, fracassada. Pelo contrário, nas provações da vida podemos mostrar que o Espírito que animou Jesus anima também a nós, fazendo-nos superar a insignificância de uma vida entregue aos ventos e às ondas do momento.

Tudo isso parece muito pessoal. Não é, ao contrário, a coletividade o ‘homem novo’ que abre novos rumos na história? Mas creio que o sentido de nossa vida se realiza pelo que pessoalmente assumimos. Só que pessoa significa abertura, comunicação. A minha humanidade se realiza com a humanidade de todos. E ficar aquém de minha possível humanidade compromete a humanidade de todos. O sujeito coletivo não substitui o sujeito pessoal. Está em intrínseca conexão com ele, numa relação dialética. Todavia, a liberdade tem sua fonte em cada um de nós, e essa fonte tem muito a ver com Quem a faz brotar...

Johan Konings Johan Konings nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colegio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Foi professor de exegese bíblica na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre (1972-82) e na do Rio de Janeiro (1984). Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE - Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte, onde recebeu o título de Professor Emérito em 2011. Participou da fundação da Escola Superior Dom Helder Câmara.