segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Santos Inocentes


Artigo de Cardeal Orani Tempesta

Anualmente, dentro da Oitava de Natal, celebramos várias festas que nos fazem refletir sobre as consequências do Mistério da Encarnação. Uma delas nos ajuda a nos comprometermos com a dignidade da vida humana: trata-se da festa dos Santos Inocentes, instituída pelo Papa São Pio V. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os Magos chegaram a Belém, guiados pela estrela, “encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes – ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não retornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: ‘Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para matá-lo’. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até a morte de Herodes, cumprindo-se, desse modo, o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: ‘Do Egito chamei o meu filho’. Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então cumpriu-se o que estava predito pelo profeta Jeremias: ‘Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem'” (Mt 2,11-20).
Na Idade Média, nas dioceses que possuía escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo deles. Eles assumiam os cânticos solenes no lugar dos Cônegos do cabido nesse dia.

A Igreja recorda hoje, portanto, os Santos Inocentes Mártires, as crianças mortas pelo rei Herodes, quando, após ouvir dos reis Magos que procuravam pelo “Rei dos Judeus”, buscou eliminar Jesus.

A violência de Herodes não consistiu somente na matança de inocentes inermes, mas também na execração de arrancá-los, ainda infantes, do colo de suas mães que, apavoradas, seguramente se esforçaram com a intrepidez própria dos desesperados por defendê-los e salvá-los. Os melhores artistas, ao longo dos séculos, pintaram em telas eloquentíssimas esse terror.

Muitos parecem pensar que nos dias de hoje não é possível que existam personagens sinistras como Herodes, pelo menos no que diz respeito a alguns âmbitos da realidade. Por outro lado, embora aceitem como uma evidência todo o progresso cultural, científico e tecnológico não admitem como executável uma intensificação ou um aprofundamento do maquiavelismo, nem que este se possa refinar nos seus métodos. Porém, atualmente, inúmeras são as violências contra os menores em todo o mundo: abusos sexuais, exploração nas guerras, no trabalho, mortes por causa de transplantes de órgãos, além da barbárie do aborto.

Qualquer mulher que sabe que está grávida não pode deixar de conhecer que traz um filho no seu seio. Para abortá-lo, normalmente inicia um processo mental de desumanização do filho, de modo a poder dar esse terrível passo. Por isso, um nominalismo atravessa os documentos como interrupção da gravidez, dizendo que tudo não passa de um “amontoado” de células. Mas a verdade é que, segundo o testemunho de gente agora convertida que antes trabalhou durante anos nesses centros de morte, muitas vezes as primeiras palavras que a mãe que abortou diz, quando na sala de recobro, são: “Ah meu Deus, acabei de matar o meu filho”!

A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Quantas são enviadas para as guerras! Muitas morrem nos bombardeios das cidades. Milhares se encontram em campos de refugiados. Olhemos ao nosso redor, nossas ruas e praças: quantas crianças abandonadas sem famílias e sem teto! Muitas comunidades e organizações trabalham nessa direção e viram verdadeiros milagres acontecerem.

Que o nosso empenho pela vida plena das crianças seja o nosso desafio para dar esperança de tempos melhores para nossa sociedade em busca da paz! Somos anunciadores de esperança e construtores da Paz com Cristo.  Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós, cristãos, aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Santos Inocentes, roguem por nós!
SIR

O valor da vida humana


Lembro as palavras de Jesus Cristo: 'Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância'.
Por Dom Gil Antônio Moreira*

Ao chegar o tempo do Natal, naturalmente recordamos o valor da vida humana. Deus quis também se tornar homem enviando seu Filho amado que nasceu do seio de Maria Virgem. Tal fato dignifica e sacraliza a vida humana.

Vem à tona, por outro lado, as questões da bioética.

Esse termo surgiu por volta dos anos 70, nos Estados Unidos, após o aparecimento de tantos dados novos relacionados à vida graças ao amplo progresso da ciência médica. Trata-se de estabelecer princípios éticos na manipulação de dados relacionados com a vida, sobretudo com a vida humana. A descoberta da composição das células, realizada pelo Monge católico Mendel, da ordem agostiniana, em meados do século XIX, possibilitou um enorme avanço da ciência, pois suas pesquisas revelaram como se transmitem os caracteres humanos de pais para filhos, através dos genes. Viu Mendel que os primeiros minutos da existência de um novo ser humano, a partir do momento da concepção, já são determinantes para toda a sua vida. O avanço da ciência é algo maravilhoso que constituiu uma verdadeira bênção de Deus para a humanidade.

Mais recentemente se descobriu a ação das células-tronco. O uso de tais células no tratamento de várias doenças representará a solução para inumeráveis casos tidos antes como insolúveis. Isso é maravilhoso! Porém há um grande problema: a busca de células-tronco em embriões humanos. Para aproveitá-las, deve-se matar o embrião. Isto é imoral, pois o embrião é uma verdadeira pessoa desde o momento de sua concepção, segundo ensina a própria ciência. A coisa se torna ainda mais grave quando se sabe que a criação de embriões humanos em bancos de reserva genética é um negócio imensamente lucrativo, embora escandalosamente desonesto.

Contudo, podem-se obter estas células em tecidos adultos, inclusive com melhor comportamento terapêutico que as embrionárias, uma vez que estas últimas são muito ativas, destinadas a construir o organismo todo e quando transferidas acabam gerando tumores em lugar de curar doenças. Não haveria, portanto, nenhuma razão para se optar pelas células embrionárias. Infelizmente no Brasil, muito desacertadamente, se aprovou há alguns anos a lei da biossegurança, página inconveniente de nossa história.

O problema está relacionado com a gravíssima questão do aborto, que será sempre um crime e um grave pecado. Tramitam no Congresso brasileiro projetos de lei que pretendem descriminalizar o aborto. Descriminalizar significa declarar que não será mais crime cometer aborto voluntário, ou seja, deixaria de ser crime matar as crianças antes de seu nascimento. Por mais argumentos que arranjem os abortistas e os aborteiros, nunca terão condição de negar esta verdade: aborto é a eliminação violenta de uma ou mais vidas humanas. Com o emprego de eufemismos tais como interrupção da gravidez, descriminalização, ou despenalização do aborto, gravidez assistida, direito da mulher sobre o seu corpo e outros, vai se tentando no Brasil legalizar a prática hedionda do abortamento de seres humanos.

Leve-se em conta que a criança gerada no seio materno não é parte do corpo da mãe, mas é outro ser humano distinto dela. Nenhuma mulher tem direito de assassinar ou causar a morte de seu filho. Se a mãe matasse um filho de três meses depois de nascido, seria certamente considerada um monstro. Mas, como aceitar que se possa matar sua criança três, seis ou nove meses antes de nascer?!

Tratando-se de bioética, outros temas são hoje objeto de estudo e de preocupações, como a eutanásia, o abortamento de anencéfalos, a fecundação in vitro e outros, mas ficam para uma próxima oportunidade. Concluo esta parte, lembrando a palavra de Jesus Cristo que nos pode iluminar em toda as questões: Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância. (Jo 10,10)

Que neste Natal você possa celebrar vitórias da vida.
CNBB, 16-12-2014.

A comunicação do Evangelho


A formação do povo de Deus exige mais dos evangelizadores. Estamos mal de pregação. É necessário mais conteúdo.
Por Luiz Carlos de Oliveira*

O enriquecimento da comunicação atual trouxe para dentro de nossa casa o mundo que era distante.  Pregamos o mesmo evangelho pregado pelos apóstolos com os meios atuais.

O papa Francisco alerta para alguns riscos: “algumas questões fundamentais que fazem parte da doutrina moral da Igreja e ficam fora do contexto que lhes dá sentido. Pior quando os aspectos secundários por si só não manifestam o núcleo da mensagem de Cristo” (EG 34).

A velocidade da comunicação pode não favorecer chegar ao mais importante do Evangelho ficando somente em aspectos secundários. O anúncio deve ir ao conteúdo que é a transformação da pessoa em uma nova criatura.

Não basta apresentar somente frases bonitas de autoajuda, slogans, imagens que comovem, mas não movem.  Tudo é muito bom, mas não é completo. O que mais assusta é o desconhecimento de pontos básicos e fundamentais da doutrina da Igreja.

O povo não foi bem catequizado. Por isso mesmo não se pode exigir um conhecimento que não receberam nem dar por suposto o conhecimento da doutrina. Urge então ir ao coração do Evangelho que é a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo, morto e ressuscitado (EG 16).

As verdades da fé e da moral estão unidas e conduzem ao essencial. Jesus resume todo seu ensinamento no amor. Não é uma conversa mole para amaciar o coração, mas tem em Jesus e em sua entrega na cruz o ponto central que dá sentido a tudo mais.

É bom saber de cor (significa coração) a doutrina, mas é necessário levá-la ao coração. S. Paulo insiste no fundamental que é “a fé que age pelo amor” (Gl 5,6). A fé e o amor estão intimamente unidos, se complementam e se explicam.

Misericórdia é amor

Santo Tomás explica esse fundamento da fé: “O elemento principal da Nova Lei é a graça do Espírito Santo que se manifesta através da fé que opera pelo amor”.  O nome do amor é misericórdia. Ela é a maior das virtudes. Ela é o primeiro culto, pois é o que mais agrada a Deus, uma vez que garante o bem ao próximo (Idem).

Vivemos uma religião egoísta e intimista. Pensamos só em nós, quando o verdadeiro bem é pensar nos outros.  O Papa Francisco continua afirmando que esta é a atitude de quem é superior. Como estamos no lugar de Deus, o poder que nos foi dado é usar seu poder de misericórdia e não de dominação.

É poder de debruçar-se sobre os outros. Lembramos a parábola do bom samaritano: “Quem foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos bandidos? Aquele que usou de misericórdia (Lc 10,37). A conclusão da parábola é mais clara: “Vai, e faze o mesmo”.

Anúncio vivido 

A transmissão da Palavra exige uma proporção, isto é, percorrer os diversos temas da doutrina. A formação do povo de Deus exige mais dos evangelizadores. Estamos mal de pregação. É necessário mais conteúdo. Essa parte, reservada em particular aos padres e bispos, necessita de maior atenção. Há muitos que reclamam que não levam nada da celebração.

Também o pregador deve ser ouvinte da Palavra, não somente um transmissor. Somos os primeiros ouvintes da Palavra. O Papa encerra o texto: “Não podemos pregar ideologias, pois a mensagem correrá o risco de perder o seu frescor e já não ter o “perfume do Evangelho” (EG 39).

Há ideologias de esquerda e também de direita. Podemos ter certeza que conseguiremos anunciar quando acreditamos em Cristo com a fé de discípulo. Se anunciarmos o coração do Evangelho, poderemos garantir a força do anúncio vivido.
A12, 23-12-2014.
*Luiz Carlos de Oliveira é padre.

Esperança, uma mensagem ao Oriente Médio


'A todos quero oferecer uma palavra de consolação', afirmou o papa aos cristãos vítimas de perseguição.
Não é possível resignar-se à lógica do conflito e do terrorismo "que comete todos os tipos de abusos e práticas indignas do homem". Na vigília do Natal o papa Francisco volta a expressar proximidade e solidariedade para com os cristãos do Oriente Médio vítimas de violências que parecem não ter fim.

"A todos quero oferecer uma palavra de consolação", escreve Francisco numa carta, manifestando a esperança de "ter a graça de ir pessoalmente para vos visitar e confortar".

Ao denunciar o agravar-se constante das perseguições que atingem diversos grupos religiosos e étnicos - "sobretudo devido às ações de uma mais recente e preocupante organização terrorista de dimensões antes inimagináveis" - o pontífice convida a comunidade internacional a "ir ao encontro" das necessidades das populações. Em particular, pede um compromisso decisivo para promover a paz "mediante a negociação e o trabalho diplomático" e "para conter e deter quanto antes a violência que já causou muitos prejuízos".

Francisco reitera "a sua firme deprecação do tráfico de armas". E recorda: "temos sobretudo necessidade de projetos e iniciativas de paz, para promover uma solução global dos problemas da região". Nesta perspectiva deseja que "quem foi obrigado a deixar as próprias terras, possa voltar e viver em dignidade e segurança". Ao mesmo tempo, espera que "a assistência humanitária possa incrementar-se, pondo sempre no centro o bem da pessoa e de todos os países no respeito da sua própria identidade".

Dirigindo-se diretamente aos fiéis do Oriente Médio, o papa recomenda também que se incrementem as "boas relações" e a "colaboração" entre todos os crentes em Cristo. "Os sofrimentos padecidos pelos cristãos oferecem uma contribuição inestimável à causa da unidade" recorda, sublinhando que se trata de uma presença "preciosa" e significativa sobretudo "na terra onde nasceu e se difundiu o cristianismo". Além disso, o Pontífice realça de novo a necessidade do diálogo entre as religiões – em particular com o islão – indicando-o como "o melhor antídoto contra a tentação do fundamentalismo religioso". Francisco pede também "uma tomada de consciência clara e corajosa por parte de todos os responsáveis religiosos, para condenar de forma unânime e sem ambiguidade alguma" a violência praticada em nome da religião.
A12, 23-12-2014.

Evangelho do Dia

Ano A - 29 de dezembro de 2014

Lucas 2,22-35

Aleluia, aleluia, aleluia. 
Sois a luz que brilhará para os gentios e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2,32).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
2 22 Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, 
23 conforme o que está escrito na lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”; 
24 e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. 
25 Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 
26 Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. 
27 Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, 
28 tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 
29 “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. 
30 Porque os meus olhos viram a vossa salvação 
31 que preparastes diante de todos os povos, 
32 como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel”. 
33 Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. 
34 Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, 
35 a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
LUZ DAS NAÇÕES 
A cena da apresentação do menino Jesus no templo e o rito de purificação de Maria são ricos em detalhes que evidenciam a identidade do Salvador. Revestem-se de um conjunto de elementos proféticos, pelos quais a existência de Jesus se pautará. 
Ele foi apresentado como pobre. Seus pais ofereceram um casal de rolinhas ou dois pombinhos, como era previsto para as família mais pobres Aliás, toda a vida de Jesus transcorrerá na pobreza. 
Com o rito de oferta, o Messias tornava-se uma pessoa consagrada ao Pai. Esta será uma marca característica de sua existência. Não se pertencerá a si mesmo; todo seu ser estará posto nas mãos do Pai, por cuja vontade se deixará guiar. 
O velho Simeão definiu a missão do Messias Jesus: ser luz para iluminar as nações e manifestar a glória de Israel para todos os povos. Por meio de Jesus, a humanidade poderia caminhar segura, sem tropeçar no pecado e na injustiça, e, assim, chegar ao Pai. 
Por outro lado, o Messias Jesus estava destinado a ser sinal de contradição. Quem tivesse a coragem de acolhê-lo, seria libertado de seus pecados. Mas para quem se recusasse aderir a ele, seria motivo de queda. Portanto, Jesus seria escândalo para uns, e ressurreição para outros. 
Esta cena evangélica retrata, assim, o que Jesus encontraria pela frente. 

Oração Senhor Jesus, possa tua luz brilhar em minha história e ajudar a me reerguer da prostração a que o pecado me reduziu. 

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Leitura
1 João 2,3-11
Leitura da primeira carta de são João.
2 3 Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. 
4 Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. 
5 Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele: 
6 aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu. 
7 Caríssimos, não vos escrevo nenhum mandamento novo, mas sim o mandamento antigo, que recebestes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que acabais de ouvir. 
8 Todavia, eu vos escrevo agora um mandamento novo - verdadeiramente novo, nele como em vós, porque as trevas passam e já resplandece a verdadeira luz. 
9 Aquele que diz estar na luz, e odeia seu irmão, jaz ainda nas trevas. 
10 Quem ama seu irmão permanece na luz e não se expõe a tropeçar. 
11 Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas, sem saber para onde dirige os passos; as trevas cegaram seus olhos.
Palavra do Senhor.
Salmo 95/96
O céu se rejubile e exulte a terra!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo, 
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! 
Cantai e bendizei seu santo nome!

Dia após dia anunciai sua salvação, 
manifestai a sua glória entre as nações 
e, entre os povos do universo, seus prodígios! 

Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus: 
diante dele vão a glória e a majestade, 
e o seu templo, que beleza e esplendor!
Oração
Ó Deus invisível e todo-poderoso, que dissipastes as trevas do mundo com a vinda da vossa luz, volvei para nós o vosso olhar, a fim de que proclamemos dignamente a maravilhosa natividade do vosso Filho unigênito.

Liturgia Diária

Dia 29 de Dezembro - Segunda-feira

OITAVA DO NATAL *
(Branco, Glória, Prefácio do Natal – Ofício do Dia)

Antífona de entrada:
Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu próprio Filho: quem nele crê não perece, mas possui a vida eterna (Jo 3,16).
Oração do dia
Ó Deus invisível e todo-poderoso, que dissipastes as trevas do mundo com a vinda da vossa luz, volvei para nós o vosso olhar, a fim de que proclamemos dignamente a maravilhosa natividade do vosso Filho unigênito.
Leitura (1 João 2,3-11)
Leitura da primeira carta de são João.
2 3 Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos.
4 Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele.
5 Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele:
6 aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu.
7 Caríssimos, não vos escrevo nenhum mandamento novo, mas sim o mandamento antigo, que recebestes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que acabais de ouvir.
8 Todavia, eu vos escrevo agora um mandamento novo - verdadeiramente novo, nele como em vós, porque as trevas passam e já resplandece a verdadeira luz.
9 Aquele que diz estar na luz, e odeia seu irmão, jaz ainda nas trevas.
10 Quem ama seu irmão permanece na luz e não se expõe a tropeçar.
11 Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas, sem saber para onde dirige os passos; as trevas cegaram seus olhos.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 95/96
O céu se rejubile e exulte a terra!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei seu santo nome!

Dia após dia anunciai sua salvação,
manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!

Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus:
diante dele vão a glória e a majestade,
e o seu templo, que beleza e esplendor!
Evangelho (Lucas 2,22-35)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sois a luz que brilhará para os gentios e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2,32).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
2 22 Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor,
23 conforme o que está escrito na lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”;
24 e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.
25 Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele.
26 Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor.
27 Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei,
28 tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos:
29 “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra.
30 Porque os meus olhos viram a vossa salvação
31 que preparastes diante de todos os povos,
32 como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel”.
33 Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam.
34 Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições,
35 a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
LUZ DAS NAÇÕES
A cena da apresentação do menino Jesus no templo e o rito de purificação de Maria são ricos em detalhes que evidenciam a identidade do Salvador. Revestem-se de um conjunto de elementos proféticos, pelos quais a existência de Jesus se pautará.
Ele foi apresentado como pobre. Seus pais ofereceram um casal de rolinhas ou dois pombinhos, como era previsto para as família mais pobres Aliás, toda a vida de Jesus transcorrerá na pobreza.
Com o rito de oferta, o Messias tornava-se uma pessoa consagrada ao Pai. Esta será uma marca característica de sua existência. Não se pertencerá a si mesmo; todo seu ser estará posto nas mãos do Pai, por cuja vontade se deixará guiar.
O velho Simeão definiu a missão do Messias Jesus: ser luz para iluminar as nações e manifestar a glória de Israel para todos os povos. Por meio de Jesus, a humanidade poderia caminhar segura, sem tropeçar no pecado e na injustiça, e, assim, chegar ao Pai.
Por outro lado, o Messias Jesus estava destinado a ser sinal de contradição. Quem tivesse a coragem de acolhê-lo, seria libertado de seus pecados. Mas para quem se recusasse aderir a ele, seria motivo de queda. Portanto, Jesus seria escândalo para uns, e ressurreição para outros.
Esta cena evangélica retrata, assim, o que Jesus encontraria pela frente.

Oração
Senhor Jesus, possa tua luz brilhar em minha história e ajudar a me reerguer da prostração a que o pecado me reduziu.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Sobre as oferendas
Nós vos apresentamos, ó Deus, as nossas oferendas, trocando convosco nossos dons: oferecemos o que nos destes e esperamos receber-vos. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão:
Graças ao entranhado amor de nosso Deus, visitou-nos a luz que vem do alto (Lc 1,78).
Depois da comunhão
Nós vos pedimos, ó Deus todo-poderoso, que a nossa vida seja sempre sustentada pela força dos vossos sacramentos. Por Cristo, nosso Senhor.


MEMÓRIA FACULTATIVA

SÃO TOMÁS BECKET
(Vermelho – Ofício da Memória)

Oração do dia:
Ó Deus, que deste a são Tomás Becket a grandeza de alma de sacrificar a vida pela justiça, concedei-nos, por sua intercessão, perder a vida pelo Cristo neste mundo, a fim de encontrá-la no céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas:
Recebei, ó Pai, na festa de são Tomás Becket, as oferendas de vosso povo para que nos façam sentir, como esperamos, vossa paternal proteção. Por Cristo, nosso Senhor.
Depois da comunhão:
Alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo, nós vos pedimos, ó Deus, que desabroche em plena redenção a ação que praticamos na fé. Por Cristo, nosso Senhor.
Santo do Dia / Comemoração (SÃO TOMÁS BECKET):
Tomás Becket nasceu no dia 21 de dezembro de 1118, em Londres. Era filho de pai normando e cresceu na Corte ao lado do herdeiro do trono, Henrique. Era um dos jovens cortesãos da comitiva do futuro rei da Inglaterra, um dos amigos íntimos com que Henrique mais tinha afinidade. Era ambicioso, audacioso, gostava das diversões com belas mulheres, das caçadas e das disputas perigosas. Compartilharam os belos anos da adolescência e da juventude antes que as responsabilidades da Coroa os afastasse. Quando foi corado Henrique II, a amizade teve uma certa continuidade, porque o rei nomeou Tomás seu chanceler. Mas num dado momento Tomás voltou seus interesses para a vida religiosa. Passou a dedicar-se ao estudo da doutrina cristã e acabou se tornando amigo do arcebispo de Canterbury, Teobaldo. Tomás, por sua orientação, foi se entregando à fé de tal modo que deixou de ser o chanceler do rei para ser nomeado arcediácono do religioso. Quando o arcebispo Teobaldo morreu e o papa concedeu o privilégio ao rei de escolher e nomear o sucessor, Henrique II não vacilou em colocar no cargo o amigo. Mas o rei não sabia que o antigo amigo se tornara, de fato, um fervoroso pastor de almas para o Senhor e ferrenho defensor dos direitos da Igreja de Roma. Tomás foi ordenado sacerdote em 1162 e, no dia seguinte, consagrado arcebispo de Canterbury. Não demorou muito para indispor-se, imediatamente, com o rei. Negou-se a reconhecer as novas leis das "constituições de Clarendon", que permitiam direitos abusivos ao soberano, e teve de fugir para a França, para escapar de sua ira. Ficou no exílio por seis anos, até que o papa Alexandre III conseguiu uma paz formal entre os dois. Assim, Tomás pôde voltar para a diocese de Canterbury a fim de reassumir seu cargo. Foi aclamado pelos fiéis, que o respeitavam e amavam sua integridade de homem e pastor do Senhor. Mas ele sabia o que o esperava e disse a todos: "Voltei para morrer no meio de vós". A sua primeira atitude foi logo destituir os bispos que haviam compactuado com o rei, isto é, aceitado as leis por ele repudiadas. Naquele momento, também a paz conseguida com tanta dificuldade acabava. O rei ficou sabendo e imediatamente pediu que alguém tirasse Tomás do seu caminho. O arcebispo foi até avisado de que o rei mandaria matá-lo, mas não quis fugir novamente. Apenas respondeu com a frase que ficou registrada nos anais da história: "O medo da morte não deve fazer-nos perder de vista a justiça". Encheu-se de coragem e, vestido com os paramentos sagrados, recebeu os quatro cavaleiros que foram assassiná-lo. Deixou-se apunhalar sem opor resistência. Era o dia 29 de dezembro de 1170. O próprio papa Alexandre III canonizou Tomás Becket três anos depois do seu testemunho de fé em Cristo. A sua memória é homenageada com festa litúrgica no dia de sua morte.