quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A jovialidade dos idosos


Envelhecer é uma lei da natureza. Isso implica estar sensível ao entardecer da existência.
Por Dom Leomar Brustolim*
No dia 4 de março de 2015, o Papa Francisco, em Audiência Geral, afirmou que “os anciãos são homens e mulheres, pais e mães que estiveram antes de nós na mesma estrada, na mesma casa, na nossa batalha cotidiana por uma vida digna”. O Papa nos propõe a refletir sobre a arte de envelhecer.
No mundo atual, há uma estimativa que até 2050 o número de idosos passe de 600 milhões para 2 bilhões. Isso significa que, nos próximos 50 anos, haverá mais pessoas com idade superior a 60 anos do que menores de 15 anos. No Brasil, os idosos já superam 15 milhões de pessoas. As pessoas estão vivendo mais tempo graças a uma série de fatores, como o avanço da medicina, a conscientização sobre os cuidados com a vida e a melhora das condições sociais.
Envelhecer é uma lei da natureza. Isso implica estar sensível ao entardecer da existência. É uma etapa na qual é preciso superar a contraposição entre a idade da força, dos jovens, e a idade da fragilidade, dos velhos. É necessário vencer a crise de sempre se sentir doente em busca de uma juventude perdida ou de um rejuvenescimento a qualquer custo.
No passado, em muitas culturas, os idosos eram testemunhas eloquentes da história e da tradição. Eram os herdeiros privilegiados do tesouro cultural da comunidade e considerados sábios conselheiros que já haviam experimentado as lutas e as dificuldades da vida, mas que haviam aprendido com as provações. Hoje, esse valor quase desapareceu do nosso meio.
É verdade que a pessoa não pode ocultar sua velhice mas, nos idosos, permanece a inteligência, a capacidade de meditar, a possibilidade de amar e de partilhar pensamentos, ideias e sentimentos. Tudo isso supõe que as pessoas devam se preparar para envelhecer. É preciso manter a jovialidade, mesmo em idade avançada. Isso depende de uma profunda experiência com o Deus da Vida, como bem recorda o salmista sobre aquele que tem fé: “Mesmo na velhice dará fruto, estará viçoso e frondoso, para anunciar que Deus é reto.” (Sl 92,15-16).
São João Paulo II escreveu uma carta dedicada aos anciãos em 1999, na qual ele afirma que os idosos “ajudam a contemplar os acontecimentos terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes os tornaram mais experimentados e amadurecidos. Eles são guardiões da memória coletiva e, por isso, intérpretes privilegiados daquele conjunto de ideais e valores humanos que mantêm e guiam a convivência social. Excluí-los é como rejeitar o passado, onde penetram as raízes do presente, em nome de uma modernidade sem memória. Os anciãos, graças à sua experiência amadurecida, são capazes de propor aos jovens conselhos e ensinamentos preciosos.” Da mesma forma, no contexto do Sínodo sobre a Família, é importante destacar o papel dos avós. Eles merecem uma atenção especial para manter o elo entre as gerações. São eles que garantem a transmissão de costumes e valores, tradições e virtudes que permitem aos jovens construir uma identidade que não pode prescindir da herança recebida.
Enfim, a arte de envelhecer supõe ler esta fase da vida como tempo favorável para levar a bom termo a aventura humana, procurando compreender melhor o sentido da vida para alcançar a ‘sabedoria do coração’.
CNBB 20-11-2015
*Dom Leomar Brustolim é bispo Auxiliar de Porto Alegre.

Evangelho do Dia

B - 26 de novembro de 2015

Lucas 21,20-28

Aleluia, aleluia, aleluia.
Levantai vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima! (Lc 21,28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 21 20 disse Jesus aos seus discípulos: “Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína.
21 Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na cidade.
22 Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito.
23 Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo.
24 Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs.
25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas.
26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas.
27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade.
28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
LEVANTEM A CABEÇA!
Na Bíblia, a destruição de certas cidades é apresentada como lição para a humanidade. A ruína de Sodoma e Gomorra simboliza o fim da maldade humana. A queda da Samaria representa o castigo da cidade que trocou Deus pelos ídolos e se deixou contaminar pela injustiça. A queda de Nínive e da Babilônia foram celebradas como o fim de impérios prepotentes, cuja ação nefasta foi causa de sofrimento e morte para muitos povos.
A devastação de Jerusalém foi, também, marcada de simbolismo. Cidade de grande evocação teológica - lugar da habitação de Deus no meio de seu povo - converteu-se em cidade assassinada dos profetas, surda aos apelos dos enviados. Para os cristãos, caracterizou-se como cidade assassina do Filho de Deus, o qual tentou, inutilmente, chamá-la à conversão. Tendo perdido sua razão de ser, só lhe restava ser votada à destruição.
Ao mesmo tempo em que fala dessa destruição, Jesus abre o coração dos discípulos para a esperança. Por um lado, fala-se em grandes calamidades no país: flagelos, morte, exílio, ruína. Por outro, alude-se ao Filho do Homem "vindo sobre as nuvens, com grande poder e glória". O fim de Jerusalém corresponde ao início de uma realidade nova, à libertação que se aproxima.
Portanto, os discípulos têm motivos para se conservarem esperançosos, banindo todo temor. A proximidade da libertação é motivo de alegria!

 
Leitura
Daniel 6,12-28
Leitura da profecia de Daniel.
6 12 Então esses homens acorreram amotinados e encontraram Daniel em oração, invocando seu Deus.
13 Foram imediatamente ao palácio do rei e disseram-lhe, a respeito do edito real de interdição: "Não promulgaste, ó rei, uma proibição estabelecendo que quem nesses trinta dias invocasse algum deus ou homem qualquer que fosse, à exceção tua, seria jogado na cova dos leões?" "Certamente", respondeu o rei, "(assim foi feito) segundo a lei dos medos e dos persas, que não pode ser modificada".
14 "Pois bem", continuaram: "Daniel, o deportado de Judá, não tem consideração nem por tua pessoa nem por teu decreto: três vezes ao dia ele faz sua oração".
15 Ouvindo essas palavras, o rei, bastante contrariado, tomou contudo a resolução de salvar Daniel, e nisso esforçou-se até o pôr-do-sol.
16 Mas os mesmos homens novamente o vieram procurar em tumulto: "Saibas, ó rei", disseram-lhe, "que a lei dos medos e dos persas não permite derrogação alguma a uma proibição ou a uma medida publicada em edito pelo rei".
17 Então o rei deu ordem para trazerem Daniel e o jogarem na cova dos leões. "Que o Deus, que tu adoras com tanta fidelidade", disse-lhe, "queira ele mesmo salvar-te!"
18 Trouxeram uma pedra, que foi rolada sobre a abertura da cova; o rei lacrou-a com seu sinete e com o dos grandes, a fim de que nada fosse modificado em relação a Daniel.
19 De volta a seu palácio, o rei passou a noite sem nada tomar, e sem mandar vir concubina alguma para junto de si. Não conseguiu adormecer.
20 Logo ao amanhecer levantou-se e dirigiu-se a toda pressa à cova dos leões.
21 Quando se aproximou, chamou Daniel com voz cheia de tristeza: "Daniel", disse-lhe, "servo de Deus vivo, teu Deus que tu adoras com tanta fidelidade terá podido salvar-te dos leões?"
22 Daniel respondeu-lhe: "Senhor, vida longa ao rei!
23 Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leões; eles não me fizeram mal algum, porque a seus olhos eu era inocente e porque contra ti também, ó rei, não cometi falta alguma".
24 Então o rei, todo feliz, ordenou que se retirasse Daniel da cova. Foi ele assim retirado sem traço algum de ferimento, porque tinha tido fé em seu Deus.
25 Por ordem do rei, mandaram vir então os acusadores de Daniel, que foram jogados na cova dos leões com suas mulheres e seus filhos. Não haviam tocado o fundo da cova, e já os leões os agarraram e lhes trituraram os ossos!
26 Então o rei Dario escreveu: "A todos os povos, a todas as nações e aos povos de todas as línguas que habitam sobre a terra, felicidade e prosperidade!
27 Por mim é ordenado que em toda a extensão de meu reino, se mantenha perante o Deus de Daniel temor e tremor. É o Deus vivo, que subsiste eternamente; seu reino é indestrutível e seu domínio é perpétuo.
28 Ele salva e livra, faz milagres e prodígios no céu e sobre a terra: foi ele quem livrou Daniel das garras dos leões".
Palavra do Senhor.
Salmo Dn 3
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!

Orvalhos e garoas, bendizei o Senhor!
Geada e frio, bendizei o Senhor!
Gelos e neves, bendizei o Senhor!

Noites e dias, bendizei o Senhor!
Luzes e trevas, bendizei o Senhor!

Raios e nuvens, bendizei o Senhor!
Ilhas e terra, bendizei o Senhor!
 
Oração
Levantai, Ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Convite

Pe. Paulo convida todos os paroquianos a participarem da  caminhada que será hoje, dentro da semana missionária do vicariato Recife Sul 2, saindo da matriz de Nossa Senhora das Candeias às 18h30, em direção a comunidade de São Pedro, com celebração Eucarística às 19h30 presidida pelo Bispo auxiliar Dom Antônio Tourinho Neto.

domingo, 22 de novembro de 2015

Angelus: o amor é a força do reino de Cristo


Papa saúda multidão na Praça S. Pedro no domingo, 22 de novembro - AFP

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Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de fiéis rezaram com o Papa Francisco o Angelus este domingo de sol e frio na capital italiana.
Na Praça S. Pedro, antes da oração mariana, o Papa recordou a solenidade de Cristo Rei do Universo. O Evangelho, disse Francisco, nos faz contemplar Jesus enquanto se apresenta a Pilatos como rei de um reino que “não é deste mundo”.
“Isto não significa que Cristo seja rei de outro mundo, mas que é rei de outro modo, mas é rei neste mundo”, explicou, acrescentando que se trata de uma contraposição entre duas lógicas. A lógica mundana se fundamenta na ambição e na competição, combate com as armas do medo, da chantagem e da manipulação das consciências. A  lógica evangélica, ao invés, se expressa na humildade e na gratuidade, se afirma silenciosa, mas eficazmente com a força da verdade.
Na falência, o amor
Mas é na Cruz que Jesus se revela rei: “Mas alguém pode dizer: ‘Padre, isto foi uma falência'. Mas é justamente na falência do pecado, das ambições humanas, que está o triunfo da Cruz, da gratuidade do amor. Na falência da Cruz se vê o amor.”
Falar de potência e de força para o cristão, disse o Papa, significa fazer referência à potência da Cruz e à força do amor de Jesus. Se Ele tivesse descido da Cruz, teria cedido à tentação do príncipe deste mundo; ao invés, Ele não salva a si mesmo para poder salvar os outros.
"Dizer que Jesus deu a vida pelo mundo é verdadeiro, mas é mais bonito dizer que Jesus deu a sua vida por mim”, afirmou Francisco, que pediu a todos na Praça que repetissem essas palavras em seus corações.
Bom ladrão
No Calvário, quem entende a atitude de Cristo é o bom ladrão, um dos malfeitores crucificados com Ele, que suplica: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres com teu reino”.
“A força do reino de Cristo é o amor: por isto a realeza de Jesus não nos oprime, mas nos liberta das nossas fraquezas e misérias, encorajando-nos a percorrer os caminhos do bem, da reconciliação e do perdão.” E mais uma vez o Papa pediu a participação dos peregrinos, convidando-os a repetirem as palavras do bom ladrão quando nos sentirmos fracos, pecadores e derrotados.
E concluiu: “Diante de tantas dilacerações no mundo e das demasiadas feridas na carne dos homens, peçamos a Nossa Senhora que nos ampare no nosso esforço para imitar Jesus, nosso rei, tornando presente o seu reino com gestos de ternura, de compreensão e de misericórdia.”
(BF)


Papa: escola deve ensinar valores, não só conceitos


 
Papa recebeu cerca de 7 mil participantes de Congresso Mundial sobre educação - AFP

PARTILHA:
Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de educadores e estudantes de todo o mundo se reuniram com o Papa Francisco na manhã de sábado (21/11) na Sala Paulo VI, no Vaticano, no encerramento do Congresso Mundial promovido pela Congregação para a Educação Católica.
A modalidade do encontro foi de testemunhos e perguntas feitas por estudantes e professores e respostas por parte do Pontífice, que não tinha um discurso pronto. Para Francisco, não se pode falar de educação católica sem falar de humanisno.
Transcendência
“Educar de modo cristão não é fazer uma catequese, proselitismo, é levar avante os jovens e as criaças nos valores humanos em toda a realidade. E uma dessas realidades é a transcendência”, disse o Papa, que considera o fechamento à transcendência a maior crise educacional.
O Pontífice lamentou a educação seletiva e elitista. “Parece que têm direito à educação os povos que tem certo nível, certa capacidade. Mas certamente não têm direito à educação todas as crianças. Esta é uma realidade mundial que nos envergonha, que nos leva rumo a uma seletividade humana que, ao invés de aproximar os povos, os afasta. Afasta os ricos dos pobres, uma cultura de outra.”
O Papa falou ainda do fenômeno da exclusão, que leva à ruptura do pacto educativo entre a família e a escola, entre a família e o Estado. “Os trabalhadores mais mal pagos são os educadores. Isso significa que o Estado não tem interesse”, criticou.
Um grande pensador brasileiro
Para ele, o trabalho do educador é buscar novos caminhos na educação informal, como as artes e os desportos. E o Papa chamou em causa os brasileiros, citando implicitamente Paulo Freire:
“Um grande educador brasileiro dizia que na escola formal devia-se evitar cair somente num ensino de conceitos. A verdadeira escola deve ensinar conceitos, hábitos e valores. Quando uma escola não é capaz de fazer isso, esta escola é seletiva, exclusiva e para poucos”, disse Francisco, acrescentando que o critério de seleção puramente racional tem como base “o fantasma do dinheiro”.
Quanto à figura do educador, o Pontífice considera que este deve saber arriscar; caso contrário, não pode educar.
“Arriscar significa ensinar a caminhar, ensinar que uma perna deve estar firme e, a outra, deve tentar avançar. Educar é isto. O verdadeiro educador deve ser mestre de risco, mas de risco consciente.”
Periferias
Francisco falou ainda da necessidade de ir às periferias. No campo educativo, afirmou, significa acompanhar os alunos no crescimento, não somente fazer beneficência e dar de comer e ensinar a ler. Significa segurar pelas mãos e caminhar juntos, fazer com que os jovens de periferia, feridos em sua humanidade, “cresçam em humanidade, em inteligência, em valores e em hábitos”.
“A maior falência de um educador é educar ‘dentro dos muros’: muros de uma cultura seletiva, muros de uma cultura de segurança, os muros de um setor social elevado.”
Por fim, o Papa deu como “lição de casa” aos presentes que repensem as obras de misericórdia na educação.  “Como posso fazer para que este Amor do Pai, que é especialmente ressaltado neste Ano da Misericórdia, chegue às nossas obras educativas?”
O Pontífice concluiu agradecendo aos educadores “mal pagos” por tudo o que fazem, encorajando-os a prosseguirem. “Devemos reeducar tantas civilizações!”
(BF)


Jesus Cristo, Rei do Universo


A realeza de Cristo manifesta-se como serviço, fidelidade e amor.
Por Marcel Domergue*
Referências bíblicas:
1ª leitura: "Seu poder é um poder eterno" (Daniel 7,13-14)
Salmo: 92(93) R/ Deus é rei e se vestiu de majestade, glória ao Senhor!
2ª leitura: "O soberano dos reis da terra fez de nós um reino, sacerdotes para seu Deus" (Apocalipse 1,5-8)
Evangelho: "Tu o dizes: eu sou rei" (João 18,33-37)

Um filho do homem
"... um como filho do homem". A primeira leitura não nos fala que Deus toma o poder, mas sim “um filho do homem”. Isto quer dizer que a humanidade está destinada a dominar sobre tudo o que lhe é contrário. O filho do homem acabará por se chamar Filho do homem. O que pode significar que a humanidade, hoje, está em gestação e irá dar à luz um homem novo, do qual o Cristo representa a entrada, a antecipação. Jesus fala em "Reino de Deus", no futuro, mas, às vezes, também no presente: ele está "no meio de vós". De fato, o homem novo, o Cristo, viveu entre nós e permanece conosco, desde que, pelo amor, nos tornemos um só corpo. Tudo isso, no entanto, permanece escondido, e só será revelado quando ele vier em sua "Glória", que será a glória também da humanidade, do "Filho do Homem". Este tema da realeza é para nós sempre um pouco estranho, e temos dificuldade em conceber a nossa relação com Deus como sendo uma relação entre um soberano e os seus súditos. Compreendemos que o Cristo não assume o poder sobre nós, já que não somos súditos, mas filhos, herdeiros do Reino (Gálatas 4,1-7). O Cristo toma sim o poder, mas sobre tudo o que nos sujeita, as famosas dominações e potestades de que fala Paulo tantas vezes e que representam tudo o que entrava a nossa liberdade. Para isso, teve de ser "elevado da terra", o que, em São João, significa ser crucificado. Submetendo-se a estas potestades, Jesus parece dizer: não têm importância nenhuma, elas não podem nada contra nós, pois não podem nos impedir de amar. E ele nos mostra isso.

A Realeza de Cristo
A expressão Cristo Rei é de fato um pleonasmo, porque a palavra Cristo já designa quem recebeu a unção real. Todo o povo é que por vezes é chamado de Cristo, o que nos traz de volta ao parágrafo precedente. Mas como se exerce a realeza do Filho do homem? Vimos que ela consiste em tomar o poder sobre tudo o que nos é contrário. "Tudo pertence a vós... o mundo, a vida, a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus" (1 Coríntios 3,21-23). Esta última frase implica que só alcançaremos a realeza participando da realeza de Cristo. Cabeça e membros, por certo, se fazem somente um, conforme outra imagem usada por Paulo. Mas a cabeça é que inspira os membros. Se a relação de Cristo para conosco não é uma relação de autoridade, no sentido corrente da palavra, em que consiste ela então? O evangelho nos dá a resposta. Jesus diz a Pilatos “Eu sou rei”, e faz questão de precisar que a sua realeza não é como as que são exercidas neste mundo. O único poder que o Cristo exerce é o de atração da verdade, da nossa própria verdade, esta que faz de nós seres humanos. Parece estarmos ouvindo Jesus dizer, em João 6,44: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair." E esta atração, exercida por nossa Origem, para nos levar ao nosso ser verdadeiramente, "de verdade", nos deixa plenamente livres; daí vêm todos os nossos problemas.

A festa do nosso futuro
Quer falemos do Cristo Rei, da Ascensão de Jesus, Filho do homem elevado acima de tudo, da sua entrada na glória, quer digamos, como no Credo, que ele está sentado à direita do Pai, estamos dizendo a mesma coisa: que aquele que em si mesmo assumiu a nossa humanidade conquista a verdade do amor ao se entregar para os outros e, por aí, entrando na alegria plena. Ao fazer isto, ele traça o caminho que devemos seguir se quisermos encontrá-lo aonde ele chegou. "Diante de mim, abriste uma passagem." Não somos mais prisioneiros de um destino de morte. Por isso, quando celebramos a festa de Cristo Rei estamos celebrando a nós mesmos. O que nos desconcerta é que só chegamos a este futuro de verdade e vida (João 14,6) tendo atravessado o pior: o fracasso, a doença, o luto, a morte. Por que razão o nascimento de nossa verdade tem de passar por tudo isso? O famoso problema do mal nunca recebeu uma solução satisfatória. Mas ele existe entre nós e nos deixa marcados de uma conivência às vezes desconcertante. Temos dificuldade em acreditar na vida e na alegria. No entanto, nada podemos fazer, tendo em vista o nosso acesso a este Reino, sem a fé e a esperança no amor que nos faz existir. Na base da nossa recusa e das nossas hesitações está o medo que, justamente, é o contrário da fé. O medo nos subjuga e nos bloqueia no caminho da liberdade. Ler a fórmula surpreendente de Hebreus 2,15: “Libertar os que, por medo da morte, passavam a vida numa situação de escravos”.
Sítio Croire
*Marcel Domergue (+1922-2015), sacerdote jesuíta francês.

Evangelho do Dia

B - 22 de novembro de 2015

João 18,33-37

Aleluia, aleluia, aleluia.
É bendito aquele que vem vindo, que vem vindo em nome do Senhor; e o reino que vem seja bendito; ao que vem e a seu reino, o louvor! (Mc 11,9s)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo: 18 33 Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: “És tu o rei dos judeus?”
34 Jesus respondeu: “Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?”
35 Disse Pilatos: “Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?”
36 Respondeu Jesus: “O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo”.
37 Perguntou-lhe então Pilatos: “És, portanto, rei?” Respondeu Jesus: “Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A REALEZA DE JESUS
            A proclamação da realeza de Jesus deve ser entendida a partir do projeto de Reino anunciado por ele. Os modelos humanos não ajudam a compreender a condição de rei aplicada a Jesus. Seu reino não depende dos esquemas deste mundo, e sim, do querer do Pai.
            Por ocasião da paixão de Jesus, as autoridades judaicas apresentaram-no como um subversivo, cujo ideal era tornar-se rei dos judeus, libertando o povo da opressão romana. Jesus, porém, recusou-se a se apresentar como um concorrente de Pilatos. O termo reino tinha, para ele, um significado muito diferente daquele que lhe davam os romanos. O reino de Jesus está sob o senhorio do Pai, que deseja ver todos os seus filhos viverem em comunhão. É um reino de verdade e de justiça, pois nele não se admite nenhuma espécie de marginalização ou opressão; tampouco, que se recorra ao dolo e à mentira para se prevalecer sobre os demais.
            No Reino de Deus, a autoridade é serviço. Quem é grande, se faz pequeno; para ser o primeiro, é necessário tornar-se o último. A violência e o ódio aí não têm lugar. Quem quer fazer parte desse Reino deve saber perdoar e estar sempre disposto a se reconciliar.
            Este é o Reino que Jesus veio implantar na história humana. Os adversários de Jesus estavam longe de poder compreendê-lo.

 
Leitura
Daniel 7,13-14
Leitura da profecia de Daniel.
7 13 “Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem foi conduzido.
14 A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído”.
Palavra do Senhor.
Salmo 92/93
Deus é rei e se vestiu de majestade,
glória ao Senhor!

Deus é rei e se vestiu de majestade,
revestiu-se de poder e de esplendor!

Vós firmastes o universo inabalável,
vós firmastes vosso trono desde a origem,
desde sempre, ó Senhor, vós existis!

Verdadeiros são os vossos testemunhos,
refulge a santidade em vossa casa
pelos séculos dos séculos, Senhor!
 
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, rei do universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, vos glorifiquem eternamente. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

SEMANA DAS SANTAS MISSÕES POPULARES DE 21 A 29 DE NOVEMBRO

O VICARIATO RECIFE SUL DOIS ESTARÁ PROMOVENDO NA SEMANA DE 21 A 29 DE NOVEMBRO, A SEMANA DAS SANTAS MISSÕES POPULARES NA PARÓQUIA DE
NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS, COM A PARTICIPAÇÃO DAS 18 PARÓQUIAS QUE COMPÕEM  ESTE  VICARIATO.
INICIO NESSE SÁBADO, DIA 21, ÀS 19h00 COM A SANTA MISSA NA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS.


PROCLAMAS MATRIMONIAIS

 

21 e 22 de novembro de 2015


COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:





  • CLODOALDO ALVES DE SALES
E
DAIANE JOYCE ROMA MIRANDA


  • SÉRGIO JORGE RAMOS FILHO
E
FERNANDA SOUGEY ANDRADE SILVA


  • CASSIANO RICARDO SILVA SANTANA
E
JOYCE APOLINARIA DO NASCIMENTO





                       Quem souber algum impedimento que obste à celebração destes casamentos está obrigado em  consciência a declarar.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Papa: A mundanidade destrói a identidade cristã

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco começou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta.
O Pontífice comentou a primeira leitura do dia, extraída do Livro dos Macabeus, que fala de uma “raiz perversa” que surgiu naquelas dias: o rei helenista Antíoco Epífanes impõe os hábitos pagãos a Israel, ao “Povo eleito”, isto é, à “Igreja daquele momento”.
Francisco descreveu “a imagem da raiz que está sob a terra”. A “fenomenologia da raiz” é esta: “Não se vê, parece não machucar, mas depois cresce e mostra a própria realidade”. “Era uma raiz razoável”, que impulsionava alguns israelitas a se aliarem com as nações vizinhas para se protegerem: “Por que tantas diferenças? Porque desde que nos separamos deles, muitos males caíram sobre nós. Unamo-nos a eles”.
O Papa explicou esta leitura com três palavras: “Mundanidade, apostasia, perseguição”. A  mundanidade é fazer aquilo que faz o mundo. É dizer: “Vamos leiloar a nossa carteira de identidade; somos iguais a todos”. Assim, muitos israelitas “renegaram a fé e se afastaram da aliança sagrada”. E aquilo “que parecia tão razoável – ‘somos como todos, somos normais’ – se tornou a destruição”:
Veja em VaticanBR
“Depois o rei prescreveu em todo o seu reino que todos formassem um só povo, um pensamento único; a mundanidade, e que cada um abandonasse os próprios costumes. Todos os povos seguiram as ordens do rei; até mesmo muitos israelitas aceitaram o seu culto: sacrificaram aos ídolos e profanaram o sábado. A apostasia, ou seja, a mundanidade leva ao pensamento único e à apostasia. As diferenças não são permitidas: todos iguais. E na história da Igreja, na história vimos, penso num caso, que foi mudado o nome das festas religiosas. O Natal do Senhor tem outro nome para cancelar a identidade.”
Em Israel foram queimados os livros da lei “e se alguém obedecia a lei, a sentença do rei o condenava à morte”. "Eis a perseguição, iniciada de uma raiz venenosa. Sempre me chamou a atenção", disse o Papa, "que o Senhor, na última ceia, naquela longa oração rezasse pela unidade dos seus e pedia ao Pai que os libertasse de todo espírito do mundo, de toda mundanidade, porque a mundanidade destrói a identidade; a mundanidade leva ao pensamento único":
“Começa de uma raiz, mas é pequena, e termina na abominação da desolação, na perseguição. Este é o engano da mundanidade. Por isso, Jesus pedia ao Pai, naquela ceia: Pai, não te peço que os tire do mundo, mas que os proteja do mundo”, desta mentalidade, deste humanismo que vem tomar o lugar do homem verdadeiro, Jesus Cristo, que vem nos tirar a identidade cristã e nos leva ao pensamento único: ‘Todos fazem assim, por que nós não?’. Nesses tempos, isso nos deve questionar: como é a minha identidade? É cristã ou mundana? Ou me declaro cristão porque quando criança fui batizado ou nasci num país cristão, onde todos são cristãos? A mundanidade que entra lentamente, cresce, se justifica e contagia: cresce como aquela raiz, se justifica – ‘mas façamos como todos, não somos tão diferentes’ -, busca sempre uma justificativa  e, no final, contagia e tantos males vêm dali”. 
“A liturgia, nestes últimos dias do ano litúrgico” – finaliza o Papa – nos exorta a prestar atenção às “raízes venenosas” que “afastam do Senhor”:
“E peçamos ao Senhor pela Igreja, para que o Senhor a proteja de todas as formas de mundanidade. Que a Igreja sempre tenha identidade emitida por Jesus Cristo; que todos nós tenhamos a identidade que recebemos no batismo, e que esta identidade, para querer ser como todos, por motivos de ‘normalidade’, não seja jogada fora. Que o Senhor nos dê a graça de manter e proteger a nossa identidade cristã contra o espírito da mundanidade que sempre cresce, se justifica e contagia”. (BF/MJ/RB)


Francisco: cristãos não devem ter vida dupla, evitar mundanidade


Cidade do Vaticano (RV) – Proteger-se da mundanidade que nos “leva a uma vida dupla”. Esta é a advertência que o Papa Francisco fez na Missa matutina na Casa Santa Marta esta terça-feira (17/11). O Pontífice reiterou que, para preservar a identidade cristã, é preciso ser coerente e evitar as tentações de uma vida mundana:
O velho Eleazar “não se deixa enfraquecer pelo espírito da mundanidade” e prefere morrer a se render à apostasia do “pensamento único”. O Papa se inspirou na primeira Leitura, extraída do Segundo Livro dos Macabeus, para novamente advertir os cristãos das tentações da vida mundana. Eleazar, já com 90 a anos, não aceitou comer carne suína como lhe pediam seus “amigos mundanos”, preocupados em salvar-lhe a vida. Ele, observou Francisco, mantém a sua dignidade “com aquela nobreza” que “provinha de uma vida coerente, vai ao martírio, e testemunha”.
A mundanidade nos afasta da coerência da vida cristã
“A mundanidade espiritual nos afasta da coerência de vida, nos faz incoerentes”, uma pessoa "finge ser de certa maneira, mas vive de outra”. E a mundanidade, acrescentou, “é difícil conhecê-la desde o início, porque é como o caruncho que lentamente destrói, degrada o tecido e depois aquele tecido” se torna inutilizável e “aquele homem que se deixa levar pela mundanidade perde a identidade cristã”:
“O caruncho da mundanidade destruiu a sua identidade cristã, é incapaz de coerência. ‘Oh, eu sou tão católico, padre, vou à missa todos os domingos, sou tão católico’. E depois vai trabalhar, exercer a sua profissão: ‘Mas se comprar isto, fazemos esta propina e fica com ela’. Isso não é coerência de vida, isso émundanidade, para dar um exemplo. A mundanidade leva a uma vida dupla, aquela que aparece e aquela que realmente é, e afasta de Deus e destrói a identidade cristã”. 
Tentações mundanas
Por isso, prosseguiu, Jesus é “tão forte” quando pede que o Pai salve os discípulos do espírito mundano, “que destrói a identidade cristã”. Um exemplo de baluarte contra este espírito é o próprio Eleazar que pensa aos jovens, os quais, se tivessem cedido ao espírito mundano, teriam se perdido por sua culpa:
“O espírito cristão, a identidade cristã, não é nunca egoísta, procura sempre proteger com a própria coerência, proteger, evitar o escândalo, cuidar dos outros, dar um bom exemplo. ‘Mas não é fácil, padre, viver neste mundo, onde as tentações são tantas, e a maquiagem da vida dupla nos atenta todos os dias, não é fácil’. Para nós, não só não é fácil, é impossível. Somente Ele é capaz de realizá-lo. E por isso rezamos no Salmo: ‘O Senhor me sustenta’. O nosso sustento contra a mundanidade que destrói a nossa identidade cristã, que nos leva à vida dupla, é o Senhor”.
Coragem
É o único que pode nos salvar, disse ainda, e a nossa humilde oração será: “Senhor, sou pecador, na verdade, todos somos, mas peço o seu sustento, me dê seu sustento para que de um lado eu não finja ser cristão e de outro viva como um pagão, como um mundano”:
“Se vocês tiverem um tempo hoje, peguem a Bíblia, o segundo livro dos Macabeus, sexto capítulo, e leiam esta história de Eleazar. Fará bem, dará coragem para ser exemplo a todos e também dará força e sustento para levar adiante a identidade cristã, sem comprometimentos, sem vida dupla”. (RF/BB)


O perigo do mundanismo


O espírito contrário ao espírito das bem-aventuranças, o espírito contrário ao espírito de Jesus.
Por Dom Fernando Arêas Rifan*

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”, porque “nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para conhecermos os dons que Deus nos concedeu”, nos admoesta São Paulo (Rm 12, 2 e 1 Cor 2, 12).
O mundo “está sob o poder do Maligno” (1Jo 5, 19). O cristão, como seu mestre Jesus, não é deste mundo (Jo 17, 14). “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim. Se fosseis do mundo, o mundo vos amaria como ama o que é seu” (Jo 15, 18).
Na esteira de Jesus e dos Apóstolos, o Papa Francisco ensina: “Há um problema que não faz bem aos cristãos: o espírito do mundo, o espírito mundano, o mundanismo espiritual. Isto faz-nos sentir autônomos, viver o espírito do mundo, e não o de Jesus” (18/5/2013).
“Desde o primeiro batizado, todos somos Igreja e todos devemos caminhar pela senda de Jesus, que percorreu Ele mesmo um caminho de despojamento. Tornou-se servo, servidor; quis ser humilhado até à Cruz. E se nós quisermos ser cristãos, não há outro percurso. Mas não podemos fazer um cristianismo um pouco mais humano – dizem – sem cruz, sem Jesus, sem despojamento? Desta forma tornar-nos-íamos cristãos de pastelaria, como lindos bolos, como boas coisas doces! Muito lindos, mas não cristãos verdadeiros! Alguém dirá: ‘Mas do que se deve despojar a Igreja?’ Deve despojar-se hoje de um perigo gravíssimo, que ameaça todas as pessoas na Igreja, todos: o perigo do mundanismo. O cristão não pode conviver com o espírito do mundo. O mundanismo nos leva à vaidade, à prepotência, ao orgulho. E isto é um ídolo, não é Deus. É um ídolo! E a idolatria é o maior pecado!... Todos nós devemos nos despojar desse mundanismo: o espírito contrário ao espírito das bem-aventuranças, o espírito contrário ao espírito de Jesus. O mundanismo nos faz mal. É tão triste encontrar um cristão mundano, convencido – ao seu parecer – daquela certeza que a fé lhe dá e certo da segurança que lhe oferece o mundo. Não se pode misturar os dois espíritos. A Igreja – todos nós – deve despojar-se do mundanismo, que a leva à vaidade, ao orgulho, que é a idolatria. O próprio Jesus dizia-nos: ‘Não se pode servir a dois senhores: ou serves a Deus ou serves ao dinheiro’ (cf. Mt 6, 24). No dinheiro estava todo este espírito do mundo; dinheiro, vaidade, orgulho. É triste cancelar com uma mão o que escrevemos com a outra. O Evangelho é o Evangelho! Deus é único! E Jesus fez-se servo por nós e o espírito do mundo não tem lugar aqui...”
“O mundanismo espiritual mata! Mata a alma! Mata as pessoas! Mata a Igreja! Quando Francisco, aqui, fez aquele gesto de se despojar... foi a força de Deus que o estimulou a fazê-lo, a força de Deus que nos queria recordar o que Jesus nos dizia sobre o espírito do mundo... Que o Senhor dê a todos nós a coragem de nos despojarmos... do espírito do mundo, que é a lepra, é um cancro da sociedade... O espírito do mundo é o inimigo de Deus!” (Assis, 4/10/2013). 
CNBB 12-11-2015
*Dom Fernando Arêas Rifan é bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.

Evangelho do Dia

B - 17 de novembro de 2015

Lucas 19,1-10

Aleluia, aleluia, aleluia.
Por amor, Deus enviou-nos o seu filho como vítima por nossas transgressões (1Jo 4,10).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
19 1 Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
2 Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.
3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura.
4 Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.
5 Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa”.
6 Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.
7 Vendo isto, todos murmuravam e diziam: “Ele vai hospedar-se em casa de um pecador”.
8 Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo”.
9 Disse-lhe Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão”.
10 Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
AS ETAPAS DA SALVAÇÃO
O encontro de Zaqueu com Jesus mostra como a conversão acontece em etapas. De certo modo, esta revela como a salvação acontece na vida de quem se torna discípulo do Reino.
O primeiro passo consiste no desejo de ver Jesus. No caso de Zaqueu, o Evangelho não esclarece os motivos deste anseio. Sabemos, apenas, ter sido tão forte que nada deteve o homem até vê-lo realizado.
O segundo passo exige a superação de todos os obstáculos. Para Zaqueu, um empecilho era sua baixa estatura. O problema foi resolvido: subiu numa árvore.
O terceiro passo comporta deixar-se amar por Jesus, sem restrições nem desconfiança, abrindo-lhe as portas do coração. Zaqueu desceu depressa da árvore, para receber Jesus em sua casa, com alegria.
O quarto passo é uma mudança radical de vida. Radical significa deixar de lado os esquemas e mentalidades antigos, para adequar-se às exigências do Reino. Isto não se faz com palavras ou com boas intenções, mas com gestos concretos. Zaqueu dispôs-se a dar metade de seus bens aos pobres e a ressarcir, quatro vezes mais, aquilo que havia roubado. Desta forma, ele provou que, realmente, a salvação tinha entrado em sua casa.

 
Leitura
2 Macabeus 6,18-31
Leitura do segundo livro dos Macabeus.
6 18 Havia certo homem já de idade avançada e de bela aparência, Eleazar, que se sentava no primeiro lugar entre os doutores da lei. Queriam coagi-lo a comer carne de porco, abrindo-lhe a boca à força.
19 Mas ele, cuspindo e preferindo morrer com honra a viver na infâmia,
20 caminhou voluntariamente para o instrumento de tortura, como devem caminhar os que têm a coragem de rejeitar o que não é permitido comer por amor à vida.
21 Ora, os encarregados desse ímpio banquete ritual, já desde muito tempo possuíam relações de amizade com Eleazar. Tomaram-no à parte e rogaram-lhe que fizesse trazer as carnes permitidas, que ele mesmo tivesse preparado, para comê-las como se fossem carnes do sacrifício, conforme ordenara o rei.
22 Desse modo, ele seria preservado da morte, e granjearia sua benevolência em vista da antiga amizade.
23 Mas Eleazar, tomando uma bela resolução, digna de sua idade, da autoridade que lhe conferia sua velhice, do prestígio que lhe outorgavam seus cabelos brancos, da vida íntegra conservada desde a infância, digna sobretudo das sagradas leis estabelecidas por Deus, preferiu ser conduzido à morte.
24 "Não é próprio da nossa idade", respondeu ele, "usar de tal fingimento, para não acontecer que muitos jovens suspeitem de que Eleazar, aos noventa anos, tenha passado aos costumes estrangeiros.
25 Eles mesmos, após o meu gesto hipócrita, e por um pouco de vida, se deixariam arrastar por causa de mim, e isso seria para a minha velhice a desonra e a vergonha.
26 E mesmo se eu me livrasse agora dos castigos dos homens, não poderia escapar, nem vivo nem morto, das mãos do Todo-poderoso.
27 Sendo assim, se eu morrer agora corajosamente, mostrar-me-ei digno de minha velhice, e terei deixado aos jovens um nobre exemplo de zelo generoso, segundo o qual é preciso dar a vida pelas santas e veneráveis leis".
28 Ditas estas palavras, ele dirigiu-se ao suplício.
29 Aqueles que o levavam transformaram em dureza a benevolência, que pouco antes haviam tido para com ele, julgando insensatas suas palavras.
30 E quando ele estava prestes a morrer sob os golpes, exclamou entre suspiros: "O Senhor que possui a ciência santíssima o vê: podendo eu livrar-me da morte, sofro em meu corpo os tormentos cruéis dos açoites, mas os suporto com alma alegre porque é a ele que temo".
31 Dessa maneira passou à outra vida, deixando com sua morte não somente aos jovens, mas também a toda a sua gente, um exemplo de coragem e um memorial de virtude.
Palavra do Senhor.
Salmo 3
É o Senhor quem me sustenta e me protege!

Quão numerosos, ó Senhor, os que me atacam;
quanta gente se levanta contra mim!
Muitos dizem, comentando a meu respeito:
“Ele não acha a salvação junto de Deus!”

Mas sois vós o meu escudo protetor,
a minha glória que levanta minha cabeça!
Quando eu chamei em alta voz pelo Senhor,
do monte santo ele meu ouviu e respondeu.

Eu me deito e adormeço bem tranqüilo;
acordo em paz, pois o Senhor é meu sustento.
Não terei medo de milhares que me cerquem
e, furiosos, se levantam contra mim.
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!

 
Oração
Ó Deus, que destes a santa Isabel da Hungria reconhecer e venerar o Cristo nos pobres, concedei-nos, por sua intercessão, servir os pobres e aflitos com incansável caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

sábado, 14 de novembro de 2015

Pesar e profunda dor do Papa Francisco pelos atentados em Paris




Ataques em Paris deixaram ao menos 120 mortos - AFP
14/11/2015 08:20
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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu com pesar e profunda dor as notícias sobre os ataques terroristas em Paris que causaram ao menos 120 mortes. No Vaticano – afirma o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi – estamos acompanhando com consternação essas terríveis notícias:
“Estamos estarrecidos por esta nova manifestação de louca violência terrorista e de ódio, que condenamos no modo mais radical junto ao Papa e a todas as pessoas que amam a paz. Rezamos pelas vítimas e pelos feridos e por todo o povo francês. Trata-se de um ataque à paz de toda a humanidade, que requer uma reação decidida e solidária da parte de todos nós para contrastar o expandir-se do ódio homicida em todas as suas formas.”


O Reinado do Papa Leão XIII


Doutrina Social da Igreja e Capitalismo (1878-1903).
Por Cristiano Luiz da Costa & Silva
A Igreja Católica e seus pontífices começaram lentamente a aceitar o mundo moderno com o papa Leão XIII. No ano de 1878, após breve Conclave Papal, o Cardeal Gioacchino Vincenzo Pecci, era eleito Papa. Tratava-se de uma pessoa importante no pontificado de Pio IX, pois durante o período de Sé-Vacância (período entre a morte de um Pontífice e a eleição de seu sucessor), Pio IX fez do Cardeal Pecci, Cardeal Carmelengo, o que curiosamente quebrou o antigo costume de que o Cardeal Carmelengo jamais era eleito Papa.
Leão XIII era marcado por um discurso brando, divisor de opiniões, porém, não abandonou o conservadorismo papal, reafirmando as orientações do Concilio Vaticano I e o “Silabo de Erros”, do papa Pio IX. Embora ainda Mantendo a linha conservadora, a ponto de declarar, em 1885, na Encíclica Immortale Dei que a democracia era incompatível com a autoridade da Igreja, ele deu uma série de passos construtivos no relacionamento com diversos governos europeus. É neste contexto, que as inovações técnicas, que ao longo do século XIX, se espalham por toda a Europa, vão delimitar todos os rumos da produção, numa sociedade formada de pessoas que vivem na alma e no corpo os efeitos de um salto gigantesco em termos científico-tecnológicos.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL trouxe avanços inegáveis, especialmente através da imensa capacidade de produção, através da máquina. Mas esse conjunto de transformações trouxe também efeitos negativos. Se for verdade que o poder das máquinas multiplicou em muito a capacidade de produzir bens, alimentos e equipamentos, também é verdade que os benefícios de semelhante progresso não foram equitativamente distribuídos. Os “tempos modernos” ou a “era da máquina” vieram acompanhados, simultaneamente, de um enorme potencial produtivo e de uma crescente desigualdade social.

revolução industrial
A indústria nasce sob o domínio do sistema capitalista de produção e sob a orientação da filosofia liberal. A livre concorrência e o lucro acelerou a economia capitalista. No mesmo campo, como forças desiguais, patrões e operários lutam por seus interesses. Uns detêm o capital e os meios de produção, outros apenas a força de trabalho. Em tais condições, instala-se a lei do mais forte. Na verdade, o liberalismo econômico é um jogo de cartas marcadas, no qual os mais fortes vão devorando os mais fracos.
Em tais condições, a realidade apresenta-se sob um duplo aspecto: por um lado, as fábricas crescem, multiplicam-se por toda parte; Por outro lado, os trabalhadores, primeiramente expulsos de suas terras, vêem-se, depois, submetidos às condições de trabalho e de vida extremamente precárias e desumanas. A riqueza de poucos é a contra-face da pobreza de muitos.
E dessa forma, a mão-de-obra da classe dos trabalhadores, vai ocupar os postos de trabalho nas nascentes fábricas. Dentre os trabalhadores, nas cidades destacam-se as massas vindas dos campos, com o êxodo rural e os artesãos, falidos pela injusta concorrência de preços com as nascentes fábricas e imigrantes judeus e irlandeses. Dentro das condições de trabalho, esses grupos submetem-se à tarefas intensas e longas jornadas de trabalho, em troca de baixíssimos salários, e condições precárias de subsistência.
Assim sendo, essas mudanças na estrutura econômica em âmbitos continentais, a sede por lucro e o grande avanço dessas tecnologias vão modificar o cenário europeu dos anos oitocentos, marcando o surgimento de novas relações de trabalho e o novo cenário social.
O Papa Leão XIII começa, no fim do século XIX, uma intervenção mais clara e definida na questão social. A encíclica Rerum Novarum (Das coisas novas), apesar de ser dirigida À Igreja, universalmente, responde à anseios da situação da classe operaria europeia. É a primeira vez que um documento do magistério católico dedica-se integralmente à chamada “questão social”. Isto não quer dizer que os problemas sociais estivessem ausentes das publicações anteriores na história da Igreja.
O próprio Leão XIII, na introdução da Rerum Novarum, refere-se à abordagem do tema, em encíclicas precedentes sobre soberania política, liberdade humana e constituição cristã dos Estados. Mas, enquanto anteriormente essas questões apareciam de forma secundária, à margem de outros assuntos de maior relevância, agora o papa faz da condição social dos operários o tema central de sua carta.

revolução industrial
Leão XIII sublinha a importância da classe trabalhadora e seu direito de criar e organizar sindicatos para reivindicar a realização de seus legítimos interesses. Ele não só rejeita o socialismo e responsabiliza o capitalismo pela questão social, como também propõe uma verdadeira política social que inspirou a política trabalhista contemporânea.
Nota-se aqui uma mudança de enfoque ou de perspectiva: a Igreja, na pessoa do Papa, deixa em segundo plano os assuntos internos e volta-se para os problemas que afligem os trabalhadores da época. O olhar da Igreja dirige-se ao mundo exterior, identificando nele os principais desafios sociais à fé cristã e buscando alternativas para as contradições da sociedade em que vive. Em suas palavras Leão XIII expressou o pensamento social da Igreja e fez a defesa dos direitos dos trabalhadores no contexto da revolução industrial e do capitalismo em expansão.
O Papa questiona a realidade social, em uma sociedade que a grande riqueza se concentra nas mãos de um número reduzido de pessoas, que com sua riqueza dominam os trabalhadores, assemelhando-se a um estado de escravidão. Além disso, Leão XIII apresenta uma “descristianização” da sociedade, na distensão das relações entre a Igreja e o Estado e no comportamento das pessoas.
A partir da Industrialização e do mundo moderno, provocado pela Revolução Francesa e o Iluminismo, fragilizou-se as influências da Igreja Católica, como algo essencialmente “necessário” para a vida cotidiana das pessoas. Desta forma, é importante compreender até que ponto esta classe operária urbana freqüentava a Igreja e os sacramentos.
Outra questão que preocupava o Papa Leão XIII, era a Luta de Classes, pregado pelo Manifesto Comunista em 1848 por Marx e Engels. O Papa afirma que deve existir uma concordância das classes e não uma luta entre elas, e que o socialismo se torna uma libertação ilusória desta sociedade. A Igreja prega a harmonia entre as classes.
A partir dessa doutrina social, Leão XIII argumenta no sentido de que os ricos devem ajudar aos pobres, muito além da caridade. O papa afirma que o Estado deve desempenhar seu papel de diminuir as desigualdades sociais, que a prosperidade do Estado depende da atuação dos trabalhadores pobres, fazendo assim surgir um compromisso com a integridade e com a plena garantia de seus direitos, tanto espirituais como materiais.
Com esta preocupação, o papado passa a assumir, em seu magistério, uma postura mais clara para os diversos temas conflituosos da sociedade do século XIX. Leão XIII inaugura com estas críticas ao capitalismo e ao socialismo, um novo rumo de discussões na vida da Igreja. O Papa Leão XIII, em 1881, revela outra face dinâmica do seu pontificado. A abertura dos Arquivos do Vaticano à produção acadêmica, anteriormente sufocada pelo papado de Pio IX, fato esse que é aplaudido por historiadores Católicos e Protestantes.
Em um contexto em que a Igreja Católica ia ficando em segundo plano, cada vez mais à margem dos acontecimentos da história moderna, Leão XIII deixa como herança a Pio X, a concepção de que o papado não é instituição de arbitrariedade de conflitos políticos, sociais, econômicos. No fim de seu longo pontificado (1878–1903), Leão XIII conseguiria recuperar o prestigio do “representante de Pedro”, que havia se perdido em tempos difíceis.
A12 23-10-2015.

Convicções cristãs


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Marcos 13,24-32.
Por José Antonio Pagola*
Pouco a pouco iam morrendo os discípulos que tinham conhecido Jesus. Os que ficavam acreditavam Nele sem o ter visto. Celebravam a sua presença invisível nas eucaristias, mas quando veriam Seu rosto cheio de vida? Quando se cumpriria o seu desejo de encontrar-se com Ele para sempre?
Continuavam a recordar com amor e com fé as palavras de Jesus. Eram seu alimento naqueles tempos difíceis de perseguição. Mas, quando poderiam comprovar a verdade que encerravam? Não iriam esquecendo-se pouco a pouco? Passavam os anos e não chegava o Dia Final tão esperado, que podiam pensar?
O discurso apocalíptico que encontramos em Marcos quer oferecer algumas convicções que hão de alimentar sua esperança. Não devemos entendê-lo em sentido literal, mas procurando descobrir a fé contida nessas imagens e símbolos que hoje nos resulta tão estranha.
Primeira convicção: A história apaixonante da Humanidade chegará um dia ao seu fim
O 'sol' que assinala a sucessão dos anos apagar-se-á. A 'lua' que marca o ritmo dos meses já não brilhará. Não haverá dias e noites, não haverá tempo. Também, 'as estrelas cairão do céu', a distância entre o céu e a terra se apagará, já não haverá espaço. Esta vida não é para sempre. Um dia chegará a Vida definitiva, sem espaço nem tempo. Viveremos no Mistério de Deus.
Segunda convicção: Jesus voltará e seus seguidores poderão ver por fim seu desejado rosto: 'verão vir o Filho do Homem'
O sol, a lua e os astros apagar-se-ão, mas o mundo não ficará sem luz. Será Jesus quem iluminará para sempre pondo verdade, justiça e paz na história humana tão escrava hoje de abusos, injustiças e mentiras.
Terceira convicção: Jesus irá trazer consigo a salvação de Deus
Vem com o poder grande e salvador do Pai. Não se apresenta com aspecto ameaçador. O evangelista evita falar aqui de juízos e condenações. Jesus vem a 'reunir seus escolhidos', os que esperam com fé a sua salvação.
Quarta convicção: As palavras de Jesus 'não passarão'
Não perderão a sua força salvadora. Seguirão alimentando a esperança dos seus seguidores e o alento dos pobres. Não caminhamos em direção ao nada e ao vazio. Espera-nos o abraço com Deus.
Instituto Humanitas Unisinos
*José Antonio Pagola, teólogo espanhol.

Evangelho do Dia

B - 14 de novembro de 2015

Lucas 18,1-8

Aleluia, aleluia, aleluia.
Pelo evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo (2Ts2,14).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 18 1 Jesus propôs aos seus discípulos uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo.
2 “Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma.
3 Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com freqüência à sua presença para dizer-lhe: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário’.
4 Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por fim, refletiu consigo: ‘Eu não temo a Deus nem respeito os homens;
5 todavia, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar’”.
6 Prosseguiu o Senhor: “Ouvis o que diz este juiz injusto?
7 Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los?
8 Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?”
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
O DEFENSOR DOS POBRES
A parábola da viúva corajosa, disposta a fazer valer os seus direitos contra tudo e contra todos, visa a instruir os discípulos a rezar sempre, sem desanimar jamais.
Qual é a imagem de Deus e a imagem do ser humano orante, nela veiculadas?
De acordo com a tradição bíblica, Deus é o defensor dos pobres e injustiçados, seus eleitos. O Deuteronômio proclama que "Deus faz justiça ao órfão e à viúva; e ama o estrangeiro, dando-lhe alimento e veste". Embora sua justiça tarde em manifestar-se, ela se manifestará na certa.
O orante é, fundamentalmente, o indigente, privado de qualquer apoio externo, e que conta somente com a proteção divina, de maneira resoluta, mas sem fatalismo nem acomodação. Sabe o que espera de Deus e tem plena certeza de que obterá. Posicionando-se contra todas as forças adversas, o orante vai em frente, sem deixar sua fé esmorecer. Antes, a adversidade torna-o cada vez mais obstinado em alcançar o fim almejado.
Para a comunidade perseguida, a parábola era um incentivo para seguir adiante, embora a intervenção divina tardasse a acontecer. O silêncio de Deus não pode ser tomado como omissão ou desprezo por seus eleitos. No momento oportuno, a justiça será feita.

 
Leitura
Sabedoria 18,14-16; 19,6-9
Leitura do livro da Sabedoria.
18 14 Porque, quando um profundo silêncio envolvia todas as coisas, e a noite chegava ao meio de seu curso,
15 vossa palavra todo-poderosa desceu dos céus e do trono real, e, qual um implacável guerreiro, arremessou-se sobre a terra condenada à ruína.
16 De pé, ela tudo encheu de morte, e, pisando a terra, tocava os céus.
19 6 É que toda a criação, obedecendo às vossas ordens, foi remodelada em sua natureza, para que vossos filhos fossem conservados ilesos.
7 Foi vista uma nuvem cobrir o acampamento, e a terra seca surgir do que tinha sido água, um caminho viável formar-se no mar Vermelho, e um campo verdejante emergir das ondas impetuosas.
8 Por aí passou toda ela, a nação dos que vossa mão protegia, e que viram singulares prodígios.
9 Iam como cavalos conduzidos à pastagem, e saltavam como cordeiros, glorificando-vos a vós, Senhor, seu libertador.
Palavra do Senhor.
Salmo 104/105
Lembrai-vos sempre as maravilhas do Senhor!

Cantai, entoai salmos para ele,
publicai todas as suas maravilhas!
Gloriai-vos em seu nome que é santo,
exulte o coração que busca a Deus!

Matou na própria terra os primogênitos,
a fina flor de sua força varonil.
Fez sair com ouro e prato o povo eleito,
nenhum doente se encontrava em suas tribos.

Ele lembrou-se de seu santo juramento,
que fizera a Abraão, seu servidor.
Fez sair com grande júbilo o seu povo,
e seus eleitos, entre gritos de alegria.

 
Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.