quinta-feira, 29 de maio de 2014

Dom Fernando preside Missa pela Paz no futebol na próxima segunda-feira


cartaz1
A Arquidiocese de Olinda e Recife acredita no futebol como um esporte saudável e de integração independente do time de coração. Consciente do papel de toda a sociedade no combate à violência, o arcebispo metropolitano, Dom Fernando Saburido, presidirá Missa pela Paz no Futebol. A celebração também marca o 30º dia de falecimento do torcedor Paulo Ricardo Gomes morto após a partida Santa Cruz x Paraná. A Missa será realizada na próxima segunda-feira, 02 de junho, na Igreja Santa Cruz, na Boa Vista, partir das 20h. A celebração é aberta ao público e a todas as torcidas.
Torcedor do Sport de carteirinha, Dom Fernando, não celebrará sozinho. Convidou o bispo da Diocese de Nazaré e alvirrubro, Dom Severino Batista, e o bispo da Diocese de Caruaru e tricolor, Dom Bernardino Marchió, para concelebrarem.
O arcebispo repudiou, através do perfil no Facebook, o ato de violência ocorrido no dia 02 de maio que resultou na morte do torcedor Paulo Ricardo Gomes. O jovem foi atingido por uma bacia sanitária quando saia do Estádio do Arruda, Zona Norte do Recife. O fato ocorreu após a partida Santa Cruz X Paraná pelo Campeonato Brasileiro da Série B. A notícia entristeceu e manchou de sangue o futebol pernambucano. “Futebol é alegria e fraternidade. Mas há algum tempo o esporte no Brasil tem sido lembrado por atos de violência. Não podemos assistir casos como esses de braços cruzados. Temos que fazer algo para mudar essa triste realidade”, ressaltou o religioso.
Unir as torcidas em uma celebração religiosa é um grito pela paz. “A diferença não nos faz menores do que os outros. Torcer por clubes diferentes é, na verdade, algo que deveria enriquecer. Não haveria esporte se todos torcessem por um mesmo time. A rivalidade tem que ser algo salutar. As brincadeiras existem e há muitas delas criativas, mas nunca devem ultrapassar o limite do bom senso”, disse Dom Fernando. A Missa também antecede a Copa do Mundo

Missa pela Paz no futebol
Local: Igreja Santa Cruz
Rua da Santa Cruz, 413 – Boa Vista – Recife
Dia: 2 de junho de 2014 (segunda-feira)
Horário: 20h
Da Assessoria de Comunicação AOR

Liturgia Diária

Dia 29 de Maio - Quinta-feira

VI SEMANA DA PÁSCOA
(Branco – Ofício do dia)

Antífona da entrada: Ó Deus, quando saístes à frente do vosso povo, abrindo-lhe o caminho e habitando entre eles, a terra estremeceu, fundiram-se os céus, aleluia! (Sl 67,8s.20)
Oração do dia
Ó Deus, que fizestes o vosso povo participar da vossa redenção, concedei que nos alegremos constantemente com a ressurreição do Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Atos 18,1-8)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
18 1 Depois disso, saindo de Atenas, Paulo dirigiu-se a Corinto.
2 Encontrou ali um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, e sua mulher Priscila. Eles pouco antes haviam chegado da Itália, por Cláudio ter decretado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo uniu-se a eles.
3 Como exercessem o mesmo ofício, morava e trabalhava com eles. (Eram fabricantes de tendas.)
4 Todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os judeus e os gregos.
5 Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se inteiramente à pregação da palavra, dando aos judeus testemunho de que Jesus era o Messias.
6 Mas como esses contradissessem e o injuriassem, ele, sacudindo as vestes, disse-lhes: “O vosso sangue caia sobre a vossa cabeça! Tenho as mãos inocentes. Desde agora vou para o meio dos gentios”.
7 Saindo dali, entrou em casa de um prosélito, chamado Tício Justo, cuja casa era contígua à sinagoga.
8 Entretanto Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor com todos os da sua casa. Sabendo disso, muitos dos coríntios, ouvintes de Paulo, acreditaram e foram batizados.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer seu poder salvador
perante as nações.


Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.

O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.

Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terá inteira,
alegrai-vos e exultai!
Evangelho (João 16,16-20)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu não vos deixarei órfãos: eu irei, mas voltarei, e o vosso coração muito há de se alegrar (Jo 14,18).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
16 16 Jesus disse: “Ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai”.
17 Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: “Que é isso que ele nos diz: ‘Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver?’ E que significa também: ‘Eu vou para o Pai?’”
18 Diziam então: “Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que ele quer dizer”.
19 Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: “Perguntais uns aos outros acerca do que eu disse: ‘Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver’.
20 Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria”.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
UM POUCO DE TEMPO
Os discípulos ficaram cheios de dúvidas diante da expressão enigmática de Jesus: "um pouco de tempo". Por um pouco de tempo, não veriam o Mestre; mais outro pouco de tempo, e voltariam a vê-lo, pois estava indo para o Pai.
As palavras de Jesus são dirigidas a todos quantos haveriam de aderir a ele pela fé. Portanto, a um grupo maior do que o presente na última ceia. A questão do "ver" diz respeito a todos os cristãos.
Durante a sua existência terrena, os discípulos puderam "ver" Jesus, na sua expressão histórica. Foi o tempo da convivência humana com ele. A morte que se aproximava poria fim a esta experiência de proximidade. Algo de novo estava para acontecer: haveriam de ver novamente o Mestre, mas de maneira muito diferente. Como?
A fidelidade do Pai era algo inquestionável para Jesus. Ele estava indo para o Pai, e tinha consciência de que o Pai não permitiria o fracasso de seu projeto de salvação. Isto aconteceu concretamente com a ressurreição, que permitiu a Jesus continuar presente em meio aos discípulos. O Ressuscitado tornou-se, assim, o centro da vida da comunidade.
Ele continuou também a fazer-se presente, na história humana, na vida dos homens e das mulheres que o acolheram na fé. Além disso, Jesus pode ser visto no testemunho de fidelidade a Deus e de amor arraigado ao próximo dado pelos cristãos de todos os tempos.

Oração
Pai, que o meu testemunho de vida cristã seja tal, que as pessoas possam "ver" Jesus nas minhas palavras e nos meus gestos de amor ao próximo.

(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Sobre as oferendas
Subam até vós, ó Deus, as nossas preces com estas oferendas para o sacrifício, a fim de que, purificados por vossa bondade, correspondamos cada vez melhor aos sacramentos do vosso amor. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Eis que estou convosco todos os dias até o fim dos tempos, aleluia! (Mt 28,20)
Depois da comunhão
Deus eterno e todo-poderoso, que, pela ressurreição de Cristo, nos renovais para a vida eterna, fazei frutificar em nós o sacramento pascal e infundi em nossos corações a fortaleza desse alimento salutar. Por Cristo, nosso Senhor.)

Evangelho do Dia

Ano A - 29 de maio de 2014

João 16,16-20

Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu não vos deixarei órfãos: eu irei, mas voltarei, e o vosso coração muito há de se alegrar (Jo 14,18).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
16 16 Jesus disse: “Ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai”.
17 Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: “Que é isso que ele nos diz: ‘Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver?’ E que significa também: ‘Eu vou para o Pai?’”
18 Diziam então: “Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que ele quer dizer”.
19 Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: “Perguntais uns aos outros acerca do que eu disse: ‘Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver’.
20 Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
UM POUCO DE TEMPO
Os discípulos ficaram cheios de dúvidas diante da expressão enigmática de Jesus: "um pouco de tempo". Por um pouco de tempo, não veriam o Mestre; mais outro pouco de tempo, e voltariam a vê-lo, pois estava indo para o Pai.
As palavras de Jesus são dirigidas a todos quantos haveriam de aderir a ele pela fé. Portanto, a um grupo maior do que o presente na última ceia. A questão do "ver" diz respeito a todos os cristãos.
Durante a sua existência terrena, os discípulos puderam "ver" Jesus, na sua expressão histórica. Foi o tempo da convivência humana com ele. A morte que se aproximava poria fim a esta experiência de proximidade. Algo de novo estava para acontecer: haveriam de ver novamente o Mestre, mas de maneira muito diferente. Como?
A fidelidade do Pai era algo inquestionável para Jesus. Ele estava indo para o Pai, e tinha consciência de que o Pai não permitiria o fracasso de seu projeto de salvação. Isto aconteceu concretamente com a ressurreição, que permitiu a Jesus continuar presente em meio aos discípulos. O Ressuscitado tornou-se, assim, o centro da vida da comunidade.
Ele continuou também a fazer-se presente, na história humana, na vida dos homens e das mulheres que o acolheram na fé. Além disso, Jesus pode ser visto no testemunho de fidelidade a Deus e de amor arraigado ao próximo dado pelos cristãos de todos os tempos.

Oração
Pai, que o meu testemunho de vida cristã seja tal, que as pessoas possam "ver" Jesus nas minhas palavras e nos meus gestos de amor ao próximo.

(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Atos 18,1-8
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
18 1 Depois disso, saindo de Atenas, Paulo dirigiu-se a Corinto.
2 Encontrou ali um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, e sua mulher Priscila. Eles pouco antes haviam chegado da Itália, por Cláudio ter decretado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo uniu-se a eles.
3 Como exercessem o mesmo ofício, morava e trabalhava com eles. (Eram fabricantes de tendas.)
4 Todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os judeus e os gregos.
5 Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se inteiramente à pregação da palavra, dando aos judeus testemunho de que Jesus era o Messias.
6 Mas como esses contradissessem e o injuriassem, ele, sacudindo as vestes, disse-lhes: “O vosso sangue caia sobre a vossa cabeça! Tenho as mãos inocentes. Desde agora vou para o meio dos gentios”.
7 Saindo dali, entrou em casa de um prosélito, chamado Tício Justo, cuja casa era contígua à sinagoga.
8 Entretanto Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor com todos os da sua casa. Sabendo disso, muitos dos coríntios, ouvintes de Paulo, acreditaram e foram batizados.
Palavra do Senhor.
Salmo 97/98
O Senhor fez conhecer seu poder salvador
perante as nações.


Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.

O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.

Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terá inteira,
alegrai-vos e exultai!
Oração
Ó Deus, que fizestes o vosso povo participar da vossa redenção, concedei que nos alegremos constantemente com a ressurreição do Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

A cidade dos sonhos de Francisco


Como nos deixou sensibilizados e edificados o Sumo Pontífice, na sua viagem à Terra Santa.
Por Geovane Saraiva*
A vida é um mistério belíssimo, de tão extraordinária que é, Deus quis que existíssemos por sua vontade, numa estreita e íntima relação terna, afetuosa e paternal, entre nós e Deus. A iniciativa, nesse contexto, de nos convidar para uma realidade profundamente harmoniosa, parte dele: "Eis que estou à porta e bato. Se alguém escutar a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei como ele, e ele comigo” (Ap 6, 30-31). Da nossa parte, temos como tarefa reavivar o entusiasmo, dom e graça do nosso bom Deus, por tudo que dele provém, não o decepcionando durante a vida.

Esta vida é curta e passageira. “O homem é como um sopro, os seus dias, como uma sombra que passa” (Sl 144, 4). É claro que moramos em cidades e por vontade do Criador e Pai, a exemplo do Apóstolo dos gentios, do papa Francisco, de Dom Hélder Câmara e de inúmeros homens de Deus, sonhamos com a cidade celeste, a Jerusalém do Alto. Recordamos o grande Santo Agostinho, na sua imortal obra, A cidade de Deus, na qual nos assegura que “dois amores fundaram duas cidades, a saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.

Como nos deixou sensibilizados e edificados o Sumo Pontífice, na sua viagem à Terra Santa, como peregrino da concórdia e da paz, nos gestos grandiosos e magnânimos. Dentro do plano salvífico de Deus ao salvar a humanidade, após visitar o lugar de batismo de Jesus, em Betânia no além Jordão, Francisco escreveu uma dedicatória do próprio punho no Livro de Honra, a saber: “Despojados a alma e os pés se aproximaram do batismo doze tribos de Israel; Peço a Deus onipotente e misericordioso Que nos ensine a todos a caminhar na sua presença com a alma e os pés descalços e o coração aberto à misericórdia divina no amor pelos irmãos. Assim, Deus será tudo em todos e reinará a paz. Obrigado por oferecerem à humanidade este lugar de testemunho".

“Que alegria quando ouvi que me disseram: Vamos à casa do senhor. Jerusalém, cidade bem edificada num conjunto harmonioso; para lá sobem as tribos de Israel, as tribos do Senhor” (Sl 121, 1-2). Que a humanidade deixe de lado o indiferentismo, para que, associada e sensibilizada com a força figura humana de Francisco, tenha sempre diante dos olhos, na mente e no coração suas palavras seguras e proféticas: “Não nos cansemos de buscar a paz, disse ao Presidente de Israel, Shimon Peres. A construção da paz exige, antes de qualquer coisa, o respeito pela liberdade e a dignidade de cada pessoa humana. Renovo os meus votos de que se evitem, por parte de todos, iniciativas e ações que contradizem a declarada vontade de chegar a um verdadeiro acordo e de que não nos cansemos de buscar a paz com determinação e coerência”.

Deus nos dê sempre mais a graça de aprender com o papa Francisco, quando afirmou que o conflito é inaceitável, também nas palavras conjuntas dele e do Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, suplicando a unidade: "Mesmo sendo plenamente conscientes de não ter alcançado a meta da plena comunhão, confirmamos hoje nosso compromisso de avançar juntos para aquela unidade pela qual Cristo Nosso Senhor orou ao Pai, para que todos sejam um". Não podemos esquecer seu coração tomado de sensibilidade diante do Muro das Lamentações: "Minha peregrinação não seria completa se não incluísse também o encontro com as pessoas e as comunidades que vivem nesta terra e por isto fico feliz de poder estar com vocês, amigos muçulmanos", dirigindo-se ao líder religioso islâmico, Mohamed Hussein.

Os conflitos, a ausência de paz e de concórdia perseguem a todos e a cada um, sem exceção. Peçamos a Deus que nos cumule de graças e virtudes indispensáveis, no sentido de vivermos o nosso batismo, despojando-nos do velho homem, inspirados na exortação do Apóstolo Paulo: “Tende vós os mesmos sentimentos que Cristo Jesus teve: Ele, que sendo de condição divina, não se apropriou ser igual a Deus...” (cf. Fl 2, 5-15), tão bem representado pelo Santo Padre, na sua generosa doação,  constantemente ofertada ao mundo.
* Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”.

Qual a importância dos doentes na sociedade?


Eles estimulam nossa esperança e silenciosamente constroem o 'tempo do espírito'.
Por Dom Álgel Rubio*
Nos hospitais, clínicas, em muitas casas e em todas as famílias, encontramos pessoas que sofrem, pessoas doentes, que vivem a Paixão de Cristo em seu corpo e em seu espírito. Sua desafiadora realidade de dor e solidão, de dependência e de alterações psíquicas e físicas nos interpela e nos convida à caridade fraterna, à solidariedade com a sua dor ou o seu abandono.
O sofrimento faz parte da existência humana; extirpá-lo do mundo por completo não está em nossas mãos, simplesmente porque não podemos nos desprender das nossas limitações ao longo da nossa história pessoal.
Nossa sociedade destaca sobretudo os campeões, os que têm muito, os mais eficazes; e marginaliza quem não ganha, quem não produz, quem não é útil. Mas a Igreja reconhece os valores dos doentes, mostrando que eles não são membros passivos, mas ativos nela.
Os doentes nos ajudam a relativizar muitas coisas, nos evangelizam, estimulam nossa esperança e silenciosamente constroem o “tempo do espírito” como pedras vivas. Ao participar tão intimamente da Paixão de Cristo, eles realizam e completam a salvação que Jesus veio trazer.
A doença carrega inevitavelmente um momento de crise e de séria confrontação com a situação pessoal. Os progressos das ciências médicas proporcionam os meios necessários para enfrentar este desafio, pelo menos com relação aos aspectos físicos. No entanto, a vida humana tem seus limites intrínsecos e, cedo ou tarde, a morte chega.
Essa é uma experiência à qual todo ser humano está chamado e para a qual precisa estar preparado. Bento XVI nos recordava isso: "A Igreja deseja ajudar os doentes incuráveis e terminais, suscitando políticas sociais justas que possam contribuir para eliminar as causas de numerosas enfermidades e exortando a melhorar o cuidado reservado aos moribundos e àqueles que não dispõem de assistência médica”.
E continua: “É necessário promover políticas que criem condições em que os seres humanos possam viver de maneira digna também as doenças incuráveis e a morte. Agora, é preciso ressaltar novamente a necessidade de mais centros de cura paliativa, que ofereçam cuidados integrais, proporcionando assim aos enfermos a assistência humana e o acompanhamento espiritual de que precisam. Trata-se de um direito que pertence a cada ser humano, e todos nós temos o dever de nos comprometermos em defendê-lo”.
Uma das grandes obras de misericórdia é visitar os doentes, ajuda-los a viver com qualidade de pessoas a partir da própria doença; fazê-los ver que, como Jesus, nós nos aproximamos deles para que tenham vida, e a tenham em abundância. Com nossas obras de caridade, podemos transformar toda a civilização humana na civilização do amor.
Levando em consideração a condição dos que não podem ir até os lugares de culto por motivos de saúde ou idade, é preciso garantir a assistência espiritual aos doentes, tanto aos que estão em sua casa como aos que estão hospitalizados. É necessário procurar que esses irmãos e irmãs nossos possam receber com frequência a comunhão sacramental.
Ao reforçar, assim, a relação com Cristo crucificado e ressuscitado, eles poderão sentir sua própria vida integrada plenamente na vida e missão daIgreja, mediante a oferenda do próprio sofrimento em união com o sacrifício de nosso Senhor.
A12, 28-05-2014.
*Carta de Dom Álgel Rubio, publicada pela agência SIC.