quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Recife: Arquidiocese promove Assembleia das Pastorais Sociais

Recife, PE, 28 fev (SIR) - A Comissão Arquidiocesana de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz promove nos dias 9 e 10 de março a 3ª Assembleia das Pastorais Sociais.
O evento debaterá as “Pastorais Sociais: suas dimensões e desafios” e será realizado no Centro Arquidiocesano de Pastoral Dom Vital, na Várzea, Zona Oeste do Recife.
O público-alvo são os agentes das várias pastorais, movimentos e serviços que integram a comissão, além de representantes dos Vicariatos Episcopais. No primeiro dia, será feita uma avaliação das atividades desenvolvidas no ano passado e o planejamento para 2013. Hamilton Costa apresentará as dimensões e desafios das Pastorais Sociais. Na noite do sábado, haverá ainda noite cultural onde os participantes poderão se confraternizar.
No domingo, o coordenador de pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife, padre Josenildo Tavares fará exposição das perspectivas da arquidiocese para o trabalho das Pastorais Sociais. O arcebispo metropolitano, Dom Fernando Saburido, presidirá a Missa de Encerramento às 11h30. O encontro contará com hospedagem para os participantes. A coordenação do evento solicita que as pessoas levem toalhas de banho.
Para confirmar a presença e obter maiores informações, os interessados devem ligar para o telefone (81) 3271-4270 e falar com Madalena ou Vivian (segunda a sexta-feira, das 8h às 13h).

Em seu pontificado, Bento XVI deu atenção aos encarcerados

Brasília, 28 fev (CNBB/Pastoral Carcerária) - Em muitas ocasiões em seus quase oito anos de pontificado, de modo especial a partir de 2011, o papa Bento XVI demonstrou sensibilidade e atenção à realidade dos encarcerados, por meio de cartas apostólicas, mensagens de solidariedade e visitas aos presos.
Momento significativo da atenção do Sumo Pontífice aconteceu em 18 de dezembro de 2011, quando, numa obra de misericórdia corporal, visitou o presídio de Rebibbia, na periferia da capital italiana, onde rezou, conversou com os detentos e enfatizou a necessidade de se banir os erros da Justiça e os maus tratos aos prisioneiros. Na oportunidade, recordando a exortação apostólica pós-sinodal Africa Munus, de novembro de 2011, o Sumo Pontífice destacou que “os presos são pessoas humanas que, apesar do seu crime, merecem ser tratadas com respeito e dignidade”, e apontou para a urgência de “sistemas judiciários e prisionais independentes para restabelecer a justiça e reeducar os culpados”.
Ainda na visita ao presídio de Rebibbia, Bento XVI pediu que a dignidade dos presos seja respeitada, para que não sofram uma dupla penalização, apontou que a superlotação e a degradação dos cárceres podem tornar a detenção ainda mais amarga e defendeu a promoção de um sistema carcerário “sempre mais adequado às exigências da pessoa humana, com recurso também às penas não detentivas ou a modalidades diferentes de detenção”.

Oportunidade para reeducar o preso

Em novembro de 2012, em uma conferência com os diretores das administrações penitenciárias do Conselho da Europa, o papa Bento XVI enfatizou que os presídios devem ser a oportunidade para reeducar o preso, visando reintegrá-lo à sociedade.

“É preciso se empenhar, de maneira concreta e não somente como afirmação de princípio, por uma efetiva reeducação da pessoa, necessária seja em função de sua própria dignidade, seja em vista de uma reinserção social”, apontou o Sumo Pontífice. Bento XVI comentou ainda sobre a importância das atividades de evangelização e assistência espiritual nos presídios, como forma de despertar nos presos o entusiasmo pela vida.

Solidariedade nas tragédias carcerárias

O Papa também se mostrou sensível ao sofrimento dos presos e de seus familiares em situações de tragédias carcerárias. Em fevereiro de 2012, expressou suas condolências e solidariedade às famílias das 350 pessoas mortas em um incêndio no presídio de Comayagua, em Honduras. Um ano depois, incidentes no presídio venezuelano de Uribana, vitimaram 58 pessoas e feriram outras dezenas, situação que não passou indiferente ao Sumo Pontífice, que manifestou sua “mais profunda proximidade espiritual e solidariedade” com os afetados pelo incêndio e pediu mais atenção das autoridades da Venezuela para que novas tragédias não voltem a acontecer.

Orações aos presos

Na visita a Cuba, em março de 2012, o papa rezou pelos presos daquele país. “Supliquei à Virgem Santíssima pelas necessidades dos que sofrem, dos que estão privados de liberdade, separados de seus entes queridos ou que passam por graves momentos de dificuldade”. Em julho do mesmo ano, ao divulgar as intenções de orações para mês de agosto aos associados do Apostolado da Oração, pediu que os encarcerados “sejam tratados com justiça e com respeito de sua dignidade humana”. E no Natal de 2012, estimulou que no contexto do nascimento do Menino Jesus, “imitemos Maria neste tempo de Natal, visitando aqueles que vivem com dificuldades, como, por exemplo, os doentes, os encarcerados, os idosos e crianças”.

Proclamado Doutor da Igreja que viveu no cárcere

Em 7 de outubro de 2012, o papa Bento XVI proclamou, como Doutor da Igreja Universal, São João de Ávila, sacerdote espanhol que por dois anos viveu no cárcere. “No entanto, em 1531, por causa de uma sua pregação mal entendida, foi aprisionado. No cárcere, começou a escrever a primeira versão do Audi, filia. Durante aqueles anos, recebeu a graça de penetrar com profundidade singular o mistério do amor de Deus e o grande benefício feito à humanidade pelo Redentor Jesus Cristo. Doravante será este o eixo da sua vida espiritual e o tema central da sua pregação”, aponta um dos trechos da carta apostólica de proclamação de São João de Ávila como Doutor da Igreja Universal.

Perfil do Pontífice que virá

Dos cardeais, indicações sobre o sucessor: não demasiado idoso, reformador, aberto a mundo e de profunda pregação: um conjunto de qualidade que faria dele uma figura carismática.


(Foto: )
Por Andrea Tornielli

Cidade do Vaticano – «Há quem quer um Papa não demasiado idoso e com um bom vigor físico, como o apontou Bento XVI em seu discurso de renúncia. Que não deva ser demasiado jovem o repetem muitos dos meus irmãos, para evitar um pontificado de trinta anos. Que é necessário um Pontífice capaz de reformar a Cúria, tantos o pensam.Quem os fiéis esperam um Papa pastor capaz de propor a mensagem positiva, o sabemos bem todos...». O cardeal que se prepara a entrar no conclave atormenta com as mãos uma antiga caneta à tina de prata. Sabe bem que não é «papável». Como ele, já fizeram outros purpurados eleitores, em conversas reservadas ou entrevistas públicas, sintetiza em poucas palavras o perfil do sucessor ideal de Bento XVI.

A idade e a força física, desta vez, são pesar. Como o foram no segundo conclave de 1978, aquele que aconteceu após a morte súbita e inesperada de Papa Luciani: os eleitores escolheram como sucessor um cardeal com 58 anos. Bento XVI, renunciado, afirmou: «No mundo e hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de destaque para a vida da fé, para governar o barco de são Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor seja do corpo seja do ânimo». Também se a possibilidade da renúncia, após o gesto de Ratzinger, poderia abrir o caminho também a um sucessor muito jovem, vários cardeais parecem apostar como mais provável «uma idade entre os 65-70 anos». Sessenta e cinco anos foi a idade que tinha Paulo Vi quando foi eleito, após ter trabalhado durante décadas na Secretaria de Estado e a conhecia muito bem. Pelo menos algum conhecimento dos mecanismos curiais se pede ao candidato ideal, também porque já vários purpurados apontaram como uma das prioridades do próximo pontificado a reforma da Cúria romana, uma reestruturação da Secretaria do Estado, uma maior colegialidade.

O próximo Papa deveria, portanto, ter, de acordo com estas indicações, a qualidade de reformador e a determinação demonstrada por Pio X no início do século XX. No caso do escolhido não tiver marcadas qualidades de governo, deveria logo ser auxiliador por um Secretário de estado capaz de ajudá-lo adequadamente: também por isso muitos consideram indispensável que o novo eleito não confirme os atuais colaboradores curiais até o fim do quinquênio de nomeação, mas peça a todos a disponibilidade de serem substituídos durante poucos meses para poder formar uma nova equipe.

Outro aspecto que estará no perfil do novo Papa, é o de ser um homem espiritual e um verdadeiro pastor. Um papa que seja capaz de falar ao mundo, anunciado de maneira positiva e propositiva a mensagem evangélica, e que busque superar barreiras e divisões para chegar também aos afastado, como fizera com seu sorriso João XXIII, o «papa bom». Deverá aparecer mais como pastor do que como chefe de estado, e é por isso que, apesar das razões de segurança, já vários cardeais estariam a favor de uma reformulação do esquema de segurança ao redor do Pontífice, bem como uma maior sobriedade nos ritos por ele celebrados.

O perfil ideal prevê, ainda, que tenha traços carismáticos, capaz de expressar o rosto da Igreja comunicativa, como soube fazer João Paulo II. E que seja capaz de fazer ouvir a voz do Papado em nível internacional sobre os grandes problemas da paz, do choque e do encontro de civilização, nas relações com as outras religiões, como o próprio Wojtyla fez. O que mais faltará à Igreja, a partir das 20h de Roma (16h de Brasília) desta quinta-feira, quando Bento XVI, livre do peso do pontificado, se tornará um bispo vestido de branco e «Papa emérito», serão suas catequeses e as homilias, com como seus diálogos e as intervenções espontâneas. Difícil imaginar quem possa aspirar em assumir a herança de um magistério tão profundo e essencial, à cuja riqueza o sucessor, em todo caso, poderá continuar a usufruir. Também pelo fato que Ratzinger viverá a seu lado no Vaticano.
Andrea Tornielli, Vatican Insider, 27-02-13

Conheça os nomes mais citados para suceder Bento XVI


Especialistas apontam 12 possíveis nomes para suceder o papa Bento XVI
Quem irá suceder Bento XVI? Embora as deliberações do conclave sejam um dos mistérios mais bem guardados do mundo, vários nomes circulam no Vaticano.
Odilo Scherer - brasileiro de 63 anos, arcebispo de São Paulo, a maior diocese da América Latina. É considerado um conservador moderado com carisma.
Claudio Hummes - brasileiro, arcebispo emérito de São Paulo de 78 anos, teólogo reconhecido, provém do país mais católico do mundo, onde o próximo papa deverá celebrar neste ano a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Manteve uma atitude muito comprometida com o povo brasileiro durante a ditadura militar e soube conservar esta sensibilidade social sem entrar em conflito com o Vaticano.
João Braz de Aviz - brasileiro, ex-arcebispo de Brasília de 65 anos, membro do movimento Focolares, famoso por sua proximidade com as comunidades religiosas de todo o mundo, trabalha no Vaticano desde o início de 2011 dirigindo a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
Jorge Mário Bergoglio - argentino de origem italiana, sensível aos problemas sociais de sua diocese. Em 2005, durante o primeiro conclave, foi o mais votado, atrás de Joseph Ratzinger (Bento XVI), mas sua idade elevada, 77 anos, como no caso de Hummes, pode ser um obstáculo para ser eleito.
Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga - hondurenho de 70 anos, arcebispo de Tegucigalpa, considerado um ortodoxo em questões doutrinárias, mas moderno em suas ações, perdeu popularidade a partir de 2009, quando se mostrou favorável ao golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya.
Angelo Scola - arcebispo de Milão de 72 anos. Teólogo reconhecido e favorável ao diálogo entre religiões.
Peter Erdo - húngaro de 60 anos, arcebispo de Budapeste desde 2002, recebeu o título de cardeal em 2003 e desde 2006 preside as Conferências Episcopais Europeias.
Christoph Schönborn - austríaco de 68 anos, "protegido" de Bento XVI. Figurava entre os grandes favoritos até 2010, quando pediu a abertura do debate sobre o celibato.
Luis Antonio Tagle - filipino, arcebispo de Manila, de 57 anos, um dos cardeais mais jovens do Colégio Cardinalício. Apreciado pelo Papa, é muito popular em seu país, o mais católico da Ásia.
Marc Ouellet - canadense, ex-arcebispo de Quebec, de 67 anos, conhecido por seu rigor ao liderar uma das dioceses mais laicas de seu país, preside a Pontifícia Comissão para a América Latina e é apreciado pelos países do Sul, sobretudo pelos latino-americanos, onde residiu e conhece muito bem o idioma.
Timothy Dolan - americano, arcebispo de Nova York, de 63 anos, conhecido por seus talentos midiáticos e por sua franqueza. É considerado um conservador modernista.
Peter Turkson - ganês de 64 anos, presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz. Considerado progressista, mas polêmico por suas críticas recentes aos muçulmanos.

Evangelho do dia

Ano C - DIA 28/02

Apelo à conversão - Lc 16,19-31

Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e dava festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, ficava sentado no chão junto à porta do rico. Queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico, mas, em vez disso, os cães vinham lamber suas feridas. Quando o pobre morreu, os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: "Pai Abraão, tem compaixão de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas". Mas Abraão respondeu: "Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste teus bens e Lázaro, por sua vez, seus males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós". O rico insistiu: "Pai, eu te suplico, manda então Lázaro à casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Que ele os avise, para que não venham também eles para este lugar de tormento". Mas Abraão respondeu: "Eles têm Moisés e os Profetas! Que os escutem!" O rico insistiu: "Não, Pai Abraão. Mas se alguém dentre os mortos for até eles, certamente vão se converter". Abraão, porém, lhe disse: "Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, mesmo se alguém ressuscitar dos mortos, não acreditarão".
Leitura Orante

Oração Inicial

Preparo-me para a oração, rezando:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo,
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser,
eu vos adoro, amo e agradeço.

1- Leitura (Verdade)

- O que a Palavra diz?
Começo lendo atentamente o texto do dia: Lc 16,19-31.
Nesta parábola que Jesus contou está um forte apelo à conversão. Enquanto vivemos é tempo de conversão, mudança de vida, solidariedade, tempo de viver as propostas do Reino que é amor, justiça, fraternidade. Depois da morte este tempo não existirá mais.

2- Meditação (Caminho)

- O que a Palavra diz para mim?
Pergunto-me se não estou deixando o tempo passar, deixando a conversão para depois.
O bem-aventurado Alberione recebeu de Deus e comunicou à Família Paulina, o apelo de viver em "contínua conversão". Os bipos, na Conferência de Aparecida, disseram: "No exercício de nossa liberdade, às vezes recusamos essa vida nova (cf. Jo 5,40) ou não perseveramos no caminho (cf. Hb 3,12-14). Com o pecado, optamos por um caminho de morte. Por isso, o anúncio de Jesus sempre convoca à conversão, que nos faz participar do triunfo do Ressuscitado e inicia um caminho de transformação. (DA 351).

3- Oração (Vida)

- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Jesus me recomenda a dar aos outros o melhor, a partilhar, a viver a fraternidade. Começo meu gesto concreto, com minha atitude de conversão, rezando com toda Igreja, a Oração da CF 2013
Ó Pai, enviaste o Teu Filho Eterno para salvar o mundo e escolheste homens e mulheres para que, por Ele, com Ele e nEle, proclamassem a Boa-Nova a todas as nações. Concede as graças necessárias para que brilhe no rosto de todos os jovens a alegria de serem, pela força do Espírito, os evangelizadores de que a Igreja precisa no Terceiro Milênio.
Ó Cristo, Redentor da humanidade, Tua imagem de braços abertos no alto do Corcovado acolhe todos os povos. Em Tua oferta pascal, nos conduziste pelo Espírito Santo ao encontro filial com o Pai. Os jovens, que se alimentam da Eucaristia, Te ouvem na Palavra e Te encontram no irmão, necessitam de Tua infinita misericórdia para percorrer os caminhos do mundo como discípulos-missionários da nova evangelização.
Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da Tua Verdade e com o fogo do Teu Amor, envia Tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo.
Amém!

4- Contemplação (Vida e Missão)

- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu olhar de contemplação é um olhar de conversão que cancela tudo aquilo que em minha vida é omissão, como evitar as pessoas que precisam de mim. Que Deus abençoe este meu propósito.

Bênção

A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar,
a bênção do Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de amor,
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós. Amém!

Santo do dia


São Romano
390-463

28 de Fevereiro - São Romano

Nascido no ano 390, o monge Romano era discípulo de um dos primeiros mosteiros do Ocidente, o de Ainay, próximo a Lion, na França. No século IV, quando nascia a vida monástica no Ocidente, com o intuito de propiciar elementos para a perfeição espiritual assim como para a evolução do progresso, ele se tornou um dos primeiro monges franceses.

Romano achava as regras do mosteiro muito brandas. Então, com apenas uma Bíblia, o que para ele era o indispensável para viver, sumiu por entre os montes desertos dos arredores da cidade. Ele só foi localizado por seu irmão Lupicino, depois de alguns anos. Romano tinha se tornado um monge completamente solitário e vivia naquelas montanhas que fazem a fronteira da França com a Suíça. Aceitou o irmão como seu aluno e seguidor, apesar de possuírem temperamentos opostos.

A eles se juntaram muitos outros que desejavam ser eremitas. Por isso teve de fundar dois mosteiros masculinos, um em Condat e outro em Lancome. Depois construiu um de clausura, feminino, em Beaume, no qual Romano colocou como abadessa sua irmã. Os três ficaram sob as mesmas e severas regras disciplinares, como Romano achava que seria correto para a vida das comunidades monásticas. Romano e Lupicino se dividiam entre os dois mosteiros masculinos na orientação espiritual, enquanto no mosteiro de Beaume, Romano mantinha contato com a abadessa sua irmã, orientando-a pessoalmente na vida espiritual.

Consta nos registros da Igreja que, durante uma viagem de Romano ao túmulo de São Maurício, em Genebra, ele e um discípulo que o acompanhava, depois também venerado pela Igreja, chamado Pelade, tiveram de ficar hospedados numa choupana onde havia dois leprosos. Romano os abraçou, solidarizou-se com eles e, na manhã seguinte, os dois estavam curados.

A tradição, que a Igreja mantém, nos narra que este foi apenas o começo de uma viagem cheia de prodígios e milagres. Depois, voltando dessa peregrinação, Romano viveu recluso, na cela de seu mosteiro e se reencontrou na ansiada solidão. Assim ele morreu, antes de seu irmão e irmã, aos 73 anos de idade, no dia 28 de fevereiro de 463.

O culto de São Romano propagou-se velozmente na França, Suíça, Bélgica, Itália, enfim por toda a Europa. As graças e prodígios que ocorreram por sua intercessão são numerosos e continuam a ocorrer, segundo os fieis que mantêm sua devoção ainda muito viva, nos nossos dias.

Mensagens



Morar, residir, viver, habitar ou... "se ajeitar". Seja lá o que for, ninguém consegue viver sem um teto. Concreto, telhas, sapé, zinco ou papelão, numa bonita casa, debaixo do viaduto, da ponte ou da marquise, num rico apartamento, no cortiço ou na favela.

A casa define o homem.
O homem-rato do bueiro,
o homem-das-cavernas do viaduto,
O homem-ilustre dos palacetes.
De qualquer forma se apresente, a casa é " o espaço da vida", o abrigo dos sonhos e esperanças.

Quem não tem onde morar não tem "espaço para a vida", não tem sonhos,
tem pesadelos, falta-lhe abrigo para aninhar as esperanças.
O mais terrível, porém, é ter casa e não ter espaço, não ter sonhos, nem esperanças.

O pior é ter as portas fechadas.
O pior é ter onde morar, mas se cercar de alarmes, de grades e cadeados, guardas e muros altos. Agora, é tempo!
Tempo de ser abrigo, tempo de abrir janelas, portas e portões para a fraternidade.

É tempo de fazer circular de dentro para
fora de nossas casas e coração
a brisa da solidariedade.

É tempo de ser abrigo de Alguém.
É tempo de se fazer abrigo de Alguém.
Vamos viver este tempo de graça.


Patrícia Silva

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Organização do 13º Intereclesial das CEBs aprofunda estudos do texto base

Aparecida, SWP, 22 fev (SIR) - O texto base que conduz as reflexões do 13º Intereclesial das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) já está nas mãos da organização do encontro para aprofundamento dos estudos.
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, Dom Frei Severino Clasen destacou que a leitura do texto base mostra o papel do povo de Deus na propagação da fé e das devoções. “Vale a pena ler o texto base, pois esclarece a origem, as ações, a prática religiosa, as disciplinas geradas a partir de homens e mulheres de grande fé e devoção. Marca também a presença de Deus agindo no meio do povo simples e como a Igreja deve ser sinal, presença e acolhimento do bem no meio das práticas e devoções populares”, enfatizou.
O 13º Intereclesial das CEBs reunirá, de 7 a 11 de janeiro de 2014, em Juazeiro do Norte, diocese do Crato (CE), participantes de todos os Regionais da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para o encontro que vai debater o tema ‘Justiça e Profecia a Serviço da Vida!’ e o lema ‘CEBs, Romeiras do Reino no Campo e na Cidade!’. Para Dom Severino o 13º Intereclesial das CEBs será um momento de valorização do leigo e de demonstração da força da fé do povo. “Temos boas perspectivas e expectativas com o 13º Intereclesial. É a Igreja Povo de Deus agindo, rezando, refletindo, meditando e externando a fé e o amor a Igreja de Jesus Cristo.
Os cristãos leigos demonstrando como são sujeitos da Igreja de Jesus Cristo e não meros objetos na Igreja. É hora de valorizar, animar e reconhecer a grande missão dos leigos para que o mundo descubra o caminho da justiça, da paz e da fraternidade”, acredita.

Evangelho do dia

Evangelho do Dia

Ano C - DIA 22/02

Pedro reconhece em Jesus o Filho de Deus - Mt 16,13-19

Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: "Quem dizem as pessoas ser o Filho do Homem?" Eles responderam: "Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas". "E vós", retomou Jesus, "quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus então declarou: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".
Leitura Orante

Oração Inicial

- O Filho do Deus vivo Mt 16,13-19
Preparo-me para a Leitura Orante.
Disponho-me ao encontro com Deus, com toda a Igreja virtual que agora reza conosco:

Divino Espírito Santo,
amor eterno do Pai e do Filho,
eu vos adoro, louvo e amo!
Peço-vos perdão por todas as vezes que vos ofendi
em mim e no meu próximo.
Vinde, com a plenitude de vossos dons,
nas ordenações, nas consagrações e nas crismas!
Iluminai, santificai, aumentai o zelo apostólico!
Espírito de verdade,
consagro-vos a minha inteligência,
imaginação e memória. Iluminai-me!
Dai-me conhecer Jesus Cristo Mestre.
Revelai-me o sentido profundo do Evangelho
e de tudo o que ensina a santa Igreja.
(Bv. T. Alberione)

1- Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto Mt 16,13-19, observando o testemunho de fé de Pedro.
Simão declara que Jesus é o Filho do Deus vivo. Jesus confirma, declarando a missão de Pedro, o Primado na Igreja: "Você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu". Jesus se propõe construir a Igreja que não é simplesmente um prédio, mas é uma nova comunidade. Esta comunidade ou Igreja é do domínio de Jesus. Ele diz: "construirei a minha Igreja". E Pedro tem nela uma missão de mediação: terá "as chaves". Terá o poder de abrir e fechar as portas, ligar e desligar, terá o poder de julgar, perdoar e proibir o que não é conforme o projeto do Reino de Jesus.

2- Meditação (Caminho)

O que o texto diz para mim, hoje?
A pergunta de Jesus é também para mim: "Quem dizem que eu sou? E você? Quem sou para você?" Estas perguntas merecem uma profunda reflexão de nossa parte e uma resposta coerente e sincera. Veja que resposta bonita deram os bispos em Aparecida: "Jesus Cristo é a plenitude da revelação de Deus, um tesouro incalculável, a "pérola preciosa" (cf. Mt 13,45-46). Verbo de Deus feito carne, Caminho, Verdade e Vida dos homens e das mulheres aos quais abre um destino de plena justiça e felicidade. Ele é o único Libertador e Salvador que, com sua morte e ressurreição, rompeu as cadeias opressivas do pecado e da morte, revelando o amor misericordioso do Pai e a vocação, dignidade e destino da pessoa humana." (DA 6).
Portanto, para os bispos e para nós, Jesus Cristo é "a plenitude da revelação de Deus", "um tesouro incalculável", a "pérola preciosa", "Verbo de Deus feito carne", "Caminho, Verdade e Vida", "O único Libertador e Salvador". É assim que o acolhemos na nossa vida?

3- Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com toda Igreja:
Ó Pai, enviaste o Teu Filho Eterno para salvar o mundo e escolheste homens e mulheres para que, por Ele, com Ele e nEle, proclamassem a Boa-Nova a todas as nações. Concede as graças necessárias para que brilhe no rosto de todos os jovens a alegria de serem, pela força do Espírito, os evangelizadores de que a Igreja precisa no Terceiro Milênio.
Ó Cristo, Redentor da humanidade, Tua imagem de braços abertos no alto do Corcovado acolhe todos os povos. Em Tua oferta pascal, nos conduziste pelo Espírito Santo ao encontro filial com o Pai. Os jovens, que se alimentam da Eucaristia, Te ouvem na Palavra e Te encontram no irmão, necessitam de Tua infinita misericórdia para percorrer os caminhos do mundo como discípulos-missionários da nova evangelização.
Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da Tua Verdade e com o fogo do Teu Amor, envia Tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo.
Amém!

4- Contemplação (Vida e Missão)

- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar para o dia de hoje vem carregado de uma certeza:
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Santo do dia


Santa Margarida de Cortona
1247-1297

22 de Fevereiro - Santa Margarida de Cortona

A penitência marcou a vida de Margarida que nasceu em 1247, em Alviano, Itália. Foi por causa de sua juventude, período em que experimentou todos os prazeres de uma vida voltada para as diversões mais irresponsáveis.

Margarida ficou órfã de mãe, quando ainda era muito criança. O pai se casou de novo e a pequena menina passou a sofrer duramente nas mãos da madrasta. Sem apoio familiar, ela cresceu em meio a toda sorte de desordens, luxos e prazeres. No início da adolescência se tornou amante de um nobre muito rico e passou a desfrutar de sua fortuna e das diversões mundanas.

Um dia, porém, o homem foi vistoriar alguns terrenos dos quais era proprietário e foi assassinado. Margarida só descobriu o corpo, alguns dias depois, levada misteriosamente até ele pela cachorrinha de estimação que acompanhara o nobre na viagem. Naquele momento, a moça teve o lampejo do arrependimento. Percebeu a inutilidade da vida que levava e voltou para a casa paterna, onde pretendia passar o resto da vida na penitência.

Para mostrar publicamente sua mudança de vida, compareceu à missa com uma corda amarrada ao pescoço e pediu desculpas a todos pelos excessos da sua vida passada. Só que essa atitude encheu sua madrasta de inveja, que fez com que ela fosse expulsa da paróquia. Margarida sofreu muito com isso e chegou a pensar em retomar sua vida de luxuria e riqueza. No entanto, com firmeza conseguiu se manter dentro da decisão religiosa, procurando os franciscanos de Cortona e conseguindo ser aceita na Ordem Terceira.

Para ser definitivamente incorporada à Ordem teria que passar por três anos de provação. Foi nesta época que ela se infligiu as mais severas penitências, que foram vistas como extravagantes, relatadas nos antigos escritos, onde se lê também que a atitude foi tomada para evitar as tentações do demônio. Seus superiores passaram a orienta-la e isso a impediu de cometer excessos nas penitências.

Aos vinte e três anos Margarida de Cortona, como passou a ser chamada, foi premiada com várias experiências de religiosidade que foram presenciadas e comprovadas pelos seus orientadores espirituais franciscanos. Recebeu visitas do anjo da guarda, teve visões, revelações e mesmo aparições de Jesus, com quem conversava com freqüência durante suas orações contemplativas.

Ela percebeu que o momento de sua morte se aproximava e foi ao encontro de Jesus serenamente, no dia 22 de fevereiro de 1297. Margarida de Cortona foi canonizada pelo Papa Bento XIII em 1728 e o dia de sua morte indicado para a sua veneração litúrgica.

Mensagens



Todos os dias, no caminho da vida, encontro centenas de rostos.
Tenho esperança de encontrar um rosto que se fixe em mim.
Alguém que se torne meu amigo.
Alguém que tenha tempo para sorrir-me.
Alguém que saiba captar minhas mensagens.
Alguém que aceite refletir comigo.

Desconhecido, te esperei inutilmente...
Estavas perdido na multidão...
Estavas tão entretido com tuas coisas...
Não percebestes minha solidão.
Nem minha presença.
Não soubeste ver além das aparências.
Não tiveste tempo para parar.
Ontem encontrei um rosto que se fixou em mim.
Alguém que se aproximou de mim.
Alguém que me deu liberdade de olhar.
Alguém que compreendeu meus sentimentos.
Alguém que acolheu meus medos com respeito.
Alguém que acendeu uma luz em meu caminho.
Alguém que auscultou o pulsar do meu coração.
Alguém que me comoveu com sua ternura.

Desconhecido!
Se queres encher tua vida, acompanha-me.
Se sabes partilhar, eu preciso de partilha.
Se amas os pobres, lembra-te de mim.
Se acolhes os fracos... pensa também em mim.

Desconhecido, gostaria de dar um rosto a teu nome.
Não esqueça minha voz nem meu olhar.


Arnaldo Pangrazzi

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Liturgia Diária

Dia 20 de Fevereiro - Quarta-feira

I SEMANA DA QUARESMA
(Roxo – Ofício do Dia)

Antífona da entrada: Lembrai-vos de vossa misericórdia e de vosso amor, pois são eternos. Nossos inimigos não triunfem sobre nós; libertai-nos, ó Deus, de toda angústia! (Sl 24,6.3.22)
Oração do dia
Considerai, ó Deus, com bondade o fervor do vosso povo. E, enquanto mortificamos o corpo, sejamos espiritualmente fortalecidos pelos frutos das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Jonas 3,1-10)
Leitura da profecia de Jonas.
3 1 A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas nestes termos:
2 "Vai a Nínive, a grande cidade, e faze-lhe conhecer a mensagem que te ordenei".
3 Jonas pôs-se a caminho e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era, diante de Deus, uma grande cidade: eram precisos três dias para percorrê-la.
4 Jonas foi pela cidade durante todo um dia, pregando: "Daqui a quarenta dias Nínive será destruída".
5 Os ninivitas creram (nessa mensagem) de Deus, e proclamaram um jejum, vestindo-se de sacos desde o maior até o menor.
6 A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza.
7 Em seguida, foi publicado pela cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: Fica proibido aos homens e aos animais, tanto do gado maior como do menor, comer o que quer que seja, assim como pastar ou beber.
8 Homens e animais se cobrirão de sacos. Todos clamem a Deus, em alta voz; deixe cada um o seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas mãos.
9 Quem sabe, Deus se arrependerá, acalmará o ardor de sua cólera e deixará de nos perder!
10 Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos, Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes, e não o executou.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 50/51
Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!

Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha alma penitente,
não desprezeis um coração arrependido!
Evangelho (Lucas 11,29-32)
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!
Voltai ao Senhor, vosso Deus, ele é bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 11 29 quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: "Esta geração é uma geração perversa; pede um sinal, mas não se lhe dará outro sinal senão o sinal do profeta Jonas.
30 Pois, como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem o será para esta geração.
31 A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo para condenar os homens desta geração, porque ela veio dos confins da terra ouvir a sabedoria de Salomão! Ora, aqui está quem é mais que Salomão.
32 Os ninivitas levantar-se-ão no dia do juízo para condenar os homens desta geração, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas".
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
UMA CHANCE PERDIDA
Os contemporâneos de Jesus não fizeram muito caso de sua pregação. Quando confrontados com a exigência de conversão, colocavam em dúvida a pessoa de Mestre, exigindo dele sinais que comprovassem sua autoridade.
No fundo, a geração perversa daquele tempo não estava disposta a abrir mão de seus esquemas, e a acolher a proposta que lhe era apresentada. As exigências de Jesus eram vistas com desprezo por quem se sentia seguro, apegado às próprias idéias, e convencido da própria salvação; por quem havia reduzido Deus aos limites da própria mentalidade, um Deus que já não tinha mais força para questionar; por quem cultuava a tradição, apegando-se ao passado.
A censura de Jesus a seus contemporâneos evidencia que eles tinham perdido uma grande chance oferecida por Deus. Até mesmo os habitantes de Nínive, apesar de serem pagãos, deram ouvido a Jonas; e fizeram penitência, após a pregação do profeta. Mesmo a rainha de Sabá, vinda de longe, fora ter com o rei Salomão - homem extraordinariamente sábio -, a fim de ser instruída por ele. A geração do tempo de Jesus, ao invés disso, fechou-se, decididamente, diante do convite que lhe era feito, chegando até a suspeitar do Mestre.
A prudência nos recomenda a estarmos atentos aos apelos de Deus, para que não tenhamos de lamentar a chance perdida. Diante do convite de Jesus, é necessário converter-se, sem demora.

Oração
Espírito de prudência, faze-me acolher, sem demora, o convite de Jesus, de modo que eu não perca a chance de converter-me ao Evangelho da salvação.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Sobre as oferendas
Nós vos ofertamos, o Deus, estes dons que nos destes para oferecer-vos. E, assim como os tornais para nós um sacramento, sejam também remédio para a vida eterna. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Senhor, alegrem-se todos os que em vós confiam e exultem eternamente aqueles que protegeis (Sl 5,12).
Depois da comunhão
Senhor nosso Deus, que não cessais de nos alimentar com os vossos sacramentos, concedei que esta refeição nos alcance a vida eterna. Por Cristo, nosso Senhor.

Cáritas agradece ao Papa por ter colocado «a caridade no coração da Igreja»

Lisboa, Portugal, 20 fev (SIR) – O presidente da Cáritas Internacional (CI) agradeceu hoje o empenho que Bento XVI colocou ao longo do seu pontificado na defesa da “caridade” e da “justiça social”, através da sua oração, das suas encíclicas e viagens pastorais.
Numa mensagem publicada na página da Cáritas Portuguesa, o cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga enaltece a forma firme como o Papa colocou “a caridade no coração da Igreja” e “do mundo”, denunciou “o sofrimento das pessoas em perigo” e “falou de amor e compaixão” como valores a promover e preservar. “Ainda antes de fazer um ano desde o início do seu pontificado, o Papa Bento já tinha claramente delineado o papel essencial de amar os outros e ajudar os pobres e vulneráveis na encíclica Deus Caritas Est”, recorda o líder da organização católica tutelada pelo Vaticano.
“Quatro anos mais tarde”, acrescenta o prelado hondurenho, Joseph Ratzinger “deu” ao mundo a encíclica “Caritas in Veritate”, reflexão “que enfatizou a necessidade de tornar a economia global num sistema mais ético”. Em maio de 2011, num encontro no Vaticano com 300 delegados da CI, vindos de todo o mundo, Bento XVI referiu-se aquele organismo pontifício como expressão do “coração” da Igreja. “Estar no coração da Igreja, e ser capaz, de certo modo, de falar e agir em nome dela para o bem comum, implica certas responsabilidades no âmbito da vida cristã, tanto ao nível pessoal como comunitário” salientou o Papa, durante uma sessão que assinalava os 60 anos da chamada "Caritas Internationalis".
D. Oscar Rodríguez Maradiaga destaca o desafio deixado por Bento XVI, e garantiu que “este coração feito de caridade na forma de amor para com os menos afortunados vai continuar a crescer e a bater ainda mais forte”. Na missiva, assinada também pelo secretário-geral da CI, Michael Roy, o arcebispo de Tegucigalpa oferece “oração e apoio ao Papa” cessante “e também à Igreja universal, neste momento de mudança”.
A Cáritas Internacional foi fundada em 1951 pelo Papa Pio XII, num período em que o sofrimento causado pela Segunda Guerra Mundial estava ainda bem vivo na memória dos povos, e assumiu-se ao longo dos anos como o principal órgão coordenador da ação solidária da Igreja Católica. Dela fazem parte 165 organizações humanitárias, que atuam em mais de 200 países, entre os quais Portugal.
A intervenção do Vaticano, nesta área, concretiza-se, sobretudo, através do Conselho Pontifício Cor Unum, também conhecido como “Conselho da Caridade”, criado pelo Papa Paulo VI em 1971.

A vela que se apaga

A decisão de papa Ratzinger imprevista, mas até certo ponto. Os tantos sinais indicadores. A análise é de Marco Tosatti, Vatican Insider.

CIDADE DO VATICANO - Nestes dias se fala muito de complôs e de documentos, e tudo relacionado com a renúncia de Bento XVI. Tudo possível, naturalmente.
Mas nestes dias foi revendo uma série de apontamentos, que andei fazendo ao longo dos anos e dos meses, sobre a saúde do Papa. Informações recebidas de pessoas que lhe são próximas, e que tinha prometido não revelar até que ficasse no cargo.
A renúncia dele me libertou deste compromisso. E examinando aqueles papéis, o quadro é o de uma progressiva deterioração de sua saúde e de suas energias; um quadro que justifica plenamente a decisão difícil que o Papa tomou.
Dois anos atrás: “O Papa não consegue dormir de noite, e não quer tomar tranquilizantes. Por isso apresenta, muitas vezes, um ar cansado. E quem gosta dele insiste para que, na parte da tarde, não seja agendado nenhum compromisso antes das 17h, de maneira que tenha tempo para descansar, especialmente durante as viagens. Mas, no entanto, marcam compromissos logo após o almoço, às 15h30 e assim por diante. O médico, dr. Polisca afirma que pode ir para frente, se conseguir se manter tranquilo e se for controlada a pressão. Este, no momento, é o problema principal, porque a pressão está tendo mudanças repentinas. Polisca disse: sobretudo atenção aos aviões. Insiste para que passe menos tempo possível no avião, porque os perigos estão aí”.
E, com efeito, parece que o Pontífice tenha expressamente afirmando que a viagem intercontinental até o Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude, deveria ser excluída. 
Ainda dois anos atrás: “Outro problema, durante as viagem é que cai da cama, se é um pouco pequena. No Vale de Aosta, quando quebrou o braço, é porque parece que caiu da cama. Assim em Malta lhe prepararam um quarto muito bonito, cheio de objetos de arte e de móveis de época, com uma cama do tempo napoleônico, com cortinas, muito bonita, mas apertada. Não conseguiu dormir a noite inteira com medo de cair. E na manhã seguinte, durante a missa, pegou no sono, e um dos assistentes teve que acordá-lo, tocando o braço. ‘Não preguei o olho a noite toda’ lhe disse Bento XVI desculpando-se”. 
O biógrafo de Bento XVI, Peter Seewald, confirmou nestes dias o que encontrei num apontamento de um ano e meio atrás: “Está confirmado que com o olho esquerdo já não enxerga quase nada; e isto cria problemas quando deve subir degraus, e particularmente durante as missas solenes quando deve rodear o altar com o turíbulo”.
“Cansa com grande rapidez”: esta afirmação a encontramos com mais frequência à medida que nos aproximamos do presente. “Tem uma enorme dificuldade para se levantar de manhã: às vezes dorme até nove horas seguidas. Porque necessita de descanso”. E chegamos aos últimos meses: o verão e o outono de 2012. “Sente-se fraco, e o fala, enquanto antes não se queixava”. Anda de bengala também em seu apartamento, porque o quadril e o joelho doem. Provavelmente lhe dão a cortisona, para aliviar a dor. Mas também quem notava antes que no passeio à tarde caminhava tranquilamente, olhava as flores recém-plantadas pelos jardineiros, agora dá alguns passos e depois se senta no assento mais próximo; como se não tivesse mais nem a energia, nem o estímulo, nem a curiosidade de ver.
Se agora os problemas da péssima-ótima saúde de Bento XVI são conhecidos (o íctus  de 1992, o marca-passo, a insônia,a vista, o caminhar), são menos conhecidos os de seu braço-direito, o Secretário de Estado que também parece ter algum problema nas vistas, e que, com toda discrição, como se fala na cidade de Gênova, se submeteu a uma intervenção ortopédica de certa gravidade alguns tempos atrás numa clínica administrada por religiosas naquela cidade.
Marco Tosatti, Vatican Insider - 19/02/13.

Evangelho do dia

Ano C - Dia: 20/02/2013



Jesus é o grande sinal
Leitura Orante


Lc 11,29-32

Acorrendo as multidões em grande número, Jesus começou a dizer: "Esta geração é uma geração perversa. Busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará juntamente com esta geração e a condenará, pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é mais do que Salomão. No dia do juízo, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão; pois eles mostraram arrependimento com a pregação de Jonas, e aqui está quem é mais do que Jonas".

Leitura orante
Preparo-me para a Leitura Orante,
orando com Santo Agostinho:

Tarde vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova.
Tarde vos amei !
Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora procurando-vos !
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo, e eu não estava convosco !

1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente o texto de hoje: Lc 11,29-32.
Jesus denomina de "más" as pessoas que pedem um milagre como sinal da aprovação de Deus. Afirma que o Filho do Homem é o sinal para as pessoas de hoje. Não é um sinal espetacular que deve levar as pessoas à conversão, mas à adesão ao projeto da nova história, manifestado na palavra de Jesus.

2. Meditação(Caminho)
O que a Palavra diz para mim?
Como é a minha fé? Fico à procura de milagres, sinais especiais em meu favor?
Ou acredito em Deus, independentemente dos sinais?
Os bispos, em Aparecida, apontam para um sinal muito importante na vida de todo cristão - o anúncio do amor de Deus:
"Anunciamos a nossos povos que Deus nos ama, que sua existência não é uma ameaça para o homem, que Ele está perto com o poder salvador e libertador de seu Reino, que Ele nos acompanha na tribulação, que alenta incessantemente nossa esperança em meio a todas as provas." (DA 29).


3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo com toda Igreja a Oração oficial da CF 2013
Pai santo, vosso Filho Jesus,
conduzido pelo Espírito
e obediente à vossa vontade,
aceitou a cruz como prova de amor à humanidade.
Convertei-nos e, nos desafios deste mundo,
tornai-nos missionários
a serviço da juventude.
Para anunciar o Evangelho como projeto de vida,
enviai-nos, Senhor;
para ser presença geradora de fraternidade,
enviai-nos, Senhor;
para ser profetas em tempo de mudança,
enviai-nos, Senhor;
para promover a sociedade da não violência,
enviai-nos, Senhor;
para salvar a quem perdeu a esperança,
enviai-nos, Senhor;
para...
4. Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou hoje, descobrir a presença e os sinais de Deus em tudo que me acontecer.

Santo do dia

20 de fevereiro

Santo Euquério
O bispo francês Euquério foi um grande defensor da Igreja em seu tempo. Defensor não só de seus conceitos e dogmas, mas também dos seus bens, que tanto atraíam os poderosos.

Euquério nasceu em Órleans, na França, e recebeu disciplina e educação cristã desde o berço. Assim que a idade o permitiu, entrou para o mosteiro de Lumièges, às margens do rio Sena. Seus sete anos de atuação ali foram marcados pela autopenitência que, de tão severa, chegava a lembrar os monges eremitas do Oriente. Esse período fez dele o candidato natural à sucessão do bispo de sua cidade natal. Humilde, Euquério tentou recusar, mas foram tantos os pedidos de seus irmãos de hábito e do povo em geral, que acabou aceitando.

Seu bispado foi marcado pelo respeito às tradições e à disciplina. Euquério chegou a enfrentar o rei francês Carlos Martel, que pretendia se apossar de bens da Igreja, dirigindo-lhe censuras graves, como faria a qualquer outra ovelha de seu rebanho, se fosse necessário. O rei, apesar de precisar dos bens para aumentar as finanças e continuar a guerra contra os sarracenos muçulmanos, deixou de lado sua intenção. Entretanto, tramou a transferência do bispo, para afastá-lo de sua querida cidade de Órleans.

Euquério foi transferido para Colônia, na Alemanha, aonde também conquistou o respeito e o carinho do povo e do clero. Então o vingativo rei conseguiu que fosse mandado para mais longe, Liège. Ele viveu seis anos no exílio e passou seus últimos dias no convento de São Trondom. O bispo Euquério morreu no dia 20 de fevereiro de 738 e suas relíquias permaneceram guardadas na igreja desse convento, na diocese de Mastrichiti. O seu culto se perpetua pela devoção dos fiéis tanto na França, quanto na Alemanha e em todo o mundo cristão. Sua festa litúrgica se dá no dia de sua morte.

Mensagens


3


Ouvi uma antiga parábola.
Deve ser muito velha mesmo,
pois naquela época Deus costumava morar na Terra:

"Um dia, um velho fazendeiro veio a Deus e disse-lhe:
- Olha, você pode ter criado o mundo, mas preciso lhe dizer uma coisa.
Você não é fazendeiro. Não sabe nem o bê-a-bá da agricultura.
Você tem muito o que aprender.

Ao que Deus respondeu:
- O que você sugere?
- Dê-me um ano e permita que as coisas sejam de acordo com a minha vontade. E veja o que acontecerá: não haverá mais pobreza!

Deus concordou e um ano foi dado ao fazendeiro. Naturalmente, ele pedia e pensava somente no melhor.
Nada de trovões, de ventos fortes, nenhum perigo para a safra.
Tudo confortável, aconchegante.
O fazendeiro estava muito feliz.

O trigo crescia tanto!
Quando queria sol, havia sol.
Quando queria chuva, havia chuva,
o tanto que quisesse.
Nesse ano, tudo estava certo.
Matematicamente preciso.

O trigo estava crescendo muito.
O fazendeiro procurava Deus e dizia:
- Olhe! Desta vez a safra será tão grande que, por 10 anos, mesmo que as pessoas não trabalhem, haverá comida suficiente!

Mas quando fizeram a colheita, não havia grãos. O fazendeiro ficou surpreso e perguntou a Deus:
- o que aconteceu! O que saiu errado?

E Deus respondeu-lhe:
- Por não existir desafio, conflito, fricção, já que você evitou tudo de ruim, o trigo permaneceu impotente.
Uma pequena fricção é uma necessidade. As tempestades, os trovões e os raios são necessários.
Eles agitam a alma dentro do trigo". (Osho)

É, nada fácil! Há momentos em que daríamos tudo por uma chance de pedir a Deus para não corrermos riscos. Mas o risco é necessário.
É importante poder enfrentar as dificuldades, o desconhecido e o incerto. Percebemos que algumas pessoas fazem opção pelo porto seguro das certezas, mas outros acolhem a alma agitada e constróem o novo.

Mas como enfrentar essas turbulências? O auto conhecimento, a vontade de crescer, evoluir e progredir são decisivos.
A sensibilidade, a criatividade e a ética são nossos maiores aliados.
É preciso também termos paciência, pois uma boa colheita necessita de tempo e espera. Necessita também de tempestades, trovões e raios.
Afinal, "eles agitam a alma dentro do trigo!".


Ana Paula Carvalho Pereira

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O papa não exerceu um poder, mas cumpriu uma missão


bento16A declaração da renúncia de Bento XVI ao pontificado, na segunda-feira passada, abalou o mundo, tão inesperada que era para a maioria, dentro e fora da Igreja e do Vaticano. Todos ficamos profundamente tocados e ainda tentamos entender o seu alcance e o seu significado.
Mas, para sermos honestos, é uma decisão que surpreendeu mais aqueles que não o conheciam do que aqueles que o acompanhavam com atenção. Ele tinha falado claramente desta possibilidade no livro-entrevista “Luz do Mundo”; tinha um jeito sempre discreto e prudente de falar sobre os compromissos futuros do seu pontificado; era absolutamente claro que ele estava cumprindo uma missão recebida, mais do que exercendo um poder adquirido.
Realmente não foi por falsa humildade que, no início do papado, ele se apresentou como “um humilde trabalhador na vinha do Senhor”, sempre cuidadoso para usar com sabedoria as forças físicas, que não eram mais exuberantes, a fim de realizar do melhor modo possível o trabalho imenso que lhe foi confiado, e que para ele era inesperado, pois já estava com uma idade avançada.
Sabedoria humana e cristã admirável de quem vive diante de Deus, na fé, em liberdade de espírito; de quem conhece as suas responsabilidades e forças; e que indica, na renúncia, uma perspectiva de esperança e de compromisso renovado. Um grande ato de governo da Igreja, não, como alguns pensam, porque o papa não sentisse mais a força para guiar a cúria romana, e sim porque os grandes problemas da Igreja e do mundo, dos quais ele é mais do que consciente, requerem hoje uma grande força e um horizonte de tempo de governo proporcional a grandes empreitadas, que não pode ser de curta duração.
Bento XVI não nos abandona no momento de dificuldade. Com segurança, ele convida a Igreja a se confiar ao Espírito e a um novo sucessor de Pedro. Ele disse que sente quase fisicamente a intensidade da oração e do amor que o acompanha. E nós sentiremos, por nossa vez, a intensidade única da sua oração e do seu afeto pelo sucessor e por nós.
Provavelmente, esta relação espiritual será ainda mais profunda e mais forte do que antes. Intensa comunhão na liberdade absoluta.
Fonte: Zenit

Um novo pontífice por uma igreja cada vez mais universal

Por Roberto Repole - presidente da Associação dos Teólogos Italianos (ATI).

TURIM – Vatican Insider – 17 de fevereiro de 2013 - Uma das grandes heranças que Bento XVI entregou à Igreja é representado pela proclamação, por ocasião dos 50º aniversário do Concílio Vaticano II, de um ano da fé.

Com esse gesto o Papa quis chamar a atenção para a necessidade que a Igreja reencontre seu centro e sua razão de existir: o fato de ser a comunidade daqueles que acreditam em Cristo e no Deus que Ele nos manifestou; e o fato que esta é a única riqueza que ela possui, em relação à qual toda outra coisa aparece inexoravelmente secundária.

Mas também implicitamente pressionou a Igreja a reconhecer que a fé, hoje, não é fato garantido, sobretudo no nosso mundo ocidental. E que, portanto, é preciso redescobrir, como se deu em outras épocas da história, as estradas a serem seguidas para oferecer a riqueza do cristianismo de maneira que toque e torne realmente mais humana a vida dos homens de hoje. 

Seu sucessor deverá, com toda probabilidade, começar daqui. Será chamado a guiar a Igreja a reencontrar na fé o motivo mais profundo de sua existência. E deverá, sobretudo, orientar os cristãos a colocar à disposição todas as energias espirituais e intelectuais, de que dispõem para testemunhar que o cristianismo é realmente vivível também hoje; e que o Deus de Jesus cristão não é só aliado do homem em si, mas também do homem moderno, que redescobriu como valores irrenunciáveis sua razão crítica e, sobretudo, sua liberdade. Como anunciar Deus neste nosso mundo deverá ser, portanto, preocupação central do papa e da Igreja nos próximos anos.

Mas para que isso aconteça, o novo papa será chamado a favorecer o mais possível todos os lugares de diálogo, de confronto e de apoio às competências sobre as quais a comunidade cristã pode contar, em diferentes níveis. As questões que a modernidade traz são, de fato, cada vez mais complexas. E só uma Igreja sinodal, que comece a enveredar a estrada do “caminho juntos” poderá manter o passo, de maneira ativa e profética, esta complexidade. 

Para não dizer que só uma Igreja assim, onde todos se sentem realmente irmãos, responsáveis e ao mesmo tempo necessitados uns dos outros, poderá anunciar – com sua própria existência que Deus não é uma ameaça às nossas potencialidades, mas as faz florescer e realizar. Por fim, ao futuro papa competirá a grande tarefa de incentivar a Igreja a ser nos fatos cada vez mais católica e, portanto, sempre mais capaz de se inserir com sentido crítico em todas as culturas.

Um ilustre teólogo do século passado, Rahner, afirmou que no Vaticano II a Igreja, pela primeira vez, de descobriu mundial. Esta descoberta pede hoje para se tornar consciência comum. O que implica, entre outras coisas, que os cristãos não tenham medo de dialogar, em qualquer parte do mundo vivam, com as culturas em que estão inseridos e com os homens com os quais caminham.

Quando arrefece a profecia, cresce a boataria

O texto a seguir é uma análise profunda sobre a crise atual da Igreja Católíca, elaborada pelo Teólogo Pe. Manoel Godoy, Diretor Executivo do Instituto São Tomás de Aquino - ISTA.


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1. Cada vez que me pedem análise de conjuntura eclesial, lembro-me do tempo em que trabalhava como assessor na CNBB. A comissão encarregada das análises se detinha às esferas do econômico, do social e do político. Quando chegava a área restrita da Igreja, a equipe se restringia a uma ou outra observação e fim de papo. Somente no tempo do Pe. Virgilio Uchoa tal reflexão ganhava foro de cidadania e sempre causava certo frisson. Não é praxe da instituição católica olhar-se no espelho com serenidade e quem tenta colocar-lhe o espelho na sua frente nem sempre é bem visto.
Vou apresentar algumas pistas de leitura da situação atual da situação eclesial, tendo como fio condutor o axioma: quando arrefece a profecia, cresce a boataria. Nos últimos anos, tem crescido enormemente o que vulgarmente se chama de fofoca eclesiástica. A meu ver tal crescimento se deve ao fato de a Instituição ter-se voltado muito para si mesma. O toque de recolher das últimas décadas, essa volta à sacristia, produz o caldo propício para o aumento do disque-me-disque tão prejudicial para a saúde institucional.
Nem sempre é fácil também livrar-se do vício de desenvolver uma eclesiologia púrpura nessas análises, pois toda a imprensa quando fala da Igreja refere-se unicamente à sua hierarquia. Nenhum leigo ou leiga, por mais nobre que seja, tem o mérito de falar em nome da Instituição. Sendo assim, quando dizemos Igreja, corremos o risco de nos limitarmos a uma só categoria de cristãos, ou seja, aos seus purpurados. Assim sendo, vou procurar dizer Instituição quando se refere à hierarquia e Igreja quando está em jogo todo o Povo de Deus. Evitando, porém, qualquer contraposição entre as categorias que compõem a totalidade da Igreja. É mero recurso didático.

NO CLIMA DO ANO JUBILAR DA ABERTURA DO CONCÍLIO VATICANO II
2. Nesse qüinqüênio (2012-2015), celebramos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, que teve sua sessão inaugural em 11 de outubro de 1962, presidida pelo saudoso Bom Papa João XXIII. Aquele que teria sido nomeado para ser uma Papa de transição, acabou marcando definitivamente a história da Igreja. Vale lembrar que sua atitude foi tão inédita e inesperada que houve quem na Cúria Romana que quisesse corrigir a fala do Papa, dizendo que ele houvera trocado as palavras e que não quisera dizer realmente concílio. E a visão que se tinha da conjuntura da época era tão ruim, que causava um medo imenso de um concílio vir a piorar a situação. De fato, no seu discurso de abertura do Concílio, o Beato Papa João XXIII se referiu aos “profetas da desgraça”, que viam tudo pelo ângulo da destruição, da maldade, como que prevendo o fim do mundo. A fala do Beato Papa João foi interpretada de muitas maneiras, e alguns entenderam que ele pretendia blindar o Concílio contra qualquer crítica, constituindo-se dessa maneira num grupo de resistência, esperando o momento propício para dar as caras ao mundo. Alguns acreditam que esse momento é agora, tal o retrocesso institucional em relação às decisões conciliares.
“Agora parece que algo mudou. “Quantos, após ter feito furor no Concílio e no pós-concílio comprazendo-se de sua originalidade, caem, aos poucos, no esquecimento e suas novidades se revelam cada vez mais filhas do seu tempo, efêmeros tributos ao espírito de uma época, incapazes de resistir à prova da História. (…) Quem era considerado um ‘resíduo do passado’, a ser arquivado para sempre, está sendo, hoje, aos poucos, redescoberto” 
De fato, vemos renascer inúmeros grupos que aguardaram, não sem ação, o momento para desautorizar o Concílio, provocando uma volta à grande disciplina nos seus moldes, restaurando a Instituição pré-conciliar.

O CONCÍLIO E SUA RECEPÇÃO AO LONGO DE CINCO DÉCADAS
3. Na primeira década pós-conciliar pode-se registrar uma onda de esperança muito grande em todos os âmbitos eclesiais. A atenção aos sinais dos tempos, o aggiornamento, o resgate do diálogo com a sociedade faziam com que os membros da Igreja se empolgassem com a possibilidade de ver uma Igreja mais próxima das suas fontes. Uma Igreja despojada e preocupada em ser mais de acordo com os evangelhos, com seus primeiros séculos. Causou bastante impacto, sobretudo na Igreja Latina Americana o “Pacto das Catacumbas”. Trata-se de um documento redigido e assinado por quarenta padres participantes do Concílio Vaticano II, entre eles muitos bispos latino-americanos e brasileiros, no dia 16 de novembro de 1965, pouco antes da conclusão do Concílio. Este documento foi firmado após a Eucaristia na Catacumba de Domitila. Por meio deste documento de 13 itens, os signatários comprometeram-se a levar uma vida de pobreza, rejeitar todos os símbolos ou os privilégios do poder e a colocar os pobres no centro do seu ministério pastoral. Comprometeram-se também com a colegialidade e com a co-responsabilidade da Igreja como Povo de Deus, e com a abertura ao mundo e a acolhida fraterna.
Em 1968, com a realização da II Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, em Medellin, o compromisso assumido no Pacto das Catacumbas se torna ainda mais real, fazendo emergir com força a opção pelos pobres, a explosão de pequenas comunidades nas bases populares com inúmeros ministérios laicais. Como o Concílio tinha privilegiado o contexto europeu, podemos afirmar que para a América Latina foi Medellin que se constitui no “nosso concílio”, cujo documento final foi o único que não sofreu censuras, pois os bispos já saíram dessa II Conferência com ele nas mãos.
É claro que nessa década ainda alguns sinais de contenção dessa euforia emergiram também, tal como a Encíclica Humanae Vitae, 25/07/1968, que tratava da regulação da natalidade, condenando a contracepção por meios artificiais ou como o Moto Próprio Ministeria Quaedam, de 15/08/1972, que apresentava a reforma da praxe dos ministérios na Igreja, consagrando uma vez mais o modelo único de ser presbítero. Some-se a isso os 40 mil padres, segundo se calcula, que deixaram o ministério na década seguinte ao Concílio.
Porém, continuava em marcha a recepção do Concílio Vaticano II a todo o vapor, abrindo portas para novas formas de ser Igreja no meio do povo. Destaque-se o movimento bíblico, o catequético, o litúrgico somados a uma revisitação do pensamento patrístico.
No Brasil, durante o Concílio fomos ajudados pelo Plano de Emergência (1962-1965) e para a implementação do Concílio tivemos o Plano de Pastoral de Conjunto (1966-1970). E com o recrudescimento do regime ditatorial militar, sobretudo depois da edição do Ato Institucional 5 (AI5), em dezembro de 1968, a Igreja no Brasil foi tomando cada vez mais posições proféticas em defesa dos direitos humanos, da liberdade de expressão, da liberdade política, dos direitos dos pobres e excluídos em geral, que combinavam de maneira surpreendente com a renovação de toda a Igreja. 
4. Na segunda década pós-conciliar, que abrange os anos de 1973 a 1982, ainda há um grande frescor na ação eclesial calcada nas decisões conciliares, mas já começam a aparecer sinais de revisão de alguns passos dados. Na fala do teólogo João Batista Libânio, no final da década de setenta, emerge uma grande movimentação eclesial em torno da volta à grande disciplina. Como Libânio chama a atenção, não podemos analisar o Papa Paulo VI somente no prisma dos últimos ou mais exatamente do último ano de seu pontificado, mas é bastante significativo o tom negativo de suas alocuções a cerca do movimento de renovação da Igreja.  O acento negativo de Paulo VI era tão notório que o Papa João Paulo I, nos seus 33 dias de pontificado, retomou o tema da conservação da grande disciplina na Igreja, mas foi seu sucessor, João Paulo II que impulsionou o movimento restauracionista, de forma gradual e progressiva. Em janeiro de 1979, a poucos meses de sua ascensão ao papado, João Paulo II, no discurso da abertura da III Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, na cidade mexicana de Puebla, chamava os bispos à responsabilidade em relação à pureza da doutrina e condenava as releituras do evangelho.
“Ora bem, hoje em dia e por muitas partes — o fenômeno não é novo — correm «releituras» do Evangelho, resultado de especulações teóricas mais do que de autêntica meditação da Palavra de Deus e de um verdadeiro compromisso evangélico.”
No mesmo discurso, onde apela aos bispos que atuem como mestres da verdade, sobretudo tendo uma cristologia e uma eclesiologia seguras e firmes, de acordo com o Magistério, o Papa João Paulo II alertava para que a palavra do Magistério fosse acatada como palavra divina, não de homens.
“Como se poderia fazer uma autêntica evangelização, se faltasse um acatamento pronto e sincero do sagrado Magistério, com a consciência clara de que, submetendo-se a ele, o Povo de Deus não está a aceitar uma palavra de homens, mas sim a verdadeira Palavra de Deus?”
Puebla não conseguiu reeditar a profecia de Medellin e já encontrou os bispos latinoamericanos profundamente divididos por duas alas classificadas pela imprensa como conservadores e progressistas. O Documento final conseguiu assegurar a opção pelos pobres, porém já adjetivada de preferencial e não excludente. A igreja no Brasil trabalhou muito bem a recepção deste Documento, na perspectiva de continuidade com Medellin.
É bom, por outra parte, destacar que nessa década, de 1972 a 1982, o Papa Paulo VI promulgou a belíssima Exortação Pós-Sinodal sobre a evangelização – “Evangelii Nuntiandi”, reconhecendo o valor das CEBs e da Teologia da Libertação. Esse documento, mutatis mutandis, se enquadra na perspectiva eclesiológica que Paulo VI já havia adotado na sua Encíclica Ecclesiam Suam, sobre os caminhos da Igreja, de agosto de 1964, ainda durante o Concílio.
No final da segunda década pós-conciliar, em 1981, assume o cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, apontando pelo Papa João Paulo II, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, cargo que manteve até ao falecimento do Beato João Paulo II. O cardeal Ratzinger já era conhecido do mundo acadêmico teológico pois atuou  no Concílio Vaticano II como perito e em 1972, junto com os teólogos Hans Urs Von Balthasar e Henri De Lubac, tinha fundado a revista Communio, com a qual pretendia dar uma resposta positiva à crise teológica e cultural que despontou no período pós-conciliar.
5. A terceira década pós-conciliar, de 1983 a 1992, será caracterizada como a década do movimento restauracionista eclesiástico, sob a tutela do Beato Papa João Paulo II e do então Cardeal Ratzinger.
Em 1985, para celebrar os vinte anos da clausura do Concílio Vaticano II, o Papa convoca um Sínodo dos Bispos, recheado de temas polêmicos, sobre o de revisar a natureza das Conferências Episcopais. Embora um pouco longo, creio que é importante retomar a reflexão do falecido bispo de Bauru, Dom Cândido Padin, a cerca deste Sínodo.
“Cercado de uma tensa expectativa, realizou-se em Roma o Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa João Paulo II, tendo por objetivo uma avaliação global da aplicação das orientações do Concílio Vaticano II, por ocasião do 20º aniversário do encerramento do Concílio. Não faltaram manifestações de temor no sentido de poder transformar-se o sínodo em uma atitude de retrocesso quanto às conquistas alcançadas na renovação da Igreja.
Tais temores tinham algum fundamento. Alguns cardeais da Cúria Romana tinham se manifestado, apontando eventuais desvios na aplicação dos documentos conciliares e pedindo que se freassem certas tendências resultantes de interpretações consideradas abusivas. Na verdade, tais manifestações não significavam apenas o desejo de corrigir verdadeiros desvios ou erros, mas revelavam uma inegável corrente conservadora e, até certo ponto, fundamentalista, muito mais preocupada em impedir legítimas transformações na pastoral da Igreja.
Essa corrente ficou claramente configurada pela longa entrevista do cardeal J. Ratzinger, publicada em forma de livro: A Fé em Crise? As críticas que ele faz à realidade da Igreja pós-conciliar caracterizam, por um lado, interpretações teológicas tipicamente acadêmicas, próprias de uma mentalidade "européia" que se considera a única forma cultural legítima de pensar. Implicitamente considera que o Terceiro Mundo não é capaz de gerar pensamento teológico original, dependendo sempre dos padrões europeus.
As conclusões do Sínodo não seguiram em tudo o pensamento do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, muito pelo contrário, reafirmou as Conferências Episcopais, legitimou as comunidades Eclesiais de Base e reconhece a eficácia da atuação da Igreja engajada em processos libertários.
"... deve ser posta a pergunta por que, no assim chamado Primeiro Mundo, depois de tão ampla e profunda explicação da doutrina sobre a Igreja, se manifesta com muita freqüência uma falta de afeto para com a Igreja, embora ali sejam abundantes os frutos do Concílio. Ao contrário, onde a Igreja é oprimida por ideologias totalitárias ou levanta a sua voz contra as injustiças sociais, parece que ali ela é aceita de modo mais positivo. Todavia, não se pode negar que, também nesses lugares, nem todos os fiéis tenham uma plena e total identificação com a Igreja e com a sua missão primária".
Porém, os questionamentos do Cardeal Ratzinger presente no seu livro “A Fé em Crise?”, não tardariam a encontrar um espaço próprio no movimento eclesiástico de restauração. Já havia sido publicado pela própria Congregação para a Doutrina da Fé um documento, em 1984, visando corrigir a ala mais progressista da Igreja, sob o título de Libertatis Nuntius - “Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação” e, logo depois do Sínodo, um outro texto um pouco mais ameno Libertatis Conscientia – Sobre a liberdade cristã e a libertação. Vivia-se na Igreja um clima de suspeita contra as correntes mais progressistas e vários teólogos mais avançados começavam a sofre restrições no exercício de seu ministério acadêmico. Dentre outros, é o caso do Leonardo Boff submetido ao silêncio obsequioso em 1985, pelo então Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Interessante que esse momento de recrudescimento das forças doutrinais no interior da Instituição Católica coincidia com o movimento de redemocratização do Brasil. A combinação dessas duas grandezas corrobora e muito para o movimento de volta à sacristia, ao toque de recolher eclesiástico, diminuindo a presença pública da Igreja e arrefecendo sua profecia.
Essa década se encerra com as celebrações dos Quinhentos Anos de América, evento bastante controvertido, pois havia quem celebrasse a alegria da chegada da Boa-Nova de Jesus Cristo ao Continente, mas outros que diziam que a Boa-Nova não foi tão boa para as nações indígenas que habitavam nessas terras. Para celebrar tal efeméride, o CELAM realizou na capital da República Dominicana a sua IV Conferência Geral. Santo Domingo foi palco de muitos conflitos, durante tal evento. A Cúria Romana se fez presente de maneira acachapante. A primeira questão em jogo foi o método indutivo, adotado pela ala mais progressista da Igreja nas Conferências anteriores, sobretudo em Medellin. Tal método, consagrado pela Ação Católica, parte da reflexão sobre a realidade, para depois confrontá-la com a Palavra de Deus para, depois, traçar pistas concretas de ação. Os Cardeais da Cúria Romana quiseram impor um método mais dedutivo, partindo da Doutrina ou das “iluminações”, como eles chamaram. Santo Domingo perdeu bastante o brilho de Medellín e de Puebla e seu documento final já não causou tanto impacto na Igreja do Continente.
6. A quarta década pós-conciliar, de 1993 a 2002, ia tornar ainda mais explícita a opção da Instituição pelos novos movimentos. Emerge com alguns deles uma forte saudade do modelo tridentino. Embora tenham, na sua maioria, raízes pré-conciliares, com exceção de Comunhão e Libertação e Arautos do Evangelho, é na gestão do Papa João Paulo II e Cardeal Ratzinger que eles ganham força total no interior da Igreja. Frente às fortes ondas de descristianização na Europa, eles acreditam que os movimentos são os meios mais eficazes para frear tal fenômeno e trazer de volta à Igreja os afastados. As paróquias já não apresentam a força missionária suficiente para os processos evangelizadores.
Desta forma, os movimentos de estrutura trans-diocesana, nacional ou internacional, cujo aparecimento é saudado como um período de pentecostes na Igreja ou como a primavera anunciada pelo Concílio, vão se estruturando e ganhando amplo espaço na Igreja. Assim se expressava o Papa João Paulo II: “O grande florescimento destes movimentos e as manifestações de energia e de vitalidade eclesiástica que os caracterizam certamente podem ser considerados como um dos mais belos frutos da vasta e profunda renovação espiritual promovida pelo último concílio” (Urquhart, p. 18). 
Esse entusiasmo do Beato João Paulo II se entende quando se defronta com a situação em que ele foi alçado ao pontificado. Tudo o que havia acontecido depois do Concílio Vaticano II o preocupava por demais. O abandono do ministério que atingiu o clero; religiosos que deixaram suas ordens e congregações; movimento de teólogos que reclamavam por mais abertura à reflexão e menos doutrina; os leigos e leigas reivindicando maior autonomia, inclusive frente às orientações doutrinais da hierarquia, como acontece em relação à Encíclica Humane Vitae: engajamento de padres e religiosas na esfera dos movimentos políticos, lutando por mais e justiça no mundo; simpatia de muitos membros da Igreja pela doutrina marxista e outras frentes de luta assumidas por clérigos e religiosas. João Paulo II se considerava um homem do Concílio Vaticano II, mas com sua hermenêutica marcada pelo contexto polonês. “Seu programa como papa deveria, por conseguinte, devolver a ordem ao caos da Igreja pós-conciliar: estancar o êxodo de padres, religiosos e freiras; trazer de volta à obediência os teólogos insubordinados; reimpor a doutrina tradicional, especialmente no campo da moralidade sexual, que ele considerava imutável” (Urquhart, p. 18). Para esse seu programa, de maneira especial voltado para a Europa, ele passou a contar com os novos movimentos como uma espécie de exército fiel em ordem de batalha.
Alguns deles como a Opus Dei, o Movimento dos Focolares, as Comunidades Neocatecumenais, os Legionários de Cristo, a Comunhão e Libertação e mais recentemente Arautos do Evangelho merecem destaque. No Brasil, o movimento carismático impregnou praticamente quase todos os demais movimentos de um tipo de espiritualidade centrada na ação do Espírito Santo, nas formas emocionalistas e subjetivistas.
O Movimento Carismático recebeu tal nome por Harald Bredesen, um ministro luterano, em 1962, para descrever o que estava acontecendo naquele momento nas igrejas de linha antiga, mas a gênese do Movimento Carismático, porém, é atribuído por vários à Dennis Bennett, um sacerdote episcopal, em 1960. Já em 1967 encontra-se entre os católicos tal tendência e é por essa época que chegam ao Brasil os jesuítas norte-americano, Pe. Haroldo Rahn e Pe. Eduardo Dougherty, que começam a pregar retiros denominados de Retiros no Espírito e divulgam os livros “Foge, Nicky, Foge” de Nicky Cruz e Jamie Buckingham e “A Cruz e o Punhal” de David Wilkerson, autores norte-americanos que relatam a história de conversões de jovens do mundo da droga.
Também merece destaque a passagem do milênio, com ampla programação da parte do Vaticano, com uma comissão central pró-jubileu, e da parte das Conferências Episcopais. No Brasil, a CNBB comandou um projeto de evangelização com o título Rumo ao Novo Milênio. Tal projeto teve ampla aceitação nas Igrejas locais e praticamente nula a adesão dos movimentos. Dois textos bastante interessantes foram publicados pelo Papa João Paulo II – Tertio Millenio Adveniente e Novo Millenio Ineunte, o primeiro em preparação às celebrações do ano 2000 e o segundo convocando a Igreja para dar respostas aos desafios que se aproximavam já primeira década do milênio.
Podemos, porém, dizer que essa década foi caracterizada como aquela em que os movimentos se firmaram no seio da Igreja, sobretudo no Brasil. É a década também que verá o Beato Papa João Paulo II ir demonstrando a perda de sua força física e o crescente domínio da Cúria Romana no governo da Instituição. Na verdade, depois de se recuperar e bem da tentativa de assassinato de 1981, e ostentar ótima condição física ao longo da década de 1980, em novembro de 1993, ele escorregou em um pedaço de carpete recém-instalado e caiu vários degraus, quebrando o ombro direito. Quatro meses mais tarde, ele caiu em sua banheira, quebrando seu fêmur, resultando em uma visita a Policlínica Gemelli para uma substituição do quadril. Ele raramente andou em público após isso, e começou a ter a fala arrastada e dificuldade em ouvir. Suspeitava-se que o pontífice estivesse com a doença de Parkinson, embora tenha sido revelado apenas em 2001 pelo cirurgião ortopédico italiano, Dr. Gianfranco Fineschi. A administração do Vaticano finalmente confirmou que em 2003, depois de mantê-la em segredo por 12 anos. 
7. A década atual, de 2003 a 2012, pode ser organizada por um antes e depois do Beato João Paulo II (02/04/2005) ou pela ascensão do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger, ao pontificado, sob o nome de Bento XVI (19/04/2005). Duas personalidades bem diferentes mostram ao mundo dois estilos de governo da Instituição Católica. O Beato tinha muita facilidade para lidar com os Meios de Comunicação Social e ocupava constantemente a mídia; o Papa Bento XVI, embora se esforce muito em seu contato com a sociedade, é bastante retraído e tímido. Com sua maneira franca e aberta de expor o que pensa, já causou alguns problemas que deixaram sua imagem bastante arranhada junto à opinião pública e até mesmo dentro da Igreja.
Antes de entrar nos pontos chaves desse pontificado amado por uns e com muitas reservas por outros, cabe registrar a realização da V Conferência do CELAM realizada em Aparecida. Nas suas vésperas, temia-se pelo posicionamento mais à direita dos bispos latino-americanos, sobretudo por causa da onda de governos mais à esquerda em vários países do Continente. Os adeptos das CEBS, opção pelos pobres, teologia da libertação e outros setores avançados da Igreja montaram um acampamento nas proximidades do palco do evento e aí realizaram palestras, momentos de oração e muito bate-papo sobre a conjuntura eclesial. Se a Conferência de Aparecida não avançou muito, também não significou o retrocesso temido. O que marcou no pós-evento foi a adulteração do texto aprovado, da parte dos dicastérios romanos. Com a informática em pleno vapor, o documento aprovado pelos bispos em Aparecida já estava circulando quando foi publicado o texto aprovado por Roma. Aí se constatou uma série de adulterações, bem à direita, sobretudo no texto que falava sobre as CEBs. O certo é que Aparecida teve uma recepção bastante fraca na comunidade eclesial e hoje quase sumiu da pauta das reuniões eclesiais.
Passemos, agora, às marcas mais significantes do atual pontificado, de Bento XVI
8. Crise de credibilidade e Projeto restauracionista da Igreja.
Desde a publicação de uma longa entrevista concedida ao jornalista italiano Vitório Messori, em 1985, o Papa Bento XVI, na época Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, deixou claro que tinha em mente um projeto de restauração eclesiástica. Por isso, embora de maneira diferente, pode-se dizer que seu programa papal aponta para a continuidade de tal projeto iniciado nos tempos do pontificado do Beato João Paulo II. O atual Papa nunca escondeu seu ponto de vista sobre o Concílio Vaticano II e se propôs a colocar ordem na casa frente àquilo que ele chama de estragos que certa hermenêutica do Concílio provocou na Igreja. Afirmou em 1985: “É incontestável que os últimos vintes anos foram nitidamente desfavoráveis para a Igreja católica”  e, com isso, defendia certo processo restauracionista, que, segundo ele, não seria uma volta atrás, mas “uma busca de um novo equilíbrio, após os exageros de uma indiscriminada abertura ao mundo, após as interpretações por demais positivas de um mundo agnóstico e ateu”.
Afago aos bispos lefebrvistas. Já no final do pontificado de João Paulo II, o Cardeal Joseph Ratzinger iniciou contatos freqüentes com ala mais conservadora e integrista da Igreja em busca de comunhão oficial. Esses contatos foram intensificados depois de sua ascensão à papa, em 2005. O cardeal colombiano, extremamente conservador, Dario Castrillón, encarregado da Comissão Ecclesia Dei, assumiu diretamente essa tarefa. Foi o mesmo cardeal que em 2002 veio ao Brasil, na Diocese de Campos, e promoveu a reintegração da ala lefreviana à Igreja, reconhecendo o bispo, Dom Fernando Áreas Rifan, (embora sagrado pelo Cardeal da Cúria Romana, Dom Castrillón Hoyos, Dom Rifan continua com as mesmas práticas de quando era padre) como administrador apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Desde então a diocese de Campos convive com a ambigüidade de ter dois bispos católicos na mesma cidade. Uma comunhão um tanto estranha, que a CNBB teve de reconhecer e incorporar o tal bispo nos seus quadros.
Portanto, o afago aos bispos de Lefebvre não é um ato isolado e faz parte de uma série de sinais que apontam o recrudescimento do programa de restauração da Igreja empreendido pelo Vaticano desde a subida de João Paulo ao trono de Pedro e do cardeal Ratzinger à Congregação para a Doutrina da Fé.
Comunhão na Igreja e Dominus Iesu. Em 1992, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou um documento que teve pouca repercussão, mas demonstrava o que o Vaticano entendia por comunhão na Igreja "Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre alguns aspectos da Igreja entendida como comunhão" (28 de Maio de 1992). Porém, mais enfática foi a declaração "Dominus Iesu", sobre a Unicidade e a Universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, publicada em 16 de junho de 2000, que provocou enormes reações no mundo ecumênico, pois a declaração afirmava que as Igrejas da reforma não eram verdadeiramente Igrejas, somente a católica.
Certos aspectos da doutrina sobre a Igreja. Quando a poeira parecia baixar, a Congregação para a Doutrina da Fé, em junho de 2007, publicou com a aprovação do papa Bento XVI o documento “Respostas a algumas perguntas sobre certos aspectos da doutrina sobre a Igreja”. Volta a reafirmar que a única Igreja de Cristo é a Católica Apostólica Romana, tentando corrigir aquilo que o documento chama de “interpretações erradas” da Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II.
Motu Proprio Summorum Pontificum. Em 7 de julho de 2007, o Vaticano publicou o Motu Proprio Summorum Pontificum que autoriza a missa em latim. O problema é que com isso se retoma a oração pela conversão dos judeus, instituída no Concílio de Trento de 1570, que na reforma instituída por Paulo VI tinha sido modificada substancialmente.
Ora, quando o Papa Bento XVI fala que “Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja” e toma tais atitudes gera em nós uma questão: a justa hermenêutica do Concílio abrange fazer concessões a quem é contra o Concílio?
Nesse enquadramento se entende melhor uma série de episódios eclesiásticos que vem corroem a credibilidade da Igreja católica no mundo.
Discurso em Regensburg. Nem mesmo o forte apoio dos movimentos integristas tem conseguido evitar um clima de crise pela qual passa o Vaticano: a da credibilidade. Desde o imbróglio criado com os muçulmanos naquela fala do Papa Bento XI, na Universidade de Regensburg (Alemanha) em setembro de 2006, o relacionamento com a sociedade não tem sido nada fácil para o Vaticano. Guardadas as devidas proporções, podemos dizer que esse evento teve um efeito para a Igreja quase tão desastroso quanto o 11 de setembro norte-americano. Porém, até com certa habilidade se tentou convencer os muçulmanos que a afirmação papal não era tão drástica como parecia. O papa lamentou que alguns fragmentos de sua fala tenham sido considerados tão ofensivos. Bem, basta ver os tais fragmentos e a força que eles tem por si mesmo. “Mostre-me também aquilo que [o profeta] Maomé trouxe de novo, e encontrarás somente coisas más e desumanas, com sua diretiva de difundir por meio da espada a fé que ele predicava. Deus não gosta de violência; não atuar segundo a razão é contrário à natureza de Deus".
Caso Williamson. Quando se pensa que um conflito está resolvido, vem outra bomba, agora envolvendo o mundo judaico. O afago do Vaticano aos bispos seguidores de Lefebvre incluiu um bispo francamente negacionista do holocausto judaico. Richard Williamson, nasceu na Grã-Bretanha, era pastor anglicano e se converteu ao catolicismo. Depois do Concílio se integrou à corrente chefiada pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre, que o ordenou em 1989. Dirigiu o Seminário da Fraternidade São Pio X, em Winoma, Estados Unidos, e em 2004 foi para a Argentina.
Esse caso demonstra, no mínimo, como anda mal a comunicação no Vaticano. “A assinatura da revogação da excomunhão foi dada no dia 21 de janeiro; dois dias antes, dia 19, Der Spiegel tinha noticiado a entrevista-bomba que Williamson concedeu a uma televisão sueca, em que negava o Holocausto dos judeus e a existência das câmaras de gás. É possível que ninguém se informara disso no Vaticano? Por acaso o Papa e o seu secretário pessoal, monsenhor Georg Genswein, ambos bávaros, não leem a imprensa alemã? Não foi possível adiar o perdão até que Williamson se retratasse?” 
O caso Williamsonn vai além de seu anti-semitismo. Ele também “sustentou que a queda das Torres Gêmeas foi um auto-tentado, que judeus e mórmons são “inimigos de Cristo”, que é um disparate que as mulheres usem calças compridas ou vestido curto, que Pinochet foi um grande estadista.”
Não foi só o mundo judaico que se ofendeu com a reabilitação desse senhor anti-semita, mas todo o povo alemão, que mereceu de sua primeira ministra uma palavra de profundo pesar pela atitude do Vaticano. Esse episódio abriu uma profunda ferida no relacionamento Igreja e povo judeu de difícil cicatrização.
Caso Wagner na Áustria. Na série de medidas conservadoras, inclui-se a indicação de um bispo auxiliar na Áustria, Gerhard Maria Wagner, que prega ser o furacão Katrina uma vingança de Deus contra os pecadores de Nova Orleans e que a série Harry Potter é satânica. Depois da reação da Igreja da Áustria contra essa indicação, o Vaticano suspirou aliviado quando o próprio indicado pediu para não aceitar a nomeação. O pior é que essa nomeação foi associada ao caso do perdão aos bispos lefebvrianos, como dá a entender a mensagem apostólica divulgada pelos bispos austríacos, convocados pelo cardeal Christoph Schoenborn, arcebispo de Viena, para tratar do caso Wagner. Nessa mensagem destacam que os quatro seguidores de Lefebvre foram perdoados por Bento XVI mas não regressaram “automaticamente” à Igreja. No final da mensagem há uma crítica meio velada ao Vaticano. “Esperamos que consigam melhorar os insuficientes processos de comunicação também no Vaticano, de modo que o serviço universal do Papa não seja coberto de sombras”.
Caso Haight, Jon Sobrino, Jacques Dupuis, Peter C. Phan, Queiruga, Pagola e outros. As heresias da ala conservadora não preocupam o Vaticano, porém, as reflexões mais abertas no campo teológico recebem reprimendas rapidamente. Nessa perspectiva, o teólogo Jon Sobrino recebeu uma notificação da Congregação para a Doutrina da Fé sobre sua cristologia, que para o Santo Ofício parece acentuar por demais o Jesus histórico em detrimento do Cristo da fé. Já o teólogo Roger Haight, de 75 anos, depois de ser notificado pela mesma Congregação em 2004 e ser acusado de causar graves danos aos fiéis por causa do livro Jesus, Símbolo de Deus, recebeu em janeiro de 2009 ordens para parar de ensinar e publicar sobre assuntos teológicos.
Peter Phan, vietnamita, que leciona nos EUA, é outro teólogo acusado de abrir debate sobre o papel de Cristo como ‘único e universal salvador do mundo’. Ele é o quarto teólogo de primeira linha que acaba submetido a um processo depois da publicação da Dominus Iesu. Antes dele e pelos mesmos motivos a Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano havia emitido notificações contra os três jesuítas Jacques Dupuis, em 2001, Roger Haight, em 2004, e Jon Sobrino, em 2006.
Correu um processo contra o teólogo galego, Andrés Torres Queiruga na Comissão de Doutrina da Fé da Espanha. Segundo a agência de notícias “religion digital” a sua condenação teria estado pronta. E agora, mais recentemente a Congregação para a Doutrina da Fé abriu um processo contra o livro Jesus - Aproximação Histórica, do teólogo basco José Antonio Pagola, embora a nona edição revisada da obra tenha o Imprimatur do ex-bispo de São Sebastián, Juan María Uriarte.
Em recente publicação, a revista Concilium, nº. 2 de 2012, trata do tema da relação entre Bispos e Teólogos, e elenca uma série de processos tocados pela Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Norte-Americana de Bispos, contra vários teólogos e teólogas, destacando o conflito com a Sociedade dos Teólogos Católicos da América.
Em 2007, a professora Elizabeth Johnson publicou Quest for the Living God (Em busca do Deus vivo). Quatro anos depois, em março de 2011, a Comissão para Doutrina da Fé emitiu uma nota em que se afirma que o livro de Johnson está cheio de "distorções, ambiguidades e erros". Em 2010, a mesma Comissão havia emitido um comunicado que expressava duras críticas sobre o trabalho de dois teólogos norte-americanos, Todd A. Salzman e Michael Lawler, pelo seu livro The Sexual Person (A pessoa sexual).
Caso de abusos sexuais na Igreja.  Representantes de 110 conferências episcopais e 30 ordens religiosas estiveram reunidos em Roma, de 6 a 9 de fevereiro, para um simpósio sobre os casos de abusos sexuais na Igreja chamado de Rumo à Cura e a Renovação. A iniciativa é da Universidade Pontifícia Gregoriana, de Roma, e conta com o apoio da Santa Sé, em particular da Congregação da Doutrina da Fé, que em 2011 solicitou aos episcopados católicos de todo o mundo a elaboração de diretivas próprias para tratar os casos de abusos sexuais.
Sem sombra de dúvidas, os casos de abusos sexuais envolvendo os clérigos católicos é o fato que mais contribuiu para aumentar a crise de credibilidade na Instituição católica. Durante o simpósio vários discursos de lideranças eclesiásticas foram enfáticos no sentido de se combater com todas as forças e sem conivência qualquer caso de abuso sexual no seio da Igreja.
O simpósio também contou com testemunhos de vítimas, tais como, o de Marie Collins agora é uma senhora irlandesa de 62 anos. Aos 13 anos, ela foi abusada sexualmente diversas vezes por um sacerdote, o capelão do hospital onde ela estava hospitalizada. Ela foi a primeira a falar no simpósio sobre os abusos cometidos por religiosos contra menores.
O Promotor de Justiça da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. Charles Scicluna afirmou que “o problema e a grande preocupação é com a Europa, onde emergiram ou estão emergindo muitos casos. Portanto, a Igreja tem a obrigação de cuidar das vítimas de abusos e de ajudá-las em seu percurso de cura, mas, sobretudo, tem a obrigação de denunciar tais crimes às autoridades civis do país em que eles se verificaram”. Ele também responsabilizou os bispos e disse: "Precisamos estar vigilantes na escolha dos candidatos para o importante papel de bispo e também precisamos usar as ferramentas que o direito canônico e a tradição nos dão para a responsabilização dos bispos".
O cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, em sua homilia, falou da "grande vergonha" e do "enorme escândalo", e definiu como uma "tragédia" esses atos abomináveis que têm como protagonistas sacerdotes e religiosos, um "crime que causa uma autêntica experiência de morte dos inocentes". "Como membros da Igreja devemos ter a coragem de pedir perdão a Deus e aos pequenos que foram feridos".
Falando sobre os Estados Unidos, Michael Bemi e Pat Neal  forneceram estimativas que sugerem que a Igreja norte-americana gastou pelo menos 2,2 bilhões dólares pagando litígios relacionados com a crise, e que pode ter havido um total de cerca de 100 mil vítimas de abuso sexual clerical. E rejeitaram o que descreveram como quatro "mitos" sobre a crise, que seriam: 1. A crise é um problema norte-americano; 2. A crise foi exagerada por uma mídia sem Deus que é antagônica a pessoas ou instituições de fé; 3. A crise foi instigada por advogados avarentos, cujo único objetivo é enriquecer financeiramente; 4.A orientação homossexual faz com que os homens sejam criminosos sexuais. “Nem a orientação homossexual nem a heterossexual são um fator de risco", disseram, "mas, sim, a orientação sexual desordenada ou confusa”.
Como o ato final do simpósio sobre a crise dos abusos sexuais, é lançado um novo "Centro de Proteção à Criança", sediado na Internet e projetado para formar padres, diáconos e outros membros da Igreja na luta contra o abuso infantil. De acordo com o diácono alemão Hubert Liebhardt, cientista educacional que atua como diretor do novo centro, seu objetivo é "promover uma cultura da vigilância em ambientes católicos".
Embora muito do que foi dito era familiar às pessoas que tem convivido com a crise na última década, a ideia era compartilhar essa experiência com o restante do mundo católico, especialmente lugares onde a crise dos abusos sexuais ainda não explodiu, na esperança de que, por uma vez, as lideranças eclesiais possam desarmar a bomba antes que ela exploda.
Corrupção nas finanças vaticanas.  O atual núncio da Santa Sé nos EUA e ex-secretário geral do Governatorato da Cidade do Vaticano – o governo que administra o Estado –, o arcebispo Carlo Maria Viganò, denunciou em uma carta a Bento XVI a "corrupção e má gestão" na administração vaticana, informou a imprensa italiana nesta quarta-feira, 25 de janeiro. "Beatíssimo Padre, uma transferência minha provocaria desorientação naqueles que acreditaram que era possível sanar tantas situações de corrupção e de prevaricação há muito tempo enraizadas na gestão das diversas direções" do governo vaticano, escreveu Viganò ao papa. Em outro trecho da carta afirma: “Jamais pensaria em me encontrar diante de uma situação tão desastrosa, que, apesar de ser inimaginável, era conhecida por toda a Cúria.
O arcebispo denunciou, segundo o jornal de Milão, que, no Vaticano, "trabalham sempre as mesmas empresas, com custos dobrados em relação a outras, até porque não existe nenhuma transparência na gestão dos contratos de construção e de engenharia".
Ele também denunciou, dentre outras coisas, que a Fábrica de São Pedro, que se encarrega da manutenção dos edifícios vaticanos, apresentou uma conta "astronômica" de 550 mil euros para a construção do tradicional presépio, que foi colocado na Praça de São Pedro em 2009.
Viganò também denunciou que os banqueiros que integram o chamado "Comitê de Finanças e Gestão" se preocupam mais com os seus interesses "do que com os nossos" e que, em dezembro de 2009, em uma operação financeira "queimaram (perderam) 2,5 milhões de dólares".
O prelado relatou em suas cartas ao papa que, durante a sua gestão, conseguiu que o Vaticano passasse de oito milhões e meio de déficit em 2009 para um lucro de 34,4 milhões em 2010.
Essa questão de falta de transparência na gestão econômica do Vaticano não é nova e está relatada com muitos documentos no livro: Vaticano S.A – O arquivo secreto que revela escândalos políticos e financeiros da maior Instituição religiosa do mundo, de Gianluigi Nuzzi, da editora Larousse.

Vatileaks
Esses escândalos, publicados nas primeiras páginas dos jornais italianos, levantam suspeitas fortes de corrupção na gestão do Vaticano, na aplicação da normativa contra a lavagem de dinheiro de seu banco, o Instituto para as Obras de Religião (IOR), e, por fim, sobre um suposto complô contra o Papa. Frente a isso, o Papa Bento XVI criou uma comissão formada por três cardeais - Julián Herranz, Josef Tomko e Salvatore De Giorgi - para investigar a fuga reiterada de documentos internos. Tais documentos se constituem numa série de cartas confidenciais dirigidas ao papa Bento XVI sobre temas delicados, como as intrigas do Vaticano ou os escândalos sexuais do padre mexicano Marcial Maciel, amigo do Beato João Paulo II.
No dia 25/05/2012, magistrados do Vaticano acusaram o mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele, por posse ilegal de documentos secretos, depois de terem achado tal material em sua residência. Ele foi detido, mas ninguém, nem mesmo a Santa Sé, acredita que Paolo Gabriele esteja só nessa empreitada.  Como corre no Vaticano o boato sobre um possível ataque contra o Papa, até o fim deste ano, esse episódio pode estar relacionado com a possível luta interna pelo poder e a aplicação das normas de transparência editadas pelo Papa.
Poucos dias antes da detenção de Gabriele, o Banco do Vaticano (IOR) destituiu seu presidente, Ettore Gotti Tedeschi, “por não ter cumprido com as obrigações do cargo” e por despertar “preocupações” pela sua gestão. A imprensa italiana acredita que Tedeschi também tenha vazado documentos oficiais do Vaticano.

Complô contra Bento XVI
Uma nota anônima datada de 30/11/2011 foi entregue pelo cardeal colombiano Dario Castrillón Hoyos à Secretaria de Estado e ao secretário do papa nos primeiros dias de janeiro, com a sugestão de realizar investigações para compreender exatamente o que o arcebispo de Palermo, o cardeal Paolo Romeo fez e com quem falou na China. O que foi relatado é a existência de um complô para matar o Papa até novembro deste ano.
Sempre circulam lendas sobre conspirações vaticanas, e foram escritos muitos livros sobre a morte suspeita de João Paulo I. Mas aqui estamos diante de um ineditismo absoluto. Ninguém jamais havia colocado preto no branco a hipótese de um complô para matar o papa. Um complô que poderia se realizar daqui a novembro próximo e que está inserido no documento dentro de uma análise inquietante das divisões internas da Igreja.
A nota ainda faz referência a possíveis intrigas entre o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, e parte significativa da Cúria Romana. Afirma que o próprio Papa estaria tendo dificuldades de relacionamento com o Cardeal Bertone. Fala ainda da sucessão do Papa, apontando que seu candidato é o Cardeal de Milão, Angelo Scola, muito próximo do movimento Comunhão e Libertação.
O Papa Ratzinger pensa na renúncia. Essa é a opinião de Dom Luigi Bettazzi, bispo emérito de Ivrea, dada no programa de Radio. O bispo não acredita que exista um complô para matar o Papa, como especulado pela imprensa. "Não, não acredito. Se fosse o papa anterior, eu entenderia, mas este papa aqui me parece muito manso, religioso. Não poderia encontrar os motivos para atacá-lo". Bettazzi, porém, tem outra teoria, de algum modo relacionada com a notícia. "Acho que é um sistema para preparar a eventualidade da renúncia. Para preparar esse choque – porque a renúncia de um papa seria um choque – começam a jogar ali a coisa do complô".
Diante dessa boataria, o Cardeal amigo do Papa, Walter Kasper, respondendo a um repórter que lhe perguntava:  O que está acontecendo, eminência?, respondeu:
“Veja, eu não sei se são disputas de poder ou outra coisa, e não me interesso por isso. Não está muito claro o que propõem. Talvez se queira prejudicar o secretário de Estado, atingir outras pessoas também. Certamente, o que está em jogo é a imagem de toda a Igreja. Mesmo que a nota anônima que foi entregue à imprensa esteja fora da realista, que seja ridícula: todo mundo é consciente disso, é a evidência.
Exatamente: além do conteúdo, o problema é que, dentro do Vaticano, há alguém que faz filtrar essas coisas para o exterior...
Eu não sei nem nunca soube muito sobre os assuntos internos do Vaticano. Nunca quis saber sobre esses lobbies, não me interessam, sou um estrangeiro na Cúria! E eu tentei fazer o meu trabalho. Por isso, sei como o papa se entristece com essas coisas. ”
Em outro momento da mesma entrevista, diz: “esse episódio também mostra um clima de burocracia interna, um estilo de trabalho que não vai bem. Não em todos, claro. Muitos trabalham pela Igreja. Mas quem faz essas coisas é um irresponsável.”
Alberto Melloni, professor de História do Cristianismo da Universidade de Módena-Reggio Emilia e diretor da Fundação João XXIII para as Ciências Religiosas de Bolonha, interrogado sobre os vatileaks, os relaciona diretamente à perseguição ao Cardeal Bertone: “Me parece um ataque contra o Papa por parte daqueles que querem dizer: te equivocaste ao escolher o secretário de Estado e te equivocaste ao não substituí-lo...”.
O livro do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, Sua Santidade. Os papéis secretos de Bento XVI, traz correspondência privada interna, do Papa Bento. O mesmo jornalista já tinha publicado Vaticano S/A, onde aparecem dados também bem internos sobre a questão financeira do Vaticano.

Lefebvrianos: não ao acordo com o Vaticano
Passaram-se dois anos desde que Bento XVI retirou a excomunhão dos quatro bispos lefebvrianos como um "convite à reconciliação" com relação aos cismáticos. A Santa Sé chegou até a oferecer aos lefebvrianos a possibilidade de se tornarem uma prelazia como o Opus Dei. Mas a Fraternidade, por seu lado, não concedeu nada, e as negociações se romperam no ponto onde haviam começado: na aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério posterior dos papas.
Mas um sinal decisivo foi, no L´Osservatore Romano do dia 2 de dezembro, o artigo de Dom Fernando Ocáriz, que faz parte da delegação vaticana para as negociações e é o vigário-geral do Opus Dei: "A intenção pastoral do Concílio não significa que ele não seja doutrinal", escreveu. "Uma característica essencial do magistério é a sua continuidade e homogeneidade no tempo".
O Concílio, enfim, é vinculante e não é possível ir contra o magistério dos papas, incluindo os posteriores. E aqui está a questão: Fellay contesta e "critica" a "interpretação" que o Catecismo dá ao Concílio. E diz sarcasticamente que "eles", ou seja, o Vaticano, "atribuem um outro significado ao termo ´tradição´ e também, talvez, ao termo ´coerência´".
"Somos obrigados a dizer ´não´. Não assinaremos". As frases de Dom Bernard Fellay, superior dos lefebvrianos, podem não ser a última palavra, no tira-teima com a Santa Sé. Mas, no mínimo, significam que as negociações acabaram em um beco sem saída.

Apelo à desobediência. Manifesto de párocos austríacos.
Cresce o número de descontentes com os rumos da Instituição Católica. Se, por um lado, os lefebvrianos recusam assumir as condições do Vaticano para voltarem à comunhão, por motivos de fidelidade aos valores da tradição, por outro, há quem faça apelo à desobediência exatamente pelo imobilismo da atual cúpula eclesiástica, nos seguintes termos: “A recusa de Roma a uma reforma da Igreja há muito esperada e a inatividade dos nossos bispos não só nos permitem, mas também nos obrigam a seguir a nossa consciência e a agir de forma independente”.  Com essa introdução, cerca de 400 padres austríacos lançaram, em junho de 2011, um manifesto intitulado “Apelo à desobediência”. Segue, na íntegra, o manifesto.
"Nós, padres, queremos estabelecer, no futuro, os seguintes sinais:
1. Rezaremos, no futuro, em todas as Missas, uma oração pela reforma da Igreja. Levaremos a sério a palavra da Bíblia: pedi e receberei. Diante de Deus, existe a liberdade de expressão.
2. Não recusaremos, em princípio, a Eucaristia aos fiéis de boa vontade. Isso é especialmente verdadeiro aos divorciados de segunda união, aos membros de outras Igrejas cristãs e, em alguns casos, também aos católicos que abandonaram a Igreja.
3. Evitaremos celebrar, se possível, nos domingos e dias de festa, mais de uma Missa ou de encarregar padres em viagem ou não residentes. É melhor uma liturgia da Palavra organizada localmente do que turnês litúrgicas.
4. No futuro, vamos considerar uma liturgia da Palavra com distribuição da comunhão como uma "Eucaristia sem padre", e assim nós a chamaremos. Dessa forma, cumpriremos a nossa obrigação dominical em tempos de escassez de padres.
5. Rejeitaremos também a proibição de pregar estabelecida para leigos competentes e qualificados e para professoras de religião. Especialmente em tempos difíceis, é necessário anunciar a Palavra de Deus.
6. Comprometer-nos-emos a que cada paróquia tenha o seu próprio superior: homem ou mulher, casado ou solteiro, de tempo integral ou parcial. Isso, no entanto, não por meio das fusões de paróquias, mas sim mediante um novo modelo de padre.
7. Por isso, vamos aproveitar todas as oportunidades para nos manifestar publicamente em favor da ordenação de mulheres e de pessoas casadas. Vemo-los como colegas, e colegas bem-vindos, ao serviço pastoral.
Além disso, sentimo-nos solidários com aqueles colegas que, por causa do seu casamento, não podem mais exercer as suas funções, mas também com aqueles que, apesar de um relacionamento, continuam prestando seu serviço como padres.
Ambos os grupos, com sua decisão, seguem a sua consciência – como nós fazemos com o nosso protesto. Nós os vemos, assim como o papa e os bispos, como "nossos irmãos". Não sabemos o que mais deve ser um "coirmão". Um é o nosso Mestre – mas somos todos irmãos. "E irmãs" – se deveria dizer, no entanto, entre cristãs e cristãos.
É por isso que queremos nos levantar, é isso que queremos que aconteça, é por isso que queremos rezar. Amém.”

Expansão do movimento
O movimento do Apelo à desobediência, nascido na Áustria, começa a se expandir Irlanda, Alemanha, França e Eslováquia. Com simpatizantes na América Latina, EUA e Austrália. Em seu blog: Sapafrance.canalblog.com, 02-02-2012, os padres da diocese de Rouen, na França, não só assumiram o manifesto do seus colegas austríacos como acrescentaram, a seu modo, alguns pontos que batizaram de: “Por uma verdadeira obediência ao Evangelho”.  Começam assim: “Aprovamos o texto do Apelo à desobediência. Acrescentamos que queremos uma Igreja que esteja à escuta das necessidades e das expectativas dos homens de hoje, uma Igreja solidária com os pobres e os excluídos.”
"Igreja 2011: uma virada necessária" – Manifesto dos teólogos alemães, suíços e austríacos
O jornal alemão Süddeutsche Zeitung publicou no dia 03/02/2011 um manifesto de teólogos alemães, suíços e austríacos com ampla repercussão na imprensa mundial. Diante do escândalo da pedofilia a qual ficaram expostas as Igrejas desses países, os teólogos redigiram um manifesto, cobrando da Instituição Católica urgências mudanças. Destacamos aqui seus pontos principais.
“1.- Estruturas de participação: em todos os campos da vida eclesial a participação dos fiéis é a pedra de toque para a credibilidade do anúncio de liberdade do Evangelho. Conforme o antigo princípio jurídico: "O que diz respeito a todos, deve ser decidido por todos" são indispensáveis mais estruturas sinodais em todos os níveis da Igreja. Os fiéis devem ser tornados participantes na escolha de importantes "representantes oficiais" (bispos, párocos). O que pode ser decidido localmente deve ali ser decidido, e as decisões devem ser transparentes.
2.- Comunidades: as comunidades cristãs devem ser lugares nos quais as pessoas compartilhem bens espirituais e materiais. Mas, atualmente a vida comunitária está em declínio. Sob a pressão da falta de padres são construídas unidades administrativas sempre maiores – "paróquias extra-amplas" -, nas quais quase não podem ser vivenciadas a vizinhança e a pertença. É posto fim a identidades históricas e a redes sociais particularmente significativas. Os padres são "queimados" [pelo excesso de tarefas] e acabam se exaurindo. Os fiéis permanecem distantes se não lhes for dada a confiança de assumirem uma corresponsabilidade e de sentirem-se partícipes em estruturas democráticas na direção de suas comunidades. O ministério eclesial deve servir à vida de suas comunidades – e não o contrário. A Igreja também necessita de padres casados e de mulheres em serviço eclesial.
3.- Cultura do direito: o reconhecimento de dignidade e liberdade de todo ser humano mostra-se precisamente quando os conflitos são enfrentados de modo equânime e com respeito recíproco. O direito eclesial só merece este nome se os fiéis puderem fazer valer efetivamente os seus direitos. A defesa do direito e a cultura do direito na Igreja devem ser urgentemente melhoradas; e um primeiro passo nesta direção é a criação de uma jurisdição administrativa eclesial.
4.- Liberdade de consciência. Respeito pela consciência individual significa confiar na capacidade de decisão e de responsabilidade das pessoas. Favorecer e desenvolver esta capacidade é também tarefa da Igreja – mas, não deve transformar-se em personalismo. Reconhecer seriamente a liberdade de consciência é algo que tem a ver com o âmbito das decisões pessoais sobre a vida e o das formas de vida individual. A alta consideração da Igreja pelo matrimônio e pela forma de vida sem matrimônio está fora de discussão. Mas, ela não impõe que se excluam as pessoas que vivem responsavelmente o amor, a fidelidade e o cuidado recíproco numa união homossexual, ou como divorciados redesposados.
5.- Reconciliação: a solidariedade com os pecadores pressupõe que se leve a sério o pecado no próprio interior. Um pretensioso rigorismo moral não é adequado à Igreja. A Igreja não pode pregar reconciliação com Deus sem procurar ela própria no seu agir os pressupostos para a reconciliação com aqueles em relação aos quais se tornou culpada por violência, por violação do direito, pela inversão do anúncio bíblico de liberdade, numa moral rigorosa privada de misericórdia.
6.- Celebração: a liturgia viva da participação ativa de todos os fiéis. Nela devem encontrar espaço as experiências e as formas atuais de expressão. A celebração não deve enrijecer-se num tradicionalismo. A multiplicidade cultural enriquece a vida litúrgica e não pode conciliar-se com as tendências por uma unificação centralista. Somente quando a celebração da fé acolher situações concretas de vida o anúncio da Igreja atingirá as pessoas.”

Conclusão: crise de credibilidade
A Instituição Católica pode até querer usar a velha tática conhecida do deixar o tempo passar, mas terá de conviver com a crescente espiral da crise de sua credibilidade, frente ao mundo globalizado em que as notícias circulam na velocidade da luz. Na expressão de Piero Cappelli, o que estamos vendo é um verdadeiro “cisma silencioso”: “gradual afastamento, em variadas formas e tempos, do povo católico – como indivíduos e como partes deste –, do endereçamento pastoral dos bispos e do Papa.”  O momento atual se torna profundamente delicado quando se juntam duas linhas de escândalos do Vaticano: a moral sexual e a questão das finanças. O Instituto para as Obras de Religião (IOR/Banco do Vaticano) se transformou numa “lavanderia de dinheiro, utilizada pela máfia e por inescrupulosos aventureiros políticos”, como denominou o jornalista e escritor italiano Gianluigi Nuzzi,  e se constituiu num real paraíso fiscal.
Tudo o que aqui foi relatado é de amplo conhecimento, pois são notícias que circulam o mundo todo. Até agora as medidas tomadas para sanar os escândalos e buscar transparência na gestão da Instituição Católica muito se assemelham às decisões do Congresso Parlamentar Brasileiro: convoca-se uma CPI com enredo e conclusão já conhecidos por todos.
Resta-nos o consolo de saber que a verdadeira Igreja de Jesus Cristo seguirá seu rumo, mesmo que em catacumbas, orientada pelo Espírito Santo, que em momento algum da história abandonou o Povo de Deus.

Notas
1.BERTOCCHI, Lorenzo e AGNOLI, Francesco. Sentinelas no pós-concílio. Italia: Editora Cantagalli, p.114. Cf.  https://www.fratresinunum.com/.../sentinela-quanto-resta-da-noite-isaias-2111-refl... acesso dia 14/03/2012.
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_das_Catacumbas. Acesso dia 13/03/2012.
3.LIBÂNIO, João Batista. A Volta à grande disciplina. São Paulo: Loyola, 1984 – 2ª edição, p. 8-10.
4.Lua Nova: Revista de Cultura e Política, vol.3 nº. 1 São Paulo Junho 1986.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-64451986000200016 . Acesso dia 14/03/2012.
5.URQUHART, Gordon. A Armada do Papa – Os segredos e o poder das novas seitas da Igreja Católica. Tradução de Irineu Guimarães. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2002.
6. http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_Paulo_II. Acesso em 14/03/2012.
7.Ratzinger, J. e Messori, V. A Fé em Crise – Cardeal Ratzinger se interroga. São Paulo: EPU, 1985. p. 16.
8. Idem, p. 23.
9.Miguel Mora. Reportagem publicada pelo jornal El País, 15-02-2009.
10.Idem.
11.Julio Algañaraz, correspondente do jornal Clarín, no Vaticano, 17-02-2009.
12.Fonte: www.ihu.unisinos.br/.../510110-bispos-e-teologos-velhas-e-novas-tensoes-o-editorial-da-concilium
13. Essa sessão é uma síntese das reportagens de John L. Allen Jr., publicadas no sítio National Catholic Reporter, de 07 a 10-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
14.A reportagem é do sítio Religión Digital, 26-01-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
15. A reportagem é do jornal Il Fatto Quotidiano, 10-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
16,A reportagem é do jornal La Repubblica, 13-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto
17. A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 13-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
18. A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 04-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
19. www.pfarrer-initiative.at, 19-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
20.Idem.
21. Sapafrance.canalblog.com, 02-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
22. http://www.ihu.unisinos.br/noticias/40498-igreja-2011-uma-virada-necessaria--manifesto-dos-teologos-alemaes-suicos-e-austriacos, 09/02/2011. A tradução é de Benno Dischinger
23.CAPPELLI, Piero. O Cisma Silencioso – da casta clerical à profecia da fé. São Paulo: Paulus, 2010.
24. NUZZI, Gianluigi. Vaticano S.A. São Paulo: Larousse do Brasil, 2010.
Pe. Manoel Godoy, Diretor Executivo do ISTA, BH - 14/06/2012