quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Relatório sobre a liberdade religiosa


Roma, 18 out (RV/SIR) - Foi apresentado nesta terça-feira, em Roma, o “Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2012” realizado pela Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre”. Nota-se dos dados que a situação está piorando em relação ao recente passado, e que são sobretudo as comunidades cristãs, mas não somente, a sofrerem graves discriminações, que muitas vezes desembocam em agressões e violências.
O relatório examina 196 países, dos quais 131 de maioria cristã. E são precisamente os cristãos os que mais sofrem discriminações e perseguições. Assinala-se também que a mortificação ao professar a própria fé atinge também outras minorias religiosas com vários níveis de gravidade. Todos são vítimas de simples atos de ultraje e desprezo, a atos de opressão e verdadeira agressão. Uma situação que muitas vezes causa vítimas inocentes e determina atos de represália entre comunidades e etnias diferentes. Por exemplo, na China e em outros países orientais estão em aumento – segundo o relatório – as tentativas de governos de submeterem as comunidades religiosas aos controles do Estado. Particularmente preocupante a situação nos países da Primavera Árabe, onde as instâncias democráticas dos primeiros momentos deixaram espaço a um islamismo não moderado. Sobre isso a Rádio Vaticano falou com o jesuíta egípcio, Padre Samir Khalil Samir, especialista no Islamismo da Universidade São José de Beirute: “Para eles o ideal é impor a xaria islâmica. Pretendem que seja a lei dada por Deus no século VII a Maomé. Sendo uma lei divina é perfeita. Todas as demais constituições – dizem eles – são humanas, portanto, imperfeitas. Os cristãos, sendo uma minoria, apesar de forte, são os primeiros que sentem esta exclusão. A situação, portanto, cada vez mais difícil. A solução? Queremos mudar, mas é necessário uma mudança de mentalidade, da visão política. Estamos, porém longe de chegar a isso”.
O extremismo islâmico dá vida a atos de verdadeira agressão também em países africanos, como Quênia, Mali, Nigéria e Chade. Caso extremo a Arábia Saudita onde aos 2 milhões de cristãos residentes não é permitido alguma manifestação do próprio credo. Um capítulo a parte é representado pela Índia e pelo Paquistão, onde, após as violências anticristãs dos anos passados no Estado de Orissa, as leis contra as conversões hoje representam muitas vezes uma desculpa para cometer abusos de poder. E isso apesar da Constituição indiana reconhecer o pleno direito à liberdade religiosa. Além do mais, muda a situação dos cristãos por causa da mudança da legislação: no Quirguistão, em sentido positivo, e no Tajiquistão, em sentido negativo, pois a nova lei sobre comunidades religiosas está obrigando muitos cristãos a emigrarem. Mas diante de tantos abusos e tanta dor, não faltam os exemplos luminosos de colaboração e de convivência pacífica entre cristãos e outras religiões: frequentemente se consegue trabalhar juntos para o progresso da sociedade.
Sobre essa questão falou à Rádio Vaticano Nino Sergi, Presidente da Organização humanitária Intersos: “Diante de casos dramáticos, que nos devem fazer ler as realidades e nos fazer reagir, há centenas, talvez milhares de casos de pequenas comunidades, pequenos vilarejos, pessoas, associações e assim por diante, que ao invés vivem ainda, bastante profundamente, o seu relacionamento entre si, considerando-se iguais e ajudando-se mutuamente. Estes aspectos são hoje pouco valorizados e, creio, ao invés que deveríamos olhá-los melhor e tutelá-los, desenvolvê-los, ajudá-los a crescer, para que não desapareçam. Há ainda muitas realidades onde se dialoga, onde há respeito, onde os muçulmanos nas grandes festas vão à missa e muitas vezes também os cristãos vão às festas muçulmanas, não tanto por causa de uma mistura de religiões, mas por respeito um mútuo”.

Sínodo dos Bispos encoraja movimentos eclesiais


Cidade do Vaticano, 18 out (RV/SIR) - O Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano, reiterou nesta quarta-feira a importância dos leigos na nova evangelização e salientou a contribuição dada à Igreja pelos novos movimentos.
"A Igreja acolha os carismas, movimentos eclesiais e comunidades como uma nova primavera para uma nova evangelização", destacou o sínodo que também refletiu sobre a necessidade de uma solução para a crise econômica global, considerada um obstáculo para a nova evangelização, pois obriga o ser humano a satisfazer apenas as necessidades vitais, como a alimentação. "Dessa forma crise social e crise de fé se equivalem e o anúncio do Evangelho é esmagado pela crise econômica." Foi sugerida a criação de uma estrutura financeira baseada em experiências eclesiais que colocam em ação uma economia de comunhão e um crédito social.
"Só então, frisou o Sínodo, será possível obter um sistema financeiro livre de dívidas e a serviço da pessoa humana. A Igreja deve descobrir uma maneira de enfrentar o problema econômico que respeite a ecologia da pessoa humana".

A necessidade de operários. Evangelho do Dia

Disse Jesus: “Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe."


(Foto: )
Lucas 10,1-9
Confrontando-se com a grandiosidade da missão, Jesus reconhece a necessidade de contar com colaboradores, para poder levá-la adiante, a contento. Depois de ter enviado os doze apóstolos, o Mestre enviou, também, outros setenta e dois discípulos, com a tarefa de preparar as cidades e povoados para a sua passagem, ou seja, predispô-los para acolher a sua mensagem.

Os discípulos são orientados a suplicar ao Pai - Senhor da messe - para enviar muitas outras pessoas, dispostas a assumirem a missão evangelizadora. É ele quem tem a iniciativa da vocação e da missão. Devem evitar qualquer pretensão humana de querer arrogar-se tais dons. Todos dependem de quem os chamou e enviou.

Que tipo de operário requer-se para o serviço do Reino? É preciso que seja uma pessoa cheia de coragem, predisposta a viver na pobreza, capaz de adaptar-se a qualquer tipo de acolhida que lhe for oferecida, disposta a partilhar a vida de quem a acolhe, totalmente disponível para o serviço aos doentes e marginalizados, pronta a viver a experiência do fracasso, com otimismo, sem deixar-se abater.

Quem tem estas disposições internas, deve estar atento. Pode ser que o Senhor queira enviá-lo para trabalhar na sua messe. Por que não dizer um sim corajoso e generoso?

 Oração

Espírito de coragem e generosidade, predisponha-me para trabalhar na messe do Senhor, concedendo-me os pré-requisitos necessários para um serviço eficaz.

 (O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE

O novo perfil da família brasileira


Os dados do Censo 2010 divulgados ontem também revelam novas características das famílias brasileiras. Cresceram as uniões informais, os casamentos inter-raciais, as separações e os divórcios.
Pouco mais de um terço dos brasileiros que vivem algum tipo de união conjugal não formalizou o casamento no civil nem no religioso. A chamada união consensual foi a única que teve crescimento na década, passando de 28,6% para 36,4%. A proporção de pessoas casadas no civil e no religioso, no mesmo período, caiu de 49,4% para 42,9% na década.
– O casamento informal era mais concentrado na região Norte, e entre casais de baixa renda. Agora, está mais disseminado. É comum a decisão de passar por uma experiência antes de contrair matrimônio. Existe também uma questão econômica, já que a união consensual requer menos gastos, não só com a festa, mas com todas as formalidades – afirma Ana Lúcia Saboia, do IBGE.
As uniões entre casais de raças diferentes estagnou no país. Em 1960, 88% dos casais eram formados por pessoas da mesma raça, percentual que caiu para 80% em 1980. Em 2000, chegou a 70,9%. Em 2010, o índice ficou praticamente o mesmo: 69,3%. Os dados mostram, também, que homens e mulheres tendem cada vez mais a se unir a pessoas do mesmo nível educacional. Em 2010, 68,2% dos casais tinham o mesmo nível de instrução. Em 2000, eram 65%.
– Os ganhos em escolaridade tornam a população um pouco mais homogênea – diz o técnico do IBGE Leonardo Athias.
Mudanças demográficas, como queda da taxa de fecundidade, econômicas, como ingresso crescente da mulher no mercado de trabalho, e legais, como a diminuição na burocracia para o divórcio, também contribuíram para mudanças no perfil das famílias brasileiras. A proporção de divorciados quase dobrou em 10 anos, passando de 1,7% da população para 3,1%. Os casados caíram de 37% para 34,8%. Com as mulheres tendo menos filhos e mais tarde, houve um aumento das famílias formadas por casais sem filhos, que passaram de 15% para 20,2%. Mas o arranjo familiar mais comum continua a ser o de casais com filhos: 55%. Em 2000, eram 63,6% das famílias.
Do total de 27,4 milhões de casais com filhos, um sexto (16,3%) vive com enteados, além de filhos, ou só com enteados. Esses casais formam o que o IBGE chama de “famílias reconstituídas”. Outro dado inédito mostrou que a maior parte dos 60 mil casais gays (53,8%) são formados por mulheres. Do total de pessoas que declararam ter cônjuges do mesmo sexo, 47,4% se disseram católicas e 20,4% sem religião. Pouco mais de um quarto (25,8%) tinha curso superior completo, índice bem superior à média nacional, de apenas 8,3%. Por causa da maior inserção da mulher no mercado de trabalho, cresce a proporção de casais em que os dois cônjuges têm renda. Em 2010, 62,7% dos casais tinham renda do marido e da mulher. Eram 41,9% em 2000.

Dados do país revelados pelo IBGE

 UNIÕES
Confira algumas curiosidades do mais recente censo:
- Mais de um terço das uniões no Brasil são consensuais. Este tipo de relacionamento aumentou de 28,6%, em 2000, para 36,4% do total, no último levantamento.
- O número de casados caiu de 37% para 34,8% entre 2000 e 2010. O percentual de divorciados quase dobrou no mesmo período, passando de 1,7% para 3,1%.
- 69,3% dos brasileiros escolhem parceiros da mesma cor ou raça. Esse comportamento é mais forte dentre os grupos de brancos (74,5%), pardos (68,5%) e indígenas (65,0%)

 CHEFIA DO LAR
- O percentual de famílias chefiadas por mulheres (reconhecidas como responsáveis pela casa) no país passou de 22,2% para 37,3%, entre 2000 e 2010.

 CONDIÇÕES DE VIDA
- 52,5% dos domicílios são considerados adequados (contra 43,9% em 2000), ou seja, contam com abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica, coleta de lixo direta e indireta e até dois moradores por dormitório.
- Entre 2000 e 2010 houve um crescimento na proporção de domicílios onde vive um só morador, passando de 9,2% para 12,1% das casas.
- O percentual de domicílios com até dois moradores por dormitório (padrão considerado adequado) cresceu de 62,9% em 1991 para 81,9%.
FECUNDIDADE
- A taxa de fecundidade (média de filhos por mulher) caiu de 2,38 em 2000 para 1,90 – abaixo da taxa de reposição da população (que é 2,1), o que acelera o envelhecimento médio dos brasileiros.
- A proporção de casais sem filhos aumentou entre 2000 e 2010, passando de 14,9% para 20,2% do total.
MIGRAÇÃO
- 35,4% da população não residia no município onde nasceu, sendo que 14,5% (26,3 milhões de pessoas) moravam em outro Estado.

Evangelho do dia

Ano B - Dia: 18/10/2012



A missão dos setenta e dois
Leitura Orante


Lc 10,1-9

Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir. Antes de os enviar, ele disse:
- A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita. Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: "Que a paz esteja nesta casa!" Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação. Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra.
- Quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam a comida que derem a vocês. Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: "O Reino de Deus chegou até vocês."

Leitura Orante

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
Creio, meu Deus, que estou diante de Ti.
Que me vês e escutas as minhas orações.
Tu és tão grande e tão santo: eu te adoro.
Tu me deste tudo: eu te agradeço.
Foste tão ofendido por mim:
eu te peço perdão de todo o coração.
Tu és tão misericordioso: eu te peço todas as graças
que sabes serem necessárias para mim.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Lc 10,1-12.
Jesus Mestre organiza a equipe de discípulos. Tem objetivo, conteúdo, estratégia e missão claros.
Equipe: setenta e dois discípulos. Setenta (setenta e dois) na tradição judaica significava o número dos povos do mundo. O número de setenta discípulos manifesta o objetivo de Jesus com relação à humanidade inteira. O novo Povo de Deus envolverá todos os povos da terra.
Objetivo: Atenção à vida das pessoas ("cura dos doentes") e anúncio do Reino de Deus
Conteúdo: preparar a acolhida do Senhor (pré-missão).
Estratégia: oração, despojamento, ir ao encontro, visitar todas as casas, iniciando com saudação de paz.
Missão: a "colheita". Ou seja: formar o novo Povo de Deus.

2. Meditação (Caminho)
O que a Palavra diz para mim?
Respondo aos apelos e convites de Jesus Mestre? Atualizo a Palavra, ligando-a à minha vida.
Faço parte do Novo Povo de Deus. Sou também convocado/a a ser discípulo/a missionário/a atento/a ao bem das pessoas e ao anúncio do Reino. Como disseram os bispos, em Aparecida: " Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher."(DAp 18).
Qual o meu compromisso com a Igreja? Minha fé é dinâmica, comunicativa. Às vezes, tenho minha fé e compromissos adormecidos, sem expressão.

3. Oração (Vida)
O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Em silêncio dou minha resposta de adesão ao Senhor que me convoca e envia e "peço ao dono da plantação que mande mais trabalhadores". E rezo:
Senhor, que a Messe não se perca por falta de operários. Desperta nossas comunidades para a Missão.
Ensina nossa vida a ser serviço.

4. Contemplação(Vida/Missão)
Qual o novo olhar que a Palavra despertou em mim?
Renovo meu compromisso de ir ao encontro das pessoas para lhes anunciar a paz. Disseram os bispos, em Aparecida: "Com os olhos iluminados pela luz de Jesus Cristo ressuscitado, podemos e queremos contemplar o mundo, a história, os nossos povos da América Latina e do Caribe, e cada um de seus habitantes".(DAp 18).

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Mensagens


Dia Mundial das Missões 2012
Mensagem de Bento XVI
Chamados a fazer resplandecer a Palavra de verdade (Porta fidei, 6)

Queridos irmãos e irmãs!
A celebração do Dia Mundial das Missões deste ano está carregado de um significado todo especial. A recordação do 50º aniversário do Decreto conciliar Ad gentes, a abertura do Ano da Fé e o Sínodo dos Bispos sobre o tema da nova evangelização contribuem para reafirmar a vontade da Igreja de empenhar-se com maior coragem e ardor na missio ad gentes para que o Evangelho chegue até os extremos confins da terra.

O Concílio Ecumênico Vaticano II, com a participação dos Bispos católicos provenientes de cada canto da terra, foi um empenho luminoso para a universalidade da Igreja, acolhendo, pela primeira vez, um alto número de Padres Conciliadores provenientes da Ásia, África, América Latina e da Oceania. Bispos missionários e bispos nativos, Pastores de comunidades espalhadas entre as populações não cristãs, que buscavam, no Assizes, conciliar a imagem da Igreja presente em todos os continentes, e que eram os intérpretes das realidades complexas do então chamado "Terceiro Mundo". Ricos em experiências derivadas por serem Pastores de Igrejas jovens e em caminho de formação, animados pela missão pela difusão do Reino de Deus, esses contribuíram de maneira relevante na reafirmação da necessidade e urgência da evangelização ad gentes, e, assim, levar, ao centro da eclesiologia, a natureza missionária da Igreja.

Eclesiologia missionária

Hoje, essa visão não falhou, de fato, experimentou uma reflexão proveitosa teológica e pastoral e, ao mesmo tempo, retorna com renovada urgência, pois ampliou o número daqueles que ainda não conhecem Cristo: "Os homens que esperam Cristo ainda são numerosos", afirmava o beato João Paulo II, na Encíclica Redemptoris missio sobre a permanente validade do mandamento missionário, e acrescentava: "Não podemos ficar tranquilos, pensando nos milhões de nossos irmãos e irmãs, também redimidos pelo sangue de Cristo, que vivem sem conhecer o amor de Deus" (n. 86).

Eu também, ao instituir o Ano da Fé, escrivi que "hoje, então, envia-nos nas ruas do mundo para proclamar o Seu Evangelho a todos os povos da terra" (Carta. ap. Porta fidei, 7); proclamação que, como dizia também o Servo de Deus Paulo VI, na Exportação apostólica Evangelii nuntiandi, "não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é dever a ela incumbida pelo Senhor Jesus, a fim que os homens possam crer e serem salvos. Sim, esta mensagem é necessária, é única, é insubstituível" (n. 5).

Precisamos, portanto voltar ao mesmo zelo apostólico das primeiras comunidades cristãs, que mesmo pequenas e indefesas, foram capazes, com o anúncio e testemunho, de difundir o Evangelho em todo mundo até então conhecido.

Não é de se maravilhar que o Concílio Vaticano II e o sucessivo Magistério da Igreja insistam, de modo especial, sobre o mandamento missionário que Cristo confiou a seus discípulos e que deve ser empenho de todo Povo de Deus, Bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas e leigos.

O cuidado de anunciar o Evangelho em cada parte da terra pertence primeiramente aos Bispos, diretamente responsáveis pela evangelização no mundo, seja como membros do colégio episcopal, seja como Pastores das Igrejas particulares. Esses, de fato "foram consagrados não somente para uma diocese, mas para a salvação de todo mundo" (João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio, 63), "mensageiros da fé que levam novos discípulos a Cristo" (Ad gentes, 20) e tornam "visível o espírito e o ardor missionário do povo de Deus, de modo que toda a diocese se torne missionária" (ibid., 38).


(Continua amanhã)

Dicas Bíblicas


"Mulheres interpelam Jesus"
outubro 2012


No Evangelho de Marcos encontramos muitas narrativas onde aparecem as mulheres, seja como agentes da ação de Jesus, seja como seguidoras e colaboradoras na sua missão. Neste mês vamos lançar um olhar mais atento sobre três narrativas, nas quais aparecem por sua vez: três mulheres e duas meninas. As três mulheres são a Hemorroissa (Mc 5,21-43), a Cananéia (Mc 7,24-30) e a viúva do óbulo (Mc 12,41-44). Uma das meninas é filha de Jairo, um dos chefes da sinagoga e a outra é a filha da Cananéia.
Marcos descreve com detalhes, a situação da mulher: sofre de um fluxo de sangue há 12 anos, já sofreu muito nas mãos dos médicos, gastou tudo o que tinha e nada havia resolvido, antes piorava cada vez mais. A mulher tinha ouvido falar de Jesus e apesar de sua timidez, colocou-se atrás de Jesus, em meio à multidão, tocou a orla do manto de Jesus e dizia consigo mesma: “se ao menos eu tocar, o seu manto serei salva.” E de fato, imediatamente ela sentiu que o sangue se estancou, sentiu-se curada da enfermidade, mas ela não podia imaginar que Jesus se dera conta dela, nem reconhecer que dele saíra uma força, perguntando alto e olhando ao seu redor: “Que me tocou?” Imaginem vocês como esta mulher terá se sentido! Pois, como os discípulos ela deverá ter pensado: quem vai saber, se há uma multidão ao seu redor? Ela jamais poderia pensar em ser descoberta, tanto é que o texto fala que ela estava amedrontada e trêmula, caiu aos pés de Jesus e contou-lhe toda a verdade. Jesus a acolheu, a escutou tudo e lhe disse: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fique curada desse teu mal.” Imaginem qual não foi a alegria e a gratidão que reinou no coração dessa mulher. Havia valido a pena ter interceptado o caminho de Jesus, que estava seguindo com os seus discípulos e o próprio Jairo, para a casa dele.
Marcos retoma a narrativa com os mensageiros que anunciam a Jairo uma triste notícia: “Tua filha morreu, por que ainda perturbas o mestre?” Jesus acalmou o coração de Jairo, dizendo-lhe: “Não temas; crê somente!” E chegando perto da casa, Jesus escutou muita choradeira, e novamente tenta acalmar os ânimos dizendo que a menina, apenas dormia, o que foi motivo de chacota. Jesus permitiu que somente algumas pessoas, entrassem com ele no quarto. Tomou a mão da menina e lhe disse: “Talita Kum”, ou seja, menina levanta-te. Ela se levantou e começou a caminhar pela casa. Jesus pediu que lhe dessem de comer. Todos ficaram espantados pelo que haviam visto. Leia a narrativa no Evangelho de Marcos 5,21-43.
A segunda mulher que impactou Jesus foi a Cananéia, cuja narrativa se encontra em Marcos 7,24-30. Jesus estava fora da terra de Israel, na região de Tiro e não queria que ninguém o soubesse. Mas, uma mulher ficou sabendo e foi encontrá-lo e jogou-se aos seus pés suplicando em favor da filha. Num primeiro momento, Jesus se recusa a atendê-la ao afirmar que “não é bom tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos.” A mulher logo entendeu que era uma estrangeira e que Jesus teria vindo para o seu povo, mas ela contra argumentou: “os cachorrinhos, também, comem das migalhas que caem da mesa de seus donos”, ou seja, ela também tinha o direito de ser beneficiada pela ação de Jesus. A resposta da mulher convenceu a Jesus e ele mudou de postura: “Pelo que disseste, vai: o demônio saiu de sua filha.” Ao chegar em casa a mulher encontrou a sua filha curada. A fé da mulher foi premiada.
A terceira mulher, a viúva do óbulo, provavelmente, não ficou sabendo que estava sendo observada por Jesus, diante do Tesouro do Templo, e muito menos que fora proposta como exemplo de desapego e confiança em Deus: “Em verdade eu vos digo que esta viúva que é pobre, lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao tesouro. Pois, todos os outros deram do que lhes sobrava. Ela, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver.” Nas três narrativas, a atitude de fé, de confiança e determinação, tocou o coração de Jesus e ele se sentiu interpelado a realizar os anseios que cada uma carregava, até mesmo da mulher viúva, que não pronunciou uma palavra sequer. Mas o seu gesto, falou mais alto do que muitos discursos. Jairo e a mulher Cananéia experimentaram a alegria do reencontro com a vida, restabelecida em suas filhas.

Algumas perguntas que podem ajudar na reflexão:
Na leitura dessas três perícopes, o que chama mais a sua atenção?
Em que momento concreto a postura das mulheres influenciou no redirecionamento da ação de Jesus?
Concretamente, em que se apoiou a fé dessas mulheres? E a minha fé em Jesus em que se fundamenta?