terça-feira, 7 de janeiro de 2014

2014, um novo ano se descortina a nossa frente

Por Dom Eduardo Pinheiro da Silva*

No final de 2013, de 11 a 15 de dezembro, como encerramento do Ano da Juventude e abertura de um novo tempo, realizamos um significativo e histórico encontro nacional em vista daRevitalização da Pastoral Juvenil no Brasil. Foram quatro dias intensos, com palestras, reuniões de grupo, convivência e celebrações. Éramos mais de 350 pessoas representando 160 dioceses e diversas expressões juvenis ligadas às Pastorais da Juventude (67 pessoas), aos Movimentos Eclesiais (50 pessoas), às Novas Comunidades (40 pessoas), às Congregações Religiosas (38 pessoas). Lideranças adultas e jovens se debruçaram para celebrar os acontecimentos juvenis de 2013 e escutar a voz de Deus para os novos rumos aos quais Ele convida a nos voltarmos. O espírito de unidade e o desejo de acertar foram abençoados por Deus que nos concedeu sérias reflexões e crescimento no ardor pastoral.

O eixo pelo qual caminhamos no encontro foi o Documento 85, Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais, lançado em 2007 e que tem sido a base principal das atividades pastorais de todos aqueles e aquelas que acreditam na Igreja jovem e nos jovens de nossa Igreja e da sociedade. Mais especificamente, nos apoiamos nas 8 Linhas de Ação, apresentadas no terceiro capítulo do referido documento, e ali enriquecemos os grandes sonhos com as novidades que o Espírito Santo tem nos provocado nos últimos tempos.

E aqui faço um forte apelo a todos os que apostam sua vida, seu ministério, sua consagração, seus sonhos na juventude: leiam, conheçam, estudem, divulguem e busquem aplicar as conclusões a que chegamos, juntos, neste Encontro de Revitalização! A metodologia dos trabalhos do encontro nos conduziu a três grandes momentos decisivos à luz das 8 Linhas de Ação. Primeiramente, foram definidas, em espírito de comunhão, as pistas de ação que valham para todas as expressões juvenis, Dioceses e Regionais do Brasil. Depois, a partir delas, tanto os Regionais da CNBB quanto os quatro grandes grupos (Novas Comunidades, Congregações Religiosas, Movimentos Eclesiais, Pastorais da Juventude) se dedicaram em destacar suas prioridades para os próximos anos (conferir Anexos). Riqueza adquirida que não pode ser escondida, muito menos, perdida no encontro do mês passado!

A síntese dos trabalhos e o rico material utilizado durante todo o encontro, inclusive com vários eslaides que poderão servir para o trabalho pastoral local, encontram-se disponibilizados no site www.jovensconectados.org.br . Acessem e divulguem esta fonte que iluminará os seus trabalhos destes próximos anos. Infelizmente, nem todos os líderes adultos e juvenis pertencentes às Dioceses, Congregações Religiosas, Movimentos Eclesiais, Pastorais da Juventude, Novas Comunidades, puderam participar. Seria uma pena se alguém que aceitou assumir com coragem e disponibilidade o trabalho de evangelização da juventude em nosso país não conhecesse nem se esforçasse em aplicar o que, juntos, sonhamos e elaboramos a favor dos jovens do Brasil! Vale a pena também iluminar-se pelo texto recém-publicado pela Seção Juventude do CELAM:“Civilização do Amor: Projeto e Missão”. Uma vez lançado na versão portuguesa durante o encontro de dezembro, pode ser adquirido pelo site das Edições CNBB.

Alegres por constatar tantas coisas bonitas que já vêm sendo realizadas em prol da juventude, ousamos dar mais alguns passos em conjunto. O reconhecimento do valor da diversidade de nossas expressões e a força da unidade, purificarão nossos projetos, fortalecerão nossos ideais, preencherão nossos sentimentos, provocarão ainda mais nossa vocação de discípulos missionários de Jesus Cristo. Ele nos chama, nos consagra, nos envia, caminha conosco e nos desafia, no interno de nossas organizações e na sociedade a qual somos enviados, a sermos, com os jovens, profetas da paz e promotores de vida em abundância.

Com estima e orações, desejo a todos e todas um Feliz Ano Novo de muitas boas colheitas! As bênçãos que Deus derramou em nosso chão brasileiro nos últimos anos a favor da juventude continuem encontrando corações abertos para o favorecimento da beleza e da força destas sagradas sementes! Sementes que vieram para dar frutos, pois “caíram em terra boa” e, por isso, devem render “cem, sessenta e trinta frutos por um. Quem tiver ouvidos, ouça!” (Mt 13, 8-9)
CNBB, 06-01-2014.
*Dom Eduardo Pinheiro da Silva é presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB.

Onde há fraternidade, há paz


Cada um de nós é responsável pela construção da fraternidade e de seu cultivo.


Por vocação, a família deveria contagiar o mundo com o seu amor, diz Francisco. (Foto: Arquivo)
Por Dom Nelson Westrupp*
Em sua Mensagem para a celebração do 47º Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro de 2014, o papa Francisco desenvolveu o tema da "Fraternidade, fundamento e caminho para a paz".

É próprio do ser humano aspirar a viver em paz e na fraternidade. Na verdade, Deus sonhou e quis uma humanidade pacífica e feliz, no seio da qual fosse possível uma convivência fraterna, feita de bondade, humildade e mansidão. Aliás, fomos criados para viver em comunhão com Deus, amando-nos como irmãos e irmãs. Sem esta consciência, é inimaginável a construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária.

Segundo o pensar do papa Francisco, "a família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primeiro para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor" (Mensagem, n. 1).

Abalada nos seus alicerces mais legítimos e sagrados, a família hoje encontra barreiras e resistências quase intransponíveis para realizar sua vocação e concretizar seus valores essenciais, quais sejam, o ensino das virtudes humanas, cristãs, éticas, morais e sociais.

Sendo a família a garantia de uma sociedade feita de cidadãos e cidadãs que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros, vale a pena investir na restauração e na reconstrução da família desejada pelo Criador. De fato, esta família querida por Deus não pode perder a sua identidade, sob pena de se tornar irrecuperável, o que seria um desastre para a humanidade.

Por conseguinte, o apelo do papa Francisco é que sejamos protagonistas ativos na construção de uma nova sociedade, cujas características essenciais sejam a justiça, a paz, a solidariedade, a fraternidade e o amor.

A humanidade traz inscrita em si mesma a vocação à fraternidade. Interrompida bruscamente pelos próprios seres humanos, a fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição. A partir desta regeneração, “é fácil compreender que a fraternidade é fundamento e caminho para a paz” (ibidem, n. 4).

Ao concluir sua Mensagem, o Santo Padre insiste em que “há necessidade de que a fraternidade seja descoberta, amada, experimentada, anunciada e testemunhada; mas só o amor dado por Deus é que nos permite acolher e viver plenamente a fraternidade” (ibidem, n. 10).

Cada um de nós, cada família, cada grupo, cada comunidade, cada nação é responsável pela construção da fraternidade e de seu cultivo.

Amemos e abracemos todo ser humano como irmão e irmã, contemplando em cada pessoa a imagem do próprio Deus. Assim, seremos capazes de levar a paz e a fraternidade a todas e a todos que encontrarmos pelas estradas da vida.
CNBB, 02-01-2014.
*Dom Nelson Westrupp é bispo diocesano de Santo André (SP).