quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Paróquia Nossa Senhora das Candeias em Festa 30 Anos Evangelizando










Comemoração dos 30 anos da Paróquia Nossa Senhora das Candeias


O poder pelo 'poder' e o poder pelo serviço


O exercício do poder exige sabedoria humana e divina. Por isto, a Palavra de Deus também deve ser referência.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto*

A trajetória política, realizada por uma sociedade, tem marcas relevantes no cenário da vida comunitária. O termo "poder" é alvo perseguido, de forma digna ou desleal, durante a campanha em preparação para as eleições. Até digo, que num regime democrático capitalista, como no caso do Brasil, quase sempre tem poder quem gasta mais e consegue “comprar” a liberdade do eleitor.

No entendimento da mensagem cristã, poder significa serviço, doação, administração com responsabilidade e colocar-se à disposição para construir o bem comum. Essa é a missão do papa, dos bispos, dos padres e de todos aqueles que se colocam na prática da solidariedade. Não deveria ser diferente na gestão dos cargos públicos civis. Temos que eleger pessoas com esse perfil.

O poder-serviço é o oposto do poder pelo “poder”. Esta segunda categoria está muito presente na administração pública, dificultando o uso correto das riquezas que uma nação tem. Por isso, o momento das campanhas eleitorais é muito importante. Até lamentamos o acidente e morte de um dos candidatos, porque seria mais uma opção de escolha para presidente da República.

Um candidato eleito deve ser porta-voz do povo. Na Igreja, o escolhido é entendido como porta-voz da fé e da entidade por ele representada. Passa a ter as chaves das portas que permitem o acesso aos bens que favorecem sua dignidade. É uma tarefa ratificada por Deus, porque todo poder vem Dele.

A liderança comunitária não pode ser expressão de ambição pessoal. O voto, como vontade popular da maioria exigida, descredencia o eleito do poder de agir em função de favoritismos particulares, desconectados com a maioria. Ele deve ser visto, dentro do âmbito de seu poder, como “servo da unidade”, e não alguém que age com autoritarismo.

O exercício do poder exige sabedoria humana e divina. Por isto, a Palavra de Deus também deve ser referência para uma boa e honesta administração. As principais decisões, quando a comunidade é ouvida, o peso delas faz produzir efeitos muito mais férteis, favorecendo a maioria. Passam a ser ações abençoadas por Deus.
CNBB, 19-08-2014.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba (MG).

Construir a 'paz justa', o caminho da Igreja


A passagem da justiça da guerra para uma paz justa não esquece as sacrossantas razões da proteção dos indefesos.
Por Pierangelo Sequeri*

A evolução mental que atesta o lento deslocamento do debate mundial sobre o problema da guerra justa ao tema de uma paz justa deve certamente ao magistério papal dessas décadas um apoio e um impulso decisivo.
As aparições dessas intervenções podem imprimir na memória do público midiático a percepção de um caráter extemporâneo dos diversos pronunciamentos. Na realidade, a diversidade de perfil dos focos de conflito, todas as vezes, é enquadrado coerentemente na sua especificidade, justamente aos fins de um eficaz delineamento de uma nova estratégia mental de combate à fatalidade do recurso ao modelo da guerra, para remediar a violência.
A passagem certamente é cheia de dificuldades. Não deve apenas se afirmar diante de uma longuíssima inércia desse modelo, que tem a vantagem de traçar uma simplificação mental do conflito, e das razões do conflito, que ainda o fazem aparecer como uma competição à qual não se pode se subtrair e que concede a honra e a verdade ao vencedor.
A passagem também tem deve fazer as contas com muitos medos, não incompreensíveis, de permanecer inermes e sem proteção. E deve desvendar muitos equívocos, instrumentalizações e hipocrisias: que confundem as coisas com jogos interessados de palavras, em que os carnífices e as vítimas trocam de papéis em função das partes. Desse modo, acaba-se suspeitando também dos apelos à paz, assim como se suspeita da propaganda de guerra.
Apesar de todo esse emaranhado e de outras coisas ainda, a ideia da guerra justa, entendida como instrumento normal para afirmar legitimamente os próprios interesses (que, justificado pelas suas próprias razões, depois justifica tudo), perde campo inexoravelmente.
A história do século passado – a partir do "massacre inútil" da Primeira Guerra Mundial, frase de um papa também esta – tirou-lhe todas as razões. A história recente, além disso, está tirando razões também das chamadas formas não convencionais da guerra: estas, de fato, qualquer que seja a sua desesperada justificação, parecem tão fatalmente contíguas às formas do terrorismo, do genocídio, da morte indiscriminada dos indefesos que leva a pensar que o seu caráter não convencional significa, na realidade, uma passagem mundial à pura barbárie dos conflitos.
Sem falar do retorno à guerra como instrumento quase imediato de gestão de conflitos também locais, que os Estados nacionais não podem ou não querem conter. Um desvio semelhante varre todas as regras: a antiga da arte da guerra, assim como a da Convenção de Genebra.
Afinal, na própria cultura pré-cristã (Platão, Aristóteles, Cícero), como depois – e com mais razão e com maior obstinação de limitações – na elaboração da doutrina da "guerra" dentro do mundo civil-cristão, o tema ainda era o do estado de "exceção". E a discussão dizia respeito às muitas e graves limitações que deviam tornar aceitável uma forma da legítima defesa tão grave e tão dramática.
Não existe uma justificativa "de princípio" da guerra. Porém, o fato é que a inércia absolutória da fórmula, unida à homologação do conflito de interesses (bens e dinheiro) entre os argumentos dignos de todo sacrifício, acabou endossando a guerra como opção normal e de princípio.
Não há dúvida, porém, de que a inércia do modelo da guerra como figura da justiça afunda agora, aos olhos dos povos – mas, há alguns anos, já afunda explicitamente ao vivo e nas crônicas –, na negação mais do que comprovada da sua suposta relação entre meios e fins (uso da força para levar a melhor, em vista da resolução das contendas).
Quando João Paulo II proclamou o advento de uma nova época, com aquele seu grito profético "Nunca mais a guerra!" – porque a guerra não resolve nada, nem mesmo os problemas que a suscitaram –, ele inaugurou a séria determinação de um caminho irreversível.
Um caminho ao qual agora todas as culturas mundiais devem se aplicar, já que elas mesmas acumularam muitas e testadas razões para fazer isso. A passagem da justiça da guerra para uma paz justa não esquece as sacrossantas razões da proteção do indefeso e da proteção do inerme, que ontem permaneciam encistadas ambiguamente na interpretação incorreta da justificação da força em defesa do direito.
Por isso, não deve surpreender nem ser motivo de apreciação da seriedade da reflexão cristã que o próprio João Paulo II tenha introduzido o tema da defesa humanitária, que contempla o uso da força proporcional à contenção de uma injusta agressão exterminadora do inerme e à proteção do seu direito à sobrevivência e ao cuidado.
O apelo à constituição de um discernimento, de um juízo e de uma decisão internacional indica precisamente o caminho da formação de uma instância que deve barrar a estrada, nos limites humanos, para um julgamento unilateral, autorreferencial, arbitrário.
E, acima de tudo, uma instância que, diante de uma orientação precisa dos povos à defesa de uma humanidade na qual se enfurece o espírito de destruição, mostre-se comprometida a excluir o recurso ao modelo da guerra, mostrando persuasivamente a melhor eficácia das estratégias de defesa da paz. Das quais a intervenção contenedora da força é precisamente a condição totalmente necessária e, ao mesmo tempo, totalmente insuficiente.
As outras condições são justamente aquelas evidenciadas pela elaboração de um verdadeiro direito da cooperação eficaz e da solidariedade internacional dos povos, no horizonte de uma justiça não só distributiva, mas, em primeiro lugar, humana, cultural, amical.
Leiamos agora, palavra por palavra, a precisão milimétrica – filológica, eu diria – das frases com as quais a entrevista do Papa Francisco selou essa incrível aceleração do mais alto magistério cristão, que recupera a doutrina tradicional de legítima defesa no contexto de um impulso propositivo audaz, avançado, à frente do progressivo – mas ainda incerto – consenso internacional.
Não se trata apenas de trazer à tona o tema da legítima defesa do contêiner semântico obsoleto da guerra justa. Trata-se também de não deixar espaço a um pacifismo genérico e retórico do "ficar em paz". O horror da normalidade com que se pratica a crueldade ("Hoje, as crianças não contam!") e a tortura (sob o pretexto da segurança e da dissuasão) indica claramente que o limite foi superado.
E ninguém pode, sob nenhum pretexto, virar-se para o outro lado. O humanismo da paz justa não se isenta do compromisso de um difícil discernimento, da fadiga de uma vigilância incessante, do sacrifício generoso da presença e do testemunho para atestar a persuasividade e a eficácia da busca de meios alternativos à guerra.
No pano de fundo da evolução atual de uma vasta sensibilidade que deve ser mais resolutamente encorajada, as suas poucas frases são realmente o ícone de uma composição bastante precisa e astuta da síntese que o mundo está buscando, e que o cristianismo – com uma determinação crítica e também autocrítica que, enfim, deverá ser compartilhada – nos exorta a encontrar.
Naturalmente – mas a fé assume a responsabilidade por isso, sem ter que pedir a ninguém – o cristianismo não desiste de dar o seu testemunho especial, que nos guarda na humildade de todas as nossas presunções. E nos torna tenazes na esperança que resiste sempre de novo ao desespero. Nós acreditamos sem constrangimento na oração de proteção e na invocação a Deus pela iluminação das mentes e a vergonha dos corações. Nós acreditamos na eficácia de uma fé que se arrisca livremente na entrega de si mesma à prova do amor maior.
E assim nós honramos a todos os nossos irmãos e irmãs – e a todos aqueles que Deus ama, de qualquer a que pertençam – que se protegem uns aos outros do mal. E sentimos que devemos merecer esse testemunho, nós, habitantes de imerecidos confortos. Porque todas as vezes que um único ser humano se liberta do mal, graças a Deus, muitíssimos outros encontrarão a coragem de mantê-lo longe.
Avvenire, 20-08-2014.
*Pierangelo Sequeri é reitor da Facoltà Teologica dell'Italia Settentrionale. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Liturgia Diária

DIA 21 DE AGOSTO - QUINTA-FEIRA

SÃO PIO X
PAPA E CONFESSOR 
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)

Antífona da entrada: O Senhor o escolheu para a plenitude do sacerdócio e, abrindo seus tesouros, o cumulou de bens.
Oração do dia
Ó Deus, que, para defender a fé católica e restaurar todas as coisas em Cristo, cumulastes o papa são Pio 10º de sabedoria divina e coragem apostólica, fazei-nos alcançar o prêmio eterno, dóceis às suas instruções e seus exemplos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Ezequiel 36,23-28)
Leitura da profecia de Ezequiel.
36 23 “Quero manifestar a santidade do meu augusto nome que aviltastes, profanando-o entre as nações pagãs, a fim de que conheçam que eu sou o Senhor - oráculo do Senhor Javé -, quando sob seus olhares eu houver manifestado a minha santidade por meu proceder em relação a vós.
24 Eu vos retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos conduzirei ao vosso solo.
25 Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações.
26 Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne.
27 Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos.
28 Habitareis a terra de que fiz presente a vossos pais; sereis meu povo, e serei vosso Deus”.
Palavra do Senhor.

 
Salmo responsorial 50/51
Eu hei de derramar sobre vós uma água pura,
e de vossas imundícies sereis purificados. 

Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retireis de vossa face
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

Dai-me de novo a alegria de ser salvo
e confirmai-me com espírito generoso!
Ensinarei vosso caminho aos pecadores,
e para vós se voltarão os transviados.

Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha alma penitente,
não desprezeis um coração arrependido!
 
Evangelho (Mateus 22,1-14)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
22 1 Jesus tornou a falar-lhes por meio de parábolas:
2 “O Reino dos céus é comparado a um rei que celebrava as bodas do seu filho.
3 Enviou seus servos para chamar os convidados, mas eles não quiseram vir.
4 Enviou outros ainda, dizendo-lhes: ‘Dizei aos convidados que já está preparado o meu banquete; meus bois e meus animais cevados estão mortos, tudo está preparado. Vinde às bodas!’
5 Mas, sem se importarem com aquele convite, foram-se, um a seu campo e outro para seu negócio.
6 Outros lançaram mãos de seus servos, insultaram-nos e os mataram.
7 O rei soube e indignou-se em extremo. Enviou suas tropas, matou aqueles assassinos e incendiou-lhes a cidade.
8 Disse depois a seus servos: ‘O festim está pronto, mas os convidados não foram dignos.
9 Ide às encruzilhadas e convidai para as bodas todos quantos achardes’.
10 Espalharam-se eles pelos caminhos e reuniram todos quantos acharam, maus e bons, de modo que a sala do banquete ficou repleta de convidados.
11 O rei entrou para vê-los e viu ali um homem que não trazia a veste nupcial.
12 Perguntou-lhe: ‘Meu amigo, como entraste aqui, sem a veste nupcial?’ O homem não proferiu palavra alguma.
13 Disse então o rei aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes’.
14 Porque muitos são os chamados, e poucos os escolhidos”.
Palavra da Salvação.
 
Comentário ao Evangelho
A INGRATIDÃO CASTIGADA
A parábola evangélica resulta numa releitura da história de Israel e da Igreja. O convite para participar do banquete preparado pelo rei, por ocasião do matrimônio de seu filho, expressa o amor de Deus por seu povo. O povo eleito era o convidado especial para participar do lauto banquete. Nada mais natural do que responder afirmativamente, pois ter sido objeto da deferência de um rei é algo de extrema relevância.
Os convidados, porém, recusam-se a comparecer, apesar da insistência do rei que, por duas vezes, enviou seus emissários para convencê-los a vir. Estes não fizeram caso. Cada um foi para os seus afazeres. Pior ainda, pegaram os servos, maltrataram-nos, e os mataram. Simbolicamente aqui está retratada a atitude insensata do povo de Israel que se recusou a ouvir os apelos à conversão, que lhe foram dirigidos através dos séculos, por meio dos profetas. Por isso, foi castigado com a destruição, pelas mãos dos romanos.
Estando pronto o banquete e tendo os primeiros convidados sido indignos de participarem dele, o rei mandou seus emissários pelos caminhos para reunirem maus e bons, de forma que a sala do banquete ficou repleta. Em outras palavras, tendo Israel recusado o convite divino, este foi dirigido aos pagãos que o acolheram, de maneira a formar o verdadeiro povo de Deus, a Igreja.

Oração 
Espírito de presteza, que eu esteja sempre pronto para responder ao convite de Deus, para viver em comunhão com ele.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês. Esta editoria é de responsabilidade direta de Paulo Umberto SJ)
 
Sobre as oferendas
Ó Deus, acolhei com bondade as nossas oferendas e dai-nos seguir os ensinamentos de são Pio 10º, para celebrar dignamente estes divinos mistérios e recebê-los com fé. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: O bom pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10,11).
Depois da comunhão
Celebrando a memória do papa são Pio 10º, nós vos pedimos, ó Deus, que a participação na vossa mesa nos torne firmes na fé e unidos na caridade. Por Cristo, nosso Senhor.
Santo do Dia / Comemoração (SÃO PIO X)
Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de família humilde e numerosa, mas de vida no seguimento de Cristo. Nasceu numa pequena aldeia de Riese, na diocese de Treviso, no norte da Itália, no dia 2 de junho de 1835. Desde cedo, José demonstrava ser muito inteligente e, por causa disso, seus pais fizeram grande esforço para que ele estudasse. Todos os dias, durante quatro anos, o menino caminhava com os pés descalços por quilômetros a fio, tendo no bolso apenas um pedaço de pão para o almoço. E desde criança manifestou sua vontade de ser padre.

Quando seu pai faleceu, sua mãe, Margarida, uma camponesa corajosa e pia, não permitiu que ele abandonasse o caminho escolhido para auxiliar no sustento da casa. Ficou no seminário e, aos vinte e três anos, recebeu a ordenação sacerdotal com mérito nos estudos. Teve uma rápida ascensão dentro da Igreja. Primeiro, foi vice-vigário em uma pequena aldeia, depois vigário de uma importante paróquia, cônego da catedral de Treviso, bispo da diocese de Mântua, cardeal de Veneza e, após a morte do grande papa Leão XIII, foi eleito seu sucessor, com o nome de Pio X, em 1903.

No Vaticano, José Sarto continuou sua vida no rigor da simplicidade, modéstia e pobreza. Surpreendeu o mundo católico quando adotou como lema de seu pontificado "restaurar as coisas em Cristo". Tal meta traduziu-se em vigilante atenção à vida interna da Igreja. Realizou algumas renovações dentro da Igreja, criando bibliotecas eclesiásticas e efetuando reformas nos seminários. Pelo grande amor que dispensava à música sagrada, renovou-a. Reformou, também, o breviário. Sua intensa devoção à eucaristia permitiu que os fiéis pudessem receber a comunhão diária, autorizando, também, que a primeira comunhão fosse ministrada às crianças a partir dos sete anos de idade. Instituiu o ensino do catecismo em todas as paróquias e para todas as idades, como caminho para recuperar a fé, e impôs-se fortemente contra o modernismo. Outra importante característica de sua personalidade era a bondade suave e radiante que todos notavam e sentiam na sua presença.

Pio X não foi apenas um teólogo. Foi um pastor dedicado e, sobretudo, extremamente devoto, que sentia satisfação em definir-se como "um simples pároco do campo". Ficou muito amargurado quando previu a Primeira Guerra Mundial e sentiu a impotência de nada poder fazer para que ela não acontecesse. Possuindo o dom da cura, ainda em vida intercedeu em vários milagres. Consta dos relatos que as pessoas doentes que tinham contato com ele se curavam. Discorrendo sobre tal fato, ele mesmo explicava como sendo "o poder das chaves de são Pedro". Quando alguém o chamava de "padre santo", ele corrigia sorrindo: "Não se diz santo, mas Sarto", numa alusão ao seu sobrenome de família.

No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X morreu. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo. Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado.

Evangelho do Dia

Ano A - 21 de agosto de 2014

Mateus 22,1-14

Aleluia, aleluia, aleluia.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
22 1 Jesus tornou a falar-lhes por meio de parábolas:
2 “O Reino dos céus é comparado a um rei que celebrava as bodas do seu filho.
3 Enviou seus servos para chamar os convidados, mas eles não quiseram vir.
4 Enviou outros ainda, dizendo-lhes: ‘Dizei aos convidados que já está preparado o meu banquete; meus bois e meus animais cevados estão mortos, tudo está preparado. Vinde às bodas!’
5 Mas, sem se importarem com aquele convite, foram-se, um a seu campo e outro para seu negócio.
6 Outros lançaram mãos de seus servos, insultaram-nos e os mataram.
7 O rei soube e indignou-se em extremo. Enviou suas tropas, matou aqueles assassinos e incendiou-lhes a cidade.
8 Disse depois a seus servos: ‘O festim está pronto, mas os convidados não foram dignos.
9 Ide às encruzilhadas e convidai para as bodas todos quantos achardes’.
10 Espalharam-se eles pelos caminhos e reuniram todos quantos acharam, maus e bons, de modo que a sala do banquete ficou repleta de convidados.
11 O rei entrou para vê-los e viu ali um homem que não trazia a veste nupcial.
12 Perguntou-lhe: ‘Meu amigo, como entraste aqui, sem a veste nupcial?’ O homem não proferiu palavra alguma.
13 Disse então o rei aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes’.
14 Porque muitos são os chamados, e poucos os escolhidos”.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
A INGRATIDÃO CASTIGADA
A parábola evangélica resulta numa releitura da história de Israel e da Igreja. O convite para participar do banquete preparado pelo rei, por ocasião do matrimônio de seu filho, expressa o amor de Deus por seu povo. O povo eleito era o convidado especial para participar do lauto banquete. Nada mais natural do que responder afirmativamente, pois ter sido objeto da deferência de um rei é algo de extrema relevância.
Os convidados, porém, recusam-se a comparecer, apesar da insistência do rei que, por duas vezes, enviou seus emissários para convencê-los a vir. Estes não fizeram caso. Cada um foi para os seus afazeres. Pior ainda, pegaram os servos, maltrataram-nos, e os mataram. Simbolicamente aqui está retratada a atitude insensata do povo de Israel que se recusou a ouvir os apelos à conversão, que lhe foram dirigidos através dos séculos, por meio dos profetas. Por isso, foi castigado com a destruição, pelas mãos dos romanos.
Estando pronto o banquete e tendo os primeiros convidados sido indignos de participarem dele, o rei mandou seus emissários pelos caminhos para reunirem maus e bons, de forma que a sala do banquete ficou repleta. Em outras palavras, tendo Israel recusado o convite divino, este foi dirigido aos pagãos que o acolheram, de maneira a formar o verdadeiro povo de Deus, a Igreja.

Oração 
Espírito de presteza, que eu esteja sempre pronto para responder ao convite de Deus, para viver em comunhão com ele.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês. Esta editoria é de responsabilidade direta de Paulo Umberto SJ)
 
Leitura
Ezequiel 36,23-28
Leitura da profecia de Ezequiel.
36 23 “Quero manifestar a santidade do meu augusto nome que aviltastes, profanando-o entre as nações pagãs, a fim de que conheçam que eu sou o Senhor - oráculo do Senhor Javé -, quando sob seus olhares eu houver manifestado a minha santidade por meu proceder em relação a vós.
24 Eu vos retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos conduzirei ao vosso solo.
25 Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações.
26 Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne.
27 Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos.
28 Habitareis a terra de que fiz presente a vossos pais; sereis meu povo, e serei vosso Deus”.
Palavra do Senhor.

 
Salmo 50/51
Eu hei de derramar sobre vós uma água pura,
e de vossas imundícies sereis purificados. 

Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retireis de vossa face
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

Dai-me de novo a alegria de ser salvo
e confirmai-me com espírito generoso!
Ensinarei vosso caminho aos pecadores,
e para vós se voltarão os transviados.

Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha alma penitente,
não desprezeis um coração arrependido!
 
Oração
Ó Deus, que, para defender a fé católica e restaurar todas as coisas em Cristo, cumulastes o papa são Pio 10º de sabedoria divina e coragem apostólica, fazei-nos alcançar o prêmio eterno, dóceis às suas instruções e seus exemplos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Excelsa missão de Francisco


De um modo didático e pedagógico, o papa mostra a importância da fé como realidade inesgotável.
Por Geovane Saraiva*

O papa Francisco é um exemplo do poder e do serviço, em conformidade com o projeto de Nosso Senhor Jesus Cristo, deixando bem claro para o mundo, na função de bispo de Roma, como exercê-lo, tendo em vista o bem da Igreja e do mundo, consciente do peso do ministério abraçado, quando afirmou: "Não há cruz pequena ou grande, na nossa vida, que o Senhor não venha compartilhar”. Os católicos o têm como modelo de sacerdote, porque o que ele diz, procura vivenciar no dia a dia. Pensemos na força deste seu pensamento: "Se nos comportarmos como filhos de Deus, sentindo-nos amados por Ele, a nossa vida será nova, cheia de serenidade e de alegria".

O que é mais importante no ensinamento do sacerdote? Eis a resposta de Francisco, a partir da solidariedade: "O meu coração sangra quando penso nas crianças do Iraque. Nossa Senhora, Nossa Mãe, as proteja!" Mas segundo o que assimilei, no conjunto dos tratados da teologia, posso concluir que é o tratado dos sacramentos, visto como algo sagrado, como aquilo que nos comunica a vida de Deus, o centro da vida sacerdotal, sendo sem dúvida alguma, o sacramento da eucaristia, intrinsecamente unido ao sacerdote, algo insondável e inexprimível, do ponto de vista da fé. Urge refletir no que nos fala o cardeal Aloísio Lorscheider: “É por meio da eucaristia que o sacerdote exerce também seu mais fecundo apostolado, precisamente por ser como sacrifício, a renovação do sacrifício da Cruz e, como alimento, a vida eterna e a ressurreição gloriosa”.

O sacerdote é seguidor e discípulo de Jesus de Nazaré e com uma única alternativa: “Não adianta nada sermos bispos, cardeais ou papa se não formos discípulos do Senhor”. A partir da teologia, no sacerdote encontra-se a vida da Igreja, Sacramento de Cristo, no seu sentido misterioso, como a própria palavra expressa, vida do corpo místico de Cristo, oferecida pelo próprio Cristo, pelas mãos do sacerdote, ungidas das graças divinas. No grau mais elevado, o sacerdote é chamado a exercer a caridade fraterna, quando administra os sacramentos, tornando-se servidor da humanidade.

O exemplo maior e mais elevado vem do Sumo Pontífice, o papa Francisco, ao realizar agora o seu sonho de missionário, impossível quando jovem sacerdote, junto ao povo coreano, nestas palavras digeridas aos jovens (15/08/2014): "Que vocês, jovens, possam combater o fascínio de um materialismo que sufoca os valores culturais e espirituais autênticos e se afastem do espírito de competição desenfreada que gera egoísmo e conflito", no sermão o Santo Padre também disse. "Que vocês também rejeitem os modelos econômicos desumanos que criam novas formas de pobreza e marginaliza os trabalhadores", num ato de ternura, compaixão e solidariedade para com aqueles que carregam o estigma do sofrimento, numa sociedade de crucificados.

Na Missa conclusiva da VI Jornada Asiática da Juventude (em 17/08/2014), como o papa Francisco soube encantar os povos da Ásia e do mundo inteiro: “Jovens da Ásia, vocês são herdeiros de um grande testemunho, de uma preciosa confissão de fé em Cristo. Ele é a luz do mundo, a luz da nossa vida! Os mártires da Coreia, e tantos outros da Ásia, sacrificaram suas vidas ao Senhor, dando-nos testemunho de que a luz da verdade de Cristo afugenta todas as trevas e o amor de Cristo triunfa glorioso. Cientes da sua vitória sobre a morte, vocês podem enfrentar o desafio de ser seus discípulos, hoje, nas situações de vida em que vivemos e no nosso tempo”.

Francisco, nas suas iniciativas, pensamentos, atitudes e gestos concretos, passa para as pessoas de boa vontade, de um modo didático e pedagógico, a importância da fé como realidade inesgotável: “Quando nosso coração é uma terra boa que acolhe a palavra de Deus, quando se sua a camisa, procurando viver como cristãos, nós experimentamos algo maravilhoso: Nunca estamos sozinhos!”. Na Coreia ele nos ensina a importância da caridade na vida de fé e a viver em uma sociedade, onde, por um lado, há imensas riquezas, e, por outro, cresce silenciosamente uma grande pobreza; uma sociedade que raramente ouve o grito dos pobres, onde Cristo continua a nos convidar a amá-lo e a servi-lo nos nossos irmãos e irmãs necessitados. Dele também aprendamos nesta afirmação: “Deus nos ama. Não devemos ter medo de amá-lo. A fé se professa com a boca e com o coração, com a palavra e com o amor”. Assim seja!
* Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas".

Encíclica ‘ambiental’ marca nova postura da Igreja


Novo documento do papa Francisco deve trazer orientações práticas à comunidade católica, diz professor da Faje.
Por Alexandre Vaz
Repórter Dom Total

O papa Francisco prepara-se para publicar, em breve, uma nova Encíclica, a qual deve abordar diretamente a questão ambiental. O documento, que está sendo elaborado com a colaboração de membros da Igreja Católica especialistas na área, como Dom Erwin Kräutle, bispo de Xingu, deve marcar uma tomada de posição mais clara e firme do Vaticano em relação à necessidade de se preservar os recursos naturais do planeta. Espera-se que a Encíclica seja publicada no dia 4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis, protetor dos animais e um dos símbolos cristãos da causa ecológica.

A expectativa de muitos católicos é de que a Encíclica vá além dos posicionamentos teóricos, trazendo orientações claras para paróquias, dioceses e demais instituições eclesiais. O ambientalista e professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), Afonso Murad, explica que, pelo próprio estilo de trabalho do papa Francisco, o documento poderá trazer orientações concretas como, por exemplo, uma política de gestão ambiental para as paróquias.

“O papa Francisco tem um senso pastoral muito forte. Ele tem a compreensão de que, sem práticas transformadoras, não se muda a sociedade. Se ele pedir, por exemplo, que as Igrejas adotem um sistema de recolhimento de água da chuva, só isso já vai valer muito. Nós não precisamos apenas de elucidações teóricas, mas também práticas”, ressalta.

Desde o início de seu pontificado, Francisco tem feito do meio ambiente uma de suas bandeiras. Em diversas ocasiões, ele fez questão de frisar a urgência de se preservar o meio ambiente, alertando para os riscos que a degradação acelerada poderá gerar para a presente e futuras gerações. “Deus perdoa sempre, o homem às vezes, a natureza nunca, se não é cuidada”, sentenciou recentemente.

O meio ambiente já vem sendo fruto de preocupação do Vaticano há alguns anos e da Igreja brasileira, há alguns anos. O papa João Paulo II já havia dado algumas declarações pontuais sobre os perigos do consumismo desenfreado e a necessidade de se preservar os recursos naturais. Já a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vem abordando o tema, por meio das Campanhas da Fraternidade, como a realizada em 2003, ano em que a preservação dos recursos hídricos foi o tema, e a de 2007, que tratou da proteção à Amazônia.

“As campanhas têm papel fundamental, pois criam oportunidades para fiéis, presbíteros e demais membros da sociedade entrarem com efetividade no debate”, destaca Afonso Murad.

Novas orientações

Segundo o professor da Faje, muitos pesquisadores têm feito um trabalho de buscar fundamentos bíblicos para a importância do equilíbrio nas relações do homem com a natureza. Ele explica que, em diversas passagens da Bíblia, existem orientações para que o homem tenha uma relação de respeito e cuidado com o ambiente.

“No texto do Gêneses II, por exemplo, existe uma passagem que diz que o ser humano foi criado por Deus do barro da terra e do sopro de Javé, ou seja, dos mesmos elementos dos quais os outros seres vivos foram criados. Nesse sentido, pela Bíblia, homem e natureza estão em situação de igualdade. Da mesma forma, Gêneses I estabelece que o ser humano reflete a imagem de Deus por meio do domínio de todos os outros seres vivos. Mas, nesse caso, a palavra ‘domínio’ deve ser interpretada de acordo como ‘cuidado’, uma vez que Deus cuida dos seres vivos”, exemplifica.

A expectativa, agora, é que essa visão esteja presente na Encíclica de Francisco, com um posicionamento mais firme do Vaticano frente aos desafios ambientais do século XXI. “O papa tem desempenhado não apenas o papel de líder da Igreja Católica, como também de um importante líder espiritual de nosso tempo. Nesse sentido, acredito que a Encíclica trará uma repercussão muito positiva, aprimorando o debate ambiental não apenas no meio católico, como também junto a outros setores da sociedade”, ressalta.