Dia 14 de Fevereiro - Sexta-feira
SANTOS CIRILO E METÓDIO
Monge e Bispo
(Branco, Pref. Comum ou dos pastores – Ofício da memória)
Antífona da entrada:
Minhas palavras que coloquei em tua boca, diz o Senhor, não se
afastarão jamais de teus lábios; e tuas oferendas serão aceitas em meu
altar (Is 59,21;56,7)
Oração do dia
Ó Deus, pelos dois irmãos Cirilo e Metódio, levastes a luz do
Evangelho aos povos eslavos; daí-nos acolher no coração a vossa palavra e
fazei de nós um povo unido na verdadeira fé e no fiel testemunho do
Evangelho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Leitura (1 Reis 11,29-32;12,19)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
11 29 E aconteceu que um
dia, saindo Jeroboão de Jerusalém, encontrou-se em caminho com o profeta
Aías de Silo, vestido com um manto novo. Estavam os dois sós no campo.
30 Então Aías, tomando o manto novo que trazia, rasgou-o em doze pedaços.
31 “Toma para ti dez pedaços, disse ele a
Jeroboão, pois isto diz o Senhor, Deus de Israel: Vou arrancar o reino
das mãos de Salomão, e dar-te-ei dez tribos.
32 Mas, em atenção ao meu servo Davi e à cidade de
Jerusalém, que escolhi dentre todas as tribos de Israel, ficar-lhe-á
ainda uma tribo”.
12 19 Desse modo, separou-se Israel da casa de Davi até o dia de hoje.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 80/81
Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!
Em teu meio não exista um deus estranho
nem adores a um deus desconhecido!
Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor,
que da terra do Egito te arranquei.
Mas meu povo não ouviu a minha voz,
Israel não quis saber de obedecer-me.
Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos,
abondonei-os ao seu duro coração.
Quem me dera que meu povo me escutasse!
Que Israel andasse sempre em meus caminhos!
Seus inimigos, sem demora, humilharia
e voltaria minha mão contra o opressor.
Evangelho (Marcos 7,31-37)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Abri-nos, ó Senhor, o coração para ouvirmos a palavra de Jesus! (At 16,14).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
7 31 Jesus deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole.
32 Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.
33 Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva.
34 E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: “Éfeta!”, que quer dizer “abre-te!”
35 No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente.
36 Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam.
37 E tanto mais se admiravam, dizendo: “Ele fez bem todas as coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!”
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
ABRE-TE!
A cura do surdo-mudo teve um valor emblemático no ministério de Jesus.
Sua dupla deficiência o mantinha fechado em seu mundo e o
impossibilitava de se comunicar e deixar transbordar a vida trazida
dentro de si. Além disso, era vítima do preconceito que via na sua
limitação física um castigo por causa de eventuais pecados do passado. A
marginalização social, portanto, agravava ainda mais sua situação.
A ordem peremptória dada por Jesus - Abre-te - assumiu uma ampla
dimensão. Ela possibilitou ao deficiente poder expressar-se e
comunicar-se normalmente. Uma barreira era posta abaixo e sua riqueza
interior podia agora ser partilhada. Porém, não foi menos importante
terem caído as barreiras sociais e serem eliminados os preconceitos que
padecia. Doravante, sua condição de ser humano podia se expressar de
maneira plena.
Este milagre de Jesus evocou antigas profecias, segundo as quais o
Messias esperado faria os mudos falarem e os surdos ouvirem. Ele os
reintegraria na convivência humana, tirando-os da exclusão social.
Temendo conclusões apressadas, Jesus ordenou não tornarem público o
sucedido. Sua ordem foi inútil. Quanto mais proibia, tanto mais
proclamavam seu feito extraordinário. Jesus, porém, não se deixava levar
pela vaidade humana. E não tinha dúvidas quanto à sorte que o esperava.
Oração
Senhor Jesus, abre meu coração e minha mente, para que eu possa realizar plenamente minha vocação de discípulo do Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e
disponibilizado neste Portal a cada mês).
Sobre as oferendas
Dignai-vos, ó Deus todo-poderoso, impregnar com as bênçãos
celestes estas oferendas de vosso povo, que vos apresentamos na festa de
são Cirilo e são Metódio. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: O Filho do homem veio dar a sua vida para a salvação de todos (Mc 10,45).
Depois da comunhão
Alegrando-nos na festa de são Cirilo e são Metódio,
recebemos, ó Pai, o penhor da salvação; fazei que ele nos ajude na vida
presente e nos conduza à vida eterna. Por Cristo, nosso Senhor.
Santo do Dia / Comemoração (SANTOS CIRILO E METÓDIO)
São Cirilo
Constantino nasceu em 826 na Tessalonica, atualmente
Salonico,Grécia. Seu pai era Leão, um rico juiz grego, que teve sete
filhos. Constantino o caçula e Miguel o mais velho, que mudaram o nome
para Cirilo e Metódio respectivamente, ao abraçarem a vida religiosa.
Cirilo tinha catorze anos quando o pai faleceu. Um amigo da família,
professor Fócio, que mais tarde ajudou seu irmão acusado de heresia,
assumiu a educação dos órfãos em Constantinopla, capital do Império
Bizantino. Cirilo aproveitou para aprender línguas, literatura,
geometria, dialética e filosofia. De inteligência brilhante, se formou
em tudo.
Rejeitando um casamento vantajoso, ingressou para a vida espiritual,
fazendo votos particulares, se tornou bibliotecário do ex-patriarca. Em
seguida foi cartorário e recebeu o diaconato. Mas sentiu necessidade de
se afastar, indo para um mosteiro, em Bosforo. Seis meses depois foi
descoberto e designado para lecionar filosofia. Em seguida, convocado
como diplomata para a polemica questão sobre o culto das imagens junto
ao ex-patriarca João VII, o Gramático. Depois foi resolver outra questão
delicada junto aos árabes sarracenos que tratava da Santíssima
Trindade. Obteve sucesso em ambas.
Seu irmão mais velho, que era o prefeito de Constantinopla,
abandonou tudo para se dedicar à vida religiosa. Em 861, Cirilo foi se
juntar a ele, numa missão evangelizadora, a pedido do imperador Miguel
III, para atender o rei da Morávia. Este rei precisava de missionários
que conhecessem a língua eslava, pois queria que o povo aprendesse
corretamente a religião. Os irmãos foram para Querson aprender hebraico e
samaritano.
Nesta ocasião, Cirilo encontrou um corpo boiando, que reconheceu ser
o papa Clemente I, que tinha sido exilado de Roma e atirado ao mar.
Conservaram as relíquias numa urna, que depois da missão foi entregue em
Roma. Assim, Cirilo continuou estudando o idioma e criou um alfabeto,
chamado "cirílico", hoje conhecido por "russo". Traduziu a Bíblia, os
Livros Sagrados e os missais, para esse dialeto. Alfabetizou a equipe
dos padres missionários, que começou a evangelizar, alfabetizar e
celebrar as missas em eslavo.
Isto gerou uma grande divergência no meio eclesiástico, pois os
ritos eram realizados em grego ou latim, apenas. Iniciando o cisma da
Igreja, que foi combatido pelo então patriarca Fócio com o reforço de
seu irmão. Os dois foram chamados por Roma, onde o papa Adriano II,
solenemente recebeu as relíquias de São Clemente, que eles
transportavam. Conseguiram o apoio do Sumo Pontífice, que aprovava a
evangelização e tiveram os Livros traduzidos abençoados.
Mas, Cirilo que estava doente, piorou. Pressentido sua morte, tomou o
hábito definitivo de monge e o nome de Cirilo, cinqüenta dias depois,
faleceu em Roma no dia 14 de fevereiro de 868. A celebração fúnebre foi
rezada na língua eslava, pelo papa Adriano II, sendo sepultado com
grande solenidade na igreja de São Clemente. Cirilo e Metódio foram
declarados pela Igreja como "apóstolos dos eslavos". O papa João Paulo
II, em 1980, os proclamou junto com São Bento de "Patronos da Europa".
São Metódio
Miguel, primogênito dos sete filhos do juiz grego Leão, nasceu em
814 na Tessalonica, atual Salonico, Grécia. Tinha vinte e seis anos e
era prefeito de Constantinopla, capital do Império Bizantino, quando seu
pai morreu. Irmão de Constantino, foi aluno de Fócio, que assumiu a
educação dos órfãos. Miguel e Constantino mudaram o nome para Metódio e
Cirilo, ao se consagrarem sacerdotes.
Com a morte do pai, em 840, abandonou tudo e se recolheu no convento
de Policron, no monte Olímpio, e se fez monge. Foi o imperador Miguel
III quem o convocou para a missão evangelizadora da Morávia, da qual
participou também seu irmão. Depois os dois foram para Roma, onde
Cirilo, doente, acabou falecendo.
Metódio foi ordenado sacerdote pelo papa AdrianoII em 868 e, depois
da cerimônia do sepultamento do irmão, foi nomeado delegado apostólico,
consagrado bispo, e estabelecido como arcebispo para a Iugoslávia e
Morávia. Uma carta, que o credenciava junto aos principados eslavos,
continha a aprovação sem reservas para a liturgia na língua eslava.
Os acontecimentos políticos impediram que Metódio retornasse a
Morávia. Ficou, então nos domínios do principado iugoslavo, que tinham
sido evangelizados até Áustria. Alí foram inevitáveis os desencontros
entre o clero latino e o novo clero eslavo. Inclusive, Metódio foi
preso, traído diante do concílio de Ratisbona e condenado ao exílio na
Suécia.
O então papa João VIII, em 878, interveio energicamente e ele foi
solto, mas reprovou as suas novidades lingüísticas na liturgia. Porém,
Metódio, estava fortalecido pela aprovação do papa anterior, podendo dar
continuidade à evangelização iniciada. Depois de um ano de
tranqüilidade, novos protestos se elevaram contra ele, sendo acusado de
heresia.
Convocado a se apresentar em Roma pelo papa João VIII, não só se
justificou como o convenceu a lhe dar seu apoio. Com uma carta oficial
da Santa Sé, ele foi confirmado nas funções, e autorizado a usar o
eslavo na liturgia, mas pedindo que o Evangelho fosse lido em latim
antes que em eslavo. Porém o imperador germânico preferia outro bispo,
que celebrava a liturgia em latim. A confusão estava formada. Tudo se
complicou quando surgiu uma falsa carta do papa, que dizia o oposto da
anterior apresentada por Metódio.
Em 881 a Santa Sé, negou formalmente a falsa carta. Mas isto não pôs
fim à dificuldade, o clero alemão continuou sua oposição. Nesta época,
Metódio, foi para Constantinopla a convite do imperador, para se juntar
ao então patriarca Fócio, seu antigo professor e amigo da família.
Assim, continuou com seus discípulos o seu apostolado e a tradução da
Bíblia e dos Livros Litúrgicos a quem precisasse.
Morreu em 6 de abril de 885 em Velehrad, Tchecoslováquia, onde foi
sepultado na igreja da Catedral. Atualmente se ignora o local exato onde
foram colocadas suas relíquias. Metódio e Cirilo são considerados pela
Igreja como "apóstolos dos eslavos" e venerados no dia 14 de fevereiro,
dia da morte de Cirilo. Em 1980, o papa João Paulo II os proclamou
"Patronos da Europa" ao lado de São Bento.