quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Evangelho do dia

Ano C - 16 de outubro de 2013

Lucas 11,42-46

Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
11 42 Disse Jesus: “Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas.
43 Ai de vós, fariseus, que gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas e das saudações nas praças públicas!
44 Ai de vós, que sois como os sepulcros que não aparecem, e sobre os quais os homens caminham sem o saber".
45 Um dos doutores da lei lhe disse: "Mestre, falando assim também a nós outros nos afrontas".
46 Ele respondeu: "Ai também de vós, doutores da lei, que carregais os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos.”
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
No tempo de Jesus, uma ala do farisaísmo tendia a inverter o valor das coisas. Davam muita importância às coisas secundárias, enquanto as essenciais não recebiam a devida atenção. O pagamento do dízimo, por exemplo, era uma exigência irrecusável, e cumprida mesmo em relação às insignificantes hortaliças. Entretanto, os fariseus não se preocupavam, minimamente, em praticar a justiça para com o próximo e dedicar a Deus um amor verdadeiro. A prática religiosa do dízimo era, desta forma, esvaziada de sentido. Ao pagá-lo, os fariseus pensavam estar sendo fiéis à vontade divina. Todavia, enquanto cometiam injustiças contra o próximo, cultivavam a vanglória e agiam como hipócritas acabavam por desagradar a Deus. Invalidava-se, deste modo, sua piedade exterior, à qual se entregavam apenas para serem louvados pelos outros.
O amor e a justiça ocupam o lugar central na vida do discípulo do Reino. Nisto, ele se distingue dos fariseus. Amor e justiça, quando postos em prática, revelam o mais íntimo do ser humano. Outras práticas podem ser enganosas, revelando apenas uma piedade aparente. De fato, podem ser uma máscara da hipocrisia humana e esconder a maldade que a pessoa traz no coração. Por isso, em primeiro lugar, é preciso praticar a justiça e o amor. Com este pano de fundo, as outras práticas de piedade terão mais solidez.

Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a centrar minha vida sempre mais na justiça e no amor, para que tudo o mais tenha sentido para mim.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Romanos 2,1-11
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
2 1 Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles.
2 Ora, sabemos que o juízo de Deus contra aqueles que fazem tais coisas corresponde à verdade.
3 Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus?
4 Ou desprezas as riquezas da sua bondade, tolerância e longanimidade, desconhecendo que a bondade de Deus te convida ao arrependimento?
5 Mas, pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus,
6 que retribuirá a cada um segundo as suas obras:
7 a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a glória, a honra e a imortalidade;
8 mas ira e indignação aos contumazes, rebeldes à verdade e seguidores do mal.
9 Tribulação e angústia sobrevirão a todo aquele que pratica o mal, primeiro ao judeu e depois ao grego;
10 mas glória, honra e paz a todo o que faz o bem, primeiro ao judeu e depois ao grego.
11 Porque, diante de Deus, não há distinção de pessoas.
Palavra do Senhor.
Salmo 61/62
Senhor, pagais a cada um conforme suas obras.

Só em Deus a minha alma tem repouso,
porque dele é que me vem a salvação!
Só ele é meu rochedo e salvação,
a fortaleza onde encontro segurança!

Só em Deus a minha alma tem repouso,
porque dele é que me vem a salvação!
Só ele é meu rochedo e salvação,
a fortaleza, onde encontro segurança!

Povo, esperai sempre no Senhor
e abri diante dele o coração:
nosso Deus é um refúgio para nós!
Oração
Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça, para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Casamento Comunitário

Casamento Comunitário na Paróquia Nossa Senhora das Candeias acontecerá dia 18 de dezembro de 2013. Maires informação na secretária. 

HORÁRIO DA SECRETARIA:

De terça a sexta das 08:00 às 12:00h e das 14:00 às 16h30min
Aos sábados das 08:00 às 11h30min
ENDEREÇO: Av. Ulisses Montarroyos, nº 6375, Candeias – Jaboatão dos Guararapes
CEP 54.460-280
FONE: (81) 34693674

E-mail: secretariaparoquialcandeias@gmail.com

Francisco: Não podemos nos acostumar com a fome. A cultura do despedício deve acabar



Cidade do Vaticano (RV) – “Fome e desnutrição jamais podem ser consideradas um fato normal ao qual se habituar”: palavras do Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, celebrado esta quarta-feira, 16.

O Pontífice endereçou sua mensagem ao Diretor-Geral do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que foi lida em plenária pelo Observador da Santa Sé na FAO, Dom Luigi Travaglino.

No texto, o Pontífice reitera a frase pronunciada em 20 de junho passado, quando definiu a fome como um escândalo e um dos desafios mais sérios para a humanidade:

“Paradoxalmente, numa época em que a globalização permite conhecer as situações de necessidade no mundo, parece crescer a tendência ao individualismo e ao fechamento em si mesmos. Tendência que leva à indiferença – em nível pessoal, institucional e governamental – por quem morre de fome ou sofre por desnutrição. Mas fome e desnutrição jamais podem ser consideradas um fato normal ao qual se habituar, como se fosse parte do sistema. Algo deve mudar em nós mesmos, na nossa mentalidade, nas nossas sociedades.”

Para Francisco, um passo importante nessa direção seria abater as barreiras do individualismo e da escravidão do lucro a todo custo. “Penso que seja necessário hoje, mais do que nunca, educar-nos à solidariedade, redescobrir o valor e o significado desta palavra tão incômoda e deixada de lado e fazer com que ela norteie as escolhas em nível político, econômico e financeiro, nas relações entre as pessoas, entre os povos e entre as nações.”

Só se pode ser solidário de modo concreto, disse o Papa, recordando que esta atitude não se reduz ao assistencialismo, mas deve levar à independência econômica.

Comentando o tema escolhido pela FAO para a celebração deste Dia, “Sistemas alimentares sustentáveis para a segurança alimentar e a nutrição”, o Papa pede uma renovação desses sistemas numa perspectiva solidária, ou seja, superando a lógica da exploração selvagem da criação, protegendo o meio ambiente e os seus recursos.

Mais uma vez, falou da “cultura do desperdício” – sinal da “globalização da indiferença” que leva a sacrificar homens e mulheres aos ídolos do lucro e do consumo. Um fruto dessa cultura é o desperdício de alimentos – destino de quase um terço da produção alimentar mundial.

Eis então que “educar-nos à solidariedade significa educar-nos à humanidade: edificar uma sociedade que seja realmente humana significa colocar no centro, sempre, a pessoa e a sua dignidade, e jamais liquidá-la à lógica do lucro”.

Esta educação deve começar em casa, disse Francisco, que é a primeira comunidade educativa onde se aprende a cuidar do outro, do bem do outro, a amar a harmonia da criação e a gozar e compartilhar os seus frutos, favorecendo um consumo racional, equilibrado e sustentável.

“Apoiar e tutelar a família para que eduque à solidariedade e ao respeito é um passo decisivo para caminhar rumo a uma sociedade mais équa e humana”, concluiu o Pontífice, garantindo o empenho e a companhia da Igreja Católica neste percurso.

(BF)


Texto proveniente da página do site da Rádio Vaticano

Audiência Geral: "Somos missionários. Uma Igreja fechada em si mesma trai sua própria identidade"



Cidade do Vaticano (RV) – Nesta quarta-feira, mais uma vez a Praça S. Pedro ficou lotada para a Audiência Geral com o Papa Francisco.

Antes das 10h, o Pontífice já estava em meio aos fiéis, a bordo do seu jipe, para cumprimentá-los com bênçãos, carinhos e aperto de mãos. Em sua catequese, o Papa falou de mais uma característica da Igreja professada no Credo: a apostolicidade.

Professar que a Igreja é apostólica, explicou Francisco, significa destacar o elo profundo, constitutivo que ela tem com os Apóstolos. “Apostolo” é uma palavra grega que quer dizer “mandado”, “enviado”. Os Apóstolos foram escolhidos, chamados e enviados por Jesus, para continuar a sua obra. Partindo desta explicação, o Papa destacou brevemente três significados do adjetivo “apostólica” aplicado à Igreja.

Em primeiro lugar, a Igreja é apostólica porque está fundada sobre a pregação dos Apóstolos, que conviveram com Cristo e foram testemunhas da sua morte e ressurreição. “Sem Jesus, a Igreja não existe. Ele é a base e o fundamento da Igreja”, recordou o Papa, afirmando que a Igreja é como uma planta, que cresceu, se desenvolveu e deu frutos ao longo dos séculos, mas mantêm suas raízes bem firmes em Cristo.

Em segundo lugar, a Igreja é apostólica, porque Ela guarda e transmite, com ajuda do Espírito Santo, os ensinamentos recebidos dos Apóstolos, dando-nos a certeza de que aquilo em que acreditamos é realmente o que Cristo nos comunicou.

“Ele é o ressuscitado e suas palavras jamais passam, porque Ele está vivo. Hoje Ele está entre nós, está aqui, nos ouve. Ele está no nosso coração. E esta é a beleza da Igreja. Já pensamos em quanto é importante este dom que Cristo nos fez, o dom da Igreja, onde podemos encontrá-Lo? Já pensamos que é justamente a Igreja – no seu longo caminhar nesses séculos, apesar das dificuldades, dos problemas, das fraquezas, os nossos pecados – que nos transmite a autêntica mensagem de Cristo?”
Enfim, a Igreja é apostólica porque é enviada a levar o Evangelho a todo o mundo. Esta é uma grande responsabilidade que somos chamados a redescobrir: a Igreja é missionária e não pode ficar fechada em si mesma.

“Insisto sobre este aspecto da missionariedade, porque Cristo convida todos a irem ao encontro dos outros. Nos envia, nos pede que nos movamos para levar a alegria do Evangelho. Devemos nos perguntar: somos missionários ou somos cristãos de sacristia, só de palavras mas que vivem como pagãos? Isso não é uma crítica, também eu me questiono. A Igreja tem suas raízes, mas olha sempre para o futuro, com a consciência de ser enviada por Jesus. Uma Igreja fechada trai sua própria identidade. Redescubramos hoje toda a beleza e a responsabilidade de ser Igreja apostólica.”
Após a catequese, o Pontífice saudou os peregrinos de língua portuguesa, em especial os fiéis brasileiros de São José dos Campos, Santos e São Paulo. Em polonês, recordou os 35 anos da eleição à Sé de Pedro de João Paulo II.

(BF)



Texto proveniente da página  do site da Rádio Vaticano
http://pt.radiovaticana.va/news/2013/10/16/audi%C3%AAncia_geral:_somos_mission%C3%A1rios._uma_igreja_fechada_em_si_mesma/bra-737683

Arcebispo propõe reflexão sobre oração e esperança


Uberaba - "A esperança é uma marca indelével em nosso coração", de acordo com Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba, em Minas Gerais, em seu mais recente artigo. Intitulado "Esperança", o texto escrito pelo prelado reflete a relação entre a oração e a esperança que devemos ter em Deus.
Para Dom Paulo, a esperança "nos leva a aspirar por felicidade, dando sentido verdadeiro para a vida",pois, quando não se tem mais esperança, perdemos o sentido da vida, corroendo "a essência do existir com as atitudes do desespero". "O desânimo pode endurecer nossos sentimentos e é um caminho seguro para terminar no desastre da vida, que pode chegar até o suicídio", alertou.
Segundo o arcebispo, a oração é a força para quem busca fortalecer sua esperança em Deus, indicando relacionamento com o Altíssimo, pois partir dela, acontece a "retomada de ânimo, de objetivos e de visão confiante no futuro".
A falta de esperança do brasileiro também foi abordada pelo prelado, que apontou, entre alguns pontos, o envolvimento da população com a cultura do desespero, a insegurança, causada pelos índices de violência e a política do país.
"Não podemos prender os olhos nas tragédias da vida. Cada desgraça pode causar desânimo e desestímulo para a pessoa agir. Mesmo assim é importante contemplar a beleza da vida que enfrenta os desafios da esperança. É fundamental o desejo de continuar defendendo a vida na sua plenitude", enfatiza.
Continuando, Dom Paulo afirma que a esperança "deve dar sabor para a vida, coragem para a luta e determinação para vencer". Para sintetizar sua ideia, o Arcebispo cita a passagem bíblica de Romanos: "A esperança não decepciona" (Rm 5, 5).
"Não é qualquer esperança, como aquela só de ilusões e falsas promessas, mas que seja fundamentada nos princípios da vida". Finalizando, "a verdadeira esperança vem de Deus, daquele que pode fazer das realidades inseguras um caminho de realização plena, ainda na terra, e a dimensão da eternidade feliz", pois "essa esperança cresce na medida de nossa confiança em Deus e na realização de seu projeto de vida na terra". "Na eternidade não haverá mais esperança, porque a vida será toda no amor total de Deus", conclui Dom Paulo.
SIR

Santuário de Frei Galvão prepara festa para o primeiro santo brasileiro


Imagem de Frei Galvão, em Guaratinguetá.
Guaratinguetá  - O Santuário de Santo Antônio de Sant’ Anna Galvão, em Guaratinguetá, interior de São Paulo, se prepara para a Novena e Festa do primeiro santo brasileiro, que acontece entre os dias 16 e 25 de outubro.

A novena em preparação à festa, que começa nesta quarta-feira (16), será celebrada em dois horários: às 14h30 e às 19h e, logo após, a Santa Missa e tem como tema ‘Santo Antônio de Sant’Anna Galvão e a Profissão da Fé Cristã’.
O Santuário espera receber neste ano um público estimado de 60 mil pessoas no mês de outubro. Esses números são baseados na distribuição das pílulas de Frei Galvão em 2012 e, a cada ano, o movimento aumenta significativamente.
Durante coletiva de imprensa, nesta terça-feira (15), o cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, falou sobre a devoção ao santo. Dom Damasceno ressaltou que Frei Galvão, considerado apóstolo da caridade e da paz, é modelo de seguimento de Jesus Cristo e do seu Evangelho.
“O Documento de Aparecida nos mostra que Jesus vem ao nosso encontro e se manifesta a nós de diversas maneiras e uma delas é através dos santos”, acrescentou. O bispo auxiliar de Aparecida, Dom Darci José, também presente na coletiva de Imprensa, falou sobre as obras de melhorias estão sendo realizadas nas dependências do Santuário, que receberá nos próximos dias milhares de romeiros vindos dos mais diversos lugares do Brasil.
“O Santuário começa a receber melhorias como a revitalização do pátio e um estudo para erguer um grande Monumento de Frei Galvão para abrigar futuramente a imagem. A obra é do artista plástico, Cláudio Pastro”, afirmou.

Outras obras como a reforma das rampas para os portadores de necessidades especiais, das calçadas e a arborização e jardinagem também fazem parte das melhorias ao local. O Reitor do Santuário de Frei Galvão, padre Roberto Lourenço da Silva destacou que o Santuário receberá um grande número de romeiros durante os dias de novena e festa. “A intenção é levar o devoto a ter um encontro verdadeiro com Jesus, se sentir mais próximo de Deus e conhecer ainda mais sobre Frei Galvão”, acrescentou o reitor.
O cardeal esclareceu ainda a retirada da estátua do santo da entrada principal de Guaratinguetá para ser abençoado pelo papa Francisco, em sua visita a Aparecida (SP), no dia 24 de julho. “O trevo da Rodovia Presidente Dutra, onde ficava a estátua, não oferecia condições seguras de acesso para os devotos por conta do trânsito intenso, a falta de espaço para a parada dos veículos e o grande risco para os pedestres. Temos a convicção de que o Santuário Arquidiocesano é o local ideal, pois oferece as condições seguras de acesso a todos os romeiros que desejam venerar a imagem”, afirmou.
De acordo com o cardeal, nesta segunda-feira (14), em Audiência Publica, o promotor que julgava o caso arquivou o processo, dando parecer favorável a Arquidiocese de Aparecida para que a estátua seja levada ao Santuário, no bairro Jardim do Vale, espaço dedicado a Frei Galvão.

A estátua poderá ser transferida nos próximos dias do Seminário Bom Jesus, local onde permanece depois de passar por restauro, ao Santuário Arquidiocesano.

Sobre Frei Galvão
Santo Antônio de Sant´Ana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão (Guaratinguetá, 1739 — São Paulo, 23 de dezembro de 1822) foi um frade católico e primeiro santo nascido no Brasil. Em 25 de outubro de 1998, Frei Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II, dele recebendo os títulos de Homem da Paz e da Caridade e de Patrono da Construção Civil no Brasil. De seu processo de beatificação constam 27.800 graças documentadas, além de outras consideradas milagre. Foi canonizado pelo papa Bento XVI em 11 de maio de 2007, durante a visita do pontífice ao Brasil. A comprovação oficial e o anúncio foi feito em 16 de dezembro de 2006.
SIR/A12

A 'nova evangelização', segundo Francisco


Por Andrea Tornielli

“A nova evangelização deve usar a linguagem da misericórdia, feita de gestos e de atitudes, antes que de palavras”. E é necessário “ir até os demais”, dialogando com todos. Foi o que disse o papa, nessa segunda-feira (14), ao receber na Sala Clementina os participantes da assembleia plenária do Pontifício Conselho para a Evangelização, conduzido pelo arcebispo Rino Fisichella. Bergoglio agradeceu pelo serviço desenvolvido e falou sobre o “primado do testemunho”, sobre a “urgência de ir ao encontro” e sobre a necessidade de um projeto pastoral “que se centre no essencial”.

“Em nosso tempo se verifica, muitas vezes, uma atitude de indiferença com a fé”, disse Francisco, e os cristãos, com seu testemunho de vida, devem suscitar perguntas dúvidas em todos os que encontram: “Por que vivem assim? O que os impulsionam?”. “O que necessitamos, especialmente nestes tempos, são de testemunhos credíveis que com a vida e também com a palavra tornem visível o Evangelho, despertem a atração por Jesus Cristo, pela beleza de Deus”.

Muitas pessoas, observou Francisco, distanciaram-se da Igreja, mas é errôneo culpar uns ou outros; “e mais, não se deve falar de culpas. Há responsabilidades na história da Igreja e de seus homens, há certas ideologias e também indivíduos. Como filhos da Igreja – acrescentou o papa – devemos continuar o caminho do Concílio Vaticano II, despojar-nos de coisas inúteis ou prejudiciais, de falsas seguranças mundanas que tornam a Igreja pesada e danificam seu verdadeiro rosto”.

É necessário que os cristãos “tornem visível aos homens de hoje a misericórdia de Deus, sua ternura por cada criatura. Sabemos que a crise da humanidade contemporânea não é superficial, mas profunda. Por isso, a nova evangelização, ao mesmo tempo em que convida a ter a coragem de ir contracorrente, chama a se converter dos ídolos para o único Deus verdadeiro, não pode mais do que usar a linguagem da misericórdia, feita de gestos e de atitudes, antes do que de palavras”.
Cada batizado é “um ‘cristóforo’, portador de Cristo, como diziam os antigos santos Padres. Quem encontrou a Cristo, como a Samaritana do poço, não pode guardar para si esta experiência... Todos devem se perguntar se aqueles com quem nos encontramos percebem em nossa vida o calor da fé, se veem em nosso rosto a alegria de ter encontrado a Cristo!”.

O papa ressaltou que a nova evangelização é um “movimento renovado para os que perderam a fé e o sentido profundo da vida”. E assim como o “Filho de Deus ‘saiu’ de sua condição divina e veio até nosso encontro”, nós, “cada cristão foi chamado a ir ao encontro dos demais, a dialogar com os que não pensam como nós, com os que possuem uma fé diferente ou não a possuem. Encontrar a todos, porque todos temos em comum o fato de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus. Podemos ir ao encontro de todos, sem medo e sem renunciar a nossa pertença”.

“Ninguém – observou Francisco – está excluído da esperança da vida, do amor de Deus. A Igreja foi enviada a despertar por toda a parte esta esperança, especialmente nos lugares em que está sufocada por condições existenciais difíceis, às vezes desumanas, onde a esperança não respira, sufoca-se. Precisa do oxigênio do Evangelho, o sopro do Espírito de Cristo ressuscitado, que a volta a acender nos corações. A Igreja é a casa cujas portas estão sempre abertas, não apenas para que ali cada um possa encontrar acolhida ou respirar amor e esperança, mas também para que possamos sair e levar este amor e esta esperança”.

Para concluir, o papa apontou que “não é útil se perder em muitas coisas secundárias ou supérfluas”, mas que é necessário “concentrar-se na realidade fundamental, que é o encontro com Cristo, com sua misericórdia, com seu amor e o amar aos irmãos”. É preciso “percorrer novos caminhos, com coragem, sem petrificar-nos!”.
O papa enfatizou “a importância da catequese, como momento da Evangelização”, para superar a “fratura entre Evangelho e cultura e o analfabetismo de nossos dias em matéria de fé”. “Recordei em diferentes ocasiões – acrescentou – um fato que me impressionou em meu ministério: encontrar crianças que nem sequer sabiam fazer o sinal-da-cruz!”. Os catequistas desempenham um serviço precioso para a nova evangelização, e é importante que os pais sejam os primeiros catequistas, os primeiros “educadores na fé na própria família, com o testemunho e com a palavra”.
Vatican Insider, 14-10-2013.

A Igreja e as novas famílias

Sínodo dos Bispos, que será realizado em outubro de 2014, deverá discutir novas formações familiares.


Casal posa com filhos de outros casamentos: Igreja atenta às novas configurações familiares. (Foto: Reprodução/bonde.com.br)
Por Gian Guido Vecchi

O grande teólogo Bruno Forte, arcebispo de Chieti e Vasto, na Itália, foi nomeado nessa segunda-feira (16) por Francisco como secretário especial da Assembleia Extraordinária do Sínodo que se realizará no Vaticano, de 5 a 19 de outubro de 2014. Ao seu lado estará o cardeal húngaro Peter Erdo, que será o relator-geral. O tema será "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização".

E os bispos se concentrarão também nas chamadas novas famílias, embora Dom Forte esclareça que a definição é "imprópria" para a Igreja: "Por família, entende-se a união entre homem e mulher fundada no matrimônio e aberta à procriação. Podemos falar de coabitação, de casais de fato...".

Além das definições, o essencial é "a necessidade de responder aos desafios complexos da nossa sociedade" que os bispos do mundo vão discutir por impulso do papa. A centralidade da misericórdia, a ideia de que "a verdade não se esgota na definição dogmática", mas "se insere no amor e na plenitude de Deus".

Sobre os divorciados em segunda união, excluídos dos sacramentos, o novo curso de Francisco havia sido anunciado no fim de julho, na viagem de retorno do Brasil: "Eu acredito que este tempo seja um kairós, uma ocasião de misericórdia". Além disso, é um problema que "não pode ser reduzido apenas" à questão "se se pode ou não fazer a comunhão", declarou ele. Isso significaria "não entender qual é o verdadeiro problema, um problema grave de responsabilidade da Igreja com relação às famílias que vivem nessa situação".

No caso específico, Bergoglio está pensando na possibilidade de anular o primeiro matrimônio por "falta" ou "carência" de fé dos cônjuges e regularizar assim as "segundas uniões". Ele também acenara aos ortodoxos que permitem uma "segunda chance". E deu a entender que isso seria discutido tanto pelo Conselho dos oito cardeais quanto pelo Sínodo. Que, sobre esse ponto, vai ampliar a discussão para todos os casais "irregulares". Incluindo as uniões de fato às quais o próprio Francisco havia se referido no mês passado: a Igreja "deve mostrar o rosto" de uma "acolhida cordial", em particular aos "casais coabitantes".

A própria escolha de Bruno Forte é indicativa. Ele fora o teólogo que denunciou no último Sínodo a "dramática situação dos filhos dos divorciados em segunda união, que muitas vezes são afastados dos sacramentos pela não participação dos pais".

Francisco quis que se falasse também de todas as situações "difíceis". Não está previsto que se fale de casais gays: "O olhar de amizade e misericórdia vai a cada pessoa, mas aqui se trata de outra problemática com relação às famílias", explica Forte.

Destaca-se a excepcionalidade de uma assembleia de bispos chamada a discutir esses temas: "O papa acredita na colegialidade, a ideia de que o Espírito fala à Igreja como um todo. Isso não põe em questão a sua autoridade, ao contrário, é ele que faz o discernimento. Mas ele se põe à escuta. E nos pede que todos saibam que todos são todos filhos da Igreja, que a Igreja os ama e que a ternura de Deus não os abandona nunca".
Corriere della Sera, 15-10-2013.