segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Sobe tu também para a árvore do perdão - convidou o Papa no Angelus deste domingo ao evocar a figura de Zaqueu, o publica












A conversão de Zaqueu, no centro da liturgia deste domingo através do Evangelho de São Lucas, foi o tema desenvolvido pelo Papa Francisco na sua breve alocução antes da Oração Mariana do Angelus. Foi ao meio, da janela do Palácio Apostólico sobre a Praça de São Pedro, que estava, como habitualmente, repleta de gente, transbordando mesmo pela via da Conciliação, e aquecida por um solzinho morno de Outono.

A cena evangélica mostra-nos Jesus a caminho de Jerusalém, já na última etapa da sua vida terrena, quando o cerco das hostilidades se vão restringindo em volta Dele. Mas, ao entrar em Jericó, dá-se um evento alegre: a conversão de Zaqueu, que era chefe dos publicanos, amigo dos ocupantes romanos, ladrão, explorador, e por isso mesmo desprezado pelos cidadãos.

No entanto, quando Zaqueu soube que Jesus iria passar por ali, fez de tudo para ultrapassar a multidão e poder vê-Lo. E como era baixinho, subiu mesmo para cima duma árvore para O ver melhor.
O próprio Zaqueu não sabe bem o significado deste seu gesto, e nem sequer ousa esperar chegar ao pé de Jesus, mas apenas vê-Lo a passar – disse o Papa.

Jesus chama-o pelo seu nome - Zaqueu - que significa “Deus se recorda” e convida-o a descer do Sicómoro, porque vai parar na casa dele. E Jesus vai efectivamente à casa dele, suscitando as críticas de toda a cidade de Jericó, por Ele ter escolhido parar na casa dum pecador.

Para o Papa Francisco isto era normal, pois Zaqueu era uma ovelha perdida, mas nem por isso deixava de ser filho de Abraão, como, aliás, frisou o próprio Jesus, ao dizer que naquela casa tinha entrado a salvação… a alegria, Jesus, acrescentou o Pontífice.

Facto que levou o Papa Francisco a recordar-nos mais uma vez que Deus nunca se esquece de nenhum dos seus filhos, por mais grave que seja o pecado cometido:

Não há profissão ou condição social, não há pecado ou crime de que tipo for, que possa cancelar da memória e do coração de Deus nenhum dos seus filhos. “Deus se recorda”, não se esquece de nenhum daqueles que criou: Ele é Pai, sempre à espera, vigiante e amoroso, de ver renascer no coração do filho o desejo de regressar a casa. E quando reconhece aquele desejo, memo que seja simplesmente esboçado, e muitas vezes quase que inconsciente, põe-se logo ao lado dele, e com o perdão torna-lhe mais leve o caminho da conversão e do regresso” .

Convidando a olharmos para o gesto ridículo de Zaqueu sobre a árvore, mas um gesto de salvação, o Papa dirigiu-se a cada um com estas palavras:

E eu digo a ti: se tens um peso sobre a tua consciência, se tens vergonha de tantas coisas que fizeste, pára um pouco, não te assustes, pensa que alguém te espera. Por que razão havia de se esquecer de ti?! E esse alguém é o teu Pai, é Jesus, é Deus que te espera. Sobe para a árvore como fez Zaqueu, a árvore do desejo de ser perdoado. Eu te asseguro que não hás-de ficar desiludido! Jesus é misericordioso e nunca se cansa de perdoar. Recorda-te bem disto! Jesus é assim!"

E o Papa concluiu exortando a todos os irmãos e irmãs a se deixaram chamar pelo próprio nome por Jesus e a ouvirem no profundo do coração a sua voz que diz “hoje vou parar em tua casa… no teu coração, isto é na tua vida”. Convidou, portanto a acolher Jeus com alegria, porque Ele é capaz de transformar os corações de pedra em corações de carne, de nos libertar do egoísmo, por isso, deixemos que Ele olhe para nós….

O Amor de Deus é invencível – o Papa celebrou missa em sufrágio pelos Cardeais e Bispos falecidos durante este ano

  


Na manhã desta segunda-feira o Papa Francisco celebrou na Basílica de S.Pedro uma missa em sufrágio pelos Cardeais e Bispos falecidos no último ano. Seguindo a tradição o Papa Francisco na sequência da recente comemoração dos Fiéis Defuntos, celebrou pelos 9 cardeais e pelos 136 bispos falecidos nos últimos doze meses. 

Na sua homilia partiu das palavras de S. Paulo que garantem que nada nem ninguém nos poderá separar do Amor de Deus que é Jesus Cristo. Segundo o Santo Padre, o Apóstolo Paulo apresenta o Amor de Deus como o motivo mais profundo e invencível da confiança e da esperança cristãs. Ele elenca as forças contrárias e misteriosas que possam ameaçar o caminho da fé, mas S. Paulo afirma com segurança – continuou o Papa Francisco – que mesmo que toda a nossa existência esteja circundada de ameaças, nada poderá separar-nos do amor que o próprio Cristo mereceu por nós, dando-se totalmente.

O Papa referiu-se, desta forma, na sua homilia ao amor fiel que Deus tem por cada um de nós e que nos ajuda a enfrentar com serenidade e força o caminho de cada dia. Afirmou ainda que só o pecado poderá interromper esta ligação, mas mesmo aí o Senhor nos procura e restabelece a união que perdurará após a morte. Aliás – recordou o Santo Padre - é normal que, perante a morte de uma pessoa que nos seja querida, nos interroguemos sobre o que sucederá à sua vida de trabalho e de serviço à Igreja. O Livro da Sabedoria, Primeira Leitura desta Eucaristia, dá-nos a resposta: “eles estão nas mãos de Deus!”.

“Também os nossos pecados estão nas mãos de Deus” – assegurou o Papa Francisco – “Aquelas são mãos misericordiosas, mãos chagadas de amor. Jesus quis conservar as chagas nas suas mãos para fazer-nos sentir a sua misericórdia.”

O Santo Padre terminou a sua breve homilia recordando os irmãos Cardeais e Bispos falecidos. Homens dedicados à sua vocação a ao serviço da Igreja, que amaram como se ama uma esposa. Na oração confiamo-los à misericórdia do Senhor, por intercessão de Nossa Senhora e de São José, para que os acolha no seu reino de luz e de paz, lá onde vivem eternamente os justos e aqueles que foram fieis testemunhas do Evangelho - concluiu o Papa Francisco.

Dos países lusófonos, para além de nove bispos brasileiros foram expressamente sufragados nesta celebração dois portugueses e dois moçambicanos:

- D. João Alves, bispo emérito de Coimbra, falecido a 28 de junho;

- D. Luís Gonzaga Ferreira da Silva, bispo emérito de Lichinga, que faleceu a 7 de agosto;

- D. António Baltasar Marcelino, bispo emérito de Aveiro, falecido a 9 de outubro; e

- D. Bernardo Filipe Governo, bispo emérito de Quelimane, falecido a 20 de outubro.


Recordemos que já no passado sábado, 2 de novembro, o Santo Padre desceu à cripta da basílica de São Pedro, para se deter em oração pelos Papas (e outros defuntos) ali sepultados. E na sexta-feira, 1 de novembro, de tarde, junto do Cemitério romano de Verano, o Papa Francisco celebrou uma Eucaristia por todos os fiéis defuntos. (RS)

Papa quer fazer da luta contra a escravidão uma prioridade


Papa quer que a Santa Sé lute contra as formas modernas de escravidão.
Cidade do Vaticano (AFP) - O Papa quer que a Santa Sé lute contra as formas modernas de escravidão, sobre as quais uma conferência deve ser organizada em 2015, anunciou nesta segunda-feira o Vaticano após a reunião de um grupo de especialistas convocada por Francisco.

Trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos e demais tráficos mantidos por organizações criminosas internacionais: reunidos durante o fim de semana com as Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, e a Federação Internacional de Associações Médicas Católicas (FIAMC), sessenta observadores, religiosos e leigos formularam uma proposta contra todas as formas de escravidão.

"Alguns observadores acreditam que o tráfico humano irá ultrapassar o tráfico de drogas e armas em 10 anos, tornando-se a atividade criminosa mais lucrativa no mundo", declarou nesta segunda-feira em uma coletiva de imprensa o bispo Marcelo Sanchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências.

Segundo ele, a Santa Sé prepara para 2015 uma reunião de quatro dias a este respeito.

Sorondo destacou o envolvimento pessoal do Papa Francisco nesta questão que a Santa Sé "não reconhecia a seriedade".

O Papa "reconheceu em junho a necessidade de" reunir estas academias.

Entre as formas de trabalho forçado mais preocupantes, especialmente na América Latina, figura a das crianças e adolescentes que vendem drogas, denunciaram os participantes.

Com as organizações criminosas existe uma "cooperação, às vezes inconsciente, de muitas empresas multinacionais e até mesmo de governos", denunciou o bispo Sorondo.

O presidente da FIAMC, Dr. José Maria Simon Castellvi, elogiou como "uma mudança histórica" na atitude dos participantes frente a prostituição. "A linha é a tolerância zero. A prostituição deve desaparecer, não é um mal menor", disse, ressaltando que "a prostituição está sempre ligada à violência da máfia, às drogas".

A cada ano, 2 milhões de pessoas são vítimas de tráfico sexual, 60% são meninas, de acordo com dados divulgados na conferência.
AFP

Papa pede a fieis que transformem corações


Cidade do Vaticano – O papa Francisco disse nesse domingo (3) no Vaticano que a ação de Deus no coração das pessoas pode libertá-las do "egoísmo" e abri-las à misericórdia divina, independentemente da sua "condição social".
“Ele (Deus) pode mudar-nos, pode transformar o nosso coração de pedra em coração de carne, pode libertar-nos do egoísmo e fazer da nossa vida um dom de amor”, declarou, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na praça de São Pedro, para a reza da oração mariana do Ângelus.
O papa destacou que não há "pecado ou crime de qualquer tipo que possa eliminar da memória e do coração de Deus qualquer dos seus filhos". “Jesus é misericordioso e nunca se cansa de perdoar, lembrai-vos bem disso”, acrescentou.
Francisco apresentou Deus como um pai que está "à espera de ver renascer no coração de cada pessoa o desejo do “egresso a casa, colocando-se ao lado de todos com o seu perdão que torna mais leve o caminho da conversão e da volta”.
“Irmãos e irmãs, deixemo-nos também nós chamar pelo nome, por Jesus. No fundo do coração, ouçamos a sua voz que diz: ´Hoje tenho de ficar na tua casa´, isto é, na tua vida", observou.
A reflexão partiu do texto evangélico, do 31º domingo do Tempo Comum, que apresenta Jesus, no seu caminho rumo a Jerusalém, na cidade de Jericó, onde se encontra com Zaqueu, um homem "desprezado e excomungado por ser amigo dos odiados ocupadores romanos, ladrão e explorador".

 "Aquele homem, pequeno em estatura, rejeitado por todos e distante de Jesus, está como que perdido no anonimato, mas Jesus chama-o e esse nome tem um significado pleno de alusões: ´Zaqueu´, de fato, quer dizer ´Deus recorda´", precisou. Após a oração, o papa saudou os presentes e deixou os habituais votos de "bom domingo e bom almoço".

Uma Igreja que se mobiliza para atingir toda a sociedade

Por Padre Inácio Medeiros

Em fins do século XIX e começo do século XX a Igreja no Brasil já demonstrava algumas características próprias que seriam desenvolvidas nas etapas posteriores de sua caminhada histórica, e também algumas tendências estavam se revelando.

Tendências e traços característicos

No Brasil, tínhamos um catolicismo em estado de defesa, vendo no poder civil um rival da instituição. A liberdade de culto acertada com a República foi também vista como ameaça à Igreja e os protestantes foram também vistos como concorrentes. Por isso, a pregação ganhou um forte caráter de apologia.

Outra tendência era a romanização progressiva e a presença das decisões da cúria romana na administração, supervalorizando o jurídico e tirando a possibilidade de muitas inovações. Por fim, veio a europeização, com as levas de padres e religiosos que chegavam ao Brasil. Neste tempo ainda não se buscava a inculturação como nos dias de hoje. Cada grupo mantinha em parte os seus costumes e tradições.

Apesar de certos defeitos e tensões, grandes figuras iriam se destacar no cenário da Igreja do Brasil para mobilizar as forças católicas.

Novas estruturas de Igreja, como as dioceses estavam sendo criadas, obras de caridade desenvolvidas, novas associações foram aparecendo ao lado daquelas tradicionais. Mas a Igreja ainda se encontrava muito distante do povo. Novas congregações religiosas chegavam da Europa e novas formas de devoção iam sendo introduzidas, com uma liturgia pouco espontânea.

Por influência de Roma, o legalismo foi tomando conta e muitas vezes o jurídico e o canônico falava mais alto.

Outra dificuldade do início do século XX era o fato da Igreja não ter ainda conquistado as elites. Por causa disso, a laicização avançava cada vez mais. A Igreja se encontrava bem distante da ordem temporal e muitas vezes os males eram atribuídos ao ateísmo. Dele vinha a desorganização moral e a corrupção.

A sacralização da ordem temporal

Naquele tempo, através da palavra do episcopado, de seus documentos e da orientação recebida de Roma, a missão da Igreja devia ser a de sacralizar a ordem temporal. Pelo confessionário, pela pregação e pelo ensino da doutrina cristã a Igreja cumpria o ministério da palavra. E este deveria vir acompanhado do incentivo às obras de misericórdia e beneficência. Só um pouco mais tarde viria o incentivo a uma ação social mais realista.

Mesmo a ação católica, que tanto bem realizou enquanto existiu, tinha esta função. Seu lema era: restaurar tudo em Cristo. Por restauração se entendia a restauração moral e religiosa e a vitória da religiosidade sobre a secularização. Muito do que se entendia por ateísmo era simplesmente a dessacralização das instituições. Por isso mesmo, o casamento civil instituído no Brasil custou a ser aceito pela Igreja e pelo povo, coisa que ainda hoje acontece. Também motivada na necessidade de sacralizar a ordem temporal a Igreja defendia a todo custo a continuação da educação religiosa nas escolas.

Através dos intelectuais católicos a Igreja tentava mobilizar a elite pensante da época. Por isso a pergunta central era esta: Como deveria ser a vida do cristão, segundo o pensamento desta época?

O cristão deveria frequentar constantemente os sacramentos (confissão e comunhão) deveria testemunhar a fé em todos os momentos e onde quer que estivesse, devia obedecer aos mandamentos da lei de Deus e da Igreja.

A cruzada que havia entrado no Brasil com os portugueses agora se repetia para ver acontecer um Brasil católico.

A vida moral e a prática sacramental se associaram como expressão de uma religiosidade autêntica e pura. Para que isto pudesse acontecer a pessoa deveria deixar de lado o respeito humano e exteriorizar a sua convicção religiosa. Deveria buscar a instrução religiosa, conhecendo as verdades da fé. Só assim seriam superados o fanatismo, a superstição e toda a forma de ignorância religiosa. O cristão deveria ter uma vida devota e cultivar o lado espiritual.

A República se instalou no Brasil, superou a instabilidade e a insegurança inicial e se organizou. Enquanto isso, a Igreja passava por um processo de revitalização, movida pelos ideais do Ultramontanismo e também se firmou. Veio depois o período em que precisou aprender a conviver com a liberdade proporcionada pela separação entre Igreja e o Estado, mas estava afastada do povo, fechada em si mesma, mais preocupada com as questões internas e com a vida espiritual. Por causa disto, perdeu também o acesso às forças intelectuais e elites deste tempo. Era preciso agora recuperar o tempo perdido e mobilizar novamente as forças católicas.

Esforço de mobilização católico

A ação e o esforço de mobilização da Igreja haviam começado com a organização da ação católica. Isto se deve muito ao esforço de Dom Sebastião Leme, arcebispo primeiro de Olinda e depois do Rio de Janeiro.

Deve-se também a ele a organização dos pensadores católicos, pois os intelectuais deveriam estar na vanguarda do cristianismo. Seria ele a iniciar a PUC, Pontifícia Universidade Católica do Rio e a participação de pensadores católicos no processo de reflexão deste tempo.

A década de vinte, com a Semana de Arte Moderna, marcaria no Brasil uma fase de nacionalismo em todos os campos da arte. Os pensadores católicos estavam também participando desta ação e sua ação se devia muito ao surgimento do período chamado de ″A Ordem“ e a liderança de Jackson de Figueiredo.

Preocupações da Igreja

Como preocupação maior da Igreja na primeira metade do século XX tínhamos a sacralização da ordem temporal, as obras dos pensadores católicos e o sobrenatural. Seus expoentes diziam não ser possível chegar à verdadeira civilização sem a fé e sem a participação da Igreja. Dos pensadores católicos haveria de surgir outra corrente, liderada por Alceu Amoroso Lima, que se deixaria levar pelo integralismo e pelo caráter defensivo do catolicismo.

Um grupo de intelectuais e pensadores cristãos tempos depois fundaram o Centro Dom Vital para congregar os pensadores e isso marcou o país até o advento do Concilio Vaticano II.

Dentro da concepção de ação da Igreja para esta época, coloca-se a ação social, corrigindo os desvios sofridos pela história humana, com uma sequência enorme de males provocados por esta divisão entre o espírito e a terra.

Com todo o esforço de mobilização das forças católicas, a Igreja buscou sua influência no social, abrindo-se à problemática socioeconômica, política e cultural. As grandes personalidades da Igreja que foram surgindo neste tempo levariam a Igreja a reassumir seu papel diante da sociedade brasileira.
A12, 31-10-2013.

Afinal, o que é a felicidade?


Jesus desafia as pessoas para serem felizes de outro modo, na consecução do grande tesouro na vida.


Doutores da alegria alegram paciente: Jesus mostra que há mais felicidade em servir do que em ser serviço. (Foto: Reprodução)
Por Dom José Alberto Moura*
O que é a felicidade? Muitas respostas se dão, como a de se sentir bem, ter saúde, dinheiro, sucesso nos negócios, família boa, prazeres, bem estar físico, mental, psicológico e espiritual... Há quem prefira até se sacrificar em busca de valores mais elevados na vida, como a realização de um projeto de vida para melhor usar os talentos para o bem da sociedade... Há políticos que dizem ser tais para servirem... Há quem prefira o encargo para tirar vantagens, até de modo antiético e imoral... Para alguns, a finalidade de se projetarem justifica os meios do roubo e do engano ao próximo e à sociedade. Qual felicidade se busca?

Jesus desafia as pessoas para serem felizes de outro modo, na consecução do grande tesouro na vida, que não se baseia no transitório buscado como finalidade. Seu caminho é mais estreito. O único que leva ao tesouro absoluto, onde a traça não come nem a ferrugem destrói. É lógica e necessária a busca do bem estar procurado dentro dos parâmetros da dignidade da vida, da justiça, da ética e da lei de Deus. Os ídolos assumidos como deuses não levam à felicidade consistente e perpétua. O próprio Jesus fala da relatividade do ter, do poder e do prazer. Mesmo se a pessoa ganhar o mundo todo e não ganhar a felicidade imorredoura, vai adiantar pouco. Perguntado por que possuir 20 fazendas, a pessoa respondeu que era para mostrar sua vantagem em relação a seus colegas, mostrando  que tinha mais do que eles. Tais propriedades eram improdutivas e não serviam as comunidades. Só o orgulho e a ambição não fazem a pessoa ser feliz de verdade!

As bem-aventuranças mostram o programa de vida feliz, apresentadas por Jesus. Os pobres em espírito são os que até podem usar das coisas materiais, mas sem apego. São pessoas que se esvaziam do egoísmo e se enchem do amor de Deus para usar tudo como meio de serviço ao próximo. Os aflitos se ocupam com a superação dos males do semelhante e não se acomodam em seu bem estar pessoal. Os que exercem a mansidão têm atitude de ponderação e confiança em Deus, para se colocarem disponíveis, na utilização de seus talentos, ajudando o próximo. Quem tem fome e sede de justiça  une-se a pessoas e causas comuns para ajudarem na erradicação das fontes de injustiças na sociedade. Misericordioso é quem tem atitude de Cristo, mostrando ter coração e compaixão para com as pessoas falhas e sofredoras.  Quem tem retidão de intenções sabe agir com a prática da ética e da valorização da verdade e do bem. A pessoa que é do bem olha e promove o entendimento, assim como o diálogo e o apaziguamento dos conflitos, para o exercício da caridade. Quem é perseguido por causa da justiça tem a consciência tranqüila e sabe superar o rancor e a vingança, mostrando a verdade e o bem que procura realizar. Todo o sofrimento e incompreensão havidos por causa da coerência  e da fé em Cristo, asseguram  a certeza da retribuição por parte de Deus.

Muitos pensam que a felicidade é ter tudo para si, fechando-se no egoísmo. Jesus mostra que há mais felicidade em servir do que em ser serviço. Embora os filhos das trevas sejam mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz, o próprio Filho de Deus nos ensina que, no final, o joio vai ser arrancado e jogado no fogo. O trigo vai ser guardado no celeiro do Reino de Deus.
A12, 03-11-2013.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo metropolitano de Montes Claros e presidente do Regional Leste 2 da CNBB.

Evangelho do dia

Ano C - 04 de novembro de 2013

Lucas 14,12-14

Aleluia, aleluia, aleluia.
Se guardais minha palavra, diz Jesus, realmente vós sereis os meus discípulos (Jo 8,31s). 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
14 12 Jesus dizia ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: “Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão.
13 Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.
14 Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
UM ENSINAMENTO EXTRAVAGANTE? 
Jesus fez um esforço formidável para colocar no coração de seus discípulos um amor entranhado pelos pobres e marginalizados. Ele bem conhecia o valor salvífico do bem feito aos excluídos, e o quanto agradam ao Pai os gestos de bondade em relação aos necessitados.
O ensinamento a respeito de quem deve ser convidado para um almoço ou jantar tem esta finalidade. Por isso, pode parecer um tanto extravagante. Nada de chamar amigos, irmãos, parentes e vizinhos ricos, quando se oferece um almoço ou jantar. O Mestre aconselha a convidar os aleijados, os coxos, os cegos, que não têm como retribuir.
Jesus opôs-se à tendência humana natural de estreitar as relações com as pessoas às quais queremos bem, e cuja convivência nos é agradável. Ao invés disso, ensinou a escolher os mais carentes de afeto e atenção.
É importante atentar para os motivos sadios que nos devem levar a convidar os pobres para uma ceia familiar. Existem motivos fúteis, como ganhar o prestígio de pessoa caridosa e fazer demagogia barata. Convidar os pobres significa comungar com sua causa, tornar-se solidário com eles, a ponto de tudo fazer para que sua dignidade seja respeitada. Quem age com esta intenção, participará da ressurreição dos justos.

Oração 
Espírito que nos leva a optar pelos pobres, sintoniza-me com os ensinamentos de Jesus, de maneira que os pobres e excluídos ocupem um espaço importante em minha vida.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Romanos 11,29-36
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
11 29 Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis.
30 Assim como vós antes fostes desobedientes a Deus, e agora obtivestes misericórdia com a desobediência deles,
31 assim eles são incrédulos agora, em conseqüência da misericórdia feita a vós, para que eles também mais tarde alcancem, por sua vez, a misericórdia.
32 Deus encerrou a todos esses homens na desobediência para usar com todos de misericórdia.
33 Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis os seus caminhos!
34 Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o seu conselheiro?
35 Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído?
36 Dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém.
Palavra do Senhor.
Salmo 68/69
Respondei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!

Pobre de mim, sou infeliz e sofredor!
Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus!
Cantando, eu louvarei o vosso nome
e, agradecido, exultarei de alegria!

Humildes, vede isto e alegrai-vos: o vosso coração reviverá
se procurardes o Senhor continuamente!
Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres
e não despreza o clamor de seus cativos.

Sim, Deus virá e salvará Jerusalém,
reconstruindo as cidades de Judá,
onde os pobres morarão, sendo seus donos.
A descendência de seus servos há de herdá-las,
e os que amam o santo nome do Senhor
dentro delas fixarão sua morada!
Oração
Conservai, Ó Deus, no vosso povo o espírito que animava são Carlos Borromeu, para que a vossa Igreja, continuamente renovada e sempre fiel ao evangelho, possa mostrar ao mundo a verdadeira face do Cristo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.