quinta-feira, 19 de junho de 2014

Liturgia Diária

DIA 19 DE JUNHO - QUINTA-FEIRA

CORPO E SANGUE DE CRISTO
(BRANCO, GLÓRIA, SEQUÊNCIA [FACULTATIVA], CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE)

Antífona da entrada: O Senhor alimentou seu povo com a flor do trigo e com o mel do rochedo o saciou (Sl 80,17).
Oração do dia
Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Deuteronômio 8,2-3.14-16)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Moisés falou ao povo dizendo: 8 2 "Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor te conduziu durante esses quarenta anos no deserto, para humilhar-te e provar-te, e para conhecer os sentimentos de teu coração, e saber se observarias ou não os seus mandamentos.
3 Humilhou-te com a fome; deu-te por sustento o maná, que não conhecias nem tinham conhecido os teus pais, para ensinar-te que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor.
14 o teu coração se eleve, e te esqueças do Senhor, teu Deus, que te tirou do Egito, da casa da servidão.
15 Foi ele o teu guia neste vasto e terrível deserto, cheio de serpentes ardentes e escorpiões, terra árida e sem água, onde fez jorrar para ti água do rochedo duríssimo;
16 foi ele quem te alimentou no deserto com um maná desconhecido de teus pais, para humilhar-te e provar-te, a fim de te fazer o bem depois disso".
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 147/147B
Glorifica o Senhor, Jerusalém;
celebra teu Deus, ó Sião! 

Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as tuas portas,
e os teus filhos em teu seio abençoou.

A paz em teus limites garantiu
e te dá como alimento a flor do trigo.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.

Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis a Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Leitura (2 Coríntios 10,16-17)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 10 16 o cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo?
17 Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do mesmo pão.
Palavra do Senhor.
Seqüência
Eis o pão que os anjos comem transformado em pão do homem; só os filhos o consomem: não será lançado aos cães! Em sinais prefigurado, por Abrão foi imolado, no cordeiro aos pais foi dado, no deserto foi maná. Bom pastor, pão de verdade, piedade, ó Jesus piedade, conservai-nos na unidade, extingui nossa orfandade, transportai-nos para o Pai! Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida; que a família assim nutrida seja um dia reunida aos convivas lá do céu!
Evangelho (João 6,51-58)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou o pão descido do céu; quem deste pão come, sempre há de viver! (Jo 6,51)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, disse Jesus às multidões dos judeus: 6 51 "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo".
52 A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: "Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?"
53 Então Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.
54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
55 Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.
56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
57 Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.
58 Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente".
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264, em vista de destacar a dimensão sacramental que a tradição romana associou à última ceia de Jesus, já celebrada na semana santa.
A ceia é um momento de alegria, partilha e comunhão. Descartando a manducação do cordeiro pascal, Jesus apresenta-se como o pão que dá a vida, e o vinho que alegra a todos, inaugurando a nova celebração do Reino de Deus. A Eucaristia é a celebração da comunidade viva, animada pelo Espírito, unida em torno de Jesus, empenhada em cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.

(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Sobre as oferendas
Ó Deus, que pelo pão e vinho alimentais a vida dos seres humanos e os renovais pelo sacramento, fazei que jamais falte este sustento ao nosso corpo e à nossa alma. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Pai santo, guarda no teu nome os que me deste, para que sejam um como nós, diz o Senhor (Jo 17,11).
Depois da comunhão
Ó Deus, esta comunhão na eucaristia prefigura a união dos fiéis em vosso amor; fazei que realize também a comunhão na vossa Igreja. Por Cristo, nosso Senhor.

Evangelho do Dia

Ano A - 19 de junho de 2014

João 6,51-58

Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou o pão descido do céu; quem deste pão come, sempre há de viver! (Jo 6,51)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, disse Jesus às multidões dos judeus: 6 51 "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo".
52 A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: "Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?"
53 Então Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.
54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
55 Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.
56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
57 Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.
58 Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente".
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264, em vista de destacar a dimensão sacramental que a tradição romana associou à última ceia de Jesus, já celebrada na semana santa.
A ceia é um momento de alegria, partilha e comunhão. Descartando a manducação do cordeiro pascal, Jesus apresenta-se como o pão que dá a vida, e o vinho que alegra a todos, inaugurando a nova celebração do Reino de Deus. A Eucaristia é a celebração da comunidade viva, animada pelo Espírito, unida em torno de Jesus, empenhada em cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.

(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Deuteronômio 8,2-3.14-16
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Moisés falou ao povo dizendo: 8 2 "Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor te conduziu durante esses quarenta anos no deserto, para humilhar-te e provar-te, e para conhecer os sentimentos de teu coração, e saber se observarias ou não os seus mandamentos.
3 Humilhou-te com a fome; deu-te por sustento o maná, que não conhecias nem tinham conhecido os teus pais, para ensinar-te que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor.
14 o teu coração se eleve, e te esqueças do Senhor, teu Deus, que te tirou do Egito, da casa da servidão.
15 Foi ele o teu guia neste vasto e terrível deserto, cheio de serpentes ardentes e escorpiões, terra árida e sem água, onde fez jorrar para ti água do rochedo duríssimo;
16 foi ele quem te alimentou no deserto com um maná desconhecido de teus pais, para humilhar-te e provar-te, a fim de te fazer o bem depois disso".
Palavra do Senhor.
Salmo 147/147B
Glorifica o Senhor, Jerusalém;
celebra teu Deus, ó Sião! 

Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as tuas portas,
e os teus filhos em teu seio abençoou.

A paz em teus limites garantiu
e te dá como alimento a flor do trigo.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.

Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis a Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Oração
Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.

O significado do Corpus Christi


Que esta seja a oportunidade de reconhecê-Lo como nosso verdadeiro alimento.
Por Dom Orani João Tempesta*
A festa de Corpus Christi é a solene celebração da instituição da Eucaristia e da nossa fé na presença real de Cristo, realizada na quinta-feira após a comemoração da Santíssima Trindade. É uma celebração de preceito, ou seja, dia santo de guarda para todos os católicos que, com seus legítimos pastores, saem pelas ruas de suas cidades testemunhando, publicamente, a sua fé e adoração ao Cristo, presente nas espécies consagradas do Pão e do Vinho, transubstanciados em cada Santa Missa.

O fato de ser numa quinta-feira evoca a celebração da Quinta-feira Santa quando, iniciando o Tríduo Pascal, celebramos a instituição desse mistério. Porém, historicamente, a solenidade como a temos hoje foi introduzida mais tarde.

A festa tem sua origem no século XIII e foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264. É a grande festa do Corpo de Nosso Senhor na Eucaristia. É a afirmação da presença de Cristo inteiramente na santa hóstia, alimento da alma, sacramento da comunhão.
Por meio da Eucaristia, Jesus se dá como alimento, se faz presente perto de nós e nos fortalece pelo caminho. Nela, Jesus comunica seu amor e se entrega verdadeiramente por nós.

A origem da festa de Corpus Christi se dá em Liege, na Bélgica, onde uma freira chamada Juliana de Cornion teria tido inspirações sobre esse mistério, e expressou que seria muito importante que o sagrado mistério Eucarístico fosse celebrado de forma especial e com merecido destaque.

A procissão com a hóstia consagrada e as leituras dos textos litúrgicos desta solenidade foram preparados por São Tomás de Aquino, e datam do ano de 1274. Foi, no entanto, no período barroco que a festa se difundiu e tornou-se um verdadeiro e imenso cortejo de ação de Graças.

No Brasil, a festa é cada vez maior. A tradição de enfeitar as ruas com tapetes coloridos, que recordam a Eucaristia e a vida da Igreja, é verdadeira expressão de fé e de arte que nosso bom povo oferece a seu Cristo, homenageando-O presente inteiramente nas espécies consagradas quando passa pelas capitais, cidades, vilas, povoados e lugarejos mais diversos. Como no passado, Jesus hoje caminha conosco!

A celebração festiva consta de missa, procissão e adoração ao Santíssimo Corpo e ao Santíssimo Sangue de Nosso Senhor. A Santa Missa é o memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo; a procissão, a lembrança da caminhada do povo de Deus, peregrino neste mundo, que marcha para a casa do Pai, o Céu, nossa meta e definitiva morada; e, a adoração, um dos mais profundos gestos de comunhão que podemos estabelecer com Nosso Senhor Jesus Cristo.

A festividade de Corpus Christi ajuda-nos a reviver os mesmos sentimentos da Quinta-feira Santa, quando, na Catedral de São Sebastião, relembramos as palavras de Jesus pronunciadas no Cenáculo: “Tomai, isto é o Meu corpo”, “Isto é o Meu sangue, sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos” (Mc 14, 22.24). Estas palavras, que não só hoje, mas em todas as missas que celebramos, fazem-nos entrar ainda mais no mistério do Verbo de Deus encarnado que, sob as espécies do pão e do vinho, se doa a cada homem como alimento e bebida de salvação.

Que a Solenidade de Corpus Christi seja a oportunidade de renovarmos nossa fé e amor a Cristo presente na Eucaristia. Que seja a oportunidade de reconhecê-Lo como nosso verdadeiro alimento, pão dos homens, pão dos anjos, alimento salutar. Quem come desse pão não terá mais fome, quem bebe desse vinho não terá mais sede.

Que seja ainda a manifestação pública de nossa fé e confiança em Cristo, centro, fonte e ápice de toda a vida da Igreja. Com Cristo, queremos trabalhar sempre mais para que a vida seja um constante caminhar, e promover o bem, a felicidade, a paz e a verdadeira concórdia.

Jesus sacramentado, nosso Deus amado!
CNBB, publicado em 11-06-2012.
*Dom Orani João Tempesta é cardeal e arcebispo do Rio de Janeiro (RJ).

Roteiro Homilético: Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor/A


Confira a liturgia do dia.

COMUNHÃO COM O DOM DE CRISTO

1ª leitura: (Dt 8,2-3.14b-16a) “Foi Deus quem te alimentou no deserto...”, tipologia do maná – O maná era símbolo da completa dependência de Israel de Javé, no deserto; e também do amor e da fidelidade de Javé. A recordação disso serve de guia para a história (Dt 8,2.14). O caminho do deserto era um ensaio de toda a história salvífica, um teste em que Deus quis mostrar seus dons a seu povo, como os continua mostrando (8,16b). Não provindo da tecnologia humana, o maná significa que o homem vive da palavra e da iniciativa de Deus. * 8,2-3 cf. Dt 2,7; Am 8,11; Ex 16; Mt 4,4; Jo 4,34 * 8,14-16 cf. Jr 2,6; Nm 21,6; Ex 17,1-7; Nm 11,7-9; 20,1-13.

2ª leitura: (1Cor 10,16-17): Unidade no cálice da bênção e no pão repartido – Na Ceia eucarística comungamos da existência (corpo) e morte (sangue) de Cristo. Sendo uma esta vida que comungamos, formamos um só corpo também. Isto não é um jogo de palavras: quem despreza o “corpo de Cristo” (Igreja) ao participar da Ceia de seu Corpo sacramentado, exclui-se a si mesmo da comunhão de vida (1Cor 11,29). Quem comunga em Cristo, não pode comungar com os ídolos (de qualquer tipo) (1Cor 10,14). * Cf. 1Cor 11,23-26; Mt 26,26-28; 1Cor 12,12-13; Ef 4,4; 2Cor 5,14-15.

Evangelho: (Jo 6,51-58): Comer e beber a carne e o sangue de Jesus; o dom da vida de Jesus – Jesus, depois de ter explicado que ele é o verdadeiro maná (cf. 1ª leitura), exige agora também que ele seja tomado como alimento, em todos os sentidos, no sentido do crer e do alimento físico. Isto, somente os que têm o Espírito podem entender (6,63), os que receberam o prometido da Última Ceia e continuam celebrando esta ceia como realização da exigência de Cristo. * Cf. Mt 26,26-27; Lc 22,19; 1Cor 11,24; Jo 15,4-5; 5,26; 14,19-20.
*** *** ***
Como que prolongando a atmosfera pascal, atmosfera do mistério de nossa redenção pelo Senhor morto e glorificado, a Igreja quer celebrar de modo mais expresso o sacramento pelo qual participamos da doação até o fim de seu corpo e sangue, conforme a palavra de Jesus na Última Ceia. Embora esta celebração seja uma extensão da Quinta-feira Santa, o evangelho é o texto eucarístico de João, que não se encontra no contexto da Última Ceia, como nos evangelhos sinóticos, mas no contexto da multiplicação do pão. Jesus explica o sentido do “sinal do pão”.

Para os judeus, a multiplicação do pão significou saciação material (cf. o messianismo político); para Jesus, significava o dom de Deus que desce do céu, e que é ele mesmo, em pessoa. Ora, na última parte do discurso (Jo 6,51-58), Jesus especifica mais ainda: esse dom do céu é “sua carne (= existência humana) dada para a vida do mundo” (cf. a fórmula paulina da instituição da Eucaristia, “meu corpo [dado] por vós”, 1Cor 11,23).

Devemos participar deste dom, para termos em nós a vida que ele nos traz, a vida que não é deste mundo, mas de Deus mesmo, a vida eterna (literalmente: “a vida do século [vindouro]”). Devemos assimilar em nós a existência de Cristo por nós, sua “pró-existência”.

Assimilar, pela fé, pela adesão existencial, dando razão a Jesus e conformando nossa vida com a sua. E o sinal sagrado, o sacramento disto, é: comer realmente o pão que é sua “carne” e beber o vinho que é seu sangue. A “carne” é a existência humana, carnal, mortal; o sangue é a vida derramada na morte violenta. É isso que devemos assimilar em nós pelos sinais sagrados. A essas realidades devemos aderir na fé, assinalada pelo sacramento. Devemos “engolir” Jesus bem assim como ele foi: dado até a morte sangrenta. Realizando autenticamente este sinal, teremos a vida divina que ele nos comunica.

1ª leitura serve para preparar o reto entendimento do sinal do pão, ao qual o evangelho faz alusão. Já no Dt 8,3, o dom do maná, do “pão caído do céu”, é interpretado num sentido não material, mas teologal: o homem vive de tudo que sai (da boca) do Senhor: sua palavra, sua Lei. Ora, a Palavra por excelência é Jesus Cristo. O Sl 147 relaciona, exatamente, o dom do trigo com a palavra que Deus manda para a terra (salmo responsorial).

Na 2ª leitura, Paulo lembra – talvez utilizando as palavras de algum hino dos primeiros cristãos – que o cálice do sagrado “brinde” (bênção) e o pão repartido na assembleia cristã são participação e comunhão do sangue e do corpo do Senhor; participação ou “mistério” que nos faz reviver a doação do Cristo e realizá-la em nossa vida. E essa comunhão do único pão nos torna o único Corpo do Cristo.

Portanto, a festa do Corpus Christi não é veneração supersticiosa de um pedacinho de pão, nem uma ocasião para mandar procissões triunfalistas pelas ruas. É um comprometimento pessoal e comunitário com a vida de Cristo, dada por amor até a morte. É o memorial da morte e ressurreição do Cristo (oração do dia), mas não um mausoléu; é um memorial vivo, no qual assimilamos o Senhor, mediante a refeição da comunhão cristã, saboreando um antegosto da glória futura (oração final, cf. O Sacrum Convivium, de Santo Tomás de Aquino).

Merece atenção ainda a oração sobre as oferendas, inspirada na Didaqué e em 1Cor 10,17, utilizando o simbolismo do trigo e da uva reunidos até formarem pão e vinho, para simbolizar a unidade da Igreja em Cristo. Pois a festa do Corpus Christi é também a festa do seu Corpo Místico, a Igreja, que ele nutre e leva à unidade da mútua doação.

A EUCARISTIA

O evangelho de Corpus Christi é o final do “sermão do Pão da Vida” segundo o evangelho de João. Depois da multiplicação dos pães, Jesus explicou o sentido do “sinal” que acabou de fazer: significava que ele mesmo é “o pão que desce do céu” como um presente de Deus à humanidade. E no fim explicou um sentido mais profundo ainda deste mesmo “sinal”: o sentido que celebramos na eucaristia. Alimentamo-nos de Cristo, não somente escutando sua palavra, mas recebendo o dom de sua “carne” (= vida humana) e “sangue” (= morte violenta) dadas “para a vida do mundo” (v. 51). Tomando o pão e o vinho da eucaristia, recebemos Jesus como verdadeiro alimento e bebida. A sua vida, dada para a vida do mundo, até a efusão de seu sangue, torna-se nossa vida, para a eternidade.

Este dom do Cristo vale muito mais que o maná, com o qual Deus alimentou os antigos judeus no deserto (1ª leitura). O pão e o cálice, recebidos na fé, nos fazem participar da vida que Cristo viveu até a morte por amor, e nos unem em comunhão com os irmãos (2ª leitura). Celebrar é tornar presente. Receber o pão e o vinho da Eucaristia significa assumir em nós mesmos a vida dada por Jesus até morrer para todos nós, em corpo e sangue. Significa “comunhão” com esta vida, viver do mesmo jeito. E significa também comunhão com os irmãos, pelos quais Cristo morreu (“um só pão”).

Quando, na oração eucarística, o sacerdote invoca o Espírito Santo e pronuncia sobre o pão e o vinho as palavras de Jesus na Última Ceia, Jesus se torna presente, dando-nos seu corpo e sangue, sua vida dada em amor até o fim. Quando nós então recebemos o pão e o vinho, entramos em comunhão com a vida, a morte e a glória eterna de Jesus, e também com os nossos irmãos, que participam da mesma comunhão.

Na Eucaristia torna-se presente o dom da vida de Cristo para nós. Mas a Eucaristia se torna fecunda apenas pelo dom de nossa própria vida, na caridade e solidariedade radical. Para que o pão eucarístico realize a plenitude de seu sentido, é preciso resgatar o pão cotidiano da “hipoteca social” que o torna sinal de conflito, exploração, anticomunhão. Quando o pão cotidiano significar espontaneamente comunhão humana, e não suor e exploração, o sentido de comunhão do pão eucarístico será mais real. Antes de falar da eucaristia, Jesus multiplicou o pão comum.

(O Roteiro Homilético é elaborado pelo Pe. Johan Konings SJ – Teólogo, doutor em exegese bíblica, Professor da FAJE. Autor do livro "Liturgia Dominical", Vozes, Petrópolis, 2003. Entre outras obras, coordenou a tradução da "Bíblia Ecumênica" – TEB e a tradução da "Bíblia Sagrada" – CNBB. Konings é Colunista do Dom Total. A produção do Roteiro Homilético é de responsabilidade direta do Pe. Jaldemir Vitório SJ, Reitor e Professor da FAJE).
 

Ardor e zelo do Papa Francisco


Deus se revela nas mais diversificadas constâncias da vida.
Por Geovane Saraiva*

Na sua reflexão para a Solenidade da Santíssima Trindade deste ano de 2014, Padre César Augusto dos Santos sj, lá do Vaticano, concluiu assim: “Filipe, quem me vê, vê o Pai. Dirijamo-nos ao Deus de Amor, a esse Deus que, por amor, rasgou seu coração, e sintamos a plenitude de seu querer bem a nós. Se o mandamento se resume em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, do mesmo modo como Ele nos amou, saibamos que antes de tudo o Senhor não só nos criou, mas, por amor a nós, se entregou até a morte”.É o que percebemos no nosso querido Papa Francisco, com seu coração rasgado e sangrando de amor, quando sente uma profunda compaixão pelos jovens e idosos, nesta bela afirmação: "Ao descartar os jovens e os idosos, se descarta o futuro de um povo, porque os jovens vão seguir com força para frente e porque os idosos nos dão a sabedoria, têm a memória deste povo e devem passá-la aos jovens".

Diante das palavras proféticas do Romano Pontífice, me vem na mente e no coração os discípulos de Emaús, tomados de sensibilidade, ao anunciar a boa notícia aos amigos: “O Senhor está vivo! Nós o vimos! Ele nos falou das Escrituras e comeu o pão conosco. Nosso coração ardia pelo caminho” (cf. Lc 24, 13-35). O coração deles ardia, consumia-se em chamas, sangrava e inflamava-se de amor, porque ele é eterno e nele está o sentido da vida, causando-lhes profundas alegrias e motivações.

Sabemos que o centro da história está na vinda do Filho de Deus ao mundo; história esta que se divide em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo. Neste sentido, a encarnação do Verbo marcou o fim de uma nova era e o começo de uma nova e que, neste teatro da vida, a humanidade peregrina na história, confiada no absoluto de Deus, em meio às coisas passageiras, se põe a caminho na direção do definitivo. É importante perceber uma nítida preocupação do Santo Padre, no sentido de sensibilizar a criatura humana, através de sua profecia de importância incomensurável: "No centro de todo sistema econômico deve estar o homem, o homem e a mulher, e tudo o mais deve estar a serviço deste homem. Mas nós colocamos o dinheiro no centro, o deus dinheiro. Caímos em um pecado de idolatria".

Deus se revela nas mais diversificadas constâncias da vida, assim como se revelou e se manifestou ao profeta Elias, o qual cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada de uma gruta. Ouviu, então, uma voz que dizia, Elias? Ele respondeu: Estou ardendo de zelo pelo Senhor, Deus todo poderoso (cf. 1Rs 19, 13-14). Este acontecimento bíblico faz-nos associar ao Papa Francisco, no seu coração sensível e grandioso, ao afirmar com força (13/06/2014), no jornal "La Vanguardia": "A economia se move pelo afã de ter mais e, paradoxalmente, se alimenta uma cultura do descarte. Os jovens são descartados quando se limita a natalidade. Os idosos também são descartados porque não servem mais, não produzem".

O bispo de Roma voltou a criticar a economia como descarte, dizendo: "Alguém me disse que 75 milhões de europeus com menos de 25 anos estão desempregados. É uma barbaridade. Mas descartamos toda uma geração por manter um sistema econômico que não se aguenta mais". Ademais, Francisco demonstra sinais evidentes de que está preocupado com o desemprego entre os jovens, seja na Europa ou em qualquer parte de todo o planeta.

Deus abençoe e encoraje sempre mais o Papa Francisco, ele que acabou de afirmar: "sou um Papa com o coração de pároco", impulsionando o sonho de uma Igreja mobilizada e mobilizadora, na salutar luta em favor da ética mundial e contra as injustiças, sem jamais esquecer todo seu enorme esforço em favor da concórdia e da paz, concretizada na sua visita à Terra Santa e em seguida, transformando o Vaticano na Casa da Paz.
* Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”.

Papa Francisco faz apelo por refugiados


"Rezemos para Nossa Senhora, que conhece a dor dos refugiados, pelos nossos irmãos e irmãs refugiados", pediu.
O papa Francisco fez um apelo nesta quarta-feira (18) para que todas as pessoas e instituições ofereçam "acolhimento, dignidade e esperança" aos refugiados. A declaração do Pontífice foi feita durante a audiência geral semanal na Praça São Pedro, no Vaticano, por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, celebrado dia 20 de junho. "Jesus foi um refugiado. Teve de fugir para salvar sua vida. Com José e Maria, foi para o Egito", afirmou Francisco."Rezemos para Nossa Senhora, que conhece a dor dos refugiados, pelos nossos irmãos e irmãs refugiados", pediu. "O número de refugiados está crescendo e, nos últimos dias, outras milhares de pessoas tiveram de abandonar suas casas para se salvarem. Milhões de famílias de tantos países, milhões, milhões. Todos dividem seus medos e incertezas do futuro", comentou o Papa.
Francisco já fez outros apelos sobre o tema, ao qual costuma dar grande destaque em suas homilias. Logo após ser eleito Papa, em março de 2013, ele resolveu visitar a ilha de Lampedusa, no sul da Itália, que recebe milhares de imigrantes ilegais anualmente.
Ansa

Novos membros do Conselho Presbiteral tomam posse



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O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, deu posse na manhã desta quarta-feira, 18, aos novos membros do Conselho Presbiteral da arquidiocese. O grupo é formado por dezenove membros natos, dezesseis membros eleitos (sendo oito suplentes) e cinco membros nomeados. Após a posse, os sacerdotes participam da primeira reunião como membros eleitos, na Sede da Cúria Metropolitana, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife.

Os conselheiros têm mandato de dois anos (2014- 2016). Os membros eleitos representam os oito Vicariatos Episcopais já que o Vicariato Olinda será desmembrado e dará origem ao Vicariato Igarassu. Também foi acrescida mais uma vaga nos membros natos que será do vigário episcopal de Igarassu ainda a ser definido.

Regulamentado por normas próprias contidas no Código de Direito Canônico e por um estatuto particular, o Conselho Presbiteral é obrigatório em todas as dioceses.

O conselho tem a função de auxiliar o bispo diocesano na administração pastoral da diocese. O voto dos membros tem valor consultivo.
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Da Assessoria de Comunicação AOR