quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Líderes religiosos comentam a renúncia do papa Bento XVI

papabento13022013
A renúncia de Bento XVI foi acolhida com respeito e apreço pelo Secretário-Geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Rev. Olav Fykse Tveit. "Respeitamos totalmente a decisão de Sua Santidade Bento XVI de renunciar", disse o pastor na sede do CMI, em Nova York, onde se encontra em visita.

"Com profundo respeito, vimos como ele assumiu a responsabilidade e o peso de seu ministério em idade avançada, num momento difícil para a Igreja. Manifesto meu apreço pelo seu amor e compromisso com a Igreja e com o movimento ecumênico. Pedimos a Deus que o abençoe neste momento e nesta fase de sua vida e que guie a Igreja Católica neste período importante de transição", sublinhou Tveit.
O novo arcebispo de Cantuária, Dr. Justin Welby, primaz da Igreja Anglicana, após a notícia da renúncia de Bento XVI ao pontificado, disse que "o Papa Bento XVI nos mostrou o que pode ser concretamente a vocação à Sé de Pedro, um testemunho universal do Evangelho e um mensageiro da esperança”. E completou: "Nós, que pertencemos à família cristã estamos cientes da importância deste testemunho e nos unimos aos nossos irmãos católicos no agradecimento a Deus pela inspiração e o desafio do ministério do Papa Bento XVI”.
Dom Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém, com os bispos auxiliares, sacerdotes e fiéis da Terra Santa saúdam com gratidão a coragem, sabedoria moral e humildade de Bento XVI que serviu com dedicação à Igreja por quase 8 anos. Por meio de nota, afirmam que foi com grande alegria e esperança que “receberam a Exortação Apostólica Ecclesia in Medio. Através dela os cristãos do Oriente Médio apreciaram os conselhos e instruções a fim de serem nesta região e no mundo comunhão e testemunho”. O texto termina dizendo que "com emoção, oração e recolhimento agradece de coração a Bento XVI pelo afeto paterno e compromisso pela paz na Terra Santa e deseja ao Santo Padre que a Virgem Maria o acompanhe nessa decisão e no tempo de descanso que o espera". 
O presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Renzo Gattegna, declarou que os “judeus italianos manifestaram proximidade e respeito ao Papa Bento XVI pela decisão dolorosa e corajosa tomada neste momento". Ele recordou foi extremamente significativo, ao longo do magistério do papa, “os passos dados em favor da aproximação entre judeus e cristãos, na esteira de valores comuns".

Audiência geral: Bento XVI agradece aos fiéis “pelo amor e pela oração"


papa13022013Bento XVI recebeu nesta quarta-feira, 13 de fevereiro, na Sala Paulo VI cerca de 10 mil fiéis e peregrinos para a Audiência Geral – o primeiro evento público depois do anúncio de sua renúncia.
De fato, no início da Audiência, o Pontífice se dirigiu aos presentes com essas palavras:
“Como sabem, decidi (aplausos)... obrigado por vossa simpatia. Decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou em 19 de abril de 2005. Eu o fiz em plena liberdade pelo bem da Igreja, depois de muito rezar e examinar diante de Deus a minha consciência, bem consciente da gravidade deste ato, mas, ao mesmo tempo, consciente de não ser mais capaz de desempenhar o ministério petrino com aquela força física e de espírito que isso requer. Ampara e ilumina-me a certeza de que a Igreja é de Cristo, o Qual jamais a faltará sua guia e seu cuidado. Agradeço a todos pelo amor e pela oração com os quais me acompanharam. Obrigado, senti quase fisicamente nesses dias para mim nada fáceis, a força da oração que o amor da Igreja, a vossa oração, me oferece. Continuem a rezar por mim, pela Igreja, pelo futuro Papa. O Senhor nos guiará”.
A catequese desta quarta-feira foi dedicada ao início do tempo litúrgico da Quaresma – os quarenta dias que nos preparam à celebração da Santa Páscoa. “É um período de esforço especial no nosso caminho espiritual”, disse o Papa, explicando que é o tempo que Jesus passou no deserto antes de iniciar sua vida pública, e onde foi tentado pelo maligno.
Refletindo sobre as tentações a que Jesus foi sujeito, cada um de nós é convidado a dar resposta a esta pergunta fundamental: Que lugar tem Deus na minha vida? As provas às quais a sociedade atual submete o cristão, de fato, são muitas, e dizem respeito à vida pessoal e social. Não é fácil ser fiel ao matrimônio cristão, praticar a misericórdia na vida cotidiana, deixar espaço à oração e ao silêncio interior. “A tentação de colocar de lado a própria fé está sempre presente e a conversão se torna uma resposta a Deus que deve ser confirmada mais vezes na vida”, afirmou.
Neste Tempo de Quaresma, no Ano da fé, o Papa nos convida a renovar nosso empenho no caminho de conversão, para superar a tendência de nos fechar em nós mesmos e para deixar, ao invés, espaço a Deus, olhando com seus olhos a realidade cotidiana. “Converter-se significa não fechar-se na busca do próprio sucesso, do próprio prestígio, da própria posição, mas fazer de modo que todos os dias, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor se tornem a coisa mais importante.”
Eis o resumo que o Papa fez de sua catequese em português:
“Queridos irmãos e irmãs, hoje, Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa. Estes quarenta dias de penitência nos recordam os dias que Jesus passou no deserto, sendo então tentado pelo diabo para deixar o caminho indicado por Deus Pai e seguir outras estradas mais fáceis e mundanas. Refletindo sobre as tentações a que Jesus foi sujeito, cada um de nós é convidado a dar resposta a esta pergunta fundamental: O que é que verdadeiramente conta na minha vida? Que lugar tem Deus na minha vida? O senhor dela é Deus ou sou eu? De fato, as tentações se resumem no desejo de instrumentalizar Deus para os nossos próprios interesses, em querer colocar-se no lugar de Deus. Jesus se sujeitou às nossas tentações a fim de vencer o maligno e abrir-nos o caminho para Deus. Por isso, a luta contra as tentações, através da conversão que nos é pedida na Quaresma, significa colocar Deus em primeiro lugar como fez Jesus, de tal modo que o Evangelho seja a orientação concreta da nossa vida. Amados peregrinos lusófonos, uma cordial saudação para todos, nomeadamente para os grupos portugueses de Lamego e Lisboa, e os brasileiros de Curitiba e Porto Alegre. Possa cada um de vós viver estes quarenta dias como um generoso caminho de conversão à santidade que o Deus Santo vos pede e quer dar! As suas bênçãos desçam abundantes sobre vós e vossas famílias! Obrigado!”
O papa preside ainda hoje, na Basílica de São Pedro, a missa da Quarta-feira de Cinzas.

“Nós queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade", diz presidente da CNBB sobre Campanha da Fraternidade


domdamascnoroxo“Nós queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade que os acolhe, demonstrando a confiança que a Igreja deposita em cada um deles”: esta é a finalidade da Campanha da Fraternidade (CF) deste ano segundo o Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Card. Raymundo Damasceno Assis.


A CF deste ano tem como tema “Fraternidade e Juventude” e o lema “Envia-me”. Eis o que disse o Card. Raymundo entrevistado pela Rádio Vaticano:

Primeiramente, nós estamos celebrando os 50 anos da Campanha da Fraternidade. Ela começou em Natal em 1962. A CF deste ano se insere dentro da preparação da visita do Papa para a próxima Jornada Mundial da Juventude. Sabemos que o Papa Bento XVI havia prometido estar no Rio de Janeiro para presidir a JMJ, mas com a sua renúncia nós esperamos e cremos que seu sucessor estará presente no Rio no mês de julho próximo.
 
A CF com este tema, Fraternidade e Juventude, tem seus antecedentes. Em 2011, a Assembleia dos Bispos do Brasil criou a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude – uma Comissão que tem como objetivo acompanhar as pastorais da juventude aqui no Brasil: as pastorais da juventude, os movimentos apostólicos, novas comunidades e acompanhar também aquelas congregações que têm como carisma a dedicação, a formação dos nossos jovens, para que o trabalho da juventude aqui em nosso país seja feito na unidade dentro da diversidade dos carismas e de cada um dos movimentos e das novas comunidades. Visando criar em cada uma das dioceses o chamado “setor da juventude” – um setor que compreende todos aqueles que trabalham com a juventude.
 
A CF visa também preparar de uma forma “mais próxima” a JMJ e nós queremos com esta CF, e queremos fazê-la com os jovens e para os jovens, procurar despertar na nossa sociedade, nas nossas comunidades essa importância dos jovens. Nós devemos, como diz o Papa na sua mensagem para CF, ajudar os jovens a tornarem-se protagonistas de uma sociedade mais justa, mais fraterna, inspirada no Evangelho. E o Papa afirma que se os jovens forem o presente, eles serão também o futuro. Nós queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade que os acolhe, demonstrando a confiança que a Igreja deposita em cada um deles.

Celebração de Cinzas e Abertura da Campanha da Fraternidade 2013 – Arquidiocese de Olinda e Recife


Jl 2,12-18; 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18
Brasão de dom Antônio Fernando Saburido
Ainda sob o impacto da renúncia do Santo Padre, o papa Bento XVI e na expectativa da eleição do seu sucessor, iniciamos mais uma Quaresma, tempo litúrgico em que a Igreja nos convida a conversão. “Convertei-vos e crede no Evangelho!” é o convite que escutaremos logo mais, no momento da imposição das cinzas sobre nossas cabeças. Outra fórmula utilizada para esse momento é bem realista: “lembra-te que és pó e em pó te hás de tornar”. Na vida tudo passa, somente Deus permanece! Portanto, vale a pena voltar, inteiramente, nosso coração e todo o nosso ser para os valores do Reino, para estarmos seguros dos ganhos espirituais que são eternos. Estes 40 dias de retiro espiritual nos confirmam a misericórdia de Deus, diante de gestos sinceros de arrependimento e disposição de mudar, conforme nos ensina o profeta Joel na 1ª leitura: “rasgai o coração e não as vestes; e voltai para o Senhor vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”.
 A Quarta-feira de Cinzas propõe a esmola, o jejum e a oração como metodologia segura para a conversão e o encontro com Deus. Conforme o Evangelho nos aconselha, tudo deve ser feito com discrição  no propósito de ser visto, apenas, pelo Pai que está nos céus. “E o teu Pai que vê o que está escondido, te dará a recompensa”, palavra que escutamos três vezes neste pequeno texto Mateus.  No mundo atual, cheio de ilusões enganosas, cuja segurança está posta em valores momentâneos, as pessoas sentem necessidade de serem vistas e reconhecidas. Esta atitude contradiz a Palavra de Deus que nos convida à imitação “daquele que não cometeu nenhum pecado e Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus” (2Cor 5,21), conforme escutamos na segunda leitura. Ao grande dom de amor que nos fez o Pai enviando-nos seu filho como preço do nosso resgate, mistério que celebraremos no tríduo pascal, respondamos com igual gesto de amor e misericórdia para com os nossos semelhantes.
No ano em que o Brasil tem a honra de acolher a Jornada Mundial da Juventude na cidade do Rio de Janeiro, em julho próximo, a CNBB lança a segunda Campanha da Fraternidade sobre a “Evangelização da Juventude”. A primeira foi em 1992 e teve por Lema: “juventude: caminho aberto”. Desta vez, “Eis-me aqui, envia-me (Is 6,8), em sintonia com o tema “”Ide e fazei discípulos entre todas as nações (cf. Mt 28,19), escolhido pelo Papa Bento XVI para a próxima JMJ. É mais uma ocasião em que a Igreja insiste na proposta missionária, chamando especial atenção da juventude, para que se sinta protagonista, especialmente, junto aos companheiros da mesma faixa etária.
A Campanha da Fraternidade que teve início na Arquidiocese de Natal e logo foi recebendo adesões de dioceses vizinhas. Este ano está celebrando jubileu de 50 anos que foi assumida nacionalmente pela CNBB. Para comemorar o acontecimento haverá especial celebração em Natal com a presença de todo o nosso Regional Nordeste II e representantes da sede nacional.
O objetivo geral da CF-2013 é: “Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz. Os objetivos específicos são três: 1º) Propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida; 2º) Possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada, para que eles possam contribuir com seus dons e talentos; 3º) Sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum”.
Neste tempo de “mudança de época” a humanidade e, muito especialmente, a juventude tem sofrido grandes influências na sua estrutura psicológica, social e intelectual. Está escrito no ver texto-base: “Hoje, a relação entre pais e filhos é muito diferente da observada nas gerações anteriores. Há uma considerável influência das novas tecnologias no modo de estruturar e viver a vida familiar. Tais tecnologias podem atuar positivamente ou negativamente. Muitas vezes percebemos que alguns adolescentes e jovens tendem a um isolamento, quando usam essas ferramentas tecnológicas, com consequências prejudiciais para o seu desenvolvimento social e psicológico. A família, principalmente nas grandes cidades, transformou-se num grupo de pessoas que moram juntas, uma vez que pais e filhos se isolam diante da TV ou do computador, em detrimento do diálogo e da partilha”. Esta realidade exige, portanto da parte de todos, família, Igrejas e sociedade, especial atenção para adaptar-se aos novos tempos de maneira sábia e eficaz para o bem daqueles/as que Deus confiou aos nossos cuidados.
A Igreja, em todo o mundo e muito especialmente no Brasil, tem voltado atencioso olhar para a juventude, pondo em prática a “opção preferencial pelos jovens e pelos pobres”, assumida oficialmente em Puebla (México), no ano de 1979. Isto vem se confirmando desde os velhos tempos da “Ação Católica” com as organizações juvenis: JAC, JEC, JIC, JOC e JUC e, mais recentemente, a 44ª Assembléia Geral da CNBB de 2007 que gerou o Doc. 85 “Evangelização da Juventude” e criação da Comissão Episcopal para a Juventude. Não resta dúvida que, a Jornada Mundial da Juventude que, de fato, já começou a acontecer no Brasil, desde a conclusão da jornada de Madri, na Espanha, tem motivado os nossos jovens a participar ativamente da vida paroquial e diocesana, e despertado interesse em participar, do grande momento no Rio de Janeiro, com a presença do novo papa.
Dados do Censo 2010 do IBGE indicam que 76,3% dos jovens têm uma religião, dentre eles: 54,9% se declaram católicos e 21,4% evangélicos (protestantes históricos, pentecostais e neopentecostais). 2% se dizem ateus e 14,3% sem religião. Sem dúvida, percentuais elevados e que representam desafio pastoral para mantê-los na fé e motivar os incrédulos e indiferentes. Comenta a pesquisa: “o temor de Deus está entre os quatro valores mais importantes para os jovens”. Em junho de 2011, o papa Bento XVI afirmou aos jovens da Diocese de San Marino “Permiti que o mistério de Cristo ilumine toda a vossa pessoa! Então, podereis levar aos vários ambientes aquela novidade que pode mudar os relacionamentos, as instituições e as estruturas, para edificar um mundo mais justo e solidário, animado pela busca do bem comum. Não cedais a lógicas individualistas e egoístas! Que vos conforte o testemunho de muitos jovens que alcançaram a meta da santidade”. Trata-se, portanto, de convocação para o acolhimento da Palavra de Deus, com coragem, alegria e muito compromisso social. É animador constatar jovens evangelizando jovens, com sua linguagem própria e peculiar maneira de ser.
É motivo de preocupação a situação de violência em nosso pais atingindo, sobretudo, a juventude. O Brasil é o sexto país no ranking de homicídios entre jovens. De acordo com o mapa da violência de 2011, elaborado pelo Instituto Sangari, a taxa de homicídios entre pessoas de 15 a 24 anos subiu de 30 mortes por 100 mil jovens em 1998 para 52,9 em 2008. Nesse período, o número total de homicídios registrados no país cresceu 17,8%. Os homicídios são responsáveis por 39,7% das mortes de jovens no Brasil. Na população adulta, 1,8% dos óbitos foi causado por homicídio. O sociólogo Julio Jacobo, que coordenou o estudo, afirmou que a situação no Brasil é “epidêmica”. A taxa de homicídios entre jovens está três vezes acima da média internacional. Também cresceu o percentual de morte de jovens por acidentes de trânsito e suicídio. Entre 1998 e 2008 a taxa de mortes no trânsito entre a população jovem foi de 32,4%. Entre a população adulta, a taxa foi de 26,5%, portanto, 6% menor.
Foi essa razão que nos levou a escolher o Cenip (Centro de Internação Provisória de Menores Infratores da Funase) para o lançamento arquidiocesano da CF-2013. O setor juventude da CNBB, inclusive, iniciou alguns anos atrás movimento profético de denúncia contra o extermínio da juventude. A Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), pensada inicialmente para ressocializar os menores infratores, através da educação escolar, convivência fraterna e profissionalização, precisa avançar mais para atingir essa meta. É frequente chegar ao conhecimento público atos de violência, sobretudo, nas unidades de Abreu e Lima e do Cabo de Santo Agostinho, inclusive, com mortes chocantes de menores de idade. A superlotação e maus tratos, somados às disputas internas de força e liderança, além da ociosidade numa idade em que a pessoa está transbordando de energia, contribuem para lamentáveis ocorrências dessa natureza.
Estamos aqui para dizer a vocês, meus caros jovens reeducandos, que nós os amamos e queremos colocar em prática o Evangelho quando ensina: “Eu estava na prisão e viestes a mim” (Mt 25,36). Nós acreditamos no potencial de vocês e queremos que ele seja utilizado para o bem e não para o mal. Queremos solidarizar-nos com todos diante da situação desigual de que são vítimas e não tiveram, talvez, o discernimento necessário para superar as barreiras. Desejamos, especialmente, através da Comissão para Juventude e Pastoral Carcerária, acompanhá-los de perto e ajudá-los a encontrar o verdadeiro sentido para suas vidas. Estamos desejosos de libertá-los da prisão física e, ainda mais, da prisão psicológica e espiritual que os acorrenta.
Além do ano da Fé que iniciamos em outubro próximo passado, a população católica do Brasil está com o olhar voltado para os jovens, por conta da Jornada Mundial da Juventude e Campanha da Fraternidade que estamos iniciando hoje. Em janeiro de 2012 a cruz missionária e o ícone de Nossa senhora, que continuam peregrinando pelo Brasil, passaram pela Funase de Abreu e Lima e muitos dos ré-educandos tiveram oportunidade de tocá-los. Hoje, é mais uma ocasião em que o Cristo Jesus vem ao encontro de vocês. É preciso, apenas um gesto simples, dizer sim, como fez nossa mãe Maria, e abrir o coração para acolher o Senhor que muito os ama e lhes garante vida e vida em plenitude (Jo 10,10).
A Quaresma é tempo de revisão de vida, de decisão, tempo da Graça do Senhor. Não podemos desperdiçar o kairós (tempo de Deus), e sim procurar imitar o jovem filho pródigo que se arrependeu do seu erro e voltou confiante para os braços do pai misericordioso (Lc 15,11-32).
Amém!
           Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo Metropolitano

Arcebispo diz que “a renúncia do papa é um ato de amor”


dom e papa
“Um ato de humildade, coragem e amor”. Essa foi a definição dada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, quando soube da renúncia do papa Bento XVI – o quarto caso na história da Igreja. Apesar de a notícia ter o surpreendido, o religioso exaltou a atitude do pontífice e salientou que não há motivos para que a Igreja se desespere, ao contrário, o momento é de união de todos os católicos do mundo.
“Foi uma atitude muito sábia do papa. Prestes a completar 86 anos, mesmo com uma cabeça boa, ele estava muito debilitado fisicamente. Ele fez o melhor para a Igreja, em um gesto de coragem”, afirmou dom Saburido. “Todos nós temos que entender esse ato de amor do nosso papa e rezar por ele”, acrescentou.
Com a renúncia do papa a Igreja se prepara para um conclave que elegerá um novo pontífice. “A todos nós cabe a missão de estarmos juntos, unidos em oração para que os cardeais escolham o melhor para a Igreja, e o novo papa dê continuidade ao trabalho deixado pelo próprio Jesus”, aconselhou o arcebispo.
JMJ
Com a renúncia do papa muitos especulam o cancelamento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) marcada para julho deste ano, no Rio de Janeiro. O presidente da Comissão Arquidiocesana para a Juventude, padre Gimesson Silva, enfatizou que o evento ocorrerá normalmente, e será ainda mais especial, pois provavelmente será o primeiro grande evento do novo papa. “A jornada é uma ação da Igreja, independentemente de quem está a sua frente. O mesmo aconteceu depois da morte de João Paulo II, às vésperas do encontro em Colônia, na Alemanha, e a jornada foi realizada”, afirmou.
O sacerdote disse que os jovens não se devem levar pelas especulações que estão surgindo com a decisão do papa, e sim pelo modelo que Bento XVI foi para toda a Igreja. “Em um mundo de tantas coisas supérfluas de falsas promessas de felicidade, vemos um gesto de profundo amor do papa. Ele é para juventude um modelo de autenticidade e de humildade. É momento de rezar e agradecer a Deus”, declarou.
Da Assessoria de Comunicação AOR

Jovens mineiros que vão à JMJ acreditam numa nova Igreja


Belo Horizonte, 14 fev (Por Gustavo Werneck – Estado de Minas) - A renúncia do papa Bento XVI não tira o entusiasmo de quem vai participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a ser realizada no Rio de Janeiro entre 23 e 28 de julho, com a presença estimada de mais de 2 milhões de pessoas.
Ao contrário. Integrantes de comunidades católicas de Belo Horizonte acreditam que o evento, o maior da Igreja em congregação de jovens, será o primeiro grande encontro do novo sumo pontífice com crianças, adolescentes, adultos e idosos de todos os continentes. Com o início, hoje, da Campanha da Fraternidade 2013, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e dirigida à juventude – em BH, a abertura será na manhã de sábado –, rapazes e moças começam a se preparar também para a Semana Missionária ou Pré-Jornada, com sede na capital mineira no período de 16 a 21 de julho. Na tarde de ontem, um grupo de amigos passeou pela Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, e falou de suas expectativas para a extensa maratona de fé e cultura.

Assessor de Juventude da Região Episcopal, o instrutor de informática Gleidson Cliger de Souza, de 27, acha que a melhor forma de a Igreja atrair os jovens é pela alegria. “É claro que não se pode mudar a liturgia, mas o jovem deve ser ouvido e expressar a sua fé. Essa alegria não se apresenta apenas pela música, mas pelo entendimento”, revela.

Com a camisa e bolsa a tiracolo da JMJ 2011, realizada em Madri, Espanha, e da qual participou, o coordenador do setor de Juventude da Arquidiocese de BH, Wendel José dos Santos, conta que o maior sentido da jornada é a união dos povos. “O anúncio da renúncia de Bento XVI em nada diminui esse caminho, muito menos o nosso estímulo. Espero que o novo padre fortaleça em todos, principalmente, nos jovens, o sentimento de pertença à Igreja”, disse Wendel. Ele lembrou que, em 2005, João Paulo II (1920-2005) estava à frente do evento realizado em Colônia, Alemanha, mas foi presidida por Bento XVI. “Desta vez, ocorre a mesma situação”, disse ele, que trazia ao peito a cruz da jornada com as cores vermelha, amarela, branca, azul e verde, simbolizando os continentes.

A estudante de pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Graziele Cristina dos Santos, de 24, está certa de que a sucessão papal não vai interferir em nada na programação oficial, que já foi confirmada por bispos ligados ao Vaticano. “O importante é manter a fé. Espero que o novo ocupante do trono de São Pedro tenha a cabeça aberta e voltada para os jovens. Isso significa acolhê-los.” Ao lado dela, a amiga Magda Passos Barbosa, de 28, formada em relações públicas, brincava, dizendo que vai conhecer o Rio de Janeiro e também a praia. Ela ajuda na organização das atividades da Pré-Jornada, na Paróquia de São Marcos, e acredita que o mais importante é a participação.

ARMADILHAS - Ao lado da namorada, Tamiris Andreza de Oliveira Cruz, de 19, o estudante de engenharia de controle e automação Solón Vitor Rodrigues Batista, de 22, contou que vai receber cinco estrangeiros na república onde mora. Para ele, a nova geração tem de aprender a dizer não “às drogas, ao álcool, ao sexo desenfreado e à violência”. Na sua avaliação, a garotada de hoje cai em várias armadilhas. “A religião é importante para manter o equilíbrio, ver a vida com mais calma”, diz Solón. Numa das campanhas lançadas pela Arquidiocese de Belo Horizonte, que tem à frente o arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo – Minha família recebe um peregrino –, os católicos estão sendo convocados a acolher um jovem estrangeiro em casa. As informações de como participar estão disponíveis no site www.semanamissionariabh.org.br, com um link para peregrinos em família.

Sorridente, o estudante do Senai Leonardo Silva Neto, de 28, da Paróquia Santa Maria Mãe de Deus Perpétuo Socorro e residente no Bairro União, na Região Nordeste, conta que a turma está arrecadando recursos para ir ao Rio. “Fizemos um baile pré-carnavalesco (Pré-CarnaCristo) para a viagem.” Sobre a decisão de Joseph Ratzinger, ele diz que “Deus sabe o que faz”. Sentado num banco, perto da Alameda das Palmeiras, o estudante de serviço social Marcelo Bleme, de 21, gostou da “simplicidade e coragem” do papa ao tomar a decisão. “Estou planejando a vida para julho, pois serão duas semanas de eventos. Como estou trabalhando, vou participar só no fim de semana da Pré-Jornada, mas pretendo ir ao encontro com o papa no Rio”, afirmou.

Em mensagem aos brasileiros, Bento XVI pede que os padres ouçam jovens

Cidade do Vaticano, 14 fev (SIR) - Em mensagem para a Campanha da Fraternidade de 2013, o papa Bento 16 fala sobre renovação e afirma que os guias da Igreja Católica devem permanecer "novos por dentro, mesmo que não o sejam de idade".
O papa disse na mensagem aos brasileiros que "os sinais dos tempos" surgem através dos jovens. "Menosprezar estes sinais ou não os saber discernir é perder ocasiões de renovação. Se eles foram o presente, serão também o futuro", diz o texto assinado em 7 de fevereiro, dias antes da renúncia anunciada pelo próprio Bento XVI. A mensagem do papa foi lida na tarde desta quarta-feira (13) no lançamento da campanha da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que tem como tema "Fraternidade e Juventude".
Ao ler o texto, o secretário-geral da campanha, Luiz Carlos Dias, lembrou que, apesar da decisão de abrir mão do papado, Bento 16 continua como líder da Igreja Católica até 28 de fevereiro. Bento 16, que nesta quarta afirmou na Itália ter renunciado pelo "bem da igreja", afirmou na mensagem que, para os jovens serem protagonistas integrados na comunidade cristã, os líderes não podem "impor rumos". "Isto requer guias --padres, consagrados ou leigos-- que permaneçam novos por dentro, mesmo que o não sejam de idade, mas capazes de fazer caminho sem impor rumos, de empatia solidária, de dar testemunho de salvação, que a fé e o seguimento de Jesus Cristo cada dia alimentam", diz a mensagem.
Além de representantes da igreja e da CNBB, participam da abertura da campanha petistas como o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI) e o deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG).

Bento XVI: "A crise não interrompa o esforço de solidariedade"

Cidade do Vaticano, 14 fev (SIR) - Bento XVI enviou uma mensagem, nesta quarta-feira, ao presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Kanayo F. Nwanze, por ocasião da 36ª sessão do Conselho Administrativo desse organismo, em andamento até quinta-feira, 14, em Roma.
Na mensagem, o Papa encoraja o trabalho dessa agência da ONU encarregada pelo desenvolvimento agrícola e destaca a constante atenção dada por esse organismo à África, onde o FIDA fornece recursos financeiros aos pequenos agricultores, tornando-os protagonistas na tomada de decisão e gestão. O Santo Padre recorda também o apoio do organismo às comunidades indígenas, "que têm um cuidado especial pela preservação da biodiversidade, reconhecida como bem precioso do Criador disponível para toda a família humana".
Em sua mensagem, Bento XVI reconhece no trabalho do FIDA a atenção para com o setor agrícola, principal componente do crescimento econômico e do progresso social. "A organização dá para a agricultura e pessoas do campo, o lugar que eles a compete, tendo em conta a doutrina católica que em suas obras sempre manteve a centralidade do lavrador", frisa ainda o pontífice. "A atenção à pessoa na dimensão individual e social será cada vez mais eficaz se realizada através de formas de associações, cooperativas e pequenas empresas familiares capazes de produzir uma renda suficiente em favor de um padrão de vida decente", sublinha ainda Bento XVI. Recordando que a ONU dedicou à família rural o próximo Ano Internacional, o Papa convida o Fundo a não se esquecer que "o coração da ordem social é a família".
"Ignorar a família significaria minar as bases de toda a comunidade rural. No contexto atual, é essencial oferecer aos agricultores uma sólida formação, constante atualização e assistência técnica em suas atividades, bem como o apoio a iniciativas comunitárias e cooperativistas capazes de propor modelos de produção eficazes", destaca ainda o pontífice. Segundo o Papa, "assim se aumentará a produção e o incentivo em favor de reformas agrárias legítimas para garantir o cultivo da terra, quando não são adequadamente utilizadas por aqueles que têm a propriedade".
Bento XVI conclui sua mensagem pedindo ao FIDA para continuar seu trabalho em favor do desenvolvimento rural e pedindo aos países avançados um maior esforço de solidariedade, pois "interromper o esforço de solidariedade como resultado da crise pode esconder um certo fechamento para com as necessidades dos outros".

Papa tem reuniões, encontros e um retiro até à saída


Cidade do Vaticano, 14 fev (SIR) - Nesta quinta-feira, dia 14, a agenda do Papa inclui mais um encontro significativo: trata-se de uma reunião com o clero de Roma, na “Aula Paulo VI”.
Depois, nos próximos dias, haverá encontros e audiências marcadas com alguns grupos de bispos italianos, com o Presidente da Romênia e com o Presidente da Guatemala, respectivamente sexta-feira e sábado de manhã, encontros que já tinham sido marcados há algum tempo.
No final da semana ainda há espaço para receber dois políticos italianos, Mário Monti e o Presidente Giorgio Napolitano, audiências que terão lugar, praticamente, a uma semana das eleições italianas. No próximo domingo, podemos ainda contar com o Ângelus ao meio dia e depois, o Papa entre em retiro durante toda a semana, não havendo, por isso, audiência geral na quarta-feira. O retiro já estava previsto e tem o Cardeal Ravasi como pregador convidado.
Quando terminar o retiro, Bento XVI volta, pela última vez, à janela do seu apartamento para o seu último Ângelus de domingo dia 24 de fevereiro. Na segunda-feira seguinte, o Papa recebe os cardeais da Cúria Romana em audiência privada. Terça-feira, dia 26, é dia livre e a grande despedida está prevista para a audiência geral de quarta-feira, dia 27.
Excepcionalmente, esta audiência realiza-se na Praça de São Pedro para poder acolher todos os fiéis que se quiserem despedir do Papa. E chegamos ao seu último dia de Papa. No dia 28 de Fevereiro às 11h (hora de Roma) saúda todos os Cardeais que se deslocarem a Roma para isso e pelas 17h parte de helicóptero para Castel Gandolfo, onde provavelmente ficará até o novo Papa ter sido eleito, evitando assim cruzar-se nos jardins do Vaticano com os cardeais que no mês de março estarão reunidos em Conclave.

Papa tinha medo de provocar dissidência na Igreja


Cidade do Vaticano, 14 fev (SIR) - Um papa Bento XVI visivelmente emocionado tentou tranquilizar os fieis em todo o mundo nesta quarta-feira sobre sua decisão anunciada na segunda, que o torna o primeiro pontífice em séculos a renunciar, dizendo que está confiante de que isso não fará mal à Igreja.
O Vaticano anunciou que um conclave para eleger o seu sucessor deve começar entre os dias 15 e 20 de março, de acordo com as regras da Igreja sobre a escolha do Papa, quando seu posto fica vago. "Continuem a rezar por mim, pela Igreja e pelo futuro papa", disse ele em declarações improvisadas no início de sua audiência semanal, na primeira aparição pública desde sua decisão surpreendente anunciada na segunda-feira, de que vai deixar o cargo em 28 de fevereiro.
Foi a primeira vez que Bento, de 85 anos, pronunciou as palavras "futuro papa" em público. Autoridades da Igreja Católica, ainda atordoadas com a decisão, precisam decidir ainda qual será seu título e se ele vai continuar a usar o branco de um papa, o vermelho de um cardeal ou o preto de um sacerdote comum. Sua voz soou forte na audiência, mas ele estava claramente emocionado e seus olhos pareciam estar lacrimejando, conforme ele reagia aos aplausos no vasto salão moderno de audiências do Vaticano, lotado com mais de 8.000 pessoas.
Em comentários breves em italiano que espelharam o que ele leu em latim a cardeais na segunda-feira, ele pareceu tentar acalmar os temores de incertezas dos católicos. A sua mensagem é de que Deus continuará a guiar a Igreja.

Exame de consciência

"Tomei esta decisão em plena liberdade para o bem da Igreja, depois de orar por um longo tempo e examinar minha consciência diante de Deus", disse ele.
Ele afirmou que estava "bem consciente da gravidade de tal ato", mas também ciente de que ele já não tinha a força necessária para comandar a Igreja Católica Romana de 1,2 bilhão de membros, que tem sido assolada por uma série de escândalos, tanto em Roma quanto ao redor do mundo. Bento XVI disse que era apoiado pela "certeza de que a Igreja pertence a Cristo, que nunca vai parar de guiá-la e cuidá-la" e sugeriu que os fieis também devem se sentir confortados por isso.
Ele afirmou que tinha "sentido quase fisicamente" o carinho e bondade que tinha recebido desde que ele anunciou a decisão. Quando Bento XVI anuncia que renunciará, na segunda-feira, o porta-voz do Vaticano disse que o papa não tinha medo de dissidência na Igreja após sua decisão de renunciar.
Em torno de 115 cardeais com menos de 80 anos de idade terão direito a participar de um conclave secreto para eleger seu sucessor. Cardeais de todo o mundo já começaram consultas informais por telefone e e-mail para a construção de um perfil do homem que acham que seria mais adequado para liderar a Igreja em um período de crise contínua.
A probabilidade de que o próximo papa seria um homem mais jovem e, talvez, de fora da Itália, tem aumentado, especialmente por causa dos muitos incidentes causados pelos principais assessores de Bento, na maioria italianos.

Os conservadores argentinos sonham com um papa próprio

A análise é de Oscar Guisoni em artigo publicado por Carta Maior, 13-02-2013.

“Quando João Paulo II morreu todos nos iludimos com a possibilidade de que nosso cardeal Bergoglio assumisse como papa. Mas não aconteceu. Oxalá desta vez ocorra”, exclama sem ruborizar uma conhecida jornalista local em uma das tantas transmissões improvisadas da televisão argentina surpreendida, como o resto do mundo, com a renúncia de Bento XVI. “Deus não o permita”, responde o colunista Fernando D’Addario, no Página/12.
Como ocorreu em 2005, quando foi eleito o Papa Joseph Ratzinger, os conservadores e ultramontanos argentinos voltam a se iludir com a possibilidade de colocar seu homem no Vaticano: o cardeal Jorge Bergoglio. Mas o papel desempenhado pela Igreja argentina e pelo citado cardeal em particular durante a última ditadura militar (1976-1983) torna quase impossível que o Vaticano opte por habilitar com a “fumaça branca” um personagem com semelhante currículo. Salvo que “assim como nos anos 80 escolheram Karol Wojtyla para canalizar religiosamente a luta do povo polonês (isto é, a do mundo ocidental e cristão) contra o totalitarismo soviético”, sustenta D’Addario com acidez, “agora escolham um papa argentino para salvar-nos do populismo gay e favorável ao aborto que se expande como uma peste por estes pampas”.
A polêmica, que em apenas algumas horas voltou a impregnar grande parte da imprensa argentina, trouxe à tona de novo a triste memória do papel desempenhado pela Igreja local durante a última ditadura militar e suas implicações no presente. Assim, enquanto o setor mais conservador e católico da classe média local volta a sonhar em ter seu próprio Papa, os organismos de Direitos Humanos e as associações que agrupam os familiares dos 30 mil detidos desaparecidos na última ditadora recordam que a Igreja não só colocou uma venda nos olhos diante da matança organizada pelo Estado, como se fez de distraída inclusive frente o assassinato de seus próprios sacerdotes, comprometidos com a “opção pelos pobres’ e com a Teologia da Libertação que havia iluminado o Concílio Vaticano II.
Uma prova da atualidade da polêmica é a recente decisão judicial do tribunal que julgou na província de La Rioja o assassinato dos padres Carlos de Dios Murias e Gabriel Longueville, ligados ao também assassinado bispo Enrique Angelelli, uma das figuras emblemáticas da “Igreja comprometida” dos anos setenta na Argentina. Nesta sentença inédita anunciada na semana passada fala-se pela primeira vez da “cumplicidade” da Igreja Católica local com os crimes cometidos pelos militares, ao mesmo tempo em que se assinala a “indiferença” e a “conivência da hierarquia eclesiástica com o aparato repressivo” dirigido contra os sacerdotes terceiro-mundistas. Chama a atenção, diz ainda a sentença, que “ainda hoje persiste uma atitude resistência por parte de autoridades eclesiásticas e de membros do clero ao esclarecimento dos crimes”.
Como ocorreu em 2005, enquanto por trás dos muros do Vaticano se escolhia o sucessor de João Paulo II, a discussão pública leva os argentinos a olhar para sua própria Igreja no espelho que mais os envergonha: do outro lado da Cordilheira, a Igreja Católica tem outra cara para mostrar, já que sua atitude frente à ditadura de Augusto Pinochet foi exatamente a oposta à adotada pela hierarquia argentina. A polêmica transcende rapidamente o âmbito religioso e se instala no cenário político cada vez mais radicalizado, que encontra os partidários da política de Direitos Humanos promovida pelo governo kirchnerista no caminho oposto ao dos conservadores que desejam encerrar os julgamentos contra os responsáveis pelos crimes contra a humanidade executados pela ditadura antes que os processos comecem a bater às portas dos cúmplices civis do regime, o que já começou a acontecer.
Enquanto isso, o candidato em questão, o atual arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, sonha em alcançar um papado impossível. Nascido em 1936 e presidente da Conferência Episcopal durante dois períodos (cargo que abandonou recentemente por doenças da idade), é difícil que o Vaticano se arrisque a colocar no trono de Pedro um homem citado em vários processos judiciais por sua cumplicidade com a ditadura e que conseguiu evitar seu próprio julgamento por contra de influências e argúcias de advogados. Nada disso impede, porém, os ultramontanos argentinos de sonhar com a possibilidade de ter um Papa em Roma que os ajude a acabar de uma vez por todas com um governo que consideram o pior inimigo da Igreja Católica desde que o presidente Juan Domingo Perón enfrentou-se de forma virulenta (incluindo a queima de algumas igrejas) com a hierarquia católica no final de seu governo em 1955.

O pastor e o poder

Análise
As consequências da secularização e laicização promovidas por Bento XVI em sua renúncia referem-se à distribuição dos poderes dentro da Igreja: paralelamente à diminuição do papel do papa, aumentará a dos concílios e dos sínodos, isto é, das assembleias dos bispos. A análise é de Artigo de Eugenio Scalfari.

Um ato revolucionário a renúncia do papa. E certamente o é. Isso nunca havia acontecido, salvo com Celestino V, que foi obrigado pelos franceses que depois continuaram exercendo o seu poder sobre Bonifácio VIII até o tapa de Anagni. E salvo um par de papas e de antipapas eleitos por concílios e conclaves medievais contrapostos.
O cânone prevê a renúncia, e até mesmo o Papa Ratzinger admitiu a sua possibilidade em um livro-entrevista seu de dois anos atrás; mas uma coisa é dizer, outra é fazer.
Portanto, um fato revolucionário. Mas qual é a natureza e quais serão as consequências dessa revolução? A natureza é evidente: a Igreja se laiciza. O papa até agora foi considerado dentro da Igreja e da comunidade dos fiéis como Vigário de Cristo na terra e, de fato, quando fala "ex cathedra" sobre questões de fé a sua palavra é infalível, como decretou o Concílio Vaticano I de 1870.
Esse ponto ainda é o obstáculo não superado que impediu a unificação entre católicos e anglicanos, e entre católicos e ortodoxos da Igreja Oriental. Os outros obstáculos estavam em grande parte superados, até os da supremacia do bispo de Roma sobre todos os outros: o primaz da Rússia estava pronto para reconhecer ao bispo de Roma a primazia de "primus inter pares", mas não a de Vigário da Divindade na terra.
A renúncia de Bento XVI anula esse obstáculo; o cânone, de fato, põe uma única condição: que o papa tome a sua decisão em plena liberdade, isto é, que não pese sobre ela alguma sombra de pressão e de chantagem. A vontade de Cristo não é nem citada, nem Ratzinger faz menção a ela nas breves palavras com as quais comunicou a sua decisão ao Consistório convocado na manhã dessa segunda-feira para se ocupar de objetos totalmente diferentes.
Portanto, diminui a relação direta entre o Chefe da Igreja e o Filho de Deus, e a autoridade do bispo de Roma sobre toda a cristandade não deriva de outra coisa que da eleição em conclave por parte dos cardeais, uma cerimônia totalmente laica, salvo o lugar em que ocorre (a Capela Sistina, que é uma igreja consagrada) e o perfume de incenso e o som dos sinos que acompanham o Veni Creator Spiritus.
As consequências dessa secularização e laicização referem-se à distribuição dos poderes dentro da Igreja: paralelamente à diminuição do papel do papa, aumentará a dos concílios e dos sínodos, isto é, das assembleias dos bispos.
Esse foi o pedido implícito mas evidente do Vaticano II, mas foi por mais de 30 anos a tese explicitamente defendida pelo cardeal Martini. A Igreja como instituição – disse e escreveu Martini em livros, pregações e diálogos – se fundamenta sobre duas autoridades, a do papa e a dos concílios e dos sínodos. O papa participa de uns e de outros com funções de coordenação e de direção, mas as decisões são tomadas pelos bispos, que são os depositários do legado dos Apóstolos de Jesus.
Não se trata de um fenômeno de pouco relevo. Basta considerar que os bispos estão muito mais interessados na pastoralidade do que no poder da hierarquia curial. A hierarquia curial deveria, em teoria, fornecer à pastoralidade os instrumentos e os meios materiais para evangelizar as almas e difundir o credo. A Igreja militante é confiada aos pastores de almas, bispos, párocos, sacerdotes, ordens religiosas. Mas essa é historicamente somente uma parte da realidade.
A Igreja-instituição deveria representar a custódia da Igreja militante e pastoral; ao invés, ocorreu o contrário. Por séculos e milênios, a instituição sufocou a pastoralidade e promoveu guerras, inquisições, corrupção, simonia. Não se tratou de episódios, mas sim de uma continuidade histórica, cujo pivô era o poder temporal. Lembram-se das Cruzadas? Lembram-se da Guerra das Investiduras que teve Canossa como etapa essencial? Lembram-se do exílio de Avignon? As alianças, o nepotismo, as dinastias fundadas pelos papas: os Colonna, os Orsini, os Caetani, os Farnese, os Piccolomini, os Borghese, os Della Rovere. E os Borgia?
A pastoralidade, no entanto, continuou e espalhou a sua semente larga e preciosamente, e isso foi um verdadeiro milagre. Mas o rosto abrangente da Igreja saiu em grande parte manchado. As suas capacidades de se confrontar com a modernidade foram fortemente reduzidas.
Essa situação poderia ter melhorado com o fim do poder temporal propriamente dito, mas não foi assim. A Igreja-instituição manteve a supremacia sobre a Igreja militante e pastoral, recuperando aquele poder através da política e do fascínio do espetáculo.
O pontificado do Papa Pacelli foi o cume da temporalidade política, não por acaso precedido pela concordata Pio XI-Mussolini; o espetáculo, ao invés, teve a sua estrela mais brilhante na figura do Papa Wojtyla, enfrentando sofrimentos terríveis, até mesmo a sua agonia e a sua morte.
Mas esses milagres (porque foram milagres de inteligência e também de fé e de dor) não resolveram os problemas da Igreja. Evadiram-nos e os deixaram aos sucessores.
Esses problemas, com o passar do tempo, se agravaram. Referem-se à recuperação do Sagrado, à dedicação dos fiéis à caridade, à Igreja pobre, à Igreja missionária, à fé na vida, ao contraste entre a liberdade dos modernos e a dogmática dos tradicionalistas. E as centenas de milhares de problemas postos pela bioética, pela psicologia do profundo, pelas desigualdades do mundo. As diferenças não curadas e talvez incuráveis entre a Igreja de Paulo, a de Agostinho, a de Bento, a de Francisco.
A nós, não crentes, agradaria muito que o futuro papa e bispo de Roma, em meio a tantas proclamações de santos que não fazem mais milagres (admitindo-se que os do passado os fizeram), propusesse a de Pascal. Seria o verdadeiro sinal de que algo está mudando nos palácios apostólicos. Se tivesse vivido por mais tempo, talvez o Papa João a teria feito.
Eugenio Scalfari é jornalista e fundador do jornal italiano La Repubblica, 12-02-2013.

Na última missa, Bento XVI lamenta os golpes contra a unidade da Igreja



Bento XVI preside a missa da Quarta-feira de Cinzas (Foto: )
Cidade do Vaticano, 14 fev (SIR) -  Foi a última missa pública do Papa Bento XVI e a ocasião não poderia ser mais simbólica.
Na Quarta-feira de Cinzas, que lembra o caráter transitório e efêmero da vida humana, Bento XVI insistiu na superação dos "individualismos e rivalidades" no período da Quaresma, num sinal "humilde e precioso para aqueles que estão distantes da fé ou indiferentes".
O ritual foi o mesmo dos últimos sete anos – Bento XVI colocou nas testas dos fiéis as cinzas, numa cerimônia que contou com a presença de cardeais, bispos, monges, frades e peregrinos –, mas desta vez na Basílica Vaticana, do que no habitual cenário do Monte Avetino, na basílica de Santa Sabina, para receber todos os que queriam estar presentes na última missa de Joseph Ratzinger como Bento XVI. Antes do anúncio da renúncia, na segunda-feira, a Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas estava marcada para a pequena Igreja de Santo Anselmo, de onde o Papa sairia em procissão até à Basílica de Santa Sabina. Mas a missa acabou por ser celebrada na Basílica de São Pedro.
O site da Rádio Vaticano faz referência a uma missa "intensa e muito participada", durante a qual Bento XVI comentou a sua renúncia: "É uma ocasião propícia para agradecer a todos, agora que me preparo para concluir o ministério de Pedro." Bento XVI deixou também vários alertas e avisos, contra "a hipocrisia religiosa", contra "o comportamento de quem quer aparecer" e contra "as atitudes que procuram aplausos e aprovação". "A qualidade e a verdade da nossa relação com Deus é o que certifica a autenticidade de qualquer gesto religioso", frisou o Papa, num tom grave. Numa missa interrompida pelos aplausos dos presentes, Bento XVI alertou contra o que considera ser "os golpes contra a unidade da Igreja" e a "divisão do corpo eclesiástico", lamentando que "o rosto da Igreja seja, por vezes, desfigurado".
O Papa criticou ainda aqueles que se dizem prontos "a rasgar as próprias roupas face aos escândalos e às injustiças, naturalmente perpetrados por outros", mas que não se mostram "prontos a agir de acordo com o seu próprio coração, a sua consciência e as suas intenções", cita a AFP.

Papa convida a viver a Quaresma na comunhão eclesial

Na missa da Quarta-feira de Cinzas, Bento XVI também conclamou: "Hoje, Quarta-feira de Cinzas, iniciamos um novo caminho quaresmal, um caminho que se prolonga por quarenta dias e nos conduz à alegria da Páscoa do Senhor, à vitória da Vida sobre a morte", frisou o pontífice. A Igreja nos repropõe o forte chamado que o profeta Joel dirige ao povo de Israel: "Assim diz o Senhor: retornai a mim de todo vosso coração, com jejum, com lágrimas e com lamentação" (Joe 2,12).
O Papa ressaltou que a expressão "de todo vosso coração" significa "do centro dos nossos pensamentos e sentimentos, das raízes das nossas decisões, escolhas e ações, com um gesto de total e radical liberdade". Este retorno a Deus é possível, "porque há uma força que não reside em nosso coração, mas que brota do coração do próprio Deus. É a força da sua misericórdia. O retorno ao Senhor é possível como graça, porque é obra de Deus e fruto da fé que nós repropomos em sua misericórdia", disse ainda o Santo Padre. "O ´retornai a mim de todo vosso coração´ é um chamado que envolve não somente o indivíduo, mas a comunidade. A dimensão comunitária é um elemento essencial na fé e na vida cristã. O ´Nós´ da Igreja é a comunidade em que Jesus nos reúne: a fé é necessariamente eclesial", sublinhou ainda o pontífice. Bento XVI convidou a "viver a Quaresma numa mais intensa e evidente comunhão eclesial, superando individualismos e rivalidades, é um sinal humilde e precioso para aqueles que estão distantes da fé ou indiferentes".
"O ´retornar a Deus de todo coração´ em nosso caminho quaresmal passa pela Cruz, o seguir Cristo no caminho que leva ao Calvário, à doação total de si. É um caminho no qual aprender cada dia a sair sempre mais do nosso egoísmo e dos nossos fechamentos, para dar espaço a Deus que abre e transforma o coração", disse ainda o Santo Padre.
No Evangelho de Mateus, Jesus faz referência a três práticas fundamentais previstas pela Lei mosaica: "a esmola, a oração e o jejum são também indicações tradicionais no caminho quaresmal para responder ao convite a retornar a Deus de todo coração." "O nosso testemunho será sempre mais incisivo quanto menos buscarmos a nossa glória e teremos consciência de que a recompensa do justo é o próprio Deus, o estar unido a Ele, aqui, no caminho da fé, e, ao término da vida, na paz e na luz do encontro face a face com Ele para sempre", disse ainda o Papa.
"Ressoe forte em nós o convite à conversão, a retornar a Deus de todo coração, acolhendo a sua graça que nos faz homens novos, com aquela surpreendente novidade que é participação da própria vida de Jesus", concluiu Bento XVI.

Secretário-geral da CNBB prevê Papa não europeu


Dom Leonardo Ulrich Steiner fala sobre a renúncia do papa Bento XVI ao posto de líder da Igreja Católica.
Por Ana Flor
Brasília - Deus pode estar preparando uma surpresa ao fazer de um não europeu o novo papa, afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, que ressaltou que o novo pontífice, qualquer que seja a nacionalidade, precisa estar preparado para "questões novas", que vão "do meio ambiente à sexualidade".
Apesar de afirmar que não falava em nome da CNBB, ele disse que foi uma surpresa, à época, a escolha de João Paulo II, que era polonês, num momento em que o mundo ainda vivia a Guerra Fria entre comunismo e capitalismo.
"Os cardeais são autônomos e, como houve chance de um papa polonês, a chance existe (de ser brasileiro)... Agora não sei por onde andarão as votações e também por onde o espírito vai soprar", disse ele, referindo-se à sucessão de Bento XVI, que renunciou ao papado na segunda-feira.
O secretário-geral da CNBB, que também é bispo auxiliar de Brasília, não é cardeal e não fará parte do conclave que escolherá o sucessor de Bento XVI.
No entanto, cinco brasileiros terão direito a voto no conclave e também podem ser escolhidos para comandar a Igreja Católica. Entre eles estão o arcebispo emérito de São Paulo, dom Claudio Hummes, que terá 78 anos quando começar o processo de escolha do novo papa, marcado para a segunda metade de março e o atual presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno, que completa 76 anos em 15 de fevereiro e é também é arcebispo de Aparecida.
Os outros três brasileiros no conclave serão o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, no Vaticano, dom João Braz de Aviz, 65; o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, 63; e o arcebispo de Salvador e ex-presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, que completará 80 anos em outubro.
O secretário-geral da CNBB participou nesta quarta do lançamento da Campanha da Fraternidade de 2013, que tem como tema a juventude. Também esteve presente o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, que representou a presidente Dilma Rousseff.
Perguntado sobre o desejo de ver um brasileiro como papa, Carvalho, que foi seminarista e é ligado a setores da Igreja Católica que ajudaram na fundação do PT, afirmou que seria uma honra.
"Aí eu falo mais como cidadão cristão e católico do que como membro do governo... Mas é evidente que seria uma grande honra para qualquer país ter um papa da sua nacionalidade".
É esperada a presença no novo papa, cujo processo de escolha deve começar em março, na Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio de Janeiro, evento para o qual estava confirmada a presença de Bento XVI.
Reuters

Evangelho do dia


Ano C - Dia: 14/02/2013



Jesus anuncia sua paixão e ressurreição
Leitura Orante


Lc 9,22-25

E explicou: "É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar". Depois, Jesus começou a dizer a todos: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a salvará. Com efeito, de que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se e a arruinar a si mesmo?"
Leitura orante
Preparo-me para a Leitura Orante, com a oração:
Mestre: a tua vida me traça o caminho,
a tua doutrina confirma e ilumina os meus passos;
a tua graça me sustenta e me conduz no caminho do céu.
Tu és perfeito Mestre: dás o exemplo, me ensina e me animas a seguir-te.

1.Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio o texto do dia: Lc 9,22-25.
Aquele que quiser seguir a Jesus, participar de sua vida e de sua missão, deverá percorrer o mesmo caminho dele. E ainda, renunciar ao poder, ao reino de um messias glorioso e vencedor. A causa é dele, que afirma: quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira.

2. Meditação (Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Também eu posso seguir Jesus. Assumir a sua causa. Nos momentos de maiores dificuldades vou me lembrar que esta causa é primordial.O seguimento de Jesus requer renúncia, busca de justiça e doação da vida por uma boa causa.
Podemos afirmar, a melhor causa.

3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Oração oficial da CF 2013

Pai santo, vosso Filho Jesus,
conduzido pelo Espírito
e obediente à vossa vontade,
aceitou a cruz como prova de amor à humanidade.
Convertei-nos e, nos desafios deste mundo,
tornai-nos missionários
a serviço da juventude.
Para anunciar o Evangelho como projeto de vida,
enviai-nos, Senhor;
para ser presença geradora de fraternidade,
enviai-nos, Senhor;
para ser profetas em tempo de mudança,
enviai-nos, Senhor;
para promover a sociedade da não violência,
enviai-nos, Senhor;
para salvar a quem perdeu a esperança,
enviai-nos, Senhor;
para...

4. Contemplação/ Missão (Vida)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou deixar de lado toda vaidade e reconhecimento humano e ajudar alguém que sofre a carregar a sua cruz.
Esta causa é de Jesus e minha também.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Santo do dia

14 de fevereiro

São Cirilo
Constantino nasceu em 826 na Tessalonica, atualmente Salonico,Grécia. Seu pai era Leão, um rico juiz grego, que teve sete filhos. Constantino o caçula e Miguel o mais velho, que mudaram o nome para Cirilo e Metódio respectivamente, ao abraçarem a vida religiosa.

Cirilo tinha catorze anos quando o pai faleceu. Um amigo da família, professor Fócio, que mais tarde ajudou seu irmão acusado de heresia, assumiu a educação dos órfãos em Constantinopla, capital do Império Bizantino. Cirilo aproveitou para aprender línguas, literatura, geometria, dialética e filosofia. De inteligência brilhante, se formou em tudo.

Rejeitando um casamento vantajoso, ingressou para a vida espiritual, fazendo votos particulares, se tornou bibliotecário do ex-patriarca. Em seguida foi cartorário e recebeu o diaconato. Mas sentiu necessidade de se afastar, indo para um mosteiro, em Bosforo. Seis meses depois foi descoberto e designado para lecionar filosofia. Em seguida, convocado como diplomata para a polemica questão sobre o culto das imagens junto ao ex-patriarca João VII, o Gramático. Depois foi resolver outra questão delicada junto aos árabes sarracenos que tratava da Santíssima Trindade. Obteve sucesso em ambas.

Seu irmão mais velho, que era o prefeito de Constantinopla, abandonou tudo para se dedicar à vida religiosa. Em 861, Cirilo foi se juntar a ele, numa missão evangelizadora, a pedido do imperador Miguel III, para atender o rei da Morávia. Este rei precisava de missionários que conhecessem a língua eslava, pois queria que o povo aprendesse corretamente a religião. Os irmãos foram para Querson aprender hebraico e samaritano.

Nesta ocasião, Cirilo encontrou um corpo boiando, que reconheceu ser o papa Clemente I, que tinha sido exilado de Roma e atirado ao mar. Conservaram as relíquias numa urna, que depois da missão foi entregue em Roma. Assim, Cirilo continuou estudando o idioma e criou um alfabeto, chamado "cirílico", hoje conhecido por "russo". Traduziu a Bíblia, os Livros Sagrados e os missais, para esse dialeto. Alfabetizou a equipe dos padres missionários, que começou a evangelizar, alfabetizar e celebrar as missas em eslavo.

Isto gerou uma grande divergência no meio eclesiástico, pois os ritos eram realizados em grego ou latim, apenas. Iniciando o cisma da Igreja, que foi combatido pelo então patriarca Fócio com o reforço de seu irmão. Os dois foram chamados por Roma, onde o papa Adriano II, solenemente recebeu as relíquias de São Clemente, que eles transportavam. Conseguiram o apoio do Sumo Pontífice, que aprovava a evangelização e tiveram os Livros traduzidos abençoados.

Mas, Cirilo que estava doente, piorou. Pressentido sua morte, tomou o hábito definitivo de monge e o nome de Cirilo, cinqüenta dias depois, faleceu em Roma no dia 14 de fevereiro de 868. A celebração fúnebre foi rezada na língua eslava, pelo papa Adriano II, sendo sepultado com grande solenidade na igreja de São Clemente. Cirilo e Metódio foram declarados pela Igreja como "apóstolos dos eslavos". O papa João Paulo II, em 1980, os proclamou junto com São Bento de "Patronos da Europa".

Mensagens




Se a estrela perguntasse ao céu: onde posso encontrar o amor, o céu responderia: contemple-se!

Se a flor perguntasse ao jardim:
onde posso encontrar o amor,
o jardim responderia: contemple-se!

Se a fonte perguntasse ao rio: onde posso encontrar o amor, o rio responderia: contemple-se!

E se, por fim, você perguntasse a Deus: onde posso encontrar o amor,
Deus responderia: contemple-se!

Que você tenha sempre a inspiração de se contemplar, para ser a fisionomia do amor brotar dessa contemplação.

Sua contemplação vai mostrar, que você é a maneira humana, que Deus escolheu, para nos revelar o seu rosto.


José Acácio Santana