segunda-feira, 7 de março de 2016

C - 07 de março de 2016

João 4,43-54

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!
Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus, convosco estará! (Am 5,14)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, 4 43 "passados os dois dias, Jesus partiu para a Galiléia.
44 (Ele mesmo havia declarado que um profeta não é honrado na sua pátria.)
45 Chegando à Galiléia, acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o que fizera durante a festa em Jerusalém; pois também eles tinham ido à festa.
46 Ele voltou, pois, a Caná da Galiléia, onde transformara água em vinho. Havia então em Cafarnaum um oficial do rei, cujo filho estava doente.
47 Ao ouvir que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi a ele e rogou-lhe que descesse e curasse seu filho, que estava prestes a morrer.
48 Disse-lhe Jesus: "Se não virdes milagres e prodígios, não credes".
49 Pediu-lhe o oficial: "Senhor, desce antes que meu filho morra!"
"50 Vai, disse-lhe Jesus", o teu filho está passando bem! O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu.
51 Enquanto ia descendo, os criados vieram-lhe ao encontro e lhe disseram: "Teu filho está passando bem".
52 Indagou então deles a hora em que se sentira melhor. Responderam-lhe: "Ontem à sétima hora a febre o deixou".
53 Reconheceu o pai ser a mesma hora em que Jesus dissera: "Teu filho está passando bem". E creu tanto ele como toda a sua casa.
54 Esse foi o segundo milagre que Jesus fez, depois de voltar da Judéia para a Galiléia.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
SERVIR SEM PRECONCEITOS
            O ministério de Jesus não foi contaminado por preconceito de espécie alguma, dentre aqueles comuns na sua época. A cura do filho do funcionário do rei ilustra esta atitude característica do Mestre.
            Quem se dirigiu a Jesus, pedindo-lhe a cura do seu filho, foi um funcionário do rei Herodes Antipas. Sem dúvida, tratava-se de um pagão, a serviço dos romanos, sob cuja dominação estava o povo judeu. Era bem conhecida a ojeriza dos judeus pelos romanos. Estes representavam o que havia de pior, e deviam ser evitados. Portanto, esperava-se de Jesus um gesto firme de recusa à solicitação daquele funcionário: para os pagãos, a morte.
            Este gesto, porém, não era o parâmetro das ações do Mestre. Seu olhar desvia-se dos elementos exteriores, para se fixar no coração daquele pai suplicante. Quando encontra fé e sinceridade, Jesus jamais se recusa a atender a um pedido, de quem quer que o faça. Sem fé, nada feito. Foi o que aconteceu em Nazaré, sua cidade natal, onde não realizou nenhum milagre por causa da incredulidade de seus habitantes.
            Toda a vida de Jesus, culminada na morte e ressurreição, foi um serviço prestado à humanidade, sem distinções, nem privilégios. É suficiente acercar-se de dele, com a mesma predisposição do funcionário pagão, cuja súplica foi prontamente atendida.

 
Leitura
Isaías 65,17-21
Leitura do livro do profeta Isaías.
Assim fala o Senhor: 65 17 "Pois eu vou criar novos céus, e uma nova terra; o passado já não será lembrado, já não volverá ao espírito,
18 mas será experimentada a alegria e a felicidade eterna daquilo que vou criar. Pois vou criar uma Jerusalém destinada à alegria, e seu povo ao júbilo;
19 Jerusalém me alegrará, e meu povo me rejubilará; doravante já não se ouvirá aí o ruído de soluços nem de gritos.
20 Já não morrerá aí nenhum menino, nem ancião que não haja completado seus dias; será ainda jovem o que morrer aos cem anos: não atingir cem anos será uma maldição.
21 Serão construídas casas onde habitarão, serão plantadas vinhas cujos frutos comerão".
Palavra do Senhor.
Salmo 29/30
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes!

Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
Vós tirastes minha alma dos abismos
e me salvastes quando estava já morrendo!

Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
Pois sua ira dura apenas um momento,
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,
de manhã vem saudar-nos a alegria.

Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
Transformastes o meu pranto em uma festa,
Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
Oração
Ó Deus, que renovais o mundo com admiráveis sacramentos, fazei a vossa Igreja caminhar segundo vossa vontade, sem que jamais lhe faltem, neste mundo, os auxílios de que necessita. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

As obras de misericórdia nos padres da Igreja



O convite que Jesus faz para segui-lo no cotidiano da existência é misericórdia do Pai.
Por Dom Vital Corbellini*

O convite que Jesus faz para segui-lo no cotidiano da existência é misericórdia do Pai. Ele acolhe os pecadores e as pecadoras para todos participar um dia da vida divina. Jesus é a imagem do Pai de modo que a misericórdia dele para com os sofredores e necessitados revela a misericórdia do Pai. Alguns padres da Igreja comentaram a vivência de obras para que a graça da misericórdia fosse de fato visível não só em palavras mas na concretude das pessoas e do Reino de Deus.

O amor em primeiro lugar
São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, século V, falava no primado do amor na vida diária (Comentário ao Evangelho de São Mateus, 46,4). Ele levanta uma pergunta: Qual é a coisa mais importante na vida? Cumprir milagres ou manter um ótimo e perfeito comportamento? Certamente ter uma conduta perfeita porque dessa maneira, trazem-se também os milagres que levarão ao seu devido fim. O fato é que quem dá provas de uma vida santa chama sobre si, o dom divino de cumprir ações milagrosas, e, quem recebe este dom o recebe para melhorar a vida dos outros. O Bispo João tem presentes a importância de realizar coisas boas porque elas enaltecem a pessoa e Deus. Cristo também cumpriu os milagres para ser fiel ao Pai, chamar a si atenção dos seres humanos, e introduzir à virtude nas suas vidas.
São João Crisóstomo convida as pessoas à prática do amor fraterno para viver bem os compromissos com o Senhor. Veja que nada pode alegrar mais os seres humanos que a vida. E falando de vida, não se entende só o jejum. Ainda que a pessoa se prostre sobre o saco e as cinzas, tendo o desprezo pelas riquezas, o fato é que se deve mostrar o amor para o próximo, no dar o pão ao pobre. Jesus pede de seus discípulos que aprendamos dele que é manso e humilde de coração (cf. Mt 11,29). Ele não quis que nós aprendêssemos dele a jejuar, ainda que faça-se lembrança dos quarentas dias de jejum feitos por Ele; exige antes que imitemos a sua mansidão e a sua humildade. Quando envia os seus apóstolos a pregar não diz a eles de jejuar, mas de comer tudo quanto dar-se-á para eles (cf. Lc 10,8). Quando os envia para anunciar o Reino de Deus solicita-lhes o desprendimento de tudo (cf. Mt 10,9; Lc 10,4). É claro que João não quer o desprezo do jejum, mas ele vem em segundo plano diante do amor de Deus.
As virtudes mais excelsas são a caridade, a humildade, a misericórdia, que precedam e superam as práticas de jejum. O pecado, a morte, o demônio são destruídos pela morte salvadora e redentora de Cristo Jesus e a sua ressurreição. Nós também podemos seguir o caminho do Senhor em realizar o bem para superar a morte e o pecado. A caridade é a raiz de todos os milagres, de todos os bens que nós podemos fazer neste mundo. Se nós praticarmos a caridade todas as virtudes que dessa derivam, não teremos a necessidade de milagres, ao contrário se não colocaremos em ato a caridade, não teremos nenhum proveito os milagres.

A misericórdia supera interesses
São João Crisóstomo colocava também a necessidade de atenção pelas pessoas que passam por dificuldades. A nossa atenção não é dada só para as pessoas conhecidas, mas também às desconhecidas. O amor deve ser universal, porque Cristo Jesus ama a todas as pessoas sobretudo as mais necessitadas. O bem seja feito para as pessoas não só para as conhecidas, mas as desconhecidas, para assim manifestar misericórdia de Deus. Nós somos chamados a usar de misericórdia para com todos e não simplesmente com os familiares, pessoas próximas, conhecidas ou famosas. Se alguém sofre há o direito de ser ajudado porque ele sofre, porque é preciso ajudá-lo como pessoa humana com amor. Nós não solicitaremos de quem seja quando alguém sofre: é de Deus, seja pagão, seja judeu. Também se a pessoa não acredita em Deus: ela precisa de ajuda.
São João Crisóstomo tomou o exemplo do samaritano que ajudou um judeu pelo fato da pessoa estar necessitada porque sofria na situação de ser assaltada e de estar esticada na terra, quase semimorta. Era preciso prestar alguma ajuda para aquela pessoa. O sacerdote e o levita passaram ao lado e não prestaram-lhes ajuda. O samaritano ajudou aquela pessoa, fazendo tudo com amor. Ele usou de misericórdia(cf. Lc 10,30ss.). O nosso Deus usa de misericórdia para conosco. Nós precisamos também usar de misericórdia para com as pessoas mais necessitadas que nós.

A misericórdia é um louvor de Deus para o ser humano
Leão Magno (Papa de 440-465) reforçou a graça da misericórdia para as pessoas. Ela opera em todas as pessoas, os cristãos, transferindo qualquer desejo humano dos bens terrenos àqueles celestes. A vida presente transcorre pelo dom do Criador e é sustentada pela sua providência. De fato, Aquele que doa gratuitamente os bens temporais é o mesmo que nos promete os bens eternos. Pela esperança da felicidade futura, na qual corremos pela fé, devemos agradecer a Deus por ele enaltecer-nos até acolher esta sua obra preparatória. De igual sorte os bens que adquirimos no curso de todos os anos honramos e louvamos Deus, que ao início deu fecundidade à terra, que impôs a toda semente a lei da fertilidade de modo que em todas as realidades criadas permanece continuamente operante o governo bondoso do Criador. Todas as coisas da natureza, o dia, a noite, o calor e o frio, as frutas e a caída das folhas e o florescimento das árvores, e outras coisas servem à nossa utilidade. A razão humana não chegaria a alcançar o efeito das suas obras, se Deus não lançasse ao nosso trabalho cotidiano, a semente e a irrigação, não acrescentasse o crescimento da mesma.

As graças do Senhor sejam multiplicadas
A plenitude da religiosidade e a justiça exigem que também nós ajudemos os outros com os dons que o Pai celeste nos tem dado com muita misericórdia. Muitas pessoas não tem nada, seja pelas terras, seja pelos seus frutos. Nós devemos providenciar às suas necessidades com abundância que Deus doou, assim que estes bendizem conosco Deus pela fecundidade da terra e foram dados os bens que esses colocam em comum com os pobres e os estrangeiros. Feliz é aquele que sacia a fome dos necessitados e dos débeis, que eleva as necessidades dos estranhos, que alivia a dor dos pobres e dos doentes. A divina justiça quis que todos os que sofrem e tem doenças de toda a espécie, fosse coroada pela sua paciência e os misericordiosos pela sua bondade.

Conclusão 
A misericórdia traduz-se pelo amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Na medida que nós amarmos as pessoas e a Deus somos misericordiosos como o Pai é misericordioso. O Pai quer-nos ver realizando obras de misericórdia. O Senhor nos ajude a viver a misericórdia com amor no dia a dia. A misericórdia é dom de Deus e, também é, missão humana.
CNBB

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Segunda Audiência Jubilar: misericórdia é empenho concreto


Na segunda audiência jubilar dedicada ao tema “misericórdia e empenho” o Papa Francisco, dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos presentes, falou do Jubileu da Misericórdia como uma verdadeira oportunidade para entrar em profundidade no mistério da bondade e do amor de Deus. Neste tempo de Quaresma, disse o Papa, somos convidados a viver de maneira coerente a nossa fé com um estilo de vida que exprima a misericórdia do Pai, um empenho que somos chamados a assumir para oferecermos a todos os que encontramos o sinal concreto da proximidade com Deus. Sobre o significado do empenho na vida do cristão, disse Francisco:
“O que é o empenho? E o que significa comprometer-se? Quando me comprometo, isso significa que assumo uma responsabilidade, uma tarefa para com alguém; e significa também o estilo, a atitude de fidelidade e dedicação, de atenção particular com a qual eu realizo esta tarefa. Todos os dias somos convidados a realizar com empenho as coisas que fazemos: na oração, no trabalho, no estudo, mas também no desporto, nas actividades livres ...”
Também Deus empenhou-se connosco – prosseguiu o Papa – antes de tudo criando o mundo e mantendo-o vivo apesar das nossas tentativas de arruiná-lo; mas sobretudo empenhou-se dando-nos Jesus, que é o empenho extremo que Deus assumiu connosco, pois (como diz S. Paulo) "não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós".
E no Evangelho vemos como se manifesta o empenho de Deus para com a humanidade, explicou o Papa:
“Em Jesus, Deus empenhou-se de maneira completa para restituir esperança aos pobres, àqueles que não tinham dignidade, aos estrangeiros, os doentes, os prisioneiros, e aos pecadores que Ele acolhia  com bondade. Em tudo isto, Jesus era uma expressão viva da misericórdia do Pai. Jesus acolhia com bondade os pecadores, amava-os e mudava-lhes o coração”.
Partindo deste amor misericordioso com que Jesus exprimiu o empenho de Deus, disse ainda Francisco, também nós podemos e devemos corresponder ao seu amor com o nosso empenho, sobretudo nas situações de maior necessidade e onde há mais sede de esperança, como por exemplo, com as pessoas abandonadas, os trazem graves deficiências, os doentes mais graves, os moribundos, os que não são capazes de exprimir a sua gratidão ... Em todas estas realidades nós trazemos a misericórdia de Deus através de um empenho de vida, que é testemunho da nossa fé em Cristo – sublinhou Francisco.
E o Papa terminou com a esperança de que este Jubileu possa ajudar a nossa mente e o nosso coração a tocar com a mão o empenho de Deus com cada um de nós, para podermos transformar a nossa vida num empenho de misericórdia para com todos.
Aos peregrinos de língua portuguesa o Papa dirigiu as seguinte palavras:
“Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha saudação fraterna para todos vós. Ao realizardes esta peregrinação jubilar, que Deus vos abençoe com uma grande coragem para abraçardes diariamente a vossa cruz e um vivo anseio de santidade para iluminardes com a esperança a cruz dos outros irmãos. Conto com as vossas orações por mim. Bom caminho da Quaresma”
Em seguida o Papa saudou cordialmente, entre outros, os membros da Federação Italiana das Associações de Doadores de Sangue e a Associação das sociedades de mútuo socorro, com o augúrio de que  o Jubileu da misericórdia seja para todos uma oportunidade para redescobrir a importância da fé e difundir  na vida quotidiana  a beleza do amor de Deus por cada um de nós.
A concluir o Santo Padre dirigiu um pensamento particular aos jovens, os doentes e recém-casados, tendo acrescentado:
“Próxima segunda-feira é a festa da Cátedra do Apóstolo Pedro, dia de comunhão especial dos crentes com o Sucessor de São Pedro e com a Santa Sé. Este evento, neste Ano Santo, será também dia de jubileu para a Cúria Romana, que trabalha diariamente ao serviço do povo cristão. Exorto-vos a perseverar na oração pelo meu ministério universal, e agradeço-vos pelo vosso empenho na edificação diária da comunidade eclesial”.
E a todos o Papa Francisco deu a sua bênção.


Jesus em sua beleza e em sua dor


Ver "Jesus só" é vê-lo em sua beleza e em sua dor.
Referências Bíblicas

1ª Leitura - Gn 15,5-12 17-18 - Deus fez Aliança com Abraão homem de fé.
Salmo: 26(27) - R/ O Senhor é minha luz e salvação.
2ª leitura: «Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso» (Filipenses 3,17-4,1)
Evangelho: "Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante" (Lucas 9,28-36)

A luz e a obscuridade

Misteriosa, a oração de Jesus! Pois, faz-se um só com o Pai e ele mesmo é pessoa divina. Mas, nele, Deus se fez passar à natureza e à condição de um ser humano, semelhante a cada um de nós. Nele, a nossa liberdade de seres criados deve escolher fazer-se uma só com a liberdade divina. Há, por isso, um caminho a percorrer, até que retorne à glória de onde veio. Intrigados pelo tempo que passa em oração, os discípulos pedem-lhe que lhes ensine a rezar (Lucas 11). Responde dando-lhes o Pai Nosso.
Será que estas poucas frases resumem as longas orações de Jesus? Sou tentado a crer que sim, mas ainda é preciso alcançar o significado todo destas breves fórmulas. Visam ao resultado feliz das nossas existências; projetam-nos a um final glorioso de nossas trajetórias tão trabalhosas e desconcertantes. Pois eis que esta glória final se inscreve fugidiamente no semblante de Jesus, também em suas vestes e neste corpo humano em que vive para sempre. É a mais perfeita união entre o homem e Deus.
Os três discípulos o entreveem numa espécie de êxtase, do qual não podem captar imediatamente o significado, mas que os desperta e deslumbra. Pedro, esquecendo o caminho que resta por percorrer, quer instalar-se e erguer a tenda, no resplendor da luz divina. Mas a “nuvem escura”, a mesma que acompanhava os Hebreus em sua longa e dura marcha de Êxodo, é que lhe vai responder. À felicidade do versículo 33 sucede o terror do versículo 34. Vinda desta nuvem, cujas trevas contrastam com a glória da transfiguração, a voz de Deus fez-se ouvir, para glorificar Jesus. E este volta imediatamente a ser o Jesus de todo dia.

No horizonte, a Páscoa
O rosto de Moisés, ao descer de novo a montanha, resplandecia de luz. Pois o mesmo não se deu com Jesus. A luz da transfiguração perdeu-se na nuvem e, dali em diante, ficou visível apenas para a fé na Palavra que acabara de designá-lo como Filho. Só furtivamente fora revelado como a luz do mundo, como a luz que brilha nas trevas das nossas vidas, mas que são trevas que não podem ser detidas (ver João 1,1-14). Acabamos de fazer alusão a Moisés. Justamente, ei-lo aqui na montanha, com Elias. Estes dois homens representam a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias), ou seja, tudo o que, na Bíblia, comanda a história.
Falam com Jesus do "Êxodo que ele deveria cumprir até Jerusalém". De diversos modos, a Escritura inteira é preparação e imagem da Páscoa do Cristo. É que toda a história humana caminha para este desfecho, do qual ainda esperamos a última revelação, expressa na Bíblia pelo tema da volta de Cristo. Não esqueçamos que o relato da transfiguração está enquadrado entre os dois primeiros anúncios da Paixão e que o ponto de partida para Jerusalém e para a Páscoa é mencionado nas primeiras linhas do capítulo seguinte.
A luz que inunda Jesus na montanha é profética, com respeito à sua ressurreição. Por isso é que, sem dúvida, na versão de Mateus (17,9), Jesus diz aos três discípulos: "Não conteis a ninguém essa visão, até que o Filho do homem ressuscite dos mortos". Em sua segunda carta (1,16-21), Pedro falará da transfiguração como do fundamento de sua fé. É que o Cristo ressuscitado não emitia nenhuma luz e ficou difícil identificá-lo: não se podia reconhecê-lo imediatamente.

Os três discípulos

Pedro, Tiago e João foram chamados juntos, quando ainda eram pescadores de peixes. Foram os três primeiros discípulos. Sem hesitação alguma, deixaram os seus barcos, as suas redes e o seu pai. Os três estão juntos na transfiguração e nós os encontraremos de novo juntos no Getsêmani. Vimos que, ao serem chamados, estavam ocupados com outra coisa, enquanto toda a multidão escutava Jesus. Na transfiguração como em Getsêmani, adormecem; o que é uma maneira de se ausentar. É verdade que, nos dois casos, era noite. Mas a noite não é somente uma consequência da rotação da terra.
Na Bíblia, é uma alusão às trevas que cobriam o abismo do nada antes que Deus tivesse criado a luz, separando-a das trevas, para dar lugar ao primeiro dia. O sono noturno é uma imagem da morte: noite dos sentidos, noite da inteligência, noite do espírito. Os três discípulos retiram-se da marcha da história e do itinerário da salvação da humanidade. Eles, no fundo, retornam ao nada original. Mas é aí que a luz vem visitá-los.
Em Lucas 24,9-12, a mensagem das mulheres que tiveram a coragem de ir até o túmulo que haviam encontrado aberto e vazio, é que irá despertá-los das trevas a que estavam aprisionados desde o Getsêmani. O que aconteceu com estes três apóstolos é típico do que acontece com todos nós. Há momentos privilegiados em que, com frequência sem qualquer aviso prévio, vemos tudo claro. É quando a luz nos inunda! Mas, um instante depois, recaímos nas trevas da incompreensão. É então que, com os olhos fechados, temos que escolher acreditar nas palavras que ouvimos e que nos designaram este Jesus como sendo o Filho de Deus.
Instituto Humanitas Unisinos

Evangelho do Dia

C - 20 de fevereiro de 2016

Mateus 5,43-48

Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!
Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação (2Cor 6,2).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
5 43  Disse Jesus aos seus discípulos: “Tendes ouvido o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo’.
44 Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem.
45 Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.
46 Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?
47 Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?
48 Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”.
Palavra da Salvação.


 

Comentário do Evangelho
O PAI, MODELO DE PERFEIÇÃO
            A ordem de Jesus pode, à primeira vista, parecer exorbitante e inexeqüível. Quem será tão pretensioso a ponto de querer igualar-se, em perfeição, ao Pai? Não foi essa a tentação de Adão e Eva, no paraíso, quando ousaram querer ser como deuses, conhecedores de toda a ciência do bem e do mal? Conhecemos o resultado de um tal ousadia.
            Urge entender, de maneira conveniente, o preceito de Jesus, para não tachá-lo de injusto. A ordem o Mestre desponta na vida do discípulo como um ideal, embora sabendo que jamais será alcançado. Com isso sentir-se-á impulsionado a progredir, sem se dar por satisfeito com as metas já alcançadas. Existe sempre a possibilidade de ir além e descobrir novas formas de manifestar o amor ao semelhante, de fazer-se servidor dos mais necessitados, de buscar construir comunhão e reconciliação entre todos os seres humanos, sem acepção de pessoas.
            Agindo assim, o discípulo torna-se sacramento da perfeição divina na história humana. Seu modo de proceder funcionará como um alerta para quem ainda não se deu conta de quem é o Pai e do que ele exige de nós.
            O discípulo deve recusar-se, peremptoriamente, a modelar o seu agir pelos esquemas mundanos, calcados no egoísmo. É o Pai que, no esplendor de sua perfeição, aparece como modelo a ser imitado.

 
Leitura
Deuteronômio 26,16-19
Leitura do livro do Deuteronômio.
Moisés dirigiu a palavra ao povo de Israel e lhe disse: 26 16 “O Senhor, teu Deus, ordena-te hoje que guardes estas leis e estes preceitos. Observa-os cuidadosamente e pratica-os de todo o teu coração e de toda a tua alma.
17 Hoje, fizeste o Senhor, teu Deus, prometer que ele seria teu Deus, e que andarias nos seus caminhos, observando suas leis, seus mandamentos e seus preceitos, e obedecendo-lhe fielmente.
18 E o Senhor fez-te prometer neste dia, também de tua parte, que serias um povo que lhe pertenceria de maneira exclusiva, como te disse, e que observarias todos os seus mandamentos,
19 para que ele te eleve em glória, renome e esplendor, acima de todas as nações que criou, e sejas, assim, um povo consagrado ao Senhor, teu Deus, como te disse”.
Palavra do Senhor. 
Salmo 118/119
Feliz é quem na lei do Senhor Deus vai progredindo!

Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
Feliz o homem que observa seus preceitos
e, de todo o coração, procura a Deus!

Os vossos mandamentos vós nos destes,
para serem fielmente observados.
Oxalá seja bem firme a minha vida
em cumprir vossa vontade e vossa lei!

Quero louvar-vos com sincero coração,
pois aprendi as vossas justas decisões.
Quero guardar vossa vontade e vossa lei;
Senhor, não me deixeis desamparado!
Oração
Convertei para vós, ó Pai, nossos corações, a fim de que, buscando sempre o único necessário e praticando as obras de caridade, nos dediquemos ao vosso culto. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

SEMANA NACIONAL CONTRA O ALCOOLISMO - PALESTRA DIA 20/02/2016 NA PAROQUIA NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS