quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Curso de Comunicação para Bispos será realizado em Jaboatão dos Guararapes


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Restam apenas 20 vagas para o Curso de Comunicação para Bispos que será realizado de 4 a 8 de novembro, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife. O evento é destinado exclusivamente ao episcopado brasileiro, com assessoria da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB. Os bispos terão a oportunidade de aprender a teoria e a prática das novas mídias sociais digitais. O convite é aberto a todos os bispos que desejam refletir sobre os desafios da evangelização no contexto da cultura gerada pelas novas tecnologias. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail ou telefone: (61) 2103.8366 – comsocial@cnbb.org.br
O evento contará com a participação do presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Claudio Maria Celli, que tem sido um dos grandes incentivadores do processo de formação dos bispos na cultura midiática para a evangelização. A assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, Ir. Élide Fogolari, comenta que “as novas tecnologias vêm provocando uma cultura acelerada em toda a sociedade e também na Igreja. Desejamos que o episcopado possa entender como comunicar com a comunidade presente na Igreja através da cultura massiva e da cultura digital”.
Teoria e práticaA novidade será a metodologia de trabalho composta por teoria e prática, com painéis voltados ao diálogo e revisão de teorias comunicacionais da era digital na cultura da evangelização e participação efetiva nos laboratórios, para praticar e conhecer as técnicas de produção em jornal, impresso e online, programas de rádio, internet e mídias sociais digitais. Os painéis e as práticas laboratoriais contarão com assessoria de professores e especialistas da comunicação. “O curso será bem elementar para a criação de conta de e-mail, configuração da parte estética e visual dos correios eletrônicos. Além disso, serão oferecidas dicas práticas de cada ferramenta, como as mídias sociais digitais, entre elas o facebook, modos de compartilhamento, de integração e interatividade”, explica o assessor da RIIBRA (Rede de Informática da Igreja no Brasil), padre Clóvis Andrade Melo.
Cultura midiáticaO tema central do curso será “Comunicação e evangelização na era digital: uma abordagem teórico-prática” e o objetivo é refletir sobre as práticas e os desafios da evangelização no contexto da cultura gerada pelas novas tecnologias. “Ninguém está fora da sociedade em rede. Então a Comissão deseja ajudar os bispos a perceberem a importância da presença efetiva e afetiva nas redes sociais. Não é considerar apenas o modismo das novas tecnologias, mas como meios de expressão e de existência”, ressalta padre Clóvis.

Fonte: CNBB

Padres ajudarão a divulgar a campanha Eleições Limpas nas 111 paróquias


1185485_705563586136490_1410059866_nConscientizar os fiéis sobre a Reforma Política e colher assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular Eleições Limpas. Esta é a missão dos sacerdotes da Arquidiocese de Olinda e Recife. Na Reunião do Clero, ocorrida nesta terça-feira, 20, os padres receberam informações e kits com formulários para serem disponibilizados nas paróquias.
O secretário geral da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Pernambuco, Sílvio Pessoa, apresentou as propostas do projeto que além da Arquidiocese de Olinda e Recife é apoiado por várias instituições do país.  ”A Lei das Eleições Limpas é uma tentativa da OAB junto com outras entidades com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de contribuir para tentar melhorar a qualidade da representação política que nós temos hoje no Brasil. Ela tem vários artigos que tentam criar formas de combater a corrupção, diminuir o déficit de legitimidade democrática, a distância que existe entre eleitos e eleitores e tentar combater o ‘caixa 2′ em campanha. Então, é uma série de medidas que tentam tornar as eleições mais limpas”, revelou Pessoa.
Assista a reportagem exibida na Rede Vida sobre a Campanha Eleições Limpas
Dom Fernando acredita que por ser uma ideia que partiu de organizações populares a campanha alcançará o objetivo. “É uma parceria importante porque o projeto de Reforma Política sendo de iniciativa popular terá mais aceitação pelo povo conforme já foi comprovado pelas pesquisas. Estamos torcendo para que, de fato, este  projeto vá para frente para que nas eleições do próximo ano já possa entrar em ação”, afirmou o arcebispo metropolitano, Dom Fernando Saburido.
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O pároco da Paróquia São Sebastião, no Vasco da Gama, padre Amaurílio Machado, acredita que o projeto vai proporcionar melhorias ao país. “Os padre são lideres. Eles vão assinar e pedir que os fiéis assinem. Afinal, quem é que não quer um Brasil melhor? Um Brasil com mais educação, com mais saúde. É através da pressão popular e organizada como aconteceu com a Ficha Limpa que nós chegaremos lá”, disse.
Cerca de 150 kits com formulários foram entregues aos padres. Os formulários podem reproduzidos através de fotocópias e entregues na Cúria Metropolitana, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. Quem quiser obter os materiais da campanha (cartilha, logomarca e formulário) ou fazer a assinatura eletrônica de adesão, pode acessar o site https://eleicoeslimpas.org.br .

Da Assessoria de Comunicação AOR

Evangelho do dia

Ano C - 21 de agosto de 2013

Mateus 20,1-6

Aleluia, aleluia, aleluia.
A palavra do Senhor é viva e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções do coração (Hb 4,12). 


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
20 1 Disse Jesus: “O Reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para sua vinha.
2 Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para sua vinha.
3 Cerca da terceira hora, saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada”.
4 Disse-lhes ele: ‘Ide também vós para minha vinha e vos darei o justo salário’.
5 Eles foram. À sexta hora saiu de novo e igualmente pela nona hora, e fez o mesmo.
6 Finalmente, pela undécima hora, encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: ‘Por que estais todo o dia sem fazer nada?’
7 Eles responderam: ‘É porque ninguém nos contratou’. Disse-lhes ele, então: ‘Ide vós também para minha vinha’.
8 Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: ‘Chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros’.
9 Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário.
10 Chegando por sua vez os primeiros, julgavam que haviam de receber mais. Mas só receberam cada qual um denário.
11 Ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo:
12 ‘Os últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor’.
13 O senhor, porém, observou a um deles: ‘Meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário?
14 Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti.
15 Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom?’
16 Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
OPERÁRIOS DA ÚLTIMA HORA
Os adversários de Jesus irritavam-se com a acolhida que ele dispensava a todos quantos eram vítimas da marginalização social e religiosa de sua época. Sua extraordinária misericórdia levava-o a fazer-se solidário das vítimas do desprezo e da arrogância. Todos, sem distinção, tinham lugar no seu coração.
A parábola do proprietário de uma plantação de uvas ilustra esta sua disposição interior. A bondade do vinhateiro levou-o a sair sucessivas vezes para contratar operários para sua plantação, de modo a não haver indivíduos ociosos na praça. Até mesmo uma hora antes de terminar o expediente diário, ele saiu à procura de desocupados para lhes dar trabalho. Surpreendente é que, na hora de acertar as contas, os da última hora receberam tanto quanto os da primeira hora. Isto foi motivo de protesto para estes últimos, que consideraram injustiça receber salário idêntico aos que trabalharam pouco.
O dono da vinha - imagem de Deus - age com misericórdia e bondade. E se recusa a fazer discriminações indevidas entre os seus diaristas. Uma justiça, falsamente entendida, tê-lo-ia levado a pagar aos últimos uma quantia bem inferior do que aquela paga aos primeiros. No caso de Deus, consistiria em conceder salvação abundante a uns, e relegar os demais a uma espécie de desprezo. Entretanto, como o modo divino de agir vai na direção contrária, a justiça é superada pela misericórdia. E todos são, igualmente, objetos de seu amor.

Oração
Espírito de bondade misericordiosa, que minha vida seja pautada pelo modo divino de agir, porque manifesta sua preferência por quem é vítima da marginalização.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Juízes 9,6-15
Leitura do livro dos Juízes.
Naquele tempo, 9 6 juntaram-se então todos os siquemitas com todos os de Bet-Melo, e vieram junto do terebinto da estela que havia em Siquém, onde proclamaram rei Abimelec.
7 Sabendo disso, subiu Joatão ao cimo do monte Garizim e exclamou: "Ouvi-me, homens de Siquém, para que Deus vos ouça!
8 As árvores resolveram um dia eleger um rei para governá-las e disseram à oliveira: ‘reina sobre nós!’
9 Mas ela respondeu: ‘renunciarei, porventura, ao meu óleo que constitui minha glória aos olhos de Deus e dos homens, para colocar-me acima das outras árvores?’
10 E as árvores disseram à figueira: ‘vem tu, e reina sobre nós!’
11 Mas a figueira disse-lhes: ‘poderia eu, porventura, renunciar à doçura de meu delicioso fruto, para colocar-me acima das outras árvores?’
12 E as árvores disseram à videira: ‘vem tu, reina sobre nós!’
13 Mas a videira respondeu: ‘poderia eu renunciar ao meu vinho que faz a alegria de Deus e dos homens, para colocar-me acima das outras árvores?’
14 E todas as árvores disseram ao espinheiro: ‘vem tu, reina sobre nós!’
15 E o espinheiro respondeu: ‘se realmente me quereis escolher para reinar sobre vós, vinde e abrigai-vos debaixo de minha sombra; mas, se não o quereis, saia fogo do espinheiro e devore os cedros do Líbano!’
Palavra do Senhor.
Salmo 20/21
Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra.
Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra;
quanto exulta de alegria em vosso auxílio!
O que sonhou seu coração, lhe concedestes;
não recusastes os pedidos de seus lábios.

Com bênção generosa o preparastes;
de ouro puro coroastes sua fronte.
A vida ele pediu e vós lhe destes,
longos dias, vida longa pelos séculos.

É grande a sua glória em vosso auxílio;
de esplendor e majestade o revestistes.
Transformastes o seu nome numa bênção
e o cobristes de alegria em vossa face.
Oração
Ó Deus, que, para defender a fé católica e restaurar todas as coisas em Cristo, cumulastes o papa são Pio 10º de sabedoria divina e coragem apostólica, fazei-nos alcançar o prêmio eterno, dóceis às suas instruções e seus exemplos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Bento XVI fala sobre renúncia: 'foi vontade de Deus'


Cidade do Vaticano - O papa emérito Bento XVI afirmou que foi Deus quem lhe disse para renunciar a seu pontificado. Durante uma das poucas visitas privadas concedidas após a renúncia, Bento XVI, ao ser perguntado por um dos presentes pelas razões de sua decisão, respondeu: "Deus me disse".
O papa emérito explicou que não se tratou "de nenhum tipo de aparição ou nenhum fenômeno deste tipo, mas foi uma experiência mística" na qual o Senhor fez crescer em seu coração "um desejo absoluto de permanecer a sós com ele, recolhido na oração".
Além disso, Bento XVI comentou que, à medida que observa o carisma do papa Francisco, se dá mais conta que sua escolha de renunciar ao pontificado foi "a vontade de Deus".
Durante o encontro com a imprensa, o papa emérito afirmou que prefere "não comentar ou revelar segredos, além de não concedre declarações que poderiam pesar como as palavras ditas pelo outro papa, mas mantém a discrição que sempre o caracterizou". Bento XVI finalizou dizendo que "observa satisfeito as maravilhas que o Espírito Santo está fazendo com seu sucessor, e como sua decisão de renunciar foi uma inspiração recebida Dele".
SIR

Maria Victoria e a vitória da vida sobre o Kronos


Bebê recém-nascido: verdadeira aula de teologia.
Quem disse que a vida se resume ao tempo cronológico e se submete a seus limites e padrões?  Quem pensa que há ocasiões em que já passou da hora, já é tarde, não é mais tempo para certas coisas?  Quem não acredita que o tempo de Deus independe da sucessão dos dias e da caducidade dos seres criados?

Maria Victoria, nascida no último dia 19 de julho, responde a todas essas perguntas.  Chegou com mais de quatro quilos e muito mais de 50 centímetros.  Linda, rosada, bochechuda. Chegou quando todos pensavam que já estava encerrado o capítulo dos nascimentos na família.  Chegou surpreendendo, espantando, trazendo o novo e o imprevisível para dentro do previsível e do provável.  E lá estávamos nós todos que achávamos que já tínhamos vivido todas as emoções ligadas a nascimentos, partos e gestações, ansiosos e emocionados à espera do anúncio de sua vinda ao mundo.

Quando a cortina se abriu, e ela apareceu atrás do vidro, chorando valentemente e fazendo biquinho, o mundo voltou a começar, em clima de estreia, novinho em folha e cheio de frescor.  Para nós, irmãos, avós, tios e tias, primos e primas, era novamente uma experiência única, a de ver seu rostinho e com sua pessoinha travar conhecimento.

A rotina que se seguiu, qual seja, fraldas, banhos, leite, chorinho, etc. parecia ser vivida como por vez primeira.  Porque sua protagonista era única e nunca havia antes experimentado essa louca aventura antes.  Sua irmã de seis anos, que antes, naquele mesmo hospital, também cometia a audácia de nascer, agora a carregava no colo, cheia de cuidados e desvelos.  A irmã maior tirava fotos sobre fotos e mandava para todos no celular.  E mãe e pai trocavam olhares carinhosos, se davam as mãos e contemplavam o fruto bendito de suas entranhas como se fosse a primeira vez. 

Maria Victoria chegou desmentindo estatísticas e prognósticos que marcam limites para a vida acontecer. Chegou depois, posterior.  E, no entanto com sabor de primeira. De única.  De primogênita. Assim, dissolveu preocupações e temores com seu primeiro choro e seu rostinho redondo.  Instalou-se na vida com uma naturalidade de fazer gosto.  E ali segue.  Mamando, dormindo, sorrindo para os anjos enquanto sonha.  E fazendo a casa gravitar em torno de sua pessoinha.

Já participa da família que se tornou maior com sua chegada.  No Dia dos Pais teve até o pezinho pintado de “guache” vermelho para ser “impresso” na cartolina onde os outros irmãos registraram as palmas das mãos e escreveram declarações de amor ao paizão orgulhoso.  Já não se imagina a família sem ela.  Já é membro pleno e integral desse grupo humano que se pergunta como conseguiu viver até agora sem sua presença adorável.

Sem nem desconfiar disso, nossa mais nova bebezinha está nos dando uma aula de teologia.  Ela nos ensina que no âmbito da fé as leis do kronos (do tempo submetido à caducidade e que se esvai e é contado em dias, horas e minutos) é substituído pelo kairós, tempo de Deus, que só em Deus encontra sua unidade de medida.  Não se trata mais, pois, de um tempo submetido à erosão, à decadência e à caducidade, mas um tempo onde as coisas são permanentemente renovadas, feitas novas, pelo Espírito que a tudo recria e renova. 

É isso que diz São Paulo em sua segunda carta aos cristãos de Corinto.  Somos todos novas criaturas, novas “crianças”.  Pois em Cristo as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.  E por isso, as coisas não mais podem ser medidas com os parâmetros temporais de antes.  O cristão não apenas espera um novo céu e uma nova terra, mas já vive de fato, agora, uma nova ordem de coisas, uma nova criação.

E embora esta novidade esteja ainda sendo parida, às vezes dolorosamente, na verdade já está acontecendo plenamente para todos aqueles que vivem em Cristo.  Para eles e elas, para nós, já chegou a plenitude dos tempos.  E é o Espírito Santo, Espírito Criador e vivificador quem realiza e atesta todo este novo, essas coisas tornadas novas, fazendo de todos novas criaturas.

Maria Victoria, minha quinta neta, com seu menos de um mês de idade, revela isso de maneira esplendida e bela.   É só olhar para ela que não se pode deixar de crer que em Deus tudo é renovado e as coisas antigas passam, assim como a figura deste mundo.  É só vê-la dormir, mamar, mexer as perninhas que é fácil crer na lufada de ar fresco que o Espírito envia sobre toda a humanidade a cada momento e a cada minuto.

Resta pedir a Deus que a partir dela e de todas as demonstrações de beleza e fidelidade que o Criador não para de derramar sobre nós, possamos igualmente perceber sua novidade, que não passa mesmo quando esta não apresentar o rostinho redondo, rosado e lindo de Maria Victoria.  Pois a primeira coisa que o Espírito renova, se nós assim o consentirmos humildemente, é nosso olhar, que passa a ver tudo de uma nova maneira e em nova perspectiva.

Querida Vicky – Maria Victoria nossa – seja bem-vinda!  E continue a dar-nos essas maravilhosas aulas de teologia com o simples fato de sua existência.  Nós te amamos muito!

Maria Clara Bingemer é teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio. É autora de diversos livros, entre eles, ¿Un rostro para Dios?, de 2008, e A globalização e os jesuítas, de 2007. Escreveu também vários artigos no campo da Teologia. 

Mãe adotiva



(Foto: Reprodução)
A natureza provê a relação entre a geração biológica e o amor humano, acordando no coração daquela que gerou a criança especial carinho e cuidado pelo fruto nascido. No mundo animal, funciona na medida em que tal cuidado se faz necessário, deixando depois a cria entregue aos próprios instintos.

O ser humano difere fundamentalmente porque nasce biologicamente prematuro de modo que não sobreviveria, se largado a si mesmo. O cuidado físico se prolonga muito tempo até que a criança atinja idade de prover-se a si mesma. A esse dado biológico, unem-se o afeto, a razão, a responsabilidade ética. Sob esse ângulo, entende-se a mãe adotiva.

Acontece a mãe natural falhar por duas razões fundamentais. Hoje, mais raro, a morte separa algumas mães precocemente dos filhos.  Nesse momento, cabe prover a criança de alguém que lhe cumpra tal papel, ora mãe adotiva, ora instituição com pessoas encarregadas de suprir o máximo que consigam a dolorosa ausência. A mãe adotiva entra, portanto, para substituir a falta física da mãe biológica.

Outra razão comum advém da pobreza, do abandono, da irresponsabilidade de pôr no mundo alguém que não queira nem consiga criar. Abandona-se a criança. De novo, interferem as duas soluções da mãe adotiva ou da instituição.

Sob o olhar social, a adoção e o cuidado da criança sem mãe caem sob a responsabilidade da família e, se esta falha, do Estado e de instituição credenciada. A mãe adotiva entra para cobrir o vazio e assumir a responsabilidade humana de educar a criança.

Sob o olhar da opção da mãe adotiva, a situação permite varias considerações. Antes de tudo, implica em quem adota a vocação de mãe independentemente da filiação biológica. Mãe significa, sobretudo cuidado, afeto, carinho pela criança. Sem essa primeira condição, qualquer adoção se torna trágica. A criança se constrói a partir do cuidado que se lhe tem.

Se mães biológicas falham no cuidado com terríveis consequências, a mãe adotiva, que não tem a vinculação de sangue, necessita cultivar dentro de si a decisão do cuidado e do amor. Esse lhe nasce da opção pessoal. Nada supre tal responsabilidade. Amar gratuitamente aquele que outra gerou implica grandeza de espírito.

E em face dos problemas imprevisíveis em toda maternidade e, com maior risco, em tal caso, que sobrevenham, a mãe adotiva está lá para assumi-los. Sem o apoio do sangue, só existe o do amor, da liberdade, da decisão. Há casos de mães que fazem maravilhas na educação de filhos adotivos. A hereditariedade biológica e psíquica pesa muito, mas a adoção tem chance de suprir e corrigir rotas iniciais. A força do amor e do cuidado da mãe adotiva plasma em profundidade o coração da criança. E alcança resultados estupendos. A coragem da escolha não elimina o risco. Este faz parte da existência humana. Há elementos que escapam totalmente de nossa liberdade, quer por parte da natureza física, quer por parte da liberdade da outra pessoa. A criança adotiva carrega essas duas fontes de risco.

João Batista Libânio é teólogo jesuíta. Licenciado em Teologia em Frankfurt (Alemanha) e doutorado pela Universidade Gregoriana (Roma). É professor da FAJE (Faculdades Jesuítas), em Belo Horizonte. Publicou mais de noventa livros entre os de autoria própria (36) e em colaboração (56), e centenas de artigos em revistas nacionais e estrangeiras. Internacionalmente reconhecido como um dos teólogos da Libertação.