segunda-feira, 29 de julho de 2013

Dom Fernando celebra Missa de Lançamento do XVI Congresso da Região Nordeste do ECC


Cartaz_Lançamento do CongressoA Arquidiocese de Olinda e Recife sediará em agosto de 2014 o XVI Congresso da Região Nordeste do Encontro de Casais com Cristo (ECC). Para marcar a preparação e contagem regressiva para o evento, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, preside Missa de Lançamento no dia 3 de agosto. A celebração será às 19h, no Convento São Félix de Cantalice no bairro do Pina.
O congresso deverá reunirá cerca de 500 participantes entre diretores espirituais,  casais (arqui)diocesanos e regionais do ECC dos nove estados e de 62 dioceses do Nordeste. O evento terá como sede o Teatro Tabocas e alguns espaços do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Serão realizados 15 painéis, 3 palestras e  15 círculos de estudos.
Realizado a cada dois ano, o congresso regional já teve o Recife como sede em 1988. O encontro, que será realizado entre os dias 29 e 31 de agosto de 2014, tem como tema “Família: Berço para a vida, protagonista da fé”. O lema é bíblico e foi escolhido a partir do livro de Felipenses: “Lutando juntos numa só alma pela fé do Evangelho”.
O casal coordenador regional Nordeste 2 do ECC, Marcelino e Eliane ressalta que o encontro segue os pilares deste Serviço-Escola da Igreja Católica. “Envolvidos no Espírito de Comunhão e tendo como base os princípios da Doação, Pobreza, Simplicidade, Alegria e Oração, o evento proporcionará momentos de evangelização, formação e reflexão, contribuindo no crescimento espiritual e humano”, afirmaram os coordenadores.

Missa de Lançamento do XVI Congresso da Região Nordeste do Encontro de Casais com Cristo (ECC)
Local: Convento São Felix de Cantalice
Rua Elias Gomes, 72 – Pina – Recife
Dia: 3 de agosto de 2013
Horário: 19h
Da Assessoria de Comunicação AOR

Íntegra do discurso do Papa em Copacabana


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Veja a íntegra do discurso do Papa Francisco em Copacabana, na Cerimonia de Acolhida:
“Querido jovens, boa tarde!
Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de Cristo e meu coração se enche de alegria! Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires.
Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa.”
Guardo vivas na memória estas palavras do Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: “Tenho muita esperança em vocês! Espero, sobretudo, que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora”.
Antes de continuar, queria lembrar o trágico acidente na Guiana Francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos. Convido-lhes a fazer um minuto de silêncio e dirigir ao Senhor nossa oração por Sophie, pelos feridos e pelos familiares.
Este ano, a Jornada volta, pela segunda vez à América Latina. E vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos!
Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de permanecerem com Ele, de serem seus amigos.Vocês vêm de todos os continentes! Normalmente vocês estão distantes não somente do ponto de vista geográfico, mas também do ponto de vista existencial, cultural, social, humano. Mas hoje vocês estão aqui, ou melhor, hoje estamos aqui, juntos, unidos para partilhar a fé e a alegria do encontro com Cristo, de ser seus discípulos.
O “trem” desta Jornada Mundial da Juventude veio de longe e atravessou toda a Nação brasileira seguindo as etapas do projeto “Bote Fé”. Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa. Olhando para este mar, para a praia e todos vocês, me vem ao pensamento o momento em que Jesus chamou os primeiros discípulos a segui-lo nas margens do lago de Tiberíades.
Hoje Jesus ainda pergunta: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do meu Evangelho? No coração do Ano da Fé, estas perguntas nos convidam a renovar nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades locais transmitiram a vocês o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês.
Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês!”
Saúdo a todos com muito carinho. A vocês, aqui congregados dos cinco continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco através do rádio, televisão, internet, digo: Bem-vindos a esta grande festa da fé!
Em várias partes do mundo, neste mesmo instante, muitos jovens estão reunidos para viver juntos este momento: sintamo-nos unidos uns com os outros, na alegria, na amizade, na fé.
E tenham certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa.
Quero saudar o presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, estimado cardeal Estanislau Rylko, e todos aqueles que com ele trabalham. Agradeço a Dom Orani João Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, pela cordialidade com que me recebeu e pelo grande trabalho realizado para preparar esta Jornada Mundial da Juventude, junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil.
Agradeço a todas as autoridades nacionais, estaduais e locais, além de outros envolvidos, para concretizar esse momento único de celebração da unidade, da fé e da fraternidade. Obrigado aos irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, seminaristas, pessoas consagradas e fiéis que acompanham os jovens de diferentes partes do nosso planeta, na sua peregrinação rumo a Jesus.
A todos e a cada um meu abraço afetuoso no Senhor.
Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude, nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro”.

Fonte: Jovens Conectados

Em discurso duro, papa critica bispos e pede reforma da Igreja


Em encontro com o Celam, Francisco atacou o abuso de poder na Igreja, a mentalidade de 'príncipes' entre os cardeais, o carreirismo e a distância imposta pelos bispos aos fiéis

Papa com os bispos: Igreja 'atrasada' e com 'estruturas caducas'
Por Jamil Chade

Um ataque ao abuso de poder na Igreja, à mentalidade de "príncipes" entre os cardeais, à inclusão de ideologias sociais no Evangelho - tanto marxista como liberal - e uma denúncia frontal contra o carreirismo e contra a distância imposta pelos bispos aos fiéis. Em um duro e longo discurso, considerado o principal de seu pontificado até agora, no encontro com o Comitê de Coordenação do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o papa Francisco apelou por uma Igreja "atual" e apresentou um raio X dos problemas da Igreja que, segundo ele, estão impedindo seu crescimento e fazendo proliferar sua "imaturidade".

Sem meias-palavras, Francisco alerta: a Igreja está "atrasada" e mantém "estruturas caducas". Para ele, chegou o momento de a Igreja entender que precisa se modernizar e deixar de viver de tradições ou apenas de vender esperanças para o futuro. A ocasião escolhida para apresentar seu "programa de governo" para tentar reconstruir a Igreja foi a reunião que manteve com os cardeais latino-americanos, neste domingo (28), no Rio. "Toda a projeção utópica (para o futuro) ou restauracionista (para o passado) não é do espírito bom. Deus é real e se manifesta no ‘hoje’", declarou. "O ‘hoje’ é o que mais se parece com a eternidade; mais ainda: o ‘hoje’ é uma centelha de eternidade. No ‘hoje’, se joga a vida eterna", insistiu.

"O que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade", declarou, lembrando que isso "exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa vontade". "O discipulado-missionário é o caminho que Deus quer para a Igreja ‘hoje’”.
Francisco, porém, ao apresentar essa estratégia como forma de reconquistar fiéis e retomar a posição de influência da Igreja, alertou justamente para vícios e tentações que a instituição atravessa e que precisa abandonar para poder retomar sua credibilidade.

 "A opção pela missionariedade do discípulo sofrerá tentações", alertou. "É importante saber por onde entra o espírito mau, para nos ajudar no discernimento. Não se trata de sair à caça de demônios, mas simplesmente de lucidez e prudência evangélicas", disse. Para ele, essas tentações ameaçam "deter e até fazer fracassar" a ação pastoral.

Uma delas seria a "ideologização da mensagem evangélica", numa primeira referência direta contra tendências que ganharam força na América Latina nos anos 70 e que foram combatidas pelo Vaticano com dureza. "Essa é uma tentação que se verificou na Igreja desde o início e, em alguns momentos, foi muito forte", disse. Para o papa, uma dessas ameaças de ideologização é o "reducionismo socializante". O argentino, porém, faz questão de atacar não apenas a Teologia da Libertação, mas também tendências liberais. "A tentação engloba os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até a categorização marxista", declarou.
O resultado disso tudo, segundo o papa, é uma Igreja com "falta de maturidade adulta e de liberdade cristã". "Ou essa Igreja não cresce ou se abriga sob coberturas de ideologizações", atacou.
Príncipes

A superação dessa crise, segundo o papa, exigirá bispos com novas atitudes. Para ele, são pessoas que devem "guiar", não comandar. "O perfil do bispo deve ser de pastores, próximos das pessoas, homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida.

"Homens que não tenham ´psicologia de príncipes´", disse, numa referência aos termos que são usados em Roma para descrever os cardeais. "Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos de uma Igreja sem viver na expectativa de outra", insistiu.

Francisco alertou que não está criando nada novo ao pedir que os bispos se aproximem dos fiéis. Mas criticou abertamente a Igreja latino-americana. "Na América Latina e no Caribe, existem pastorais ‘distantes’, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os procedimentos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem ternura, nem carinho. Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos", disse.
O Estado de S. Paulo, 29-07-2013.

Francisco, mensageiro de alegria e esperança


Presença do papa no Brasil marca um novo tempo para a Igreja Católica, que busca estar sintonizada com a 'mudança de época'

Por Faustino Teixeira
Num dos mais bonitos e sensíveis documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965), sobre a Igreja no mundo de hoje (Gaudium et Spes), encontramos uma chave importante para entender o pontificado de Francisco: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS 1). A viagem de Francisco ao Brasil traduz maravilhosamente essa busca de sintonia com o tempo, de testemunho evangelizador, de compromisso com o outro e de abertura dialogal.
O papa, que em sua chegada ao país pede licença para acessar o povo brasileiro, conquistou, de fato, o seu coração. É um encanto e sedução generalizados, que não se reduz ao circuito da Igreja católica. Dizia em sua chegada que o objetivo de sua viagem era o de “alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração”. Esse objetivo foi realizado com sucesso, e por várias razões: pelo carisma de Francisco, pelo seu sorriso despojado, pelo seu testemunho de humildade, por sua atenção e generosidade, bem como sua coragem de anunciar um jeito novo de ser Igreja. Mas também acrescentaria, talvez como um segredo maior, sua linda experiência de Deus. Trata-se de alguém que se deixa “surpreender por Deus”, pelo toque inusitado de seu amor, e isso se irradia como fragrância sedutora por todo canto.

Passos importantes de sua presença no Brasil já foram bem destacados, como a profética mensagem para a comunidade de Varginha, no complexo de favelas de Manguinhos. Ali pôde sinalizar que o traço de solidariedade é a grande lição que a gente simples do Brasil tem a oferecer ao mundo inteiro. E, curiosamente, foi esse o traço singular que envolveu a dinâmica das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e seu projeto de Igreja que ecoou por toda parte. Francisco busca resgatar vivamente essa lição.

Na continuidade de sua peregrinação ao Brasil, a data de 27 de julho fica também marcada com os traços de sua presença acolhedora e profética. Uma parte importante do dia dedicou sua fala aos ministros da Igreja católica, seja no início da manhã, em missa realizada na catedral metropolitana do Rio de Janeiro, como no almoço oferecido no Palácio São Joaquim. Nos dois espaços, o tema da evangelização ganhou um lugar de destaque. Em sua homilia durante a missa, Francisco sublinha os três aspectos que devem animar os ministros na sua tarefa de anúncio evangelizador: a consciência do chamado de Deus, o compromisso do anúncio do Evangelho e a promoção da cultura do encontro. Enfatizou a importância de um anúncio animado pela coragem e ousadia. Como bem sinalizou Paulo VI na Exortação Apostólica, Evangelii Nuntiandi, evangelizar é “tornar nova a própria humanidade” (EN 18). Assim também o entende o papa Francisco. Mas adverte que o “permanecer” em Cristo não significa ensimesmamento ou entrincheiramento eclesial, mas “um permanecer para ir ao encontro dos demais”.

No discurso mais longo de sua viagem, dedicado aos cardeais do Brasil, presidência da CNBB e os bispos da região, novamente esse tema da evangelização. Como de costume, faz recurso a uma passagem do evangelho – o episódio de Emaús ( Lc 24,13-15), para animar sua reflexão. Sublinha que hoje em dia há muitas pessoas que, como os dois discípulos de Emaús, encontram-se em dissintonia ou desafeição com a Igreja, seja na busca de “novos e difusos grupos religiosos”, seja numa vida distanciada de Deus. A passagem de Emaús serve como mote para uma reflexão mais ousada sobre o distanciamento eclesial da vida concreta das pessoas. Junto com essa consciência, a advertência em favor de um novo posicionamento.
“Serve uma Igreja que, na sua noite, não tenha medo de sair. Serve uma Igreja capaz de interceptar o caminho deles. Serve uma Igreja capaz de inserir-se na sua conversa. Serve uma Igreja que saiba dialogar com aqueles discípulos que, fugindo de Jerusalém, vagam sem meta, sozinhos, com o seu próprio desencanto, com a desilusão de um cristianismo considerado hoje um terreno estéril, infecundo, incapaz de gerar sentido”.

O desafio que se apresenta nesse tempo atual, marcado por uma crise eclesial sem precedentes, é o de uma Igreja que se faz presença. Na visão de Francisco, urge uma “Igreja capaz de fazer companhia, de ir para além da simples escuta; uma Igreja que acompanha o caminho pondo-se em viagem com as pessoas”. Para Francisco, a solução não está numa Igreja encastelada mas numa comunidade que seja “capaz de aquecer o coração”. E isso exige sintonia com o compasso do outro, para além da lógica da eficácia: de “tempo para ouvir”, de “paciência para costurar novamente e reconstruir”, de “saber sintonizar o passo com as possibilidades dos peregrinos, com os seus ritmos de caminhada”. Na noite anterior, ao discursar após a Via Sacra, esse tema já havia sido abordado, e de forma ousada, quando tratou da situação de tantos jovens “que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e ministros do Evangelho”.

Ao discursar no Teatro Municipal para segmentos da sociedade civil e lideranças religiosas, no dia 27 de julho, o bispo de Roma volta a falar na “cultura do encontro” e o no desafio de um “diálogo construtivo”. O diálogo é a opção certeira contra a “indiferença egoísta” ou o “protesto violento”. E um diálogo que seja amplo, envolvendo partilha com as diversas gerações, com o povo, com as culturas e religiões. Não há saída feliz para o horizonte da humanidade a não ser pelo diálogo: “É impossível imaginar um futuro para a sociedade sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos”. Francisco mostra mais uma vez seu estado de atenção ao ritmo das ruas, às “energias morais” que animam a juventude brasileira em seus protestos em favor de uma sociedade distinta e de uma democracia em tom maior. Reconhece ainda que as tradições religiosas têm um papel importante na construção desse futuro de paz, e que também o Estado atua positivamente em favor de uma laicidade mediadora, ou seja, de uma laicidade “que sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religiosa na sociedade, favorecendo suas expresses concretas”.
Ao final do dia 27, em seu discurso durante a Vigília de Oração, o papa Francisco fala explicitamente nos protestos protagonizados pela juventude brasileira desde o mês de junho. Indica estar acompanhando com atenção toda essa movimentação em favor de mudanças no país. E sua palavra não é em favor de uma omissão da juventude católica, mas de incentivo à participação nas ruas: “Os jovens nas ruas, vocês têm de ser protagonistas, vocês têm de superar a apatia e oferecer uma resposta cristã para as inquietações sociais. Que se envolvam em um trabalho pelo mundo melhor. Não sejam covardes, se metam, saiam às ruas, como fez Jesus”.
A presença de Francisco no Brasil marca um novo tempo na vida da Igreja católica, que busca estar sintonizada com a “mudança de época”. No espírito aberto do Vaticano II, convoca toda a comunidade para um real aggiornamento. Imbuído da mesma sensibilidade de João XXIII, sublinha a ousadia de novos passos para a Igreja, contra todos aqueles “profetas de desventura”, que se fixam numa lógica de mera continuidade com o passado ou que buscam acentuar sua prática pastoral com o reiterado exercício do “não”: não mudar a fé da Igreja, não mudar a doutrina, não mudar a prática pastoral etc. Os jovens mostram com energia e vitalidade sua expectativa numa Igreja que se firma num fermento evangelizador que propicia mudanças, para além de uma Igreja que só consegue fornecer “palavras seguras” mas desencantadas.
O que Bergoglio nos apresenta não é apenas um “estilo diferente” de exercício papal, mas “um outro modelo de Igreja”. É o que diz com acerto o vaticanista Marco Politi, em entrevista publicada no jornal O Globo (28/07/2013). Para ele, Francisco “abriu uma revolução” no âmbito da comunidade ecclesial. Como no Vaticano II, a primavera volta a mostrar seu rosto iluminado na Igreja, e a nova música que se apresenta tem os toques da acolhida, do serviço e da colegialidade.
Instituto Humanitas Unisinos

Em entrevista, papa fala sobre perda de fiéis e reforma da Cúria


Rio de Janeiro – O papa Francisco concedeu a primeira entrevista do seu pontificado, na qual reafirmou a sua exigência de “simplicidade” e de uma Igreja próxima das pessoas. “Deus pede-nos neste momento maior simplicidade”, declarou em entrevista a uma emissora de televisão brasileira, durante a viagem ao Brasil, que se concluiu este domingo (28). A entrevista foi transmitida após a partida do papa para Roma, depois de uma visita de sete dias ao país. "Penso que temos de dar testemunho de uma certa simplicidade - eu diria, inclusive, de pobreza", observou.
Francisco foi questionado sobre a diminuição da percentagem de católicos no Brasil e levantou "uma hipótese" para explicar o “drama da fuga”: a falta de proximidade. “Para mim é fundamental a proximidade da Igreja, porque a Igreja é mãe”, explicou. O papa adverte que “quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só comunica com documentos, é como uma mãe que comunica com o seu filho por carta. A mãe beija, cuida, acaricia e alimenta (o seu filho). Não por correspondência”, acrescentou.
Reforma da Cúria
Francisco comentou os casos de fuga de documentos reservados (vatileaks), as questões ligadas ao chamado Banco do Vaticano e outros “escândalos”. “A Cúria Romana sempre foi criticada”, começou por dizer, elogiando os “muitos santos” que trabalham nos organismos centrais do Vaticano e admitindo que “isso não se vê”. “Ouve-se o ruído dos escândalos. Agora estamos com um, um escândalo de transferência de 10 ou 20 milhões de dólares de um monsenhor (Núncio Scarano). Belo favor faz esse senhor à Igreja, não?", assinalou.
O primeiro papa latino-americano da história da Igreja recordou que, antes do conclave, os cardeais falaram "claramente sobre os problemas". "Também se falou se certas reformas funcionais que era preciso fazer”, precisou.
Nesse sentido, Francisco adiantou que a comissão de oito cardeais representantes dos cinco continentes que nomeou para o aconselharem no governo da Igreja e também para estudarem o documento que regulamenta a Cúria Romana vai reunir-se pela primeira vez entre 1 e 3 de outubro. “Não acredito que saiam daí decisões definitivas, porque a reforma da Cúria é muito séria e as propostas, se são muito sérias, precisam de amadurecer”, adiantou.
Francisco estima que sejam necessárias “mais duas ou três reuniões” antes de ser visível qualquer reforma. “A Igreja tem sempre de ser reformada, para não ficar para trás. Isso é importante não só pelos escândalos do vatileaks, que todo o mundo conhece, mas porque a Igreja precisa sempre de reformar-se”, explicou.
Segurança
Francisco admitiu que é “indisciplinado” em relação à segurança, frisando que não sente “medo”, consciente de que “ninguém morre de véspera”. “Eu não poderia vir ver este povo, que tem um grande coração, detrás de uma caixa de vidro”, explicou, valorizando a necessidade de “comunicação humana”. Segundo o Papa, esta decisão não nasce da vontade de fazer figura de ‘enfant terrible’, mas do desejo de “tratar as pessoas como pessoas”.
O Papa agradeceu o acolhimento caloroso dos brasileiros e gracejou com a tradicional rivalidade entre Brasil e Argentina. “Negociamos bem: o papa é argentino e Deus é brasileiro”, brincou. Em relação aos protestos dos jovens brasileiros, que se têm manifestado nas últimas semanas, Francisco destacou a importância de "oferecer-lhes lugares para se expressarem e ter cuidado para que não sejam manipulados".
SIR