quarta-feira, 4 de março de 2015

Unicap promove formação e atualização em Teologia Pastoral para leigos



A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) oferece dois cursos de extensão paras leigos e lideranças cristãs da comunidade eclesial. Os cursos fazem parte do Programa de Formação e Atualização em Teologia Pastoral. As aulas têm início neste mês de março.
O objetivo é oferecer aprofundamento da fé cristã através da formação e atualização teológica pastoral na comunidade eclesial em inter-relação com a sociedade. O primeiro curso terá como conteúdo a Sagrada Escritura e os Fundamentos da Fé Cristã. A carga horária é de 32 horas.
O local da formação é a Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. As aulas serão ministradas nas segundas-feiras das 19h30 às 21h30. O investimento é de R$ 168,00. O valor é dividido em quatro parcelas de R$ 42,00.
O outro curso terá disciplinas ‘Liturgia e Sacramento’ e ‘Mariologia’. Cada um dos módulos terá carga horária de 32h e será realizado entre os meses de março e junho. As aulas serão aos sábados das 8h às 12h, no Espaço Loyola, no Campus da Unicap. O custo é de R$ 250,00 divididos em cinco parcela de R$ 50,00. As inscrições são feitas on line no endereço http://www.unicap.br/universidade/pages/ . Mais informações podem ser obtidas através da Secretaria de Extensão da universidade pelo telefone (81) 2119-4242.

Comunicado da CNBB sobre as manifestações sociais



Nesta terça-feira, 3 de março, o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, emitiu comunicado por meio do qual esclarece o posicionamento da entidade em relação às manifestações sociais.
COMUNICADO DA CNBB SOBRE AS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS
Diante de informações divergentes veiculadas em redes sociais a respeito de seu posicionamento quanto às manifestações sociais anunciadas para os dias 13 e 15 do corrente mês, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – sente-se no dever de vir a público para reafirmar que não toma partido em relação às propostas dos responsáveis pela convocação e realização das referidas mobilizações.
A CNBB considera, porém, legítimas as manifestações da sociedade, desde que transcorram em clima de respeito à pessoa humana, aos bens públicos e particulares.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida – SP
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB
Fonte: CNBB

Meu Dia com Deus

DIA 4 DE MARÇO - QUARTA-FEIRA

Ouça: 
Evangelho do Dia: (Mateus 20,17-28)
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
20 17 Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes:
18 “Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte.
19 E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará”.
20 Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica.
21 Perguntou-lhe ele: “Que queres?” Ela respondeu: “Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”.
22 Jesus disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?” “Sim”, disseram-lhe.
23 “De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou”.
24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos.
25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: “Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade.
26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo.
27 E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo.
28 Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão”.
Palavra da Salvação.
 
Meditando o Evangelho
O EXEMPLO DO FILHO DO HOMEM 
Apesar do testemunho de Jesus, os discípulos estavam aferrados aos esquemas mundanos, mostrando-se pouco sensíveis aos ensinamentos do Mestre. O intento dos filhos de Zebedeu foi uma prova disto.
Fazendo ouvido de mercador, quando Jesus revelou seu destino de sofrimento e morte, estavam preocupados em garantir para si os melhores lugares no Reino a ser instaurado. Bem se vê que estavam longe de sintonizar com o Reino anunciado por Jesus, pois imaginavam um reino onde os chefes se tornam tiranos, e os grandes se tornam opressores, por estarem revestidos de autoridade.
No Reino almejado por Jesus, a grandeza consiste em pôr-se ao serviço do semelhante, de maneira despretensiosa, e o primeiro lugar será ocupado por quem se dispusera assumir a condição de servo. A tirania cede lugar ao serviço, e a opressão transforma-se em amor eficaz em benefício do próximo. Bastava contemplar o modo de proceder do Mestre Jesus que se autodenomina "Filho do Homem". Jamais buscara ser servido, como se a sua condição de enviado do Pai lhe desse este direito; tampouco teve a arrogância de se considerar superior a quem quer que seja. Manteve sempre sua postura de servo, consciente da missão recebida do Pai, a ponto de entregar a sua própria vida para que toda a humanidade obtivesse salvação. Dera o exemplo no qual os discípulos deveriam inspirar-se.


 
Oração 
Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.

Campanha da Fraternidade e corrupção


É necessário e urgente enfrentar a corrupção, pela ação conjunta das forças da sociedade.
Por Dom Raymundo Damasceno Assis*
A Campanha da Fraternidade deste ano realiza-se  no momento em que o povo, em geral, experimenta grande mal estar diante da crise ética e moral por que passam certos setores do nosso país.
Oportunamente, a Campanha da Fraternidade da Igreja neste ano tem como objetivo aprofundar o diálogo e a colaboração entre Igreja e Sociedade. Aliás, a Igreja católica sempre esteve presente, desde o começo, na vida e na história da sociedade brasileira e deseja continuar contribuindo, respeitando a laicidade do Estado e a autonomia das realidades terrestres, com a dignificação do ser humano.  Para tanto, ela  se propõe  a  trabalhar junto com os demais cidadãos e instituições para o bem comum de todos os brasileiros.
No Documento da V Conferência do Episcopado da América Latina e Caribe, os bispos insistem em dizer que "a Igreja não se identifica com os políticos, nem com interesses de partidos. Sua missão neste setor, é ensinar critérios e valores irrevogáveis, orientar as consciências, educar  nas virtudes individuais e políticas, ser advogada da justiça e da verdade.”
Especificamente,  são os cristãos leigos a presença da Igreja no coração do mundo e devem assumir sua responsabilidade na vida pública, contribuindo, à luz do evangelho e do ensino social da Igreja, com a construção de uma sociedade humana e solidária, opondo-se a toda forma  de injustiça.
Quanto à corrupção, que nesse momento nos assusta de modo tão acintoso, é uma forma de injustiça contra o povo, sobretudo, os mais pobres. Os recursos públicos mal administrados ou usados  em proveito pessoal ou de grupos, impedem o desenvolvimento do país e comprometem os investimentos nas áreas da  saúde, educação, segurança, trabalho, habitação, infraestrutura. Enfim, em projetos destinados a melhorar as condições de vida  de  todos, em particular, dos mais pobres.
A corrupção,  escreveu o Cardeal Carlo Maria Martini,   sempre existiu e existe  em toda parte, pois é fruto da história  pecaminosa da sociedade que se reflete em âmbito pessoal e social. Quando, porém,  não é  combatida com firmeza e severidade pelas instituições competentes, a corrupção prospera e provoca desconfiança nas instituições e naqueles que ocupam cargos públicos e, ainda, pior,  pode produzir uma espécie de fatalismo e de resignação que   leva a  população a  aceitar a corrupção como se ela fosse normal  e contra a qual não se pode fazer nada. Essa atitude de conformismo contribui, também,  por desmerecer o trabalho e o testemunho de tantas pessoas de bem.
Não basta diante de tal despudor lamentar! É  necessário e urgente reagir e enfrentar, pela ação conjunta das forças da sociedade, a saber, Executivo, Judiciário, Legislativo, Polícia, Instituições  e cada cidadão contra  esta chaga. Sem esse esforço conjunto a corrupção não será  controlada.
CNBB, 03-03-2015.
*Dom Raymundo Damasceno Assis é arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB.

Evangelho do Dia

B - 04 de março de 2015

Mateus 20,17-28

Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
20 17 Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes:
18 “Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte.
19 E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará”.
20 Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica.
21 Perguntou-lhe ele: “Que queres?” Ela respondeu: “Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”.
22 Jesus disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?” “Sim”, disseram-lhe.
23 “De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou”.
24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos.
25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: “Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade.
26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo.
27 E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo.
28 Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão”.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
O EXEMPLO DO FILHO DO HOMEM 
Apesar do testemunho de Jesus, os discípulos estavam aferrados aos esquemas mundanos, mostrando-se pouco sensíveis aos ensinamentos do Mestre. O intento dos filhos de Zebedeu foi uma prova disto.
Fazendo ouvido de mercador, quando Jesus revelou seu destino de sofrimento e morte, estavam preocupados em garantir para si os melhores lugares no Reino a ser instaurado. Bem se vê que estavam longe de sintonizar com o Reino anunciado por Jesus, pois imaginavam um reino onde os chefes se tornam tiranos, e os grandes se tornam opressores, por estarem revestidos de autoridade.
No Reino almejado por Jesus, a grandeza consiste em pôr-se ao serviço do semelhante, de maneira despretensiosa, e o primeiro lugar será ocupado por quem se dispusera assumir a condição de servo. A tirania cede lugar ao serviço, e a opressão transforma-se em amor eficaz em benefício do próximo. Bastava contemplar o modo de proceder do Mestre Jesus que se autodenomina "Filho do Homem". Jamais buscara ser servido, como se a sua condição de enviado do Pai lhe desse este direito; tampouco teve a arrogância de se considerar superior a quem quer que seja. Manteve sempre sua postura de servo, consciente da missão recebida do Pai, a ponto de entregar a sua própria vida para que toda a humanidade obtivesse salvação. Dera o exemplo no qual os discípulos deveriam inspirar-se.


 
Leitura
Jeremias 18,18-20
Leitura do livro do profeta Jeremias.
18 Vinde, disseram então, e tramemos uma conspiração contra Jeremias! Por falta de um sacerdote não perecerá a lei, nem pela falta de um sábio, o conselho, ou pela falta de um profeta, a palavra divina. Vinde e firamo-lo com a língua, não lhe demos ouvidos às palavras!
19 Senhor, ouvi-me! Escutai o que dizem meus inimigos.
20 É assim que pagam o bem com o mal? Abrem uma cova para atentar-me contra a vida. Lembrai-vos de que ante vós me apresentei a fim de por eles interceder e deles afastar a vossa cólera.
Palavra do Senhor.

 
Salmo 30/31
Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

Retirai-me desta rede traiçoeira,
porque sois o meu refúgio protetor!
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

Ao redor, todas as coisas me aprovaram;
ouço muitos cochichando contra mim;
todos juntos se reúnem, conspirando
e pensando como vão tirar-me a vida.

A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!

 
Oração
Ó Deus, conservai constantemente vossa família na prática das boas obras e, assim como nos confortais agora com vossos auxílios, conduzi-nos aos bens eternos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Liturgia Diária

DIA 4 DE MARÇO - QUARTA-FEIRA

II SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona de entrada:
Não me abandoneis jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação (Sl 37,22s).
Oração do dia
Ó Deus, conservai constantemente vossa família na prática das boas obras e, assim como nos confortais agora com vossos auxílios, conduzi-nos aos bens eternos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Jeremias 18,18-20)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
18 Vinde, disseram então, e tramemos uma conspiração contra Jeremias! Por falta de um sacerdote não perecerá a lei, nem pela falta de um sábio, o conselho, ou pela falta de um profeta, a palavra divina. Vinde e firamo-lo com a língua, não lhe demos ouvidos às palavras!
19 Senhor, ouvi-me! Escutai o que dizem meus inimigos.
20 É assim que pagam o bem com o mal? Abrem uma cova para atentar-me contra a vida. Lembrai-vos de que ante vós me apresentei a fim de por eles interceder e deles afastar a vossa cólera.
Palavra do Senhor.

 
Salmo responsorial 30/31
Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

Retirai-me desta rede traiçoeira,
porque sois o meu refúgio protetor!
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

Ao redor, todas as coisas me aprovaram;
ouço muitos cochichando contra mim;
todos juntos se reúnem, conspirando
e pensando como vão tirar-me a vida.

A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!

 
Evangelho (Mateus 20,17-28)
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
20 17 Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes:
18 “Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte.
19 E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará”.
20 Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica.
21 Perguntou-lhe ele: “Que queres?” Ela respondeu: “Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”.
22 Jesus disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?” “Sim”, disseram-lhe.
23 “De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou”.
24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos.
25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: “Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade.
26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo.
27 E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo.
28 Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão”.
Palavra da Salvação.
 
Comentário ao Evangelho
O EXEMPLO DO FILHO DO HOMEM 
Apesar do testemunho de Jesus, os discípulos estavam aferrados aos esquemas mundanos, mostrando-se pouco sensíveis aos ensinamentos do Mestre. O intento dos filhos de Zebedeu foi uma prova disto.
Fazendo ouvido de mercador, quando Jesus revelou seu destino de sofrimento e morte, estavam preocupados em garantir para si os melhores lugares no Reino a ser instaurado. Bem se vê que estavam longe de sintonizar com o Reino anunciado por Jesus, pois imaginavam um reino onde os chefes se tornam tiranos, e os grandes se tornam opressores, por estarem revestidos de autoridade.
No Reino almejado por Jesus, a grandeza consiste em pôr-se ao serviço do semelhante, de maneira despretensiosa, e o primeiro lugar será ocupado por quem se dispusera assumir a condição de servo. A tirania cede lugar ao serviço, e a opressão transforma-se em amor eficaz em benefício do próximo. Bastava contemplar o modo de proceder do Mestre Jesus que se autodenomina "Filho do Homem". Jamais buscara ser servido, como se a sua condição de enviado do Pai lhe desse este direito; tampouco teve a arrogância de se considerar superior a quem quer que seja. Manteve sempre sua postura de servo, consciente da missão recebida do Pai, a ponto de entregar a sua própria vida para que toda a humanidade obtivesse salvação. Dera o exemplo no qual os discípulos deveriam inspirar-se.


 

Oração 
Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.

 

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
 
Sobre as oferendas
Considerai, ó Deus, com bondade, as oferendas que vos apresentamos e concedei-nos, por meio delas, o perdão dos nossos pecados. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão:
O Filho do homem veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pela salvação de todos (Mt 20,28).
Depois da comunhão
Senhor nosso Deus, vós quisestes que a eucaristia fosse para nós penhor da imortalidade. Fazei que ela nos conduza à eterna salvação. Por Cristo, nosso Senhor.


MEMÓRIA FACULTATIVA

SÃO CASIMIRO
(BRANCO – OFÍCIO DA MEMÓRIA)

Oração do dia:
Ó Deus todo-poderoso, a quem servir é reinar, dai-nos, pela intercessão de são Casimiro, a graça de vos servir com retidão e santidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas:
Ó Pai, imploramos a vossa clemência, ao apresentarmos estas oferendas ao vosso altar na comemoração dos vossos santos. Que elas vos dêem toda glória e derramem sobre nós a riqueza de vossa graça. Por Cristo, nosso Senhor.
Depois da comunhão:
Senhor nosso Deus, os divinos mistérios de que participamos na comemoração dos vossos santos realizem em nós a salvação e paz eterna. Por Cristo, nosso Senhor.
Santo do Dia / Comemoração (SÃO CASIMIRO):
Casimiro nasceu na Croácia no dia 03 de outubro de 1458 e era o décimo terceiro filho do rei da Polônia, Casimiro IV, e da rainha Elisabete d'Asburgo. Ele poderia muito bem colocar sobre a cabeça uma coroa e reinar sobre um território, como todos os seus doze irmãos o fizeram. Porém, apesar de possuir os títulos de príncipe da Polônia e grão-duque da Lituânia, não seguiu esse caminho. Desde pequeno abriu mão do luxo da corte, suas ricas festas e todas as facilidades que a nobreza proporcionava. Fez voto de castidade e vivia na simplicidade do seu quarto, que transformou numa cela como a de um eremita, dedicando-se à oração, disciplina, penitência e solidão. Quando os húngaros se rebelaram contra o seu rei, Mateus Corvino, e ofereceram ao jovem príncipe Casimiro, então com treze anos, a coroa, ele a renunciou tão logo soube que seu pai havia se declarado contra a deposição daquele rei e a imposição pela força de outro, no caso ele. O príncipe tinha de fato apenas uma ambição, se é que assim pode ser chamada, dedicar-se ao ideal da vida monástica. Entretanto não fugia dos deveres políticos, tendo ajudado o pai nos negócios do reino desde os dezessete anos, principalmente nos problemas referentes à Lituânia, onde era muito querido pelo povo. Com a conversão do rei da Hungria que abdicou para entrar num mosteiro, o rei Casimiro IV, seu pai, herdou esses domínios que incluíam além da Hungria a Prússia. Porém, isso também não entusiasmou o jovem príncipe a se coroar. Desde a infância levava uma vida ascética, muito humilde, jejuando continuamente e dormindo no chão, por isso sua saúde nunca foi perfeita. Dessa forma, jovem príncipe acabou contraiu a tuberculose. Mesmo assim seu pai lhe cofiou a regência do reino, por um breve período. O rei desejando ampliar ainda mais os domínios do já imenso império, pretendia firmar um contrato de matrimonio para o filho com a bela e rica herdeira de Frederico III, cujas fronteiras passariam as ser mar Báltico e o mar Negro, realizando seu velho sonho. Por isso precisava se ausentar, pois queria tratar pessoalmente de tão delicado assunto. Casimiro, como príncipe regente, não se furtou às obrigações junto ao seu amado povo. Cumpriu a função com inteligente política, todavia sem se deixar seduzir pelo poder. Depois, o rei teve de se conformar, porque Casimiro preferiu o celibato e o tratado do matrimônio foi desfeito. Ele preferiu ser lembrado por ficar entre os pobres de espírito, entre aqueles que receberam o reino de Deus, do que ser recordado entre os homens famosos e poderosos que governaram o mundo. Morreu aos vinte e cinco anos de idade e foi sepultado em Vilnius, capital da Lituânia, em 04 de março de 1484. Logo passou a ser venerado por todo o povo polonês, lituano, húngaro, russo. Seu culto acabou sendo introduzido na Europa ocidental através dos peregrinos que visitavam sua sepultura. Menos de quarenta anos após sua morte já era canonizado pelo Papa Leão X. São Casimiro foi declarado padroeiro da Lituânia e da juventude lituana; também da Polônia, onde até hoje é considerado um símbolo para os cristãos, que o veneram como o protetor dos pobres.  

Contra a ideologia de mercado


Pressupõe que a produção da riqueza seja essencialmente uma sociedade individual.
Por Robert W. McElroy*
Em um tweet datado de 28 de abril de 2014, o Papa Francisco escreve que “a iniquidade é a raiz dos males sociais”. Essa afirmação resulta indigesta para muitos católicos americanos que a criticaram como sendo radical, simplista e enganosa: um real contraste ao entusiasmo com o qual o novo Pontífice suscita nos Estados Unidos. Até sua eleição, o Papa Francisco chamou a atenção dos americanos com a sua mensagem e o seu modo de agir, embora tenha sido confiado a renovar a nossa vida e a nos converter. Os americanos foram conquistados pelo seu chamado a construir uma cultura religiosa não estigmatizada, aprovando a reforma das estruturas vaticanas e admirando a atenção contínua do Papa Francisco às necessidades pastorais de homens e mulheres comuns.
O fato que o ensino sobre o escândalo das desigualdades econômicas no mundo contemporâneo faz surgir reações definitivamente contrastantes não dissuadiu o Papa de repetir inúmeras vezes, e com força, sobre um tema que está em seu coração. O tweet de abril, de fato, resume uma reflexão mais aprofundada existente no n° 202 dos Evangelii gaudium (EG).
Segundo o Papa Francisco a iniquidade está na base de um processo de exclusão que impede a participação ativa à vida social, política e econômica de uma grande parcela da nossa sociedade. Dá vida a um sistema financeiro que domina a humanidade ao invés de estar a seu sérvio e a um capitalismo que literalmente mata aqueles que não são úteis como consumidores. Inevitavelmente tais exclusões destroem as bases da paz e da segurança no interior da nossa sociedade a nível mundial. O grito do pobre capturado pela EG é um desafio à “mentalidade individualista, indiferente e egoísta” (n. 208) tão difundida em muitas cultuas a nível mundial; é um chamado ao confronto do mal da exclusão econômica e dar inicio a um processo de reformas estruturais que conduzam à inclusão ao invés da marginalização.
Vozes autoritárias do mundo da política, da economia e do trabalho se aliaram para identificar os limites da receita do Papa. Alguns comentários se revelaram superficiais e fortemente politizados; outros, agudos e penetrantes. As críticas ao Papa Francisco se fixam em três elementos principais: o Papa não entende a importância do mercado; o capitalismo criticado por Papa Francisco é muito diferente do sistema econômico dos Estados Unidos; o ponto de vista do Papa é distorcido pelas suas origens latino-americanas e não está de acordo com os ensinamentos dos seus predecessores. Por consequência, as suas críticas ao sistema econômico mundial são consideradas por vezes ingênuas, sem sentido ou muito extremas do ponto de vista doutrinal.
Mas depois de uma leitura aprofundada das palavras do Papa Francisco e da quantidade de críticas que isso provoca, se identifica outra possibilidade: a rejeição não deriva do fato que o Papa não aprecie adequadamente a centralidade dos mercados, a natureza do sistema econômico americano ou o percurso da autêntica doutrina social da Igreja, mas do fato que, de certa forma, consegue muito bem e então coloca ao fundo interrogações sobre justiça e sobre o sistema econômico americano.
Em particular, aquilo que o Papa escreve sobre iniquidade e justiça econômica evidencia os erros lógicos implícitos em uma seria de pressupostos culturais profundamente arraigados na sociedade americana, que mantém o significado e o valor da desigualdade econômica, a moralidade do livre mercado e a relação entre a atividade econômica e o lugar que cada um ocupa na sociedade. Somente a análise dos méritos de cada um destes pressupostos permite avaliar o volume da crítica e da batalha do Papa Francisco. Somente a análise da mentalidade que a junção destes pressupostos criou permite entender de que forma eles cortam pela raiz a possibilidade de aumentar a justiça do sistema econômico americano e da comunidade mundial.

A ordem natural

O primeiro pressuposto é que os atuais índices de desigualdade econômica fazem parte do funcionamento natural de um sistema econômico são. A lógica que fundamenta essa afirmação é simples: qualquer sistema econômico que procure favorecer o crescimento deve incentivar a iniciativa e o trabalho individual. Por essa razão, a desigualdade será um elemento constitutivo de todos os países que dão valor ao crescimento.
Segundo este pressuposto, as desigualdades econômicas são naturais mesmo em um sentido mais fundamental. A desigualdade nasce do direito dos homens e mulheres de utilizar os próprios talentos da forma que melhor julgarem e pela justa exigência de recompensar os indivíduos pela contribuição dada a iniciativas específicas. É legítimo que as sociedades tenham a obrigação de assegurar o limiar do crescimento econômico aos seus cidadãos, mas ir além e procurar limitar a desigualdade econômica não somente obstruiria o crescimento, mas violaria princípios basilares de justiça.
Mas para a doutrina católica este pressuposto, profundamente enraizado na cultura americana, é radicalmente inaceitável. O ponto de partida do pensamento da Igreja não é a necessidade de maximizar o crescimento econômico ou o direito dos indivíduos de ser recompensados, mas a igual dignidade de todos os homens e mulheres, criados à imagem de Deus. Como afirma o n° 29 da Gaudium et spes, “A igual dignidade das pessoas requer que se somem condições de vida mais humanas e justas. De fato as desigualdades econômicas e sociais excessivas entre os membros e os povos da única família humana suscitam escândalo e são contrárias à justiça social, à equidade, à dignidade da pessoa humana, além da paz social e internacional”.
Grandes desigualdades entre as nações e no seu interior são automaticamente suspeitas segundo a doutrina católica: não constituem a concretização da ordem natural, representam uma profunda violação.
É crucial perceber que, no texto citado, o Concílio não fala do direito a um salário de subsistência, muito menos controverso, mas explicitamente das disparidades de renda. A doutrina católica reconhece há anos que os danos mais profundos causados pela desigualdade econômica não se manifestam somente na esfera material, mas nos efeitos sociais, psicológicos e políticos que dela derivam. Os excluídos do ponto de vista econômica são também do ponto de vista da instrução, do tipo de habitação ou da oportunidade de encontrar um trabalho digno. Por consequência – conclui o Papa Francisco – são de fato excluídos da sociedade: “Com essa exclusão golpeia-se, na sua própria raiz, a inserção na sociedade em que se vive, uma vez que essa não se encontra nas favelas, na periferia, ou sem poder, simplesmente se está fora. Os excluídos não são ‘aproveitados’, mas rejeitos, ‘sobras’” (EG, n° 53).
A afirmação que extraordinários níveis de desigualdade constituem uma profunda injustiça e não um elemento necessário de ordem natural é o ponto de atrito na base da rejeição da mensagem do Papa Francisco nos Estados Unidos. Que a nação mais rica do mundo tenha o nível mais elevado de desigualdade de renda entre os Países mais desenvolvidos é uma injustiça, e não a ordem natural. Que as 85 pessoas mais ricas do mundo possuam mais riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres é uma injustiça, e não a ordem natural. As correntes de pensamento americanas que consideram índices grotescos de desigualdade inevitáveis em uma economia de mercado constituem uma ideologia da justificação e da autoindulgência, impossível de conciliar com a consciência de ser cúmplices da injustiça e com o imperativo à conversão que jorra de qualquer aplicação sensata do Evangelho às relações econômicas no mundo em que vivemos.

A santidade do mercado

O segundo pressuposto cultural amplamente aceito nos Estados Unidos é que a liberdade de mercado seja um imperativo categórico ao invés de uma liberdade instrumental. Nenhum elemento dos ensinamentos do Papa Francisco sobre justiça econômica recebeu mais críticas que a sua rejeição da autonomia absoluta dos mercados. Os defensores do capitalismo americano rebateram as criticas do Papa com duas diferentes argumentações. A primeira sustenta que os sistemas econômicos ocidentais não são completamente autônomos, mas sujeitos à regras que salvaguardam importantes direitos humanos. A segunda sustenta que o livre mercado é o melhor sistema para produzir riqueza em vantagem de todas as classes sociais e para dar atuação ao direito humano fundamental a estipular contratos e a empreender.
Ambas contêm importantes elementos de verdade. No Ocidente os mercados não são livres em sentido absoluto, mas incorporam tutelas basilares da dignidade humana. Além disso, os mercados constituem o mecanismo central na criação da riqueza que permitiu a milhões de pessoas nas últimas décadas deixar a pobreza pra trás, principalmente na China e na Índia. Por fim, os livres mercados dão expressão e subsistência à importante liberdade da pessoa de empreender e estipular contratos. Por todas essas razões, mercados relativamente livres favorecem o instauro da justiça econômica no mundo.
Mas nos últimos cinquenta anos a Doutrina Social da Igreja deixou claro que o livre mercado não constitui um primeiro princípio na justiça econômica. A liberdade dos mercados é pela sua própria natureza puramente instrumental, e deve ser governada pela sociedade e pela política voltada para o bem comum. A encíclica Centesimus annus João Paulo II insere de forma sábia na doutrina social uma avaliação moderna de mercado e esclarece que a liberdade no âmbito econômico deve ser “enquadrada em um contexto jurídico sólido que a coloque a serviço da liberdade humana integral e a considere como uma dimensão particular desta liberdade, cujo centro é ético e religioso” (n. 42).
Tendo frente aos olhos a destruição provocada pela quebra de mercados financeiros em 2008, Bento XVI observa na encíclica Caritas in veritate que a justiça distributiva e também a social são essenciais aos complementos da justiça comutativa típica dos mercados, uma vez que “o mercado, deixado somente ao principio da equivalência de valores dos bens trocados não é capaz de produzir a coesão social da qual necessitam para funcionar corretamente” (n. 35). Com coerência e constância a doutrina da Igreja sustenta que a dignidade da pessoa é o modo de mensurar cada sistema e cada instituição e que os mercados devem estar organizados a partir dessa perspectiva.
É exatamente à luz dessa posição que o Papa Francisco se pronuncia sobre o tema de mercado e condena o integralismo de quem se opõe a reformas estruturais que levariam maior igualdade e promoveriam a dignidade humana. Identifica uma proximação “sagrada” às estruturas de mercado existentes, que se opõem a toda proposta de mudança e de reforma em nome da liberdade e da eficiência. Observada através do prisma da sacralidade, qualquer crítica ao status quo é interpretada como um centralismo estatal, invasão da liberdade individual ou impulsionador da estagnação econômica.
A própria sacralização do libre mercado marcou a oposição a todos os principais impulsos reformistas da história econômica dos Estados Unidos: a da reforma agrária do século XIX, as do progressismo do início do século e aquelas do período da Grande Depressão. Em qualquer um destes casos os reformadores se depararam com uma defesa integralista dos mercados, que rotulava qualquer mudança como um ataque a liberdade e a prosperidade. É irônico que seja exatamente sobre essas reformas que os defensores do mercado hoje apontam o dedo com orgulho como prova que a liberdade dos mercados não é absoluta.
A liberdade de mercado é essencial para uma economia robusta e justa, mas é um meio e não um imperativo categórico. Os mercados existem ao serviõ das pessoas e das comunidades. A sociedade e o governo têm a obrigação de regular os mercados de forma que possam desenvolver o seu serviço da melhor forma.

“Produtores” versus “consumidores”

O último pressuposto cultural é que exista na sociedade americana uma contraposição de fundo entre aqueles que contribuem em termos econômicos e aqueles que não o fazem. Essa tendência foi capturada pela retórica da campanha presidencial de 2012, que colocava em lados opostos “produtores” (makers) e “consumidores” (takers). Os primeiros são aqueles que pagam impostos maiores do que os benefícios que recebem da administração pública, enquanto que os segundos são aqueles que recebem benefícios em maior grandeza do que os impostos que pagam. Pela falta de uma definição de quais benefícios deveriam ser computados neste calculo ou de um esclarecimento se aqueles que contribuíram economicamente no passado mas hoje estão aposentados ou inválidos estejam considerados no segundo grupo, a ideia de base é que uma parcela consistente da sociedade americana drena continuamente recursos do sistema econômico.
Essa ideia ganha força também devido ao aumento da desigualdade e da redução da mobilidade econômica daqueles que nascem nas famílias que constituem os 20% mais pobres da população. O resultado é que exatamente a exclusão contra a qual o Papa Francisco se insurge prejudicou a retórica pública e a unidade da sociedade americana. Os pobres, que estavam no centro das ações políticas e da atenção pública nos anos 60 e 70 do século passado, se encontram agora relegados a um canto do debate público. Os programas a seu benefício devem ser justificados sobre a base das vantagens colaterais para a classe média. A ideia que seguidamente não é explicitada, mas profundamente radicada nessa mudança cultural, é que os pobres são, em grande parte, responsáveis pela própria pobreza.
Pensar que seja possível dividir uma sociedade em “produtores” e “consumidores” assume exatamente o individualismo que o Papa Francisco condena. Pressupõe que a produção da riqueza seja essencialmente uma sociedade individual, desconsiderando a enorme importância da contribuição da sociedade a cada iniciativa empreendedora. Nega a afirmação central da doutrina católica que a criação é obra de Deus doada a humanidade como um todo, e que os bens materiais tem uma destinação universal que não deve ser contradita. A ideologia dos “produtores” e “consumidores” considera o êxito dos mecanismos de mercado não somente como um filtro de primeiro nível para a distribuição dos bens materiais no interior da sociedade, mas qual julgamento ético de mérito, esforço e talento. Exercita um influxo subversivo sobre a sociedade americana, semeando a discórdia e a divisão.
Entre as maiores ironias deste mito é considerado o fato que a estruturação da desigualdade coloca grandes obstáculos à possibilidade dos jovens encontrarem um trabalho digno. Papa Francisco repete seguidamente essa trágica escassez de trabalho. Sem reformas estruturais do sistema econômico, voltadas a remover os obstáculos para o crescimento das ocupações, o círculo vicioso da exclusão econômica e social que está ao centro da batalha lançada pelo Papa só irá piorar.
No andamento da sua história, os Estados Unidos conseguiram construir a criatividade dos indivíduos, enormes recursos naturais, liberdade de mercado e coesão social para produzir a economia mais potente que o mundo já conheceu. Mas, como o rico na parábola de Lázaro, pressupostos culturais não conciliados com o Evangelho nos tornam cegos às nossas obrigações, as necessidades dos pobres e dos excluídos. Esses pressupostos distorcidos estão na base da convicção de que a pobreza extrema seja inevitável no nosso país e no mundo, que qualquer reforma estrutural dos nossos mercados quebrará o crescimento econômico e irá instaurar um modelo de centralismo estatal, e que os pobres são merecedores do próprio destino.
Papa Francisco, com a sua visão de uma sociedade de inclusão, nos dá a ocasião de colocar em discussão os pressupostos com a força do Evangelho e fazendo uso do significado substancial da justiça. É essencial que os católicos americanos, como cristão e cidadão que amam a própria pátria, usem com toda a força dessa mensagem de inclusão para confrontar a questão da pobreza, da exclusão e da desigualdade.
America, fevereiro de 2015.
* Robert W. McElroy é bispo auxiliar de San Francisco.

Teologia e Espiritualidade do Tríduo Pascal – Dom Teodoro Faria


   
Ritos de Quinta-feira Santa darão início ao ciclo de celebraçãos mais importantes no calendário da Igreja
Entre todas as semanas do ano, a mais importante para os cristãos é a Semana Maior, que foi santificada pelos acontecimentos que a liturgia celebra, da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor – o Mistério Pascal.
A peregrina do séc. V, Eteria, começa a sua relação da semana santa em Jerusalém escrevendo: «O dia seguinte, domingo, é o começo da semana da Páscoa ou Semana Maior, como a chamam aqui».
De facto, esta semana é o coração e o centro de toda a liturgia anual, nela se celebra o mistério da redenção, o grande sinal do amor de Deus salvador. «A Páscoa é o cume», assim resume esta festa um escritor dos primeiros séculos.
O cristão entra nesta Semana com o espírito de paz interior e recolhimento. A Quaresma foi um tempo de trabalho, disciplina, conversão, cerimónias penitenciais, agora chegou o tempo de descansar na Paixão de Cristo. «Deus amou tanto o mundo que lhe deu o Seu Filho Unigénito» (Jo. 3, 16). Toda a Paixão é sinal do amor de Deus, tornado visível em Jesus Cristo.
A devoção da Semana Santa nasceu da piedade dos primeiros cristãos de Jerusalém, onde Jesus sofreu a sua paixão. Por isso, desde os primeiros séculos, Jerusalém tornou-se lugar de peregrinações para os cristãos que gostavam de visitar os lugares da paixão. Nós participamos nos mistérios de Cristo não apenas com o sentimento ou imaginação, mas antes de tudo com a fé.
2 – O tríduo pascal começa com a missa vespertina da ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa, alcança o seu apogeu na vigília pascal e termina com as vésperas do domingo de Páscoa. Todo este espaço de tempo forma uma unidade que inclui os sofrimentos e a glória da ressurreição. O bispo de Milão, Santo Ambrósio, refere nos seus escritos os «três santos dias» e o bispo de Hipona, Santo Agostinho, nas suas cartas chama-os «os três sacratíssimos dias da Crucifixão, sepultura e ressurreição de Cristo».
A Quinta-Feira Santa está marcada pela instituição da Escritura, «verdadeiro sacrifício vespertino» (cf. 141, 2). O ritual proíbe a celebração da eucaristia sem fiéis e recomenda a concelebração, que confere à cerimónia litúrgica uma nota de eclesialidade eucarística e de unidade entre eucaristia e sacerdócio. A cerimónia sugestiva e humilde do Lava-Pés orienta-se também para a Eucaristia.
Os textos litúrgicos mostram a entrega de Jesus Cristo para a salvação da humanidade. Jesus celebra a Páscoa judia mas oferece o seu corpo e sangue em lugar do cordeiro imolado no Templo, para selar a Nova Aliança. O Lava-Pés é sinal do «amor até ao fim» (Jo. 13, 1). A transladação solene do Santíssimo Sacramento, é um sinal de continuidade entre o sacrifício e a adoração da presença sacramental.
A Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor é constituída por uma liturgia austera e sóbria. O centro da celebração é uma «sinaxis» (assembleia litúrgica) não eucarística que na liturgia antiga se chamava «missa dos presantificados». Os paramentos são vermelhos e a liturgia desenvolve-se em três momentos – a liturgia da Palavra, com a leitura do IV cântico do poema do Servo de Deus (Is. 52, 13), a carta aos Hebreus com a passagem do Sumo Sacerdote «causa de salvação para os que lhe obedecem» (Heb. 4, 14), e a Paixão segundo São João, o teólogo místico que vê na cruz a exaltação de Cristo. Às leituras segue-se a oração universal; - a adoração da cruz com a antífona de origem bizantina «adoramos Senhor a vossa cruz… pelo madeiro veio a alegria a todo o mundo» e os impropérios nos quais Jesus reprova a ingratidão do seu povo; - a comunhão com o Pão eucarístico consagrado na tarde de quinta feira santa. A piedade popular gosta de participar na procissão do Enterro do Senhor e comove-se com a presença da Senhora da Soledade acompanhando o seu Filho morto.
A Sexta-feira é um dia de intenso luto e dor mas iluminado pela esperança cristã. A devoção à Paixão do Senhor está fortemente arreigada na piedade cristã. A peregrina Eteria, ao descrever as cerimónias em Jerusalém, por volta do ano 400, diz: «dificilmente podeis acreditar que toda a gente, velhos e jovens, chorem durante essas três horas, pensando no muito que o Senhor sofreu por nós».
A Igreja apresenta grande austeridade, nada distrai o nosso olhar do altar e da cruz, o povo cristão fica vigilante junto à cruz do Senhor e da Virgem da Soledade.
O grande Sábado Santo, é um dia de serena esperança e preparação orante para a ressurreição. Os cristãos dos primeiros séculos jejuavam neste dia como em sexta feira santa, era o tempo em que o esposo os tinha deixado (Mt. 2, 19).
O Ofício Divino é rezado perante o altar desnudado, presidido pela cruz e tem um acento de meditação e repouso. A piedade cristã ora perante a imagem da Virgem das Dores, «ela no grande Sábado, recolheu a fé de toda a Igreja… só ela entre todos os discípulos esperou vigilante a ressurreição do Senhor». (Missa da Virgem Maria).
A Vigília Pascal é uma vasta celebração da Palavra de Deus que continua com o baptismo e continua com a Eucaristia. Os símbolos são abundantes e de uma grande riqueza espiritual – o ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus e a marcha de Israel no deserto guiado pela coluna de fogo; a liturgia da Palavra com Salmo e oração, percorrendo as etapas da história da salvação; a liturgia da iniciação cristã que incorpora novos filhos na Igreja; a renovação das promessas do baptismo e aspersão com a água benta que recorda a água do nosso baptismo; por fim a eucaristia que proclama a ressurreição do Senhor, esperando a sua última vinda (1 Cor. 11, 26).
A liturgia convoca de novo os fiéis para o «dia que fez o Senhor» na missa do dia. A piedade cristã realiza a procissão de Cristo ressuscitado, ornamentando as estradas, estalando foguetes, tocando sinos e ao som da música entoa o «Regina coeli» à mãe de Jesus. O Aleluia, que fora suprimido na Quaresma, aparece repetidas vezes em sinal de alegria e vitória, de forma que o Aleluia pascal se tornou a aclamação própria do mistério pascal.
A magnífica liturgia pascal põe em relevo uma nota escatológica que indica a meta para onde nos dirigimos seguindo Cristo e que São Paulo apresenta na carta aos Coríntios: «Sempre que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos a tua morte Senhor, até que venhas» (1Cor. 11, 26).

† Teodoro de Faria, Bispo emérito do Funchal