domingo, 2 de fevereiro de 2014

Evangelho do Dia

Ano C - 02 de fevereiro de 2014

Lucas 2,22-40 ou 22-32

Aleluia, aleluia, aleluia.
Sois a luz que brilhará para os gentios e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2,32).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
2 22 Concluídos os dias da sua purificação da mãe e do filho, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém para o apresentar ao Senhor,
23 conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor;
24 e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.
25 Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele.
26 Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor.
27 Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei,
28 tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos:
29 “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra.
30 Porque os meus olhos viram a vossa salvação
31 que preparastes diante de todos os povos,
32 como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel”.
33 Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam.
34 Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições,
35 a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”.
36 Havia também uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada.
37 Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
38 Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação.
39 Após terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, à sua cidade de Nazaré.
40 O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
MEUS OLHOS VIRAM A SALVAÇÃO
Fiéis às tradições religiosas do povo, Maria e José cumpriram o rito de apresentação do filho primogênito. Este gesto simples revestiu-se de simbolismo. Quem tinha sido levado ao templo, mais que filho de Maria e José, era o Filho de Deus. A liturgia de apresentação evidenciou os dois grandes eixos da existência de Jesus: sua humanidade e sua divindade. Fora apresentado o homem Jesus, com todas as suas características socioculturais e familiares, em sua fragilidade de recém-nascido, na pobreza de seus pais, inferiorizado, em termos religiosos, por ser galileu. No menino Jesus, expressou-se a humanidade, de forma irrestrita. Ele não fora poupado em nada, ao aceitar encarnar-se na história humana. Entretanto, ao consagrá-lo a Deus e fazendo-o, daí em diante, pertencer-lhe totalmente, a liturgia evidenciava a divindade de Jesus. Aquele menino indefeso pertencia inteiramente a Deus, em quem sua existência estava enraizada. Era o Filho de Deus. Por isso, no templo, estava em sua própria casa. Suas palavras e ações seriam a manifestação do amor de Deus. Por meio dele, seria possível chegar até Deus. Uma vez que podia ser contemplada em sua pessoa, sua divindade fazia-se palpável na história humana. Assim se explica por que Simeão viu a salvação de Deus.

Oração
Senhor Jesus, como Simeão, eu vejo em ti a salvação atuando em minha vida e na vida da humanidade, sedenta de Deus.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
Malaquias 3,1-4
Leitura da profecia de Malaquias.
3 1 Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem - diz o Senhor dos exércitos.
2 Quem estará seguro no dia de sua vinda? Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor, como a lixívia dos lavadeiros.
3 Sentar-se-á para fundir e purificar a prata; purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata; então eles serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convêm.
4 E a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora.
Palavra do Senhor.
Salmo 23/24
O rei da glória é o Senhor onipotente!

“Ó portas, levantai vossos frontões!
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas,
a fim de que o rei da glória possa entrar!”

Dizei-nos: “Quem é este rei da glória?”
“É o Senhor, o valoroso, o onipotente,
o Senhor, o poderoso nas batalhas!”

“Ó portas, levantai vossos frontões!
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas,
a fim de que o rei da glória possa entrar!”

Dizei-nos: “Quem é este rei da glória?”
“O rei da glória é o Senhor onipotente,
o rei da glória é o Senhor Deus do universo.”
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, ouvi as nossas súplicas. Assim como o vosso Filho único, revestido da nossa humanidade, foi hoje apresentado no templo, fazei que nos apresentemos diante de vós com os corações purificados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Padre pede mais união no seio das famílias


Luanda - O padre Antonio Quisseka, da paróquia de São Paulo (Igreja Católica), exortou este domingo as famílias angolanas no sentido de esforçarem-se para que haja maior união no seu seio. A exortação foi feita durante uma homilia, na presença de centenas de fiéis, tendo o religioso falado da necessidade de a sociedade primar pela a existência de fé e esperança neste o ano 2014. "A família é o pilar para existência de uma sociedade e sem ela tudo desmorona, daí a necessidade de se envidar esforços para podermos consolidar a união, com vista a promoção de uma convivência salutar entre irmãos", disse. Para o pároco, os fiéis e população em geral precisam de muita calma e paciência, assim como orar muito para a estabilidade das famílias, sendo que esta é a célula da humanidade.

Durante a missa, o padre abordou ainda, entre outros aspectos, o individualismo, falta de concordância, e amor ao próximo. Lembrou que "os fiéis cristãos devem saber perdoar os erros cometidos por outros, por ser uma virtude e um princípio cristão". “Ainda se assiste na sociedade angolana alguma falta de tolerância e perdão entre os cidadãos. É necessário mudar-se esse quadro e procurar sempre as atitudes reconciliatórias como atos de perdão", acrescentou. Por fim, o padre Antonio Quisseka referiu que a melhor maneira de um fiel sentir-se melhor quando está insatisfeito com o seu próximo é ouvir as preces do senhor, visto que ele saberá iluminar o melhor caminho a ser seguido.
Angop

Papa pede diálogo entre gerações na Igreja

Cidade do Vaticano - O Papa Francisco insistiu hoje no encontro entre jovens e idosos na Igreja, em particular nos institutos religiosos, durante a missa na Basílica de São Pedro que assinalou o dia da Vida Consagrada. “Faz bem aos idosos comunicar a sabedoria aos jovens e faz bem aos jovens acolher este patrimônio de experiência e de sabedoria, levá-lo por diante, para o bem das respectivas famílias religiosas e de toda a Igreja”, declarou, na homilia da celebração. O Papa, jesuíta, falou da vida consagrada como um “encontro com Cristo”, partindo da passagem dos Evangelhos que relata a apresentação de Jesus no Templo por São José e a Virgem Maria.

“No centro está Ele (Jesus), Ele move tudo, atrai-nos ao tempo, à Igreja, onde podemos encontrá-lo, reconhecê-lo, acolhê-lo, abraçá-lo”, observou. Francisco destacou o “carisma fundacional” de cada instituto religioso, que remete para a presença de Jesus. A homilia centrou-se na “festa do encontro” entre Jesus e o seu povo, representado no Templo de Jerusalém por dois “anciãos, Simeão e Ana”. “Estes dois anciãos estão cheios de vida! Estão cheios de vida porque estão animados pelo Espírito Santo, dóceis à sua ação, sensíveis aos seus apelos”, explicou.

O Papa refletiu sobre a relação entre “observância” da lei e “profecia”, atitudes animadas pelo “mesmo espírito”. “Também na vida consagrada se vive o encontro entre jovens e idosos, entre observância e profecia. Não as vejamos como realidades opostas, mas deixemos que o Espírito Santo as anime”, sublinhou. Segundo Francisco, a melhor forma de avaliar as decisões a este respeito é a existência de “alegria”. “A alegria de ser guiado pelo Espírito, nunca rígidos, nunca fechados, sempre abertos ao Deus que fala, que abre, que conduz”, prosseguiu.

A Missa contou com a participação de membros de Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, começando com a bênção das velas e uma procissão. “Que a graça deste mistério do encontro nos ilumine e nos conforte no nosso caminho”, concluiu o Papa.
SIR

Fé simples na espera por Deus

Trata-se de uma fé pouco cultivada, que se concretiza quase sempre em orações lentas e distraídas.


Mulher acende vela: 'Quem acolhe Jesus são dois anciãos de fé simples e coração aberto'. (Foto: Reuters)
Por José Antonio Pagola*
O relato do nascimento de Jesus é desconcertante. Segundo Lucas, Jesus nasce numa aldeia onde não há lugar para acolhê-lo. Os pastores tiveram que procurá-lo por toda Belém até que o encontraram num local afastado, deitado numa manjedoura, sem outras testemunhas além de seus pais. 

Ao que parece, Lucas sente necessidade de construir um segundo relato em que essa criança seja retirada do anonimato para ser apresentada publicamente. Que lugar mais apropriado que o Templo de Jerusalém para que Jesus seja acolhido solenemente como o Messias enviado por Deus ao seu povo?

Mas, de novo, o relato de Lucas vai ser desconcertante. Quando os pais se aproximam do Templo com a criança, não saem ao seu encontro os sumos sacerdotes nem os outros líderes religiosos. Dentro de alguns anos, eles serão aqueles que o entregarão para ser crucificado. Jesus não encontra acolhimento nessa religião segura de si mesma e esquecida do sofrimento dos pobres.

Tampouco vêm a recebê-lo os mestres da Lei que pregam as suas “tradições humanas” nos átrios daquele Templo. Anos mais tarde, rejeitam Jesus por curar doentes rompendo a lei do sábado. Jesus não encontra acolhimento nas doutrinas e tradições religiosas que não ajudam a viver uma vida mais digna e mais sã.

Quem acolhe Jesus e o reconhece como Enviado de Deus são dois anciãos de fé simples e coração aberto que viveram ao longo da sua vida esperando a salvação de Deus. Os seus nomes parecem sugerir que são personagens simbólicos. O ancião chama-se Simão (“O Senhor escutou”), a anciã chama-se Ana (“Oferenda”). Eles representam tantas pessoas de fé simples que, em todos os povos de todos os tempos, vivem com a sua confiança posta em Deus.

Os dois pertencem aos ambientes mais sãos de Israel. São conhecidos como o “Grupo dos Pobres de Javé”. São pessoas que não têm nada, só a sua fé em Deus. Não pensam na sua fortuna nem no seu bem-estar. Só esperam de Deus a “consolação” que necessita o seu povo, a “libertação” que seguem procurando geração após geração, a “luz” que ilumina as trevas em que vivem os povos da terra. Agora sentem que as suas esperanças se cumprem em Jesus.

Esta fé simples que espera de Deus a salvação definitiva é a fé da maioria. Uma fé pouco cultivada, que se concretiza quase sempre em orações lentas e distraídas, que se formula em expressões pouco ortodoxas, que se desperta sobretudo em momentos difíceis. Uma fé que Deus não tem nenhum problema em entender e acolher.
*José Antonio Pagola é teólogo. A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,22-44 que corresponde a Apresentação do Senhor, ciclo A do Ano Litúrgico.

Fiéis e amigos prestam últimas homenagens a Padre Libânio

Familiares, amigos, fiéis e admiradores estiveram presentes, neste sábado, à missa em homenagem ao padre jesuíta João Batista Libânio. Presidida pelo arcebispo metropolitano de BH, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a celebração foi marcada pelo sentimento de luto e de carinho.

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Dom Walmor presidiu missa em homenagem a Padre João Batista Libânio. (Alexandre Vaz/Dom Total)
Por Alexandre Vaz
Repórter Dom Total
Familiares, amigos, religiosos, ex-alunos, fiéis, membros da comunidade jesuíta e, sobretudo,  admiradores estiveram presentes na manhã deste sábado (1º), na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), no Bairro Planalto, em Belo Horizonte, para participar da missa em homenagem ao Padre João Batista Libânio, teólogo jesuíta, escritor e professor, que faleceu na última quinta-feira (30) em decorrência de um infarto.

Presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a celebração foi marcada pelo sentimento de luto, mas também pelo carinho das pessoas que tiveram a oportunidade de conviver com o teólogo e que fizeram questão de lembrar suas atitudes de fé e simplicidade perante ao próximo.

Em sua homilia, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte ressaltou a herança que o Padre Libânio deixará para as presentes e futuras gerações. Dom Walmor ressaltou a importância do trabalho do teólogo para  aproximar a Igreja de uma sociedade que está em permanente mudança. “A obra e as ideias do Padre Libânio eram de uma riqueza interminável. Ele entendeu que é preciso construir caminhos para a Igreja, à luz das discussões contemporâneas, abrindo o coração às novas realidades. Nesse sentido, ele sempre nos inspirava, com muita lucidez, a construir pontes com o próximo, não nos deixando acomodar”.

Nesse aspecto, o arcebispo ressaltou o trato simples e respeitoso com que o teólogo lidava com o próximo. “Devemos ter uma profunda gratidão por termos convivido com o Padre Libânio por termos convivido com ele. Ele deixou uma herança que nos faz mais ricos em fé e simplicidade”, destacou.

Para o  padre Jaldemir Vitório, reitor da FAJE, João Batista Libânio,com quem conviveu por 32 anos como aluno e colega na FAJE, o teólogo era um tipo particular de pessoa, muito animado e inteligente. “Ele era uma espécie de ‘antena’. Era sempre muito dinâmico e atento ao que acontecia ao seu redor. Era um homem muito jovial que serviu como exemplo para muitos alunos. Vai fazer muita falta”, afirmou.

Ana Maria Coutinho, sobrinha do teólogo e professora de História Medieval na PUC Minas, relembrou os momentos em que conviveu com o Padre João Batista Libânio. “Sempre estava rodeado de pessoas, promovendo grandes debates em torno da sociedade, da Igreja e do ser humano. Era muito próximo de todos, se importava verdadeiramente com o próximo. Além disso, fazia questão de desenvolver a consciência crítica entre as pessoas com quem convivia”, lembrou.

O velório teve prosseguimento no velório da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano, na Grande BH. O corpo foi enterrado neste sábado, às 17h, no Cemitério Bosque da Esperança.

Histórico

Natural de Belo Horizonte, João Batista Libânio tinha 81 anos. Foi um dos principais fundadores da Teologia da Libertação, movimento que buscou aproximar o catolicismo dos problemas da sociedade,  sobretudo dos mais pobres.  Publicou mais de 125 livros,dos quais 36 de autoria exclusiva e os demais, em colaboração com outros autores.

Era vigário na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano, na Grande BH,  professor na FAJE, além de colunista no Dom Total. Na época da eleição do papa Francisco, João Batista Libânio afirmou, em entrevista ao Dom Total, que, mais do que uma mudança no conteúdo, Francisco significou  uma mudança nos ritos da Igreja, de forma que os fiéis tenham um contato mais próximo e direto com Deus.

“Ao propor uma simplificação nos ritos da Igreja, o papa quer promover um contato mais próximo e direto dos fiéis com Deus. Assim, ele ajuda o catolicismo se aproximar do Jesus histórico, que sempre foi nos ensinou a amar o próximo, acima de tudo”, afirmou na época.

PROCLAMAS MATRIMONIAIS




01 e 02 de fevereiro de 2014


COM O FAVOR DE DEUS E DA SANTA MÃE A IGREJA, QUEREM SE CASAR:


·         RODRIGO CARVALHO DE FARIAS
E
SYLDÊNIA DE MELO RODRIGUES SILVA

·         FÁBIO DA SILVA FERREIRA
E
GISA DA COSTA DIAS

·         RÔMULO PEDRO FERREIRA DA SILVA
E
LAYS MARIA RAMOS PORTELA

Fraternidade na economia



A idolatria do dinheiro tem estreitado mentes e corações (Foto: Reprodução)
A fraternidade na economia é uma premissa determinante na construção da paz. Lamentavelmente, a idolatria do dinheiro tem estreitado mentes e corações, negociações e pactos, em razão da hegemonia exercida sobre o desejo e sobre as razões de viver das pessoas, de povos, grupos e culturas.

Entre as dinâmicas da idolatria do dinheiro, além da mesquinhez que limita as oportunidades de partilhas, apoios e desenvolvimento de projetos básicos para o crescimento das populações, inscreve-se a devoradora compulsão pelo consumo. Conduta que está na base da crise de valores, experimentada em todo o mundo, por reduzir a pessoa ao seu poder aquisitivo.

O desarvoro do consumo gera voracidade e tiranias incontroláveis no íntimo das pessoas, determinando dinâmicas perversas para a sociedade contemporânea. Como enfrentar adequadamente as graves crises financeiras e econômicas deste tempo? O lucro é determinante e deve ser sempre maior. Impõe o esvaziamento antropológico de entendimentos sobre o que é essencial na vida das pessoas, impedindo investimentos, partilhas e apoios. Torna-se meta principal, sacrificando projetos e programas que poderiam fazer a diferença em cenários de pobreza. A lógica do lucro que expulsa a fraternidade das dinâmicas da economia gera outras consequências igualmente preocupantes, tecendo uma rede de violências, perversidades e corrupção. Destrói o que poderia se traduzir em exercícios ricos de fraternidade. O Papa Francisco, na convicção que rege o serviço evangelizador da Igreja, constata e chama à reflexão sobre o afastamento do homem, de Deus e do próximo e sobre o empobrecimento das relações interpessoais e comunitárias como causas fatais dessa realidade contemporânea.

As pessoas são consequentemente empurradas na direção do consumo, na busca do lucro a todo custo e fora da lógica de uma economia saudável. O cenário é de desgoverno e de descontrole, realidade que pesa sobre todos os ombros. Não se pode continuar crescendo e avançando, comprometendo aspectos essenciais, gerando prejuízos irreversíveis, como a perda do sentido fundamental de humanidade que sustenta cada pessoa.  O sistema de produção e os meios de comunicação, já dizia o Bem Aventurado Joao Paulo II, têm enorme responsabilidade pela forte influência no dia a dia das pessoas e na formação de conceitos que não priorizam o que, de fato, é importante.

É clara a convicção de que as crises econômicas e suas injunções devem levar os construtores da sociedade pluralista, dirigentes governamentais e cidadãos a repensar os modelos de desenvolvimento e os estilos de vida. Transformações que têm sido claramente indicadas como possibilidades de proteger cada pessoa da agressividade dos mecanismos da sociedade do lucro e do consumo. A mudança de estilo de vida - frisa o Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, não pode abrir mão do cultivo das virtudes da prudência, temperança, justiça e fortaleza.

A mudança da sociedade não virá, nem se sustentará, simplesmente pelas dinâmicas próprias da economia, que não possui arcabouço suficiente em si mesma para promover as transformações que a cultura contemporânea necessita.  Apostar em outro modelo econômico como solução para as sociedades faria, apenas, aumentar a lista dos fracassos na busca da paz e adiaria a possibilidade de uma justiça social mais abrangente e mais significativa.

A fraternidade sim, tem a energia necessária para mudar a economia. Vivida e cultivada pela força motriz das virtudes tem propriedades singulares e únicas para extinguir a guerra, humanizar as relações econômicas e promover o entrelaçamento de pessoas. A Fraternidade tem o poder de iluminar a inteligência gerando entendimentos que arquitetam pactos sociais e políticos. A fraternidade, como via para a paz, é o caminho novo para a economia.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante os exercícios de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB - Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas.