A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 20-01-2013.
"A
Igreja reafirma o seu grande ´sim´ à dignidade e à beleza do matrimônio
como expressão de fiel e fecunda aliança entre homem e mulher. E o
´não´ a filosofias como a de ´gênero´ se motiva pelo fato de que a
reciprocidade entre masculino e feminino é expressão da beleza da
natureza desejada pelo Criador". Bento XVI se dirigiu nesse domingo ao
Conselho "Cor Unum", o dicastério vaticano que administra as obras de
caridade do papa, e retomou o fio do discurso à Cúria, antes do Natal,
quando falou do "atentado à autêntica forma da família – constituída por
pai, mãe e filho – ao qual hoje nos encontramos expostos": citando a
intervenção do Grã-Rabino da França, Gilles Bernheim, contra o
"casamento para todos" e as adoções a casais gays, o papa criticara a
"profunda erroneidade" da teoria de gênero, para a qual "o sexo não é
mais um dado original da natureza que o ser humano deve aceitar e
preencher de sentido, mas sim um papel social que se decide
autonomamente".
Agora, segundo o seu estilo, Ratzinger também não lança anátemas, mas argumenta em torno da "deriva" do ser humano contemporâneo ao "prometeísmo tecnológico", para o qual "o que é tecnicamente possível torna-se moralmente lícito".
E parte de uma consideração: "O cristão deve se deixar orientar pelos princípios da fé, mediante a qual aderimos ao ponto de vista de Deus, ao seu projeto sobre nós". Em todas as épocas, diz, "quando o ser humano não buscou esse projeto, ele foi vítima das tentações culturais que acabaram tornando-o escravo". Em particular, "as ideologias que celebravam o culto da nação, da raça, da classe social se mostraram verdadeiras idolatrias".
Mas não há apenas os totalitarismos ateus, do nazismo ao comunismo: "O mesmo pode ser dito sobre o capitalismo selvagem com o seu culto do lucro, do qual se obtiveram crises, desigualdades e miséria". O nosso tempo também "conhece sombras que obscurecem o projeto de Deus".
Aqui está a questão, afirma Bento XVI. "Refiro-me a uma trágica redução antropológica que repropõe o antigo materialismo hedonista, ao qual se acrescenta, no entanto, um prometeísmo tecnológico: da combinação entre uma visão materialista do ser humano e o grande desenvolvimento da tecnologia, emerge uma antropologia, no fundo, ateia", continua.
"Esta pressupõe que o ser humano se reduza a funções autônomas, a mente ao cérebro, a história humana a um destino de autorrealização. Tudo isso, prescindindo de Deus, da dimensão espiritual e do horizonte ultraterreno". Assim, o ser humano se "absolutiza", isto é, pretende ser "ab-solutus, livre de todo laço e constituição natural".
Se Deus não existe, tudo é possível, dizia Dostoiévski. E é isso que, no fundo, o papa também diz: quando o ser humano é "privado da sua alma" e, portanto, "de uma relação pessoal com o Criador", então "toda experiência torna-se aceitável, toda política demográfica permitida, toda manipulação legitimada".
Bento XVI convida aqueles que trabalham no campo social a "exercer uma vigilância crítica e, às vezes, recusar financiamentos e colaborações que favoreçam ações ou projetos em contraste com a antropologia cristã".
A Igreja é "coluna e sustentáculo da verdade", e os pastores "têm o dever de alertar", conclui solenemente: "Mesmo que esse desvio se disfarça com bons sentimentos em nome de um suposto progresso, ou de supostos direitos, ou de um suposto humanismo".
Agora, segundo o seu estilo, Ratzinger também não lança anátemas, mas argumenta em torno da "deriva" do ser humano contemporâneo ao "prometeísmo tecnológico", para o qual "o que é tecnicamente possível torna-se moralmente lícito".
E parte de uma consideração: "O cristão deve se deixar orientar pelos princípios da fé, mediante a qual aderimos ao ponto de vista de Deus, ao seu projeto sobre nós". Em todas as épocas, diz, "quando o ser humano não buscou esse projeto, ele foi vítima das tentações culturais que acabaram tornando-o escravo". Em particular, "as ideologias que celebravam o culto da nação, da raça, da classe social se mostraram verdadeiras idolatrias".
Mas não há apenas os totalitarismos ateus, do nazismo ao comunismo: "O mesmo pode ser dito sobre o capitalismo selvagem com o seu culto do lucro, do qual se obtiveram crises, desigualdades e miséria". O nosso tempo também "conhece sombras que obscurecem o projeto de Deus".
Aqui está a questão, afirma Bento XVI. "Refiro-me a uma trágica redução antropológica que repropõe o antigo materialismo hedonista, ao qual se acrescenta, no entanto, um prometeísmo tecnológico: da combinação entre uma visão materialista do ser humano e o grande desenvolvimento da tecnologia, emerge uma antropologia, no fundo, ateia", continua.
"Esta pressupõe que o ser humano se reduza a funções autônomas, a mente ao cérebro, a história humana a um destino de autorrealização. Tudo isso, prescindindo de Deus, da dimensão espiritual e do horizonte ultraterreno". Assim, o ser humano se "absolutiza", isto é, pretende ser "ab-solutus, livre de todo laço e constituição natural".
Se Deus não existe, tudo é possível, dizia Dostoiévski. E é isso que, no fundo, o papa também diz: quando o ser humano é "privado da sua alma" e, portanto, "de uma relação pessoal com o Criador", então "toda experiência torna-se aceitável, toda política demográfica permitida, toda manipulação legitimada".
Bento XVI convida aqueles que trabalham no campo social a "exercer uma vigilância crítica e, às vezes, recusar financiamentos e colaborações que favoreçam ações ou projetos em contraste com a antropologia cristã".
A Igreja é "coluna e sustentáculo da verdade", e os pastores "têm o dever de alertar", conclui solenemente: "Mesmo que esse desvio se disfarça com bons sentimentos em nome de um suposto progresso, ou de supostos direitos, ou de um suposto humanismo".
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