quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Perfil do Pontífice que virá

Dos cardeais, indicações sobre o sucessor: não demasiado idoso, reformador, aberto a mundo e de profunda pregação: um conjunto de qualidade que faria dele uma figura carismática.


(Foto: )
Por Andrea Tornielli

Cidade do Vaticano – «Há quem quer um Papa não demasiado idoso e com um bom vigor físico, como o apontou Bento XVI em seu discurso de renúncia. Que não deva ser demasiado jovem o repetem muitos dos meus irmãos, para evitar um pontificado de trinta anos. Que é necessário um Pontífice capaz de reformar a Cúria, tantos o pensam.Quem os fiéis esperam um Papa pastor capaz de propor a mensagem positiva, o sabemos bem todos...». O cardeal que se prepara a entrar no conclave atormenta com as mãos uma antiga caneta à tina de prata. Sabe bem que não é «papável». Como ele, já fizeram outros purpurados eleitores, em conversas reservadas ou entrevistas públicas, sintetiza em poucas palavras o perfil do sucessor ideal de Bento XVI.

A idade e a força física, desta vez, são pesar. Como o foram no segundo conclave de 1978, aquele que aconteceu após a morte súbita e inesperada de Papa Luciani: os eleitores escolheram como sucessor um cardeal com 58 anos. Bento XVI, renunciado, afirmou: «No mundo e hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de destaque para a vida da fé, para governar o barco de são Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor seja do corpo seja do ânimo». Também se a possibilidade da renúncia, após o gesto de Ratzinger, poderia abrir o caminho também a um sucessor muito jovem, vários cardeais parecem apostar como mais provável «uma idade entre os 65-70 anos». Sessenta e cinco anos foi a idade que tinha Paulo Vi quando foi eleito, após ter trabalhado durante décadas na Secretaria de Estado e a conhecia muito bem. Pelo menos algum conhecimento dos mecanismos curiais se pede ao candidato ideal, também porque já vários purpurados apontaram como uma das prioridades do próximo pontificado a reforma da Cúria romana, uma reestruturação da Secretaria do Estado, uma maior colegialidade.

O próximo Papa deveria, portanto, ter, de acordo com estas indicações, a qualidade de reformador e a determinação demonstrada por Pio X no início do século XX. No caso do escolhido não tiver marcadas qualidades de governo, deveria logo ser auxiliador por um Secretário de estado capaz de ajudá-lo adequadamente: também por isso muitos consideram indispensável que o novo eleito não confirme os atuais colaboradores curiais até o fim do quinquênio de nomeação, mas peça a todos a disponibilidade de serem substituídos durante poucos meses para poder formar uma nova equipe.

Outro aspecto que estará no perfil do novo Papa, é o de ser um homem espiritual e um verdadeiro pastor. Um papa que seja capaz de falar ao mundo, anunciado de maneira positiva e propositiva a mensagem evangélica, e que busque superar barreiras e divisões para chegar também aos afastado, como fizera com seu sorriso João XXIII, o «papa bom». Deverá aparecer mais como pastor do que como chefe de estado, e é por isso que, apesar das razões de segurança, já vários cardeais estariam a favor de uma reformulação do esquema de segurança ao redor do Pontífice, bem como uma maior sobriedade nos ritos por ele celebrados.

O perfil ideal prevê, ainda, que tenha traços carismáticos, capaz de expressar o rosto da Igreja comunicativa, como soube fazer João Paulo II. E que seja capaz de fazer ouvir a voz do Papado em nível internacional sobre os grandes problemas da paz, do choque e do encontro de civilização, nas relações com as outras religiões, como o próprio Wojtyla fez. O que mais faltará à Igreja, a partir das 20h de Roma (16h de Brasília) desta quinta-feira, quando Bento XVI, livre do peso do pontificado, se tornará um bispo vestido de branco e «Papa emérito», serão suas catequeses e as homilias, com como seus diálogos e as intervenções espontâneas. Difícil imaginar quem possa aspirar em assumir a herança de um magistério tão profundo e essencial, à cuja riqueza o sucessor, em todo caso, poderá continuar a usufruir. Também pelo fato que Ratzinger viverá a seu lado no Vaticano.
Andrea Tornielli, Vatican Insider, 27-02-13

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