terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Um novo pontífice por uma igreja cada vez mais universal

Por Roberto Repole - presidente da Associação dos Teólogos Italianos (ATI).

TURIM – Vatican Insider – 17 de fevereiro de 2013 - Uma das grandes heranças que Bento XVI entregou à Igreja é representado pela proclamação, por ocasião dos 50º aniversário do Concílio Vaticano II, de um ano da fé.

Com esse gesto o Papa quis chamar a atenção para a necessidade que a Igreja reencontre seu centro e sua razão de existir: o fato de ser a comunidade daqueles que acreditam em Cristo e no Deus que Ele nos manifestou; e o fato que esta é a única riqueza que ela possui, em relação à qual toda outra coisa aparece inexoravelmente secundária.

Mas também implicitamente pressionou a Igreja a reconhecer que a fé, hoje, não é fato garantido, sobretudo no nosso mundo ocidental. E que, portanto, é preciso redescobrir, como se deu em outras épocas da história, as estradas a serem seguidas para oferecer a riqueza do cristianismo de maneira que toque e torne realmente mais humana a vida dos homens de hoje. 

Seu sucessor deverá, com toda probabilidade, começar daqui. Será chamado a guiar a Igreja a reencontrar na fé o motivo mais profundo de sua existência. E deverá, sobretudo, orientar os cristãos a colocar à disposição todas as energias espirituais e intelectuais, de que dispõem para testemunhar que o cristianismo é realmente vivível também hoje; e que o Deus de Jesus cristão não é só aliado do homem em si, mas também do homem moderno, que redescobriu como valores irrenunciáveis sua razão crítica e, sobretudo, sua liberdade. Como anunciar Deus neste nosso mundo deverá ser, portanto, preocupação central do papa e da Igreja nos próximos anos.

Mas para que isso aconteça, o novo papa será chamado a favorecer o mais possível todos os lugares de diálogo, de confronto e de apoio às competências sobre as quais a comunidade cristã pode contar, em diferentes níveis. As questões que a modernidade traz são, de fato, cada vez mais complexas. E só uma Igreja sinodal, que comece a enveredar a estrada do “caminho juntos” poderá manter o passo, de maneira ativa e profética, esta complexidade. 

Para não dizer que só uma Igreja assim, onde todos se sentem realmente irmãos, responsáveis e ao mesmo tempo necessitados uns dos outros, poderá anunciar – com sua própria existência que Deus não é uma ameaça às nossas potencialidades, mas as faz florescer e realizar. Por fim, ao futuro papa competirá a grande tarefa de incentivar a Igreja a ser nos fatos cada vez mais católica e, portanto, sempre mais capaz de se inserir com sentido crítico em todas as culturas.

Um ilustre teólogo do século passado, Rahner, afirmou que no Vaticano II a Igreja, pela primeira vez, de descobriu mundial. Esta descoberta pede hoje para se tornar consciência comum. O que implica, entre outras coisas, que os cristãos não tenham medo de dialogar, em qualquer parte do mundo vivam, com as culturas em que estão inseridos e com os homens com os quais caminham.

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