sexta-feira, 10 de maio de 2013

A benção de Jesus: festa da Ascenção

Texto de José Antonio Pagola, teólogo, publicado no site Instituto Humanitas Unisinos

"Temos de nos sentir testemunhas e profetas desse Jesus que passou a sua vida semeando gestos e palavras de bondade".
São os últimos momentos de Jesus com os seus. Em seguida, deixará-os para entrar definitivamente no mistério do Pai. Já não os poderá acompanhar pelos caminhos do mundo, como o fez na Galileia. A sua presença não poderá ser substituída por ninguém.
Jesus só pensa em chegar a todos os povos o anúncio do perdão e da misericórdia de Deus. Que todos escutem a Sua chamada a conversarem. Ninguém tem de se sentir perdido. Ninguém há de viver sem esperança. Todos hão de saber que Deus compreende e ama os seus filhos e filhas, sem fim. Quem poderá anunciar esta Boa Nova?

Segundo o relato de Lucas, Jesus não pensa em sacerdotes nem bispos. Tampouco em doutores ou teólogos. Quer deixar na terra “testemunhas”. Isto é o primeiro: “vós sois testemunhas destas coisas”. Serão testemunhas de Jesus os que comunicarem a sua experiência de um Deus bom e contagiarem com o seu estilo de vida trabalhando por um mundo mais humano.

Mas Jesus conhece bem os seus discípulos. São débeis e covardes. Onde encontrarão a audácia para ser testemunhas de alguém que foi crucificado pelo representante do Império e os dirigentes do Templo? Jesus tranquiliza-os: “Eu vos enviarei o que o meu Pai prometeu”. Não lhes vai a faltar a “força do alto”. O Espírito de Deus os defenderá.
Para expressar graficamente o desejo de Jesus, o evangelista Lucas descreve a sua partida deste mundo de forma surpreendente: Jesus volta ao Pai levantando as suas mãos e abençoando os seus discípulos. É o seu último gesto. Jesus entra no mistério insondável de Deus e sobre o mundo faz descer a sua bênção.
Aos cristãos, esquece-nos que somos portadores da bênção de Jesus. A nossa primeira tarefa é ser testemunha da Bondade de Deus. Manter viva a esperança. Não nos rendermos ante o mal. Este mundo que parece um “inferno maldito” não está perdido. Deus olha com ternura e compaixão.
Também hoje é possível procurar o bem, fazer o bem, difundir o bem. É possível trabalhar por um mundo mais humano e um estilo de vida mais são. Podemos ser mais solidários e menos egoístas. Mais austeros e menos escravos do dinheiro. A mesma crise econômica pode-nos empurrar para procurar uma sociedade menos corrupta.
Na Igreja de Jesus, temos esquecido que a primeira coisa a se fazer é promover uma “pastoral da bondade”. Temos de nos sentir testemunhas e profetas desse Jesus que passou a sua vida semeando gestos e palavras de bondade. Assim despertou nas pessoas da Galileia a esperança num Deus Salvador. Jesus é uma bênção e as pessoas têm que conhecê-lo.
Instituto Humanitas Unisinos

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