quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Comunicação gerou novo 'modelo humano', diz cardeal


Roma – O presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC) disse nesta quinta-feira (26) em Roma que os jornalistas e Igreja devem unir-se para enfrentar as “gravíssimas” questões levantadas por um novo tipo de comunicação. “Com este novo modo de comunicar, temos um novo modelo humano, um novo fenótipo antropológico”, declarou o cardeal Gianfranco Ravasi, durante a sessão dedicada aos jornalistas do ‘Átrio dos Gentios’, estrutura do Vaticano dedicada ao diálogo com os não crentes.
O cardeal brincou com o fato de muitos dos termos usados na linguagem informática serem "claramente teológicos", dando uma série de exemplos: salvar, converter, justificar, ícone. À imagem do que já afirmou em encontros anteriores do Átrio dos Gentios, o presidente do CPC comparou as frases curtas, “essenciais”, de Jesus nos Evangelhos, às atuais mensagens da rede social Twitter, com um máximo de 140 caracteres.
"Jesus Cristo adotou o uso do ‘tweet’ de forma sistemática, aquilo a que os estudiosos, com um termo extremamente sofisticado, arcaico, chamam os ‘lógia’", ressaltou. O modelo comunicativo de Jesus aproximava-se ainda da atual produção televisiva, com a "articulação das parábolas", através de símbolos, e recorria à "corporeidade", acrescentou o cardeal italiano.
Neste contexto, o responsável da Cúria Romana disse que quando um padre “não se interessa pela comunicação, está verdadeiramente fora do seu próprio ministério” O debate contou com a participação do fundador do jornal italiano ‘La Repubblica’, Eugenio Scalfari, que recentemente trocou correspondência com o papa. “Não estamos aqui para converter-nos, mas temos em comum a convicção de que as nossas posições diferentes devem ser fermento para uma terra que precisa de ser fertilizada”, disse Scalfari.
O cardeal Ravasi destacou, por outro lado, a transformação do conceito clássico e religioso de verdade, que passou do “transcendente” a conquistar pelo ser humano para um conceito subjetivo, “elaborado pelo indivíduo”. O ‘Átrio dos Jornalistas’ reuniu os responsáveis dos principais jornais italianos para uma primeira reflexão entre profissionais da comunicação, crentes e não crentes, sobre várias temáticas.
A iniciativa de hoje visou promover a discussão sobre temas como “ética da sociedade e ética da comunicação”, “liberdade e responsabilidade na informação” ou “jornalismo, cultura e fé”. Durante os trabalhos, foi pedido respeito pela “inquietação própria” do não-crente, que difere da busca de uma fé religiosa. Os participantes destacaram também o renovado interesse dos meios de comunicação na vida da Igreja, por causa do pontificado do papa Francisco.
SIR

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